Artes

DA ACADEMIA DE ARTES VISUAIS DE MACAU

A Gravura é uma das mais recentes e assi-naláveis conquistas do património artístico-cul-tural de Macau.

Podemos agora proclamá-lo sem receio de contestação, força das provas reais que repre-sentaram as duas exposições patenteadas em Macau no mês de Dezembro. A mostra de tra-balhos dos alunos da Slade School of Art deLondres representa já, para além do aspecto es-tritamente artístico, o primeiro momento de um intercâmbio convocado por Macau. A con-vocação pressupõe uma voz: e essa, para a Gra-vura, já se formou no Território. Como igual-mente o demonstrou a exposição dos trabalhos dos alunos da Academia de Artes Visuais, quase simultaneamente realizada, e em trân-sito para exibição na Slade School, uma das mais antigas e prestigiadas Academias de artes da Grã-Bretanha.

Eric Choi Chi Hong

Em meio desta escola e deste intercâmbio, um nome a destacar: o do mestre gravador Bar-tolomeu Cid dos Santos, professor daquela ins-tituição londrina e o verdadeiro impulsionador da Oficina e das Aulas de Gravura em Macau a solicitação do Director da Academia, Pintor Nuno Barreto, geradores de uma classe de fiéis e contagiados praticantes, com raízes já no ter-reno artístico do Território. Apesar de criada há menos de dois anos, como diz Bartolomeu dos Santos no catálogo das exposições refe-rindo-se à Oficina da Academia de Artes Vi-suais, "o nível atingido por esta última no breve período que decorreu desde a sua fundação e em condições técnicas ainda em vias de resolu-ção, permitem no entanto que os trabalhos dos seus estudantes se apresentem já a um nível profissional, o que é devido não só ao entu-siasmo de todos como também ao espírito criador de alguns".

Jaime Wong Cheng Pou

É já, a Oficina da Academia de Macau, si-multaneamente uma das mais recentes e mais modernamente apetrechadas oficinas de Gra-vura do Sudeste Asiático, franqueável assim a artistas de outros países.

Tudo isto é base que estimula e possibilita uma próxima exposição em Macau de gravado-res desta área geográfica, ambicionando a in-trodução, no calendário de actividades artísti-cas de Macau, de uma Bienal de Gravura. Re-produção múltipla de uma matriz, a Gravura pode, através das suas provas, ser facilmente divulgada, tornando-se num dos mais pródigos meios de intercâmbio artístico. Até neste as-pecto tem a Gravura interessantes potenciali-dades a explorar, no serviço de uma estratégia de interligação de Macau à zona geográfica, que se torna importante aprofundar e alargar.

Fernanda Dias

Só temos que saudar esta Oficina, adoles-cendo embora, mas com ar de coisa consegui-da, vingada de raízes e com seiva de futuração, pequeno exemplo, nestes tempos, das inova-ções que no Sul da China desembarcam pelo porto franco de Macau, primeira terra do Ex-tremo-Oriente que viu há séculos uma caixa de tipos móveis guttenberguianos e uma prensa europeia.

Cindy Ng Sio Ieng

Destacando justamente o labor da Oficina e dos seus alunos com a reprodução de algumas das obras expostas, entendemos dar-lhe o me-lhor enquadramento com a publicação de uma entrevista a Bartolomeu Cid dos Santos, nome já agora ligado a Macau, e onde, para além do seu itinerário artístico pessoal, se denuncia um percurso histórico da Gravura em Portugal, tão parca e desconhecida arte no nosso país.

Anita Fung Pou Chu

desde a p. 183
até a p.