(Do livro "O Provedor de Vivos", edição do autor, Lx. 1988)
TERRA DO NOME DE DEUS
Terra que a traz cativa
mais do que ela, traz a vida
ao que espera, e de tal espera
traz tão viva a quem dela viera,
tão famosa e renascida.
E de se fazer tal sorte
na imagem a esta viagem
se propusera, ao remotíssimo Oriente
com tanto fulgor e arte viva,
aqui se dera e multiplicara,
entre tantas outras só ela
viera para outra viagem
mais além, e nos retém.
DESCOBRIMENTO
Na imagem de um rio chinês
busco a água de tanta mágoa:
um verso de cada vez
vem ao poema como um navio
que vai ao largo
e não volta mais.
Uma orquídea exilada
de outro espaço
pousa ao pé desta casa:
dir-se-ia que um sábio antigo
abriu, passo a passo,
o que há tanto se encobriu.
NAS RUÍNAS DA IGREJA DA MADRE DE DEUS
Ave, Madre, Maria,
Cheia de Graça tanta,
Madre de Deus, Porta do Céu,
aqui estamos convosco;
Ave Pomba, Ave Madre, Maria,
Salvé Pedras para o Céu!
Aqui, Santíssima,
Excelsa Mãe de Deus,
estas escalas subimos,
Mãe de todo o Oriente,
Madre de todo o Ocidente,
Madre nossa, Madre Puríssima,
Rosa Cândida, Madre de Deus.
AMÁ
Da navegação vária se recolheu
o porto e o abrigo, de tão longe ansiados,
da procelosa vaga colhido
após tormentas e angústias diversas,
eis quantas alegrias aqui, quantas agruras,
quantas porfias de tanta caminhada;
da variada sorte creceram cantos
e versos aqui deixados pela manhã,
vindos ao lugar pacífico e sereno;
dessa deusa porfiosa e fasta
se deu à terra o barco
e a própria vida; nada infelice
se criou o lugar de que se disse,
após tanta viagem temerosa,
que seria o mais feliz e propício:
e se à própria vida chegou
nesta praia primitiva,
foi ì vida que veio a morte tão
antiga e tamanha, e tal sorte.
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