Artes

MARCIANO BAPTISTA

No panorama artístico do Sul da China, o nome de George Chinnery enche a primeira metade do Século XIX. No quadro do intercâmbio estético-artístico entre o Oci-dente e a China, e na sequência de pioneiros como Giu-seppe Castiglione em Pequim, avulta o mestrado de Chinnery durante um quarto de Século em Macau, gera-dor de uma corte de discípulos, alunos e obscuros segui-dores, em Macau, Hong Kong e Cantão.

Entre todos os que receberam a sua influência, de Lamqua aos copistas da China Trade, é talvez na arte de Marciano Baptista que melhor se documenta o embate desse contacto de culturas; e se nem sempre resultaram perfeitamente assimiladas e harmoniosas as suas tenta-tivas e soluções, coube-lhe a virtude de ter sido assim mesmo genuíno e desbravador de sendas que iriam con-fluir e influir nas "Escolas Novas"da Pintura oriental, de Cantão ao Japão.

O maior artista de Macau do Século passado- na voz unânime de apreciadores e críticos- Marciano Antó-nio Baptista releva aos nossos olhos pela pureza do seu perfil macaense. Não só pelo timbre da terra e do san-gue; mas por ter operado na sua arte (enquanto o pincel de Chinnery se glorifica no manejo exímio da ars pictorica europeia) a simbiose de dois universos, isto é, por ter ac-tualizado positiva e autenticamente a vocação cultural de Macau- polo singular de transculturações "nas partes da China", desde os meados do Século XVl.

Injustamente desconsiderado, em razão talvez da clandestinização a que estava remetida a sua obra mais representativa, Marciano Baptista foi finalmente reme-morado ao público através da exposição do Museu Luís de Camões, organizada por César Nuñez.

Com esta divulgação, RC honra-se contribuir tam-bém para a merecida consagração do maior artista maca-ense do Século passado.

desde a p. 172
até a p.