(Publicados no "Diário XV", depois da visitado Poeta a Macau, nas Comemorações do10 de Junho de 1987)
NA GRUTA DE CAMÕES
Tinhas de ser assim.
O primeiro
Encoberto
Da nação.
Tudo ser bruma em ti
E claridade.
O berço,
A vida,
O rastro
E a própria sepultura.
Presente
E ausente
Em cada destino.
Do teu destino.
Poeta universal
De Portugal
E homem clandestino.
Macau, 10 de Junho de 1987
ERRÂNCIA
A voar por cima de Samarcanda,
Aceno a súbita memória
De meus avós almocreves
Que, por acaso, nunca aqui passaram
Quando iam ao Porto
Em machos guizalheiros,
E onde comiam tripas,
A buscar as especiarias de lá
De primeira classe, num avião francês,
A enjoar champanhe e caviar,
Vou a Macau falar de Camões,
Em nome dele, e por eles,
Obreiros dum império de ilusões,
Vou, como novo andarilho,
Garantir ao futuro que Portugal
Terá sempre o tamanho universaal
Da infinita inquietação de cada filho.
A voar por cima de Samarcanda
5 de Junho de 1987
desde a p. 120
até a p.