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OS JORNAIS DA CHINA SEGUNDO O DICIONÁRIO DE CULTURA CHINESA*

Desde os mais remotos tempos da sua história que a China conhece diversas formas de tra nsmissão de notícias. As primeiras publicações, de origem governamental, iam dando cont a da actividade política da Corte e dos acontecimentos de maior relevo para a vida da Nação. Mais tarde, surgiram os boletins de grande difusão popular, nos quais as notícias impl icavam já um certo tratamento redactorial. Contudo, jornalismo, tal como hoje concebemos, foi introduzido na China pelos Europeus a partir do século XIX. A imprensa desempenhou um papel importante em todos os movimentos sociais e lutas pela independência travados pelos chineses durante o século XX.

Ainda no período da sociedade primitiva, para enfrentarem as circunstâncias adversas e defenderem-se dos ataques de animais ferozes, os homens sentiram, desde logo, a necessidade de trocar ideias e transmitir mensagens e assim surgiam, pouco a pouco, a língua e a divulga ção de notícias, resultado dos trabalhos efectuados em comum pelos homens. Não havia, porém, escrita: as mensagens estavam limitadas à transmissão oral. Isto quer dizer que, n a sua vertente horizontal, uma mensagem era transmitida por um homem a outros dez que, por sua vez, a transmitiam a outros cem e, deste modo, chegava a todas as partes; na sua vertente verti cal, a mensagem era transmitida de geração em geração.

No período dos reinados de Rao (2357 c. C.--2258 a. C.) e Shun (2257 a. C.-2208 a. C.), os chefes da aliança das tribos criaram as "bandeiras dos bons conselhos" e as "tábuas de c alúnias". Estas eram colocadas nas bermas das estradas principais para que o povo aí esc revesse as suas opiniões e sugestões, com o objectivo de melhorar a administração gov ernamental. Isto pode ser considerado como ummodo de intercâmbio de notícias, no período da Antiguidade Chinesa. Durante as dinastias Shong (1765 a. C-1122 a. C.) e Zhou (1121 a. C.-256 a. C.), a Corte nomeava burocratas especiais que efectuavam visitas, na Primavera e no Outono, aos reinos--vassalos para recolher canções populares e conhecer os costumes locais. Os dados recolhidos eram depois entregues ao historiador Tai. A transmissão dos cânticos da remota Antiguidade, até aos nossos dias, é, talvez, resultado dessas visitas.

No período dos Reinos Combatentes da Primavera e do Outono (453 a. C.-222 a. C.), a economia prosperava e a cultura tinha oportunidade de progredir, o que promovia o desenvolvimento da imprensa. A atenção prestada à transmissão oral começou a voltar-se para a escrita. Deste modo, a divulgação por iniciativa popular cedeu o lugar à recolha organizada pelos funcionários da Corte. Todos os reinos tinham os seus oficiais de história, como o oficial de história antiga, o de história interna, o de história externa, o das pequenas histórias e o da história da própria Corte. Estes burocratas acompanhavam sempre os monarcas, com o objectivo de registar os seus dizeres e os acontecimentos, ou então participavam nas actividades estatais para recolher novidades. Seguidamente, ou as publicavam oportunamente, ou eram guardadas como arquivos históricos. Segundo consta, Confúcio terá feito umas emendas e revisões da crónica "Primavera e Outono" do reino Lu. Mais tarde, esta crónica foi escarnecida pelas gerações posteriores, que lhe chamam o "Imprestável Boletim da Corte". De acordo com esta designação depreciativa, a crónica "Primavera e Outono" tem sido considerado por alguns investigadores como o primeiro boletim governamental e Confúcio o primeiro jornalista chinês.

A "História de Zou", obra que apareceu durante a dinastia Han (206 a. C.-8 a. C.), explicava a crónica "Primavera e Outono" através de factos his-tóricos ao mesmo tempo que, graças ao testemunho de um político, descrevia as complicadas lutas entre os reinos. Para além disto, registava ainda alguns fenómenos naturais como os eclipses lunares e solares, sendo assim considerada como uma forma embrionária de jornal. Mas jornal, no seu verdadeiro sentido, era o "Boletim Di".

Boletim Di e Boletim de Registos

Após a fundação da dinastia Han, a Corte real herdou o sistema político estabelecido pela dinastia Qin (255 a. C.-207 a. C.), isto é, a centralização do poder. No entanto, foram criados feudos para os duques e príncipes, a quem deixavam mesmo abrir as suas representaç ões (Di) na capital. A palavra "Di" significa residência de burocratas superiores.

Em seguida, foi criado na Corte um organismo com a função de transmitir os decretos reais aos chefes das representações e receber memorandos dos senhores locais, o que facil itava muito a comunicação entre o poder central e os reinos feudais. Estes decretos e me morandos chamavam-se "Boletim Di".

Contudo, há quem tenha dúvidas sobre a sua real existência, nomeadamente durante a d inastia Han, visto que nunca foram encontrados, em escavações arqueológicas, vestígios concludentes. Porém, segundo "A Crónica da Dinastia Han Superior", durante as dinastias Qin e Han já tinha sido estabelecido o sistema de registar os acontecimentos políticos da Corte. Todos os ministérios e instituições do Estado eram obrigados a entregar informações e dados escritos aos seus superiores. Chamavam-lhes "Boletim de Registos". Embora não fossem publicados, eram já uma forma de transmissão de notícias muito aproximada do jornal.

O Boletim de Kai Yuan

A forma primitiva do jornal na China terá sido o "Boletim de Kai Yuan", que data do re inado homónimo da dinastia Tang (618-907). Segundo o artigo "A Leitura do Boletim de Kai Yua n", de Sun Kezhi, este boletim tinha como objectivo principal o registo dos assuntos governa mentais e notícias. A maior parte tratava das actividades da Corte. Estas notícias possuí am já os elementos rudimentares do jornalismo: personagens, horas do acontecimento e o seu c onteúdo. O boletim publicava as "notícias do dia" e "as notícias publicavam-se logo que saíam", por ordem cronológica. Este jornal, que não tinha título nem cabeçalho, era publicamente divulgado. O título "Boletim de Kai Yuan" foi criado por Sun Kezhi.

O Boletim Di de Dunhuang

Na dinastia Tang, os comunicados políticos e governamentais, compilados segundo a sua ord em cronológica, chamavam-se "Boletim Di" ou "Nota Di" e eram muito divulgados entre f uncionários e letrados. O mais antigo é o "Boletim de Dunhuang", que se encontra, actualmen te, no Museu Britânico em Inglaterra.

O manuscrito foi levado a Shazhou (hoje Dunhuang) pelo representante creditado na Corte Imperial, por ordem do comandante das tropas Guiyi, Zhang Huaishen, que mandara um mensageiro à capital pedir à Corte um estandarte para as suas tropas. Esta história encontra-se relatada nesse manuscrito, em mais de dois mil caracteres.

Posteriormente, o "Boletim Di" foi roubado das Grutas de Mo Gao. Actualmente, é o jornal mais antigo do mundo, cujo original se encontra preservado em lugar seguro.

O Boletim da Corte

Durante a dinastia Song (960-1279), que herdou o sistema da dinastia Tang, o "Boletim Di" desenvolveu-se consideravelmente. A Corte mandou as prefeituras estabelecer representações para a apresentação de informações na capital e nomear os seus representantes. Em 981, Song Tai Zong aboliu--as e criou um Tribunal Central de Apresentação de Informações, co m 150 funcionários nomeados pelo poder central. O seu objectivo era ministrar na íntegra o serviço de apresentação das informações provenientes das prefeituras. O Tribunal to mava também a responsabilidade de distribuir mensagens e documentos do governo central. Esta publicação chamava-se, para além de "Boletim Di", "Boletim da Corte", "Boletim das Pref eituras", "Colecção Di", "Compilação Escrita", "Apresentação Escrita ao Tribunal", ou era simplesmente designado por "Boletim" ou "Compilação". No entanto, o nome "Boletim da Corte" era o mais adequado.

Conforme o livro "Classificação dos Acontecimentos da Corte e da Sociedade" do autor Zhao Bian, o "Boletim da Corte" era compilado por um dos organismos superiores do governo central para,depois de revisto por um inspector, ser entregue ao Tribunal Central que o enviava a todas as prefeituras. O "Boletim das Prefeituras", que era apresentado pelas prefeituras ao governo central, relatava notícias e acontecimentos locais. O conteúdo do "Boletim da Corte" da dinastia Song era mais alargado do que o do "Boletim Di" da dinastia Tang: publicava comun icações das transferências e demissões de burocratas, audiências e despedidas con cedidas aos embaixadores estrangeiros, apresentações de cumprimento dos burocratas despe didos, para além de decretos e memorandos. Não havia editorial nem opiniões dos própri os redactores, cujos pontos de vista ou atitudes políticas, eram expressos através da es colha, emenda ou omissão dos artigos recebidos. Geralmente, publicavam-se documentos em gera l e notícias. Era rigorosamente proibido falar em segredos militares, na situação das fr onteiras, terramotos e epidemias, entre outros assuntos.

No segundo ano Xian Ping do reinado Song Zhen Zong (999) estabeleceu-se o sistema de con trolo da imprensa. O modelo do Boletim da Corte, compilado pelo Tribunal de Apresentação, tinha de ser revisto por um organismo superior da Corte. Depois de examinado e corrigido, era o "modelo definido", publicado e distribuído pelo Tribunal às prefeituras. Ninguém podia fazer acréscimos ou omissões no "modelo definido". Nas questões de maior importância tinha de ser pedida a opinião do Imperador. Foi o primeiro sistema de controlo de imprensa q ue apareceu na China. Este facto constata--se em documentos muito antigos, que ainda hoje exist em.

Jornais Pequenos

Durante a dinastia Song surgiram, além de uma grande quantidade de Boletins da Corte, o s Jornais Pequenos onde se manifestava a vontade e os desejos do povo. O seu formato e forma de impressão eram, mais ou menos, como os do Boletim da Corte: não tinham cabeçalho, publica vam-se as principais notícias do Boletim da Corte e artigos sobre política e actualidade, e scritos pelos próprios redactores, e inclusivé questões ainda não definidas, a ser disc utidas na Corte. Este tipo de jornal ajudava o povo a saber das novas tendências da Corte e c onhecer as novidades da sociedade. Estes jornais costumavam chamar-se Jornais Pequenos ou Notic iários. O Jornais Pequenos nasceram na dinastia Song do Norte e atingiram o auge na dinastia Song do Sul. A sua publicação e distribuição quebraram o monopólio governamental sobre a imprensa e, ao mesmo tempo, transformaram o jornal em mercadoria. A edição do jornal era já uma atitude empresarial, independente e lucrativa, muito diferente do Boletim da Corte, qu e era apenas um máquina de republica-ção e distribuição dos comunicados dogoverno.

O Boletim Oficial

Durante as dinastias Yuan (1277-1367), Ming (1368-1644) e Qing (1645-1911), o sistema de di vulgação dos comunicados oficiais era, mais ou menos, idêntico ao das dinastias Tange Son g. No período do reinado Yong Zheng da dinastia Qing (1723--1735), a edição do Boletim Di foi formalmente suspensa. Os decretos do governo e as comunicações oficiais começavam a ser publicados pelo Boletim Titang. O chamado Titang era uma designação para os funcioná rios-mensageiros, que viviam na capital mandados pelos governadores das províncias, e tinham a responsabilidade de transmitir documentos e mensagens, entre a Corte e os Senhores locais. O conteúdo deste boletim era muito simples: publicava, geralmente, informações sobre nomea ções e demissões de funcionários do Estado, decretos reais e apresentação de memora ndos, o que não satisfazia a procura dos letrados e funcionários. Durante o reinado o reina do do Imperador Guang Xu, Kang Youwei, Huang Zunxian e outros intelectuais, fundaram a Casa de Publicações da Associação de Estudos Intensivos e o "Novo Jornal da China e do Estrange iro". A primeira foi, posteriormente, transformada na Edição Oficial de Livros e iniciou a publicação do "Boletim da Edição Oficial de Livros" e o "Jornal de Tradução da Edi ção Oficial de Livros". Estas duas publicações eram, na sua forma, parecidas com o "Jor nal da Capital". Publicavam, além dos decretos reais e memorandos apresentados à Corte, no vidades e novas técnicas traduzidas de línguas estrangeiras. Após a derrota da reforma W uXu (reforma política de 1898 liderada por Kang Youwei, apoiado pelo Imperador Guang Xu, e c ujo teor principal consistia em aprender com o Ocidente, encorajar a cultura científica, rea lizar a reforma do sistema educativo, desenvolver a agricultura, a indústria e o comércio. Mas esta reforma foi esmagada pelas forças conservadoras, cujo dirigente máximo era a Ra inha-mãe CiXi, a chamada "Última Impe-ratriz"), o governo da dinastia Qing encerrou as dua s publicações oficiais. Só no Inverno dos trinta e dois anos do reinado Guang Xu (1906), o governo da dinastia Qing foi obrigado, pela situação política de então, a prometer com falsidade a redacção da Constituição, permitindo à "Casa de Investigações Políticas" publicar o "Boletim da Edição Política" como jornal do governo. No terceiro ano do reinado do Imperador Xuan Tong (1911) este boletim passou a chamar-se "Boletim Oficial da Corte". Nele declarava-se que a data da publicação dos dec retos reais seria o dia do início da sua aplicação. Outros documentos e comunicações governamentais, eram publicados no "Boletim Oficial da Corte", que assim substituiu o habitual canal de transmissão governamental. Este tipo de boletim começou a ter a mesma competênci a que os outros organismos estatais gozavam para a publicação de decretos e Leis.

O Jornal da Capital

Durante as dinastias Ming e Qing existia, além de boletins oficiais, uma espécie de jorn al popular que se publicava abertamente com a autorização do governo. Este jornal, publicado por casas de impressão popular, chamava-se o "Jornal da Capital". As casas de impressão popu lar datam de meados da dinastia Ming na capital e estenderam-se até às capitais de algumas p rovíncias do Sul. Tinham as funções de redigir os Jornais da Capital, administrar os corre ios e tratar das impressões. Nos finais da dinastia Qing, só em Pequim existiam mais de onze casas de impressão de jornais. As notícias do Jornal da Capital eram, principalmente, prov enientes dos organismos de publicação de informações, e das representações das prov íncias creditadas na Capital. O conteúdo do Jornal da Capital era parecido com o Boletim Of icial. Publicava as notas do Palácio Imperial, ou seja, as notícias de maior importância, como as nomeações e demissões, juntamente com as novidades da Corte, para além de decr etos, ordens reais e memorandos apresentados ao Imperador. Por vezes apareciam também entre vistas feitas pelos jornalistas de então ou artigos especiais escritos pelos redactores. Os Jo rnais da Capital eram geralmente diários, saíam ao fim da tarde ou à noite, porque a Corte emitia os seus comunicados durante a tarde. Tinham, normalmente, uma capa amarela com dois carac teres encarnados "Jing Bao" estampados no cabeçalho. Em português significam "Jornal da Cap ital". Na parte debaixo da capa vinha o nome da Casa de edições e desenhos ornamentais. No entanto, também existiam Jornais da Capital com desenhos de pessoas e objectos, em cor ver melha. Cada vez que morria um imperador ou uma rainha, e era decretado luto nacional, todos e stes jornais da Capital tinham de sair com capa azul. Quando chegava o exame nacional de adm issão de funcionários aos organismos governamentais, cada jornal acrescentava páginas s uplementares, que distribuía gratuitamente, com os questionários de todas as disciplinas. O s jornais eram entregues à porta das pessoas com assinatura permanente.

Algumas casas de edição mandavam, aos seus clientes, juntamente com o jornal, uma "Not a de Notícias da Corte". Nos finais da dinastia Qing algumas casas de edição começaram a editar publicações periódicas tais como a "Complição dos Decretos Reais", a "Cole cção das Comunicações Governamentais" e a "Colecção dos Eventos Correntes", onde s e encontravam acumulados artigos públicos ou memorandos e documentos ainda não publicados nos jornais.

Jornais e Periódicosna época Contemporânea

No começo do século XIX, os missionários e comerciantes estrangeiros foram os primeir os a fundar jornais e periódicos na China. Publicaram-se primeiro em línguas estrangeiras e depois em chinês, na sua maioria. O seu objectivo era, fundamentalmente, divulgar a fé reli giosa ocidental, as suas ideias políticas e sociais, e informar e defender ao mesmo tempo os invasores estrangeiros, na medida em que apresentavam conhecimentos gerais de todos os domí nios. Segundo as estatísticas, não muito completas, de 1860 até 1890, só os jesuítas editaram mais de setenta títulos. Nos anos 60 do século XIX, os chineses começaram a cria r os seus próprios jornais, tais como o "Novidades da China" e o "Diário de Circulação". No período da Reforma (1898.), os grupos e associações de reformistas contavam já com m ais de 30 jornais e revistas publicadas, entre eles o "Noticiário dentro e fora da China", o "Jornal das Notícias Nacionais", os periódicos "Actualidade" e "Aprendizagem Intensiva", que tinham um papel importante na divulgação do novo pensamento, nas reformas e transformaç ões políticas. No início do século XX, os jornais e periódicos tiveram um gra nde desenvolvimento, à medida que a crise nacional se tornava cada vez mais aguda. Até à Revolução Republicana (1911) já existiam entre 400 e 500jornais e periódicos, entre os quais jornais revolucionários como o "Diário da China", o "Jornal Popular" e o jornal reformista "O Novo Povo". Além disso, surgiu uma grande quantidade de jornais que reflectiam o patriotismo do povo chinês e a sua preocupação com o futuro do país. O conteúdo destes jornais abrangia a política, sociologia, economia, cultura, educ ação, ciências, literatura e o papel da mulher na sociedade. Durante o período do 4 de Maio (1919) novos jornais e revistas multiplicavam--se sem precedentes. O Jornal "A Nova Juve ntude" tocou o clarim para o movimento da nova cultura. As publicações editadas pelos joven s estudantes demonstravam que o seu pensamento era extremamente activo e a vontade de operar um a transformação social na China encontrou eco um pouco por toda a parte. O Semanário "Gui a" e o Jornal "A Juventude da China", editados pelo Partido Comunista, propagavam activamente o pensamento anti-im-perialista e anti-feudalista, promovendo assim a luta revolucionária. Os outros jornais e periódicos tinham também as suas iniciativas próprias, implicavam muitos domínios e desenvolviam eficazmente a nova Cultura. Após a derrota da Grande Revolução de 1927, o governo do Partido Nacionalista Guo-mindang iniciou o seu regime de terror, suprim indo a liberdade de expressão. Os jornais e periódicos revolucionários, porém, continua vam a persistir na sua luta e diversos jornais progressistas mostravam--se insatisfeitos com a situação política, enquanto o "Diário do Governo Central" e o "Jornal de Operações de Limpeza" do partido Guomindang propagavam a teoria fascista e a política de não resist ência perante a invasão estrangeira. Durante a guerra anti-japonesa, levantando bem alto a bandeira nacional, o "Diário de Libertação" e o Diário da Nova China" encorajavam à luta de todo o povo chinês contra os invasores. Muitos outros jornais manifestaram o desejo d e se unir contra a invasão japonesa, enquanto os jornais do governo do partido Guomindang ti nham, logicamente, dois procedimentos: resistir negativamente à invasão japonesa e atacar a ctivamente os comunistas chineses. Após os invasores japoneses terem sido vencidos, os jorna is, tanto do Partido Comunista como dos partidos democráticos, proclamaram uma luta generaliz ada contra a guerra interna, exigindo paz e democracia. Durante a guerra da Libertação naci onal, a imprensa da China desenvolvia-se duma forma muito rápida: os jornais progressistas ta nto das zonas sob o domínio do Partido Guomindang como de Hong Kong lutavam activamente contr a o regime autocrático deGuomindang. Depois da fundação da República Popular da China, a imprensa do povo chinês entrou numa nova fase na sua história.

Revista Mensal Chinesa

Foi o primeiro jornal mensal criado por estrangeiros. O seu nome, em inglês, era "Chines e Monthly Magazine". A 5 de Agosto de 1815, foi publicado sob a direcção do missionário inglês Robert Morrison, em Malaca, na zona sudeste da Ásia. No total editou 80 números, reunidos em 7 volumes, tendo suspendido sua publicação em 1821. Milne (William), adjunto d o missionário Morrison, era o chefe de redacção. O jornal era parecido com os livros trad icionais chineses, de encadernação com linhas, e impresso com caracteres esculpidos em táb uas. Cada número tinha 5 páginas, num total de dois mil caracteres. Editava, inicialmente, 500 exemplares e até Maio de 1919 foram publicados mais de 30.000 exemplares. O jornal era di stribuído gratuitamente entre os chineses na zona sudeste da Ásia, em Cantão e Macau, div ulgando principalmente as doutrinas do Cristianismo, bem como as regras das virtudes espiritua is, apresentação de conhecimentos científicos e situação geral de todos os países d o mundo. A partir do sexto volume foram acrescentados os primeiros comentários, políticos o u sobre acontecimentos quotidianos. Surgiram sob a forma de diálogos, histórias e breves ens aios literários, para além de poesias e colecções de máximas. O comentário em diá logo, escrito por Milne, tornou-se posteriormente num modelo exemplar, que os missionários s eguiam na sua redacção dos livros de divulgação de doutrinas religiosas.

Repositório Chinês (Chinese Repository)

Foi uma das primeiras publicações editadas por estrangeiros na China. Era uma revista mensal criada pelo missionário norteamericano Elijah Co-leman Bridgman, que assumiu o cargo d e redactor chefe. Após 1847, Samuel Wells Williams ocupou o seu lugar e, entre os autores que escreviam artigos para a revista, encontravam-se Robert Morrison e Johnson. O Repositório ch egou aos 20 volumes e suspendeu a sua edição em Dezembro de 1851. O conteúdo do Repositó rio tratava, principalmente, as áreas da política, economia, assuntos militares e cultura em geral. A maior parte dos artigos forneciam dados importantes sobre as relações da China com o estrangeiro e a Primeira Guerra de Ópio. O último número continha um índice geral.

Magazine Mensal de Este e Oeste (Eastern Western Monthly Magazine)

Foi a primeira revista mensal em chinês, criada na China, pelo missionário alemão Ch arles Guitzlaff, publicada em Cantão em 1833. Tratava de assuntos políticos, religiosos, científicos e comerciais, entre outros. Após o número 9, a revista foi transferida para a Associação de Divulgação de Conhecimentos Práticos na China. Suspendeu a sua publica ção durante alguns anos e voltou a ser reeditada em 1837 mas, pouco depois, interrompeu nov amente a sua edição.

Jornal de Notícias de Macau

Foi fundado em Fevereiro de 1839 pela Casa de Tradução criada por Lin Zexu, em Cantão. Era um jornal de notícias que apresentava, preferencialmente, as coisas do estrangeiro na China. As notícias ou artigos eram traduzidos em inglês. Os dados publicados no Jornal de Notícias de Macau, depois de serem escolhidos, eram reunidos numa colecção mensal intit ulada "Mensário de Macau". Estas duas publicações não eram abertamente divulgadas e desempenhavam um papel positivo na luta anti-inglesa dirigida por Lin Zexu. Quando este foi demitido, as duas publicações foram obrigadas a suspender a sua edição.

Diário de Notícias do Norte da China (North China Daily News)

O seu nome original era "Gazeta do Norte da China" (North China Herald). Tratava-se de um semanário em inglês, criado em 3 de Agosto de 1850 por Shearman, em Xangai. Mudou de nome para "Diário de Notícias do Norte da China", a l de Julho de 1864. A Gazeta do Norte da China transformou-se num suplemento semanal. Em 1859, o Diário foi designado pelo Consulado inglês, em Shang-hai, como organismo de emissão dos comunicados e anúncios do Consulado inglês e das suas representações comerciais creditadas na cidade. O jornal era subsidia do pelos Serviços Administrativos da Concessão inglesa, que publicavam os seus anúncios e artigos, para além da publicidade paga. O Diário representava a Inglaterra em grande enver gadura e, sobretudo, os pontos de vista dos capitalistas que tinham interesses comerciais na C hina. A publicação do Diário durou centro e um anos; foi o mais divulgado e duradouro jor nal em língua estrangeira na China. (Traduzido do Chinês)

*Zhong Hua Wen Hua Cidian, Edições do Povo, Cantão, Maio de 1989.

desde a p. 33
até a p.