Centenário

D. Sebastião 堂·塞巴斯蒂昂

Uma das mais enigmáticas figuras da História de Portugal, e o polarizador da corrente do chamado "sebastianismo", que é um dos veios psico-estruturais mais fundos da nação portuguesa.

D. Sebastião foi o 16ō Rei de Portugal (1554-1578). O seu nasci-mento manteve a nação na mais intensa expectativa de sucessão, e por isso foi cognominado "O Desejado". Camões dedica-lhe assim "Os Lusíadas", chamando-lhe "maravilha fatal da nossa idade":

"E vós, ó bem nascida segurança

Da Lusítana antiga liberdade..."

Numa conjunctura difícil e de periclitante sucessão para o trono, o jovem D. Sebastião, atreve-se à aventura marroquina. Recolhe to-das as disponibilidades de dinheiro e homens do Reino, compromete a fina-flor da nobreza guerreira, e parte em campanha para o norte de África (25/6/1578). Em 4 de Agosto de 1578, com forças quatro vezes menores, dava-se a derrota portuguesa em Alcácer-Quibir, a mais ne-gra efeméride de toda a História de Portugal, de fundas repercussões na vida política e na alma nacional.

Das dificuldades de identificação do cadáver do Rei começou a gerar-se a lenda de que D. Sebastião não teria morrido, mas estaria vivo nas Ilhas Encobertas donde regressaria "num cavalo branco" para resgatar o Reino (então sob a Coroa de Espanha) "numa manhã de nevoeiro". É neste clima que foram surgindo vários falsos D. Se-bastiões, e se foi densificando a corrente "sebastianista", com seus profetas e aderentes.

Do povo, e dos seus líderes e profetas, (o "Manuelinho de Evo-ra", os sapateiros Bandarra e Simão Gomes) o "sebastianismo" enrai-zou no escol nacional (D. João de Castro, P.e António Vieira, nobre-za) e esteve na base da revolução de 1640, que repôs a Coroa em mãos portuguesas com a Dinastia de Bragança.

Da renovada esperança no "Desejado" se passou à mitogénese do "Encoberto". A figura de D. Sebastião é então suporte de projec-ção de uma profecia mítica que radica num subconsciente colectivo onde se cruzam o messianismo hebraico, o cristianismo messiânico, encarnacionista, paracletiano e apocalíptico, e os mitos da tradição céltico-bretã.

O saudosismo (saudade do futuro, espera do Paraíso) é inserido no "sebastianismo", e o regresso do "Encoberto" dá corpo ou forma lusíadas às várias profecias biblícas - de Cristo, do Apocalipse, do V Império do profeta Daniel. Torna-se assim na profecia do regresso do "Encoberto" - Rei, Imperador, ou Imperador-Menino que virá ven-cer o mal e a divisão para realizar na Terra o Reino de Deus (a Jerusa-lém Celeste, o V Império, o Império do Espírito).

Todos os grandes poetas portugueses foram sebastianistas, so-bretudo até Fernando Pessoa que durante um período da sua vida se julgou um avatar do "Encoberto". Para ele, a vinda do "Encoberto" seria um segundo Advento. Noutros casos, como no filosofismo de Sampaio Bruno, o "Encoberto" é o próprio Homem.

堂·塞巴斯蒂昂是葡萄牙歴史上最爲迷幻重重的人物之一,名爲“塞巴斯蒂昂主義”思潮的歸依,葡萄牙民族最深層的心理結構的構成之一。

堂·塞巴斯蒂昂(D. Sebastião是葡萄牙第十六位國王,他的出生使葡萄牙處於最富於憧憬美好前景的繼往開來的道路上,因此,他被賦予“希望者”的綽號。卡蒙斯(Camões)把《盧吉塔尼亞人之歌》獻給他,稱他是“我們時代註定的美妙之花”:

“你,帶着天生的無比堅强

從盧吉塔尼亞古老的自由中誕生……”

面對困難的局面和對於王國具有冒險性開拓的現實,年輕的堂·塞巴斯蒂昂毅然決然遠征摩洛哥。募集了全國所有可以募集的金錢和男人,擔負戰爭的勝利之花的艱巨責任,便向北非進發了(1575年6月25日)。1578年8月4日,在敵兵强於我四倍力量的情况下,葡軍在阿爾加塞爾、基比爾(Alcácer-Quibir)慘遭大敗,寫下葡萄牙歴史上最陰暗的一頁,造成了政治生活及民族心靈上的深刻反響。

由於難於辨認國王的屍體,人們開始編造堂·塞巴斯蒂昂未死的神話,説他生活在隠秘的恩古貝爾塔羣岛(Ilhas Encoertas),會從那裏在一個霧氣迷茫的早晨騎一匹白馬歸來,解救他的王國(那時葡萄牙處在西班牙的統治之下)。這個季節,出現過許多假冒的堂·塞巴斯蒂昂,在這些預言家和他們的追隨者的鼓吹下,塞巴斯蒂昂思潮日漸濃厚了。

從人民及其領袖和先知(埃武臘的“曼努埃尼奧”Manuelinho de Évora 班達拉的鞋匠幫 Os sapateiros Bandarra, 和西蒙·高莫斯Simão Gomes)那裏,塞巴斯蒂昂主義在民族精英(堂·若奥·德·卡斯特羅“D. João de Castro", 比·安東尼奧)中間深深紮根,並建立在1640年革命的基礎之上,那次革命使王權重新回到葡萄牙人手中,建成了布拉干查王朝。

於是,一種寄托在“希望者”身上重歸的希望變成了恩古貝爾塔的神話。堂·塞巴斯蒂昂的形象成爲一種神話預言的投影在葡萄牙的集體無意中紮下根,其中交織着希伯萊的救世主義和拯救世人的基督教精神,捨身救世的精神,救世主、使徒和不列顛—凱爾特的傳統神話。

懐戀主義(對未來的想念,對天堂的斯待)植入到塞巴斯蒂昂主義之中,從恩古貝爾塔歸來的神話賦予聖經的許多先知篇以具體的內容和形式:基督篇、默示篇、達尼埃五帝國篇。恩古具爾塔歸來的神話便具有了預言的特質:國(天上的耶路撒冷,五帝國,精神王國)。

所有的葡萄牙大詩人都是塞巴斯蒂昂主義者,尤其是費爾南多,佩索阿,他生活中的某個階段竟認爲是恩古貝爾塔的化身。對於他,恩古貝爾塔的來臨該是第二次蒞臨。在其他的情况下,例如在桑巴尤·布魯諾(Sampaio Bruno )的冒牌哲學中,恩古貝爾塔就是人類本身。

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