Centenário

Justificação

Luís Sá Cunha

Resumir em opúsculo, de forma mais ou menos cabal, mas simples e sucinta, entidade tão complexa como o é um País, um Povo, uma Cultura - não é fácil nem vulgar.

Tal ontologia tem densidades e subtilezas arredias a defi-nições e resistentes a verbetismos; compreende-se, assim, que quem a tanto tenha que atrever-se se sinta tolhido ante a certeza das amputações fatais, e da apresentação ou repre-sentação do todo ou do uno, pelas partes. Por isso rareiam no universo editorial essas breves "vulgatas nacionais", todavia tão solicitadas, e prestáveis a estrangeiros e até a nacionais.

A seguinte colecção de notas, disparadas da caneta e quase sem o amparo de consultas, foi resposta repentina à chamada de "explicar" Portugal, o seu Povo e Cultura e His-tória, à população chinesa de Macau. Debalde procurámos nas prateleiras das bibliotecas o texto ou textos que adequa-damente servissem esse objectivo de divulgação.

Através da palavra e da imagem, descreve-se assim, num olhar breve que por vezes se aprofunda, a face visível do es-sencial português, nas linhas gerais e mais marcantes da sua Geografia, carácter nacional, Etnografia, símbolos identifi-cadores, momentos da História e da Arte, moções da Alma e dos Mitos.

Outros, alguns, poderiam ter sido os temas chamados à compendiação. Não se cuidou de números, a não ser no acerto final que fez coincidir o tema de fecho, as Quinas, como 55ō. erbete. Também à miscelânea se deu alguma ordem, in-termitente fio de sequência que, superficial, o leitor detectará se quiser ler mais do que vê escrito.

Olhar longo, só o é possível do passado. Em futuração, evocamos Agostinho da Silva que, de outra forma, disse que Portugal será aquilo que os Portugueses tiverem a capacidade de decifrar, mentar e instituir.

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