No dia 5 de Dezembro, a iniciativa e a colaboração da "Alliance Française" e do Instituto Cultural de Macau trouxeram ao Território uma exposição de pinturas da artista Ko Bou Tsiu, de Hong Kong.
As obras, expostas na ala nova do Hotel Lisboa, patentearam uma desigual valia, no conceptualismo e na execução, força talvez do impulso que as domina - rasgar o quietismo de uma tradição, pela autora considerada refreadora da expressão íntima e limitadora da criatividade e da inovação.
Como a artista se exprime:
"Por natureza, sou uma pessoa extremamente emocional e todos os meus pensamentos, sentimentos, ideias, ambições e filosofia de vida são expressos através das minhas pinturas, poemas e escrita.
Há pouco tempo e qualquer crítica pode provocar uma resposta inesperada, contraproducente; por isso a tradição chinesa entristece-me pois impede as pessoas de mostrarem os seus verdadeiros sentimentos e tendências. De acordo com essa filosofia, esconder as expressões de prazer, fúria, miséria e alegria é tido como a regra mais alta de auto-educação. Mas o que um comportamento tão anormal como este poderá gerar é uma criatura fria e insensível.
Se não existir um amor verdadeiro entre nós. o mundo tornar-se-á rígido e impiedoso, não nos deixando sentido para sobrevivermos.
Além do mais, a educação baseada no excessivo respeito entre pais e filhos, irmão e irmã, amigos, casais e até amantes, tem sido tão dominante na tradição chinesa que uma comunicação franca entre eles é raramente encontrada. Ninguém quer mostrar os seus verdadeiros sentimentos e em circunstância alguma se poderão ler os pensamentos de outrem, tal como os nossos nunca poderão ser lidos. Que tragédia humana!
No passado, a maior parte dos pintores chineses foram extremamente condicionados pelo facto de herdarem exclusivamente as ideias de um mestre, e os seus verdadeiros sentimentos foram e são raramente encontrados nos seus trabalhos. Falta-lhes a mente aberta do Ocidente e não arriscam a livre criatividade que garante a inovação."·
desde a p. 150
até a p.