Os pássaros acariciam a noite
com asas de penas fugidias
decorando o templo do horizonte
com preces vagas
que os velhos do porto interior
guardam no fundo
dos olhos sem cor...
Sobre o incensório
do corpo nu
acendem três pivetes
de amargura
e na esteira dura
de uma vida calcinada
dobram os joelhos ossudos
e depositam a sua oferenda:
o destino gravado
numa tabuinha
solta na noite fria
de dezembro...

llustração de Anabela Canas © copyright 1988
desde a p. 69
até a p.