Linguística

Na Noite de Dezembro...

Jorge Arrimar

    Os pássaros acariciam a noite
    com asas de penas fugidias
    decorando o templo do horizonte
    com preces vagas
    que os velhos do porto interior
    guardam no fundo
    dos olhos sem cor... 
    Sobre o incensório
    do corpo nu
    acendem três pivetes
    de amargura
    e na esteira dura
    de uma vida calcinada
    dobram os joelhos ossudos
    e depositam a sua oferenda: 
    o destino gravado
    numa tabuinha
     solta na noite fria
    de dezembro... 

llustração de Anabela Canas © copyright 1988

desde a p. 69
até a p.