Linguística

Os dois maiores poetas de Portugal e da China em Macau

Fotomontagem de Rc

Macau não é uma terra de poetas. E com supresa o podemos confirmar: se por um lado a China encerra no grande património da sua Cultura um precioso capítulo de tradição poética e um admirável panteão de poetas, em Portugal o génio lírico derrama-se dos beirais, para nos servirmos da imagem de um poeta.

Mas misteriosamente, tem Macau a sortílega força de atrair a si grandes poetas. De Portugal, alguns dos seus maiores: Bocage, Camilo Pessanha, António Patrício.

Por coincidência, logo no século XVI (e talvez no mesmo quartel de quinhentos) teve Macau a visita das duas maiores figuras literárias vivas das duas Culturas: Luís de Camões, génio criador dos "Lusíadas" e Tang Xianzu, o maior dramaturgo da Dinastia Ming, autor do drama imortal "O Pavilhão das Peónias", cognominado "Shakespeare do Oriente".

Também agora, misteriosa convocatória trouxe a esta terra já sagrada de Poesia, e com separação de um mês, aqueles que são considerados os dois maiores poetas vivos das duas Línguas: Miguel Torga e Ai Qing.

Veio Ai Qing, a convite do ICM, assistir ao lançamento da edição bilingue (em português e chinês) da sua Antologia Poética.

Veio Torga, também solicitado pelo ICM e dentro do programa comemorativo do dia 10 de Junho, fazer uma conferência sobre L uís de Camões no Salão Nobre do Leal Senado, presidir à inauguração de uma exposição foto-bibliográfica evocativa da sua vida e obra, e assistir à extraordinária representação da sua peça "O Mar", em encenação de A. M. Couto Viana.

A este último poeta coube dirigir as mensagens de saudação a Ai Qing e a Torga, textos que, pelo recorte que os gemina e pelo simbolismo cultural, são merecedores de compaginação no capítulo de Letras de RC -porque, mais do que efeméridas noticiáveis, assinalam dois factos que ficarão na memória da Cultura de Macau.

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