Ethnos

TRÊS MEZINHAS POPULARES DE MACAU
UM EXEMPLO DE CONVERGÊNCIA CULTURAL

Ana Maria Amaro*

"(...) a cultura macaense manteve-se, representada pela real tradição duma culinária requintada, de cantigas de escola e de casa, de nominhos, uma vaga saudade dos antigos dós de chachas e nhonhonha, pelas procissões de S. João e do Senhor dos Passos, e, principalmente, por restos do pitoresco patois doutros tempos, e das famosas mezinhas de casa e de mestrinho (...) Para ilustrar a riqueza da cultura macaense, infelizmente tão mal conhecida, escolhemos um exemplo que nos pareceu dos mais significativos, precisamente no campo da sua medicina popular."

Se há lugar da Terra onde a convergência de diferentes culturas se tenha feito sentir com extraordinário vigor, um desses lugares é, sem dúvida, Macau.

Quando os portugueses chegaram à estreita península do Fosso da Baía (1), viram-se a braços com os mais variados problemas propostos por esse meio novo, e tão novo quão pobre em recursos de sobrevivência: falta de água potável, falta de terrenos próprios para a cultura de frescos, falta de árvores de sombra, numa zona de verão muito quente e húmido, além da falta de medicina adequada às moléstias desconhecidas, próprias da região.

Fixados naquela nova terra, acompanhados por mulheres asiáticas e euroasiáticas, para estabelecer comércio com os chineses, num ponto privilegiado da rota de Cantão, tiveram de criar formas específicas de vida, adaptando sabedoria adquirida e adoptando sabedoria nova das populações locais. Assim, aproveitando e transformando, progressivamente, os meios geográfico e humano que encontraram, criaram uma população original, com a singularidade duma cultura específica, na qual se mantiveram tradições antigas portuguesas, por vezes profundamente hibridadas, não só como consequência do inevitável fenómeno da aculturação, mas como fruto da necessidade imperiosa bio-ecológica de aproveitamento directo e imediato dos recursos do meio.

Iniludível testemunho desta cultura macaense sui-generís é a medicina popular que, ainda não há muitos anos, era preponderante em Macau.

Os portugueses enxugaram pântanos, sanearam a periferia da Cidade, arborizaram as colinas e os arruamentos, espraiaram-se pelo Campo extra-muros e pelas ilhas mais próximas, construíram aterros, na busca do aumento de espaço, à medida que o porto se ia assoreando e, de ancoradouro de grandes naus, charruas e patachos, se via condicionado a abrigo de lorchas e tousde pesca.

Macau de há quatrocentos anos e Macau de hoje não podem comparar-se, pois a humanização da paisagem atingiu o seu máximo com os grandes arranha-céus dos nossos dias. A Ponte Macau-Taipa e a Estrada de ligação Taipa-Coloane apontam, para as Ilhas, transformação semelhante a curto prazo. Porém, a cultura macaense manteve-se, representada pela real tradição duma culinária requintada, de cantigas de escola e de casa, de nominhos, uma vaga saudade dos antigos dós de chachas e nhonhonha, pelas procissões de S. João e do Senhor dos Passos, e, principalmente, por restos do pitoresco patois doutros tempos, e das famosas mezinhas de casa e de mestrinho; manteve-se, apesar do extraordinário desequilíbrio numérico que existe entre macaenses, chineses e portugueses europeus.

Para ilustrar a riqueza da cultura macaense, infelizmente tão mal conhecida, escolhemos um exemplo que nos pareceu dos mais significativos, precisamente no campo da sua medicina popular.

João Feliciano Marques Pereira, nos fins do século passado, registou uma canção popular macaense, a Canção de Cathrina, conhecida por Paródia à Bastiana, incluindo-a na rubrica Cancioneiro musical crioulo. (2)

As vinte e uma quadras jocosas que, em Macau, se cantavam então, com esta melodia, são um precioso repositório etnográfico, que nos fornece valiosas indicações sobre alguns dos usos tradicionais macaenses do século passado. Muitos destes usos perderam-se já, até da memória das senhoras mais idosas de Macau.

Escolhemos destas quadras, para objecto do nosso estudo, a segunda, que se refere à medicina popular macaense:

    Riva de vosso porta Cathrína
    Três pau logo botá
    Alo macho, tingili, Cathrína
    Sabsana co ocá 

Nesta quadra começa-se por fazer alusão a um costume popular comum aos portugueses e aos chineses, costume que consiste em colocar, sobre as portas das casas, ramos de certas espécies vegetais consideradas afugentadoras de malefícios, maus espíritos, quebrantos e maus olhados.

A seguir, são citadas três plantas e dois medicamentos muito estimados pelos portugueses de Macau ainda nas primeiras décadas do século XX. Simplesmente, a escolha destes parece não corresponder, realmente, à das espécies que se usavam tradicionalmente sobre as portas, mas, sim, obedecer a outro critério bastante diferente.

Segundo cremos, a intenção do autor da quadra, ao referir-se a tais mezinhas, seria acentuar a baixa condição social da dita Cathrína, o que, aliás, a alusão à sua residência a meu de travessa (meio de travessa) começa por insinuar, e ainda a sua conduta, que se entrevê pouco edificante. É possível, até, que essa cantiga tivesse nascido à maneira dos velhos pasquins, satirizando alguma rapariga de baixa condição social e, provavelmente, também moral, falando patois cerrado e crendo em superstições absurdas, que tivesse ascendido, pelo casamento, à classe das pessoas mais abastadas de Macau.

Segundo J. F. Marques Pereira, todos os remédios citados nesta quadra são usados contra maus olhados e bruxedos e não apenas de acordo com as suas propriedades terapêuticas. Nem todos.

Se em relação a sabsana tal facto se poderá -aceitar, a verdade é que em relação às restantes mezinhas não nos parece poder dizer-se o mesmo. Muitas delas tinham, ao que supomos, real valor terapêutico.

TRÊS PAU

Três pau ou mezinha três paus é, sem dúvida, uma das receitas mais originais da medicina popular macaense que se usava contra cólera, nas primeiras décadas do século XX.

Vimos, em Macau, o conjunto dos três paus para preparar esta mezinha. Eram três pedacitos de madeira, mais ou menos cilíndricos e aproximadamente do tamanho de um dedo polegar. Completavam o conjunto um pequeno sá pun (3) e uma tigelinha de sacrifício, sempre bem resguardados da humidade em caixas de estanho, ou, mais modernamente, em caixas de latão, mais ou menos herméticas.

D. Aurora Viana Brito e o Sr. Abílio Basto, ainda nos anos 60 possuíam conjuntos destes. Foram estes macaenses nossos amigos que nos ensinaram como se devia proceder para se preparar a mezinha três paus.

Raspavam-se os paus, um a um, no sá pun e misturavam-se as raspas com brandy, que se deitava na tigelinha. Tomava-se aos primeiros sintomas de mordecim, que tanto podia ser uma simples indisposição como, propriamente, cólera. Esta mezinha era considerada muito eficaz quando tomada logo no início da doença.

Os três paus correspondem a:

1- costo - raiz de Saussurea lappa Clarke (sin. Aplotaxis lappa Decne., Aucklandia costus Falc.), Asteracea, herbácea nativa da Índia, mas também existente na província de Cantão, onde é conhecida por mok héong (木香) (madeira aromática). O córtex da raiz é castanho e a zona medular muito clara. Contém o alcalóide saussurina e óleos essenciais, como costulactona, costal, costano, canfeno e felandreno.

Os antigos atribuíam ao costo propriedades fabulosas, tendo sido usado, na Europa, de há longa data, por Galeno, Plínio e pelos médicos árabes.

Garcia de Orta referiu-se ao costo (Colóquio XVII - Do costo e da cholerica passio), chamando--lhe pucho, nome derivado do malaio puchuk, ao que parece por ser na Malásia que esta droga era muito usada. Em concanim foi adoptado o nome kosht, derivado do árabe cost ou cast, sendo o nome guzerate uplot. Este simples, ainda nos nossos dias é usado no norte da Índia, como específico contra cólera.(4)

Da há muito que o costo era exportado, da Índia e da Malásia, para a China, onde passou a ser usado em medicina e, também, para produzir fumo aromático. (5) Hoje admite-se que esta espécie é nativa de Caxemira e vertentes dos Himalaias, onde também é usada em medicina popular e para afugentar as traças das lãs.

2- águila - pau águila ou aquilária são os nomes vulgares da espécie Aquilaria agallocha Roxb., Thymeleacea arborea, nativa dos Himalaias e do Assam, que entrou na medicina chinesa com o nome de cham héong (沉香) ou mat heong (蜜香), e na medicina ocidental antiga, com o nome de linaloes. Garcia de Orta (Colóquio XXX) referiu-se a esta árvore, dizendo que os ramos eram importados de Malaca. Segundo D. G. Dalgado (6), esta espécie corresponde à Aquilaria malaccensis Lamk., e é indígena da Malásia. Tal árvore é, de facto, muito semelhante à Aquilaria agallocha Roxb.. Segundo o mesmo autor, o fármaco conhecido por linaloes deve ser o producto de ambas as espécies.

Na Europa, desde antigos tempos, o linaloes tem sido usado usado no tratamento de várias doenças, nomeadamente gota, reumatismo e diarreia.

3- abuta - buta, abuta ou abutua são os nomes vulgares da parreira brava, Cissampelus pareira L. (espécie do Brasil). O caule desta trepadeira e a raiz são vulgarmente usados em medicina. A raiz, que é a madeira a que se chama vulgarmente abuta, tem sabor amargo e é considerada tónica, diurética e aperiente. No Brasil é muito apreciada como diurético e para o tratamento de todas as afecções renais.

Na Pharmacopea Tubalense (7) a abutua ou parreira braba, é descrita como huma raiz muy parecida com os troncos das nossas parreiras; (...) os Authores convem em que a melhor parreira braba cresce no Mexico, de donde alguns presumem que os nossos Portuguezes a trazem; mas o certo he, que a que nos vem a este Reyno he a do Brasil. A melhor era a mais comprida, grossa, retorcida, cheia de nós, negra por fora e cinzenta por dentro. O sabor, a princípio, é doce, depois acre e amargo. Era usada reduzida a pó, misturada com água, contra abcessos ou apostema interior, porque estando ainda no principio, o resolverá em poucos dias; mas se for já velho, ou tiver já materia, o fará abrir, e deitar-lha toda fora por cima; e por baixo, pela camara, ou ourina. Servia também para outros fins, com vinagre, sob a forma de linimento, contra quedas e contusões, esquinências, (8) garrotilho e para facilitar o parto. Em uso exterior, era também usada contra erisipelas, dores de colica e de barriga que procedem de ventosidades ou de causa fria. Também, em cozimento, para fomentações (9) sobre o ventre, era usada contra câmaras de sangue, doenças venéreas e males renais.

Segundo João Curvo Semmedo, famoso médico setecentista, Esta raiz tomou o nome do Reyno da Butua onde se cria; chama-se assim nos Rios de Sena (10) entre o gentio; entre os Portuguezes se chama Parreyra brava, ou Raiz da Butua. (11)

Em Timor, foram descritas por Frei Alberto de São Tomás (12) duas espécies de parreira brava, conhecidas, local e indistintamente, por A-Alle: a parreira brava macho que dá uvas brancas e tem a raiz branca com o córtex preto, e a parreira brava fêmea que dá uvas pretas e cuja raiz é de cor amarela-suja e o córtex pardo. Era usada em decoc-ções contra catarros e, raspada em hua pedra com água, era colocada sobre pontadas, para abrandar as dores.

O mesmo autor cita pessoas que se curaram de pleurizes, em Moçambique e em Timor, com a decocção da madeira desta espécie, sem necessidade de sangrias. Na Índia também era muito utilizada, sendo eficaz para expulsar pedras e areias dos rins. Autor desconhecido escreveu, no Manuscrito de Frei Alberto de São Tomás o nome latino correspondente à planta representada: Vitis indica L..

Porém, de acordo com José Diogo Sampayo d'0rey, que comentou os manuscritos de Frei Alberto de São Tomás (ob. cit. p. 39), a espécie de Timor deve corresponder a Ampelocissus arachnoidea (Hassk.), Planch., da família Ampelidaceae. O nome abutua seria ali usado apenas por semelhança, porquanto este corresponde a uma das parreiras bravas africanas, citada pelo Conde de Ficalho e outros. A espécie Cissam-pelospareira L. é a espécie originária do Brasil, que no entanto se encontra hoje distribuída pelas regiões tropicais.

Segundo cremos, noutros tempos não se estabelecia uma distinção muito perfeita entre espécies medicinais semelhantes, usadas para os mesmos fins, denominando-se todas elas por um vernáculo comum. Daí a confusão gerada e as dificuldades criadas para sua actual identificação.

A receita de Macau conhecida por mezinha três pau é, como se pode concluir do que atrás ficou exposto, só por si uma receita nitidamente importada e, ao que parece, uma resultante da fusão de culturas que no Oriente convergiram, levadas pzelos portugueses.

ALO MACHO

J. F. Marques Pereira diz que a/o macho é o alho comum. Encontrámos porém em Macau, nos anos 60, uma receita caseira contra flato e vento marado (13), que consistia em ruçzá (14) ou fumá (15) no abdómen, com çabola da India (16) açado em unga papel pagode, ou com os bolbos de cebola verde (17) ou de alo macho enrolados na própria rama, em forma de chiquia (18) e aliados a alúmen. Este a/o macho era o alho francês (Allium porrum L.) ou o alho francês da China (A. ramosum Jacq.), assim designados em linguagem comum para os distinguir do alho vulgar (A. sativum L.).

No Ano Novo, a população marítima de Macau costumava colocar na popa dos seus pequenos barcos, um ramo auspicioso constituído por uma alface (sang choi - 生菜 ), aipo (kan chói - 芹菜) e um pé de cebolo chinês, (19) Allium Allium tuberosum Rottl. (kau choi- 韮菜) aliados a duas tangerinas e, em certos casos, a um inhame chicu (Eleocharis tuberosa Rottl.). Era uma forma de atrair a sorte (as 5 felicidades), por uma espécie de magia homeopática baseada num curioso jogo de homofonias: riqueza (alface): prosperidade (aipo); longa vida (cebolo chinês); felicidade (tangerina) e filhos varões (longa prole) representados pelo inhame chicu.

Nunca observámos, porém, nem soubemos por qualquer informador, que algum português de Macau tivesse alguma vez adoptado este uso.

TINGIU ou TINDILI

Vimos em Macau, nos anos 60/70, um exemplar desta planta trepadeira, nas hortas do Istmo. Trata-se duma Cucurbitaceae da espécie Cepha-landea indica Nand. (sin. Momordica monadelpha Roxb.).

O género Cephalandra engloba uma dúzia de espécies diferentes, que se encontram espalhadas pelas regiões quentes da Terra e algumas dão frutos comestíveis. Os frutos da C. indica Nand. que lembram pequenas abóboras avermelhadas, eram usados, antes da maturação, como legumes e em achares (20) preparados com vinagre de arroz.

Os chineses chamam ao tindili ou tingili, lou si tam tong kuá (老鼠担冬瓜) - o rato transporta cambalengas (abóboras), em alusão à forma e ao reduzido tamanho dos seus frutos. O nome português, segundo João António Maria da Silva (21), deriva do malaio tin-gili. De acordo com a opinião de Graciete Batalha, o étimo seria tendelim, sendo o termo macaense o mesmo que tindilim por tendelim. (22)D. G. Dalgado no seu livro Flora de Goa e Savantvadi (23) regista Cephalandra indica Nand. (Fl. Ind. III, 708; Rheede, Hort. Mal., VIII. t. 14) como uma espécie cujos vernáculos locais eram, em Goa, tendali (português) e teindî (concanim). ^^SABSANA Na Collecção de Receitas e Segredos da Botica do Colégio dos Jesuítas, de Macau (24), constam duas destinadas ao tratamento de doenças do estômago, designadas por Bálsamo estomacal (fól. 69) e Tintura estomacal (fól. 394), na composição das quais entra um simples designado por raiz de sapuz. Na primeira das receitas foi anotado: raiz de sapuz que he sapaçane, identificação que se mantém na segunda (ver o fac--simile). Raphael Bluteau (25) registou no seu Vocabulário uma raiz que, em concanim, é conhecida por sḁpūs, "pelo que passou a ser designada sapuche pelos portugueses". Acrescenta, ainda, que é uma planta da Índia ou de Angola. "Raiz de Sapuche, & suas virtudes. Esta raiz tambem he de grande estimaçaõ, & he o mais fino con-traveneno para as cobras que se tem descuberto: quando nasce esta planta, as cobras lhe costumaõ tirar a folha por instincto natural, para que se naõ conheça; mas por isso mesmo he conhecida; atada ao braço chegada à carne, està livre quem a trouxer, (ainda que durma na charneca) de lhe tocar bicho peçonhento. He excellente antidoto contra todo o veneno de bichos, & contra os outros venenos: preparada em agua, & bebida, cura aos enfermos de dores do estomago: & bebida pelas manhãs em jejum desfaz todas as obstrucçoens, & ajuda a circulaçaõ do sangue." Frei Alberto de São Tomás (27) nas suas primorosas aguarelas, já atrás citadas, representou uma trepadeira de Timor ali conhecida por Aumata ou Sapassana acompanhada da seguinte descrição: "Trepadeira. A raiz cortada transversalmente mostra huã rozetas Em Moçambique lhe chamão raiz de cobra He muito quente segd. dizem os Timores, muida ebebida em agua cura as febres frias, faz lançar fora todo o veneno que se tiver tomado, tendose mastigado pela menham, e engolido oqueo preserva dos efeitos do veneno q se tomar naquelle dias, muida eposta sobre as picadas dos animais venenoz desvanece a dor dezincha e Cura. Cada fruta tem 124 sementes." Sabemos, assim, que sapassana é o mesmo que sapús e que raiz de cobra. A raiz de cobra, ou pau-de-cobra, foi descrita por Garcia d'0rta (Colóquio XLII) como um simples, correspondente a três diferentes espécies. D. G. Dalgado no seu trabalho de identificação das plantas e drogas descritas nos "Colóquios dos Simples" escreveu acerca destas três espécies (28). O primeiro pau de cobra descrito por Garcia d'0rta e chamado por ele rannetul de Ceilão, pode corresponder à Rauwolfia serpentina Benth. (Apocynaceae) ou a Ophiorhiza mungos L. (Rubiaceae). Contudo, os frutos da primeira destas espécies não são vermelhos e as flores do segundo não são muito vermelhas. A primeira é, porém, a que melhor se pode identificar com aquela que Garcia d'0rta descreveu. No seu "Hortus Indicus Malabarícus", Rheede chamou a esta espécie talona (nome português) e matvî (nome concanim) que corresponde ao actual àtikî. É um simples que serve, também, para o tratamento de cólera, segundo Garcia d'0rta. Na Pharmacographia Indica (cit. por Dalgado a páginas 24) diz-se, acerca dos usos da Rauwolfia: "No Concão a raiz com Aristolochia indica (sāpūs) é usada em casos de colera; contra colicas l parte de raiz com 2 partes de raiz de Hollarrhena e 3 partes de raiz de Jatropha curcas em leite; em casos de febre a raiz com Andrographis paniculata." A segunda espécie referida por Garcia d'0rta é a Strychnos colubrina L., conhecida por pao de cobra ou pao de Solor e a terceira a Arístolochia indica L.. Quando o Vice-Rei D. Constantino foi a Ja-fanapatão, registou Garcia d'0rta, "ofereceram--lhe feixes dum pao com suas raizes, por ser couza muito estimada contra a peçonha; e cheira esta raiz bem (...)". O nome em concanim é sāpūs (ob. cit. p. 25). Cristóvão da Costa (29) fala, apenas, em duas espécies diferentes conhecidas por pau-de-cobra por ambas servirem de remédio contra as mordeduras deste réptil. Uma destas espécies é uma trepadeira cujo odor se crê ser bastante para afastar os ofídeos e cujo tronco enleado num suporte, lembra uma cobra, quando visto à noite, ao luar. A segunda é uma planta pequena, apenas com três folhas e própria dos lugares húmidos. Segundo o Conde de Ficalho é a primeira destas espécies a que deve corresponder à terceira das espécies descritas por Garcia d'0rta - a Arístolochia indica L.. Do que atrás ficou exposto parece poder concluir-se que sabsana, sapsana ou sapassana é o mesmo que sapuz, sapuche ou pau-de-cobra. Por estarem recenseadas cerca de 160 espécies do género Aristolochia (da Família das Aris-tolochiaceae), das quais a maioria é medicinal (30), identificaremos a sabsana de Macau como Aristolochia sp. pois tanto podem ter sido para ali levadas espécies da Índia, como de Timor ou mesmo de outro local, por exemplo, da América (31) ou mesmo da África. É de notar que em medicina chinesa são usadas também, de há muito, diferentes espécies do género Arístolochia: A. debilis Sieb. et Zucc. (sin. A. longa Thunb., A. recurvilabra Hance.), A. kaempferi Willd. e A. contorta Bunge. Os órgãos oficinais são, porém, os frutos, que foram escolhidos, ao que parece, homeopaticamente, pela sua semelhança, quando abertos, com os pulmões humanos. Por isso, são empregados no tratamento de afecções pulmonares, nomeadamente como remédio antitússico e expectorante, tido por eficaz em casos de bronquite e asma. Estes frutos contêm um alcalóide tóxico, a aristoloquina, que em experiências laboratoriais se mostrou activo sobre o funcionamento cardíaco e pulmonar. Segundo cremos não é, porém, a espécie medicinal chinesa a que passou à medicina popular de Macau, mas sim a espécie indiana, a cujo nome nativo se sobrepôs o nome timorense, talvez por influência dos escravos daquela Ilha, que eram os que predominavam em Macau no século passado. É natural que o uso da sapsana tenha sido introduzido pela medicina erudita, tal como o leva a crer a leitura das "Receitas e Segredos" da Botica do Colégio dos Jesuítas atrás citadas. Depois, é possível que o uso timorense de tomar esta mezinha com água, depois de moída, contra febres frias e para lançar fora todo o veneno que se tiver tomado, se tenha sobreposto à antiga tradição e vencido o tempo, através da medicina popular característica das classes sociais menos favorecidas. Supomos que, na quadra satírica que vimos a estudar, o nome sapsana tenha sido escolhido para vincar, como já dissemos, a condição social da dita Cathrina, ao que parece mulher de poucos escrúpulos, ou no sentido de espécie capaz de afastar a peçonha, tomada a virtude da planta como pura crendice, própria das classes mais modestas c menos informadas. ^^ VÓ KIAU ou HÓ KÁ (阿膠)- Gelatina negra (fortificante) Este remédio, conhecido em Macau pela designação cantonense Ócá, era muito popular, noutros tempos, entre a população do território. Contudo, já não encontrámos ali ninguém, nos anos 60, que usasse este medicamento que, ainda no século passado, gosava de certa popularidade, a avaliar dos apontamentos tirados pelo médico Dr. Lúcio Augusto da Silva, que exerceu a clínica em Macau de 1861 a 1884 (32). As senhoras idosas, apenas se lembravam de Ó como remédio china bom para tísica. Não admira, pois, que, com o avanço da medicina ocidental, no domínio da prevenção e do tratamento da tuberculose, esta mezinha tivesse sido abandonada pela população portuguesa de Macau.
Fac-simile dos apontamentos do Dr. Lúcio Augusto da Silva, acerca do "Ocá". — (Ms. do Arquivo Histórico Ultramarino, — Miscelânea-Mç. l, Sala 15, (col. de Rec. chinesas).

O Bispo de Pequim, D. Policarpo de Sousa, na sua carta de l de Maio de 1742, escrita de Pequim a Ribeiro Sanches, refere-se a vo kiau, como sendo uma excelente mezinha sinica para impedir vomitos de sangue ou evacuações do mesmo em mulheres. Diz ainda que esta droga he Grude feito de pele de jumento preto dos que bebem da agoa de hum posso que ha na Provincia de Xan-him, aonde se goarda por mandarins postos pelo imperador. Tomase hua outava cada dia desfeito em cha, caldo de galinha, etc. Ele próprio dera a tomar sete ou oito oitavas de vo kiau a um homem robusto, que lançara muito sangue pela boca e a quem ia sacramentar por se encontrar moribundo. Tomando a droga, por duas vezes, ficou bom (33).

Dos papéis do Dr. Lúcio Augusto da Silva, atrás citados, consta também uma curiosa referência a ó cá, que se reproduz em fac simile. Nessa referência, este médico cita várias plantas chinesas, cujos nomes apresenta romanizados, indicadas para se aliarem a ó cá, consoante os efeitos adicionais que se pretendem. Procurámos identificar esses simples e supomos que sejam os seguintes:

shan-cóc. Polifármaco cuja composição varia consoante os mestres que o preparam. Segue-se a composição de um dos mais estimados em Macau -o San kôk chá - segundo a prescrição escrita em chinês que envolve cada bloco:

- Artemisia apiacea Hance..... 4,7%

- Mosla chinensis Maxim. (fungo comestível).......................... 4,7%

- Rizoma de Dioscorea japonica Thunb. ou Dioscorea batatas Decne. (preparado)........................ 5%

- Córtex de Magnolia officinalis Reh. etWils............................. 4,7%

- Raiz de Scutellaria baicalensis Georgi............................. 4,7%

- Rizoma de Notopterygium incisum Sing................................ 4,7%

- Raiz de Angelica grosserra ta Maxim........................................ 4,7%

- Raiz de Platycodon grandiflorum DC................................ 4,7%

- Frutos de Amomum costatum Roxb........................................ 4,7%

- Frutos de Citrus aurantium L. e Citrus sp. sp. (imaturos)...... 4,7%

- Rizoma de Cootis teeta Wall.. 5%

-Frutos de Chaenomeles sinensis Koeh.............................4,7%

-Triticum sativum Lam. (farelo)usado como aglutinante............................38%

-Poria cocos Wolf.............................5%

Indicações: No tratamento de resfriamentos com febre e tosse, dores abdominais, vómitos e diarreia com dispepsia, pancadas na cabeça e doenças resultantes de desadaptação a climas diferentes.

Posologia: um bloco de cada vez fervido em água, deixando reduzir-se até ficar 70% do total. Para crianças faz-se metade da dose. Em caso de resfriamentos acompanhados de febre devem juntar-se 5 g de gengibre à decocção.

Esta receita não corresponde exactamente à receita antiga tradicional, que consta de algumas farmacopeias, mas é aquela que consta do impresso da embalagem na qual actualmente os san kôk mais procurados em Macau são vendidos. Aliás, nos nossos dias, nem sempre são os mesmos simples aqueles que as diferentes firmas incluem no medicamento.

- vom-lin. Trata-se, provavelmente de wong lin (黄連) - Coptis teeta Wall. ou Coptis chinen-sis Franch., cujo rizoma é muito usado em medicina chinesa. Vende-se em fatias de 5-6 cm de comprimento, exteriormente acastanhadas e amarelo-alaranjadas internamente. O gosto é amargo. Originária do sul da China e do norte da Índia é um fármaco muito popular como estomáquico, digestivo e antidisentérico, em doses de 3-7 g. Contém o alcalóide coptisina e ainda berberina.

- pui mun-tung. Talvez se trate de tin mun tong (天門冬 ) - Asparagus lucidus Lindl. (sin. A. falcatus Benth., A. insularis Hance.) - Os órgãos subterrâneos, que se vendem em peças de 7 a 8 cm de comprimento, com um aspecto amarelado e translúcido, são usados como diurético e expectorante em doses de 5-10 g.

- um mei. Possivelmente ng mei chi (五味子)- Schizandra chinensis Baill. (sin. Maximowicza chinensisa Rup., Sphaerostema japonica Sieb. et Zucc., Sp. japonica Hance.). As bagas secas são usadas como tónico, estimulante e antitússico em doses de 2-5 g. Com maior verosimilhança, será porém de admitir-se que se trate de ung mei fá (五味花) (flores de 5 sabores), frescura muito popular em Macau, preparada por decocção de flores secas de Bombax malabaricum DC., Loni- cera japonica Thunb., Plumieria rubra (Poir.) var. acutifolia Bail., Chrysanthemum indicum L. e Sophora japonica L. ou outra flor aromática, o que varia de mestre para mestre.

- vom-kam. Wong kam (黃芩) - Scutellaria baicalenses Georgi. (sin. S. macrantha Fisch., S. grandi flora Adams., S. lanceolaria Miq.). Originária do norte da China, Manchúria e Sibéria, a raiz fibrosa é usada em medicina chinesa como estomáquico, antipirético, expectorante e ainda em casos de diarreia, hipertensão e icterícia em doses de 5-8 g, sendo incompatível com a raiz Paeonia montan Sims. O sabor é amargo e a droga

- pac shoc. Pak chéok (白芍) - Paeonia albi- flora Pall. (sin. P. edulisSalisb., P. lactiflora Pall., P. officinalis Thunb.). A raiz é vendida em pedaços de 20 cm de comprimento por 12 mm de diâmetro. Exteriormente é castanha-avermelha-da e internamente rosada. O sabor é amargo. Contém asparagina e ácido benzóico. É usada no tratamento de afecções gastro-intestinais, como antisséptico e ainda como expectorante e emenagogo em doses de 5-10 g.

Fig.3 - Algumas plantas medicinais chinesas citadas no texto:

1. Coptis teeta Wall.

2. Scutellaria baicalensis Georgi.

3. Fritillaria verticillata Willd.

4. Aristolochia sp.

5. Scnizandra chinensisBaill.

6. Asparagus lucidus Linde.

Desenhos extraídos do livro de Medicina Tradicional Chinesa, da Dinastia Ming, 《本草綱目》 (Pun Chou Kóng Mok) de Lei Si Chan 李時珍

-pui-um. Supomos tratar-se de pui mou (貝母) -Fritillaria verticillata Willd. (Sin. F. thunbergii Miq., F. collicola Hance., Uvularia cirrhosa Thunb.). Os bolbos, vendidos em fragmentos de4,5 cm de comprimento, são usados como antitús-sico e expectorante, em casos de bronquite asmática, em doses de 5-10 g. Contém alcalóides: verticina, verticilina, fritilina e fritalirina. Estes alcalóides são tóxicos, actuando sobre o sistema nervoso central. A sua acção sobre os movimentos respiratórios é semelhante à da morfina. Em doses letais produz cardio-inibição e hipertensão.

- humg fá - Hong fá ( 紅花 ) - Carthamus tinctorius L.. (nativa da China, do Laos, do Vietnam do Sul e do Cambodja). As flores desta Asteracea são usadas como adstringente uterino em casos de dismenorreia, em doses de 2-5 g. O sabor é ligeiramente amargo e pungente. Contém cartamina e um pigmento amarelo.

Não nos foi possível identificar os simples designados por im-hu-só nem a casca da árvore chum. Chum será Ch'ông (木瓜) - pinheiro? OuChám(杉) - entena? Ou Ch'óng sôt (蒼術) - Atractylodes chinensis DC. (sin. Atrac-tylisvata Thunb., A. lancea Thunb.) cuja raíz é usada como tónico aromático em caso de gastro--enterite? Ou, ainda, cham héong (沉香), pau águila (Aquilaria agallocha Roxb.)? A partir da romanização não é possível chegar a uma identificação minimamente aceitável.

A nalisadas estas mezinhas tradicionais de Macau, das quais uma simples quadra popular conservou a memória, fácil é de constatar o seu polihibridismo, fruto de prolongada convergência de culturas, num pequeno território densamente povoado.

Tal como muitos outros padrões culturais definidores dum grupo social, também o receituário popular pode ser, de facto, encarado como um documento histórico, de que não só é possível uma leitura em tempo presente, mas também uma leitura em tempo passado.

E a verdade é que a análise de muitas destas receitas que o povo conservou, está a projectar, até, o seu uso no futuro; não só no futuro do grupo que as criou ou manteve, mas no futuro da própria Humanidade. Daí o engrandecido interesse do seu estudo.

Bibliografia Principal

-Amaro, Ana Maria- Medicina Popular de Macau (no prelo)

- Batalha, Graciete N. - Glossário do dialecto macaense, Coimbra, 1977.

- Bluteau, Rafael - Supplemento ao vocabulário Portuguez e Latino (...) Lisboa Occidental, Anno de M. DCC. XX. V. VII.

- Dalgado, D. (aniel) G. - Classificação Botanica das plantas e drogas descritas nos Colóquios da India de Garcia d'Orta, Bombaim, Nicol's Printing Work's, 1894.

- Dalgado, D. G. - Flora de Goa e Savantvadi. Catálogo metódico das plantas medicinais, alimentares e industriais, Lisboa, Imprensa Nacional, 1898.

Dalgado, Monsenhor Sebastião Rodolfo - Glossário Luso-Asiático, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1919.

- Keys. John D. - Chinese Herbs, Hong Kong, 1976.

- Pharmacopea Tubalense Chimico-Galenica - Lisboa, M. DCC. XXV (1° Tomo) e MDCCLI (2° Tomo)

- São Tomás, Frei Alberto de - Virtudes de algumas plantas da Ilha de Timor, Ed. do Ministério do Ultramar, Lisboa, 1969.

Silva, João Maria António da- Repositório de Noções de Botânica aplicada (...) Hong Kong, 1904.

- Manuscritos do Arquivo da Sociedade de Jesus em Roma - Col-lecção de várias Receitas e Segredos (...), MDCCLXVII.

- Manuscritos do Arquivo Histórico Ultramarino Miscelânea, sala 15, 2a. Secção (1839-1858) Março l.

-藥材學,北京,一九六一年

-《本草綱目》

(1) Nome pelo qual Macau era conhecido, pelos chineses, na Dinastia Meng (séc. XVI-XVII). ou, ainda, por Fosso das Ostras, o que a homofonia da palavra Ou ( 濠 com 蠔 ) pode explicar.

(2)TA-SSI-YANG-KUO - Archivos e Annaes do Extremo-Oriente - coordenados e annotados por J. F. Marques Pereira - Serie 1a - Vol låmp; o - Lisboa MDCCCXCIX, - pp. 240-242.

(3) Sá pun - tigela de barro grosseiro, com o interior estriado, que servia de ralador.

(4)D. G. Dalgado - Classificação Botânica das Plantas e Drogas descriptas nos «Colóquios da Índia» de Garcia d'Orta - Bombaim - Nicol's Printing Work's, 1894 -pp.9-10.

(5)Em Macau, o costo era, também, conhecido por pau--catinga, devido ao seu odor forte.

(6)D. G. Dalgado-ob. cit.-p. 17.

(7)Pharmacopea Tubalense Chimico-Galenica, por Manoel Rodrigues Coelho - Lisboa Occidental, Na Officina de António de Sousa da Sylva-M. DCC. XXXV-TomoI. pp.188-189.

(8)Nome antigo, genérico, atribuído às afecções da garganta.

(9)Fomentação é uma prática antiga portuguesa que, em Macau, é conhecida por fumá. Consiste na aplicação duma mezinha quente e chapá-chapá no local afectado.

(10) Rios de Sena é uma região de Moçambique.

(11) João Curvo Semmedo - Memorial de varios Simplices que da India, da América e de outros pontos vem a este Reyno para tratamento de varias enfermidades (...) Em Apêndice a Observaçoens Medicas (...)- Lisboa, M. DCC. XXVII -pp. 15-16.

(12) Frei Alberto de São Tomás - Virtudes de algumas plantas da Ilha de Timor (Manuscrito aguardado do Arquivo Histórico Ultramarino) - Ed. do Ministério do Ultramar, com anotações de Frei Francisco Leite de Faria e Eng. José Diogo Sampayo d'0rey e Prefácio de Alberto Iria-Lisboa. 1969 (fol. 61, est.62).

(13) Gases acumulados.

(14) Massagem.

(15) Fomentar - forma antiga de tratamento que consistia na aplicação de emplastros quentes.

(16) Allium cepa L..

(17) Cebola chinesa - Allium fistulosum L.

(18) Calote de cabelo, enrolado na nuca, que constitui o penteado das mulheres chinesas casadas e, noutros tempos, era usado, também, por muitas senhoras filhas da terra.

(19) Também conhecido entre os macaenses, por alho porro.

(20) Conservas.

(21) João António Maria da Silva - Repositório de Noções de Botânica Aplicada - Hong Kong, 1904, p. 284.

(22) Graciete Batalha - Glossário do Dialecto Macaense - Coimbra, 1977-p. 282.

(23) D. G. Dalgado - Flora de Goa e Savantvadi, Catalogo Methodico das Plantas medicinais, alimentares e indus- triaes- Lisboa - Imprensa Nacional, 1898-p. 84.

(24) Collecção de varias Receitas e Segredos (...), Manuscritos dos Archivos da Companhia de Jesus em Roma. Livro datado de M. DCC. LXVII.

(25) R. Bluteau - Supplemento ao Vocabulario Portuguez e Latino (...). Lisboa Occidental, Anno de M. DCC. XXVIII, p.197.

(26) João Curvo Semmedo- Memorial de vários Simplices (...). Ob. cit., p. 14.

(27) Frei Alberto de São Tomás - Virtudes de algumas plantas (...), ob. cit., fól. 27., est. 28.

(28) D. G. Dalgado - Classificação Botanica das Plantas e Drogas nos "Coloquios da India" de Garcia d'0rta, Bombaim, Nicol's Printing Work's, 1894, pp. 22-25.

(29) Tratado das Drogas e Medicinas das Índias Orientais (... ), versão portuguesa com introdução e notas do Dr. Jaime Walter, Ed. Com. do Quarto Cent. da Publ. dos Colóquios dos simples de Garcia de Orta, Junta de Investigações do Ultramar, Lisboa, 1964, cap. L, p. 227.

(30) M. H. Baillon - Dictionnaire de Botanique, Paris, Hachette, 1896.

(31) A Arístolochia serpentina L., da Virgínia, era dos alexifár-macos mais estimados, noutros tempos, na Europa.

(32)O Dr. Lúcio Augusto da Silva, euro-asiático natural de Goa, foi mandado cursar medicina a Portugal em 1841, concluindo o curso em 1851, subsidiado pela Fazenda Pública. Era, também, doutor pela Universidade de Bruxelas. Foi nomeado Cirurgião-Mor e Chefe dos Serviços de Saúde de Macau por decreto de 4-6-1860. Interessou-se pelo estudo dos medicamentos chineses usados pelos portugueses de Macau e enviou algumas amostras, entre elas uma do famoso Ó Cá, ao Ministério dos Negócios da Marinha e Ultramar para serem incluídas na colecção apresentada por Portugal na Exposição Colonial Médica, que se realizou em Amsterdão em 1883.

(33) Arthur Viegas - Ribeiro Sanches e o Pe. Polycarpo de Sousa terceiro bispo de Pekim in Revista de História, Ano X, n° s 37 a 40, Lisboa, 1921, pp. 249-250.

*Prof a. da Faculdade de Ciêncas Sociais da Universidade Nova de Lisboa, antropóloga e investigadora.

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até a p.