Atrium

EDITORIAL

Luís Sá Cunha

Congratulam-se os responsáveis editoriais desta "Revista de Cultura" com a publicação deste número: a mesma humildade, sempre professada em nove anos de existência, não será inibitória a que reconheçamos a valia e a diversidade de tantos contributos convocados a densificar este Sumário.

Prova, e augúrio, do interesse com que a entidade cultural de Macau tem polarizado, crescentemente nos últimos anos, a atenção, dedicação e o labor industrioso de tantos especialistas e investigadores.

O que é também sintoma de saudável, optimista e viva colaboração entre investigadores de dois universos, condição básica ao aprofundamento do conhecimento e à urdidura de uma identidade cultural, de que começam por ser exemplos simbólicos, neste Sumário, os textos de Rui Loureiro, Zhang Haipeng e Tereza Sena. Como dois espelhos que reflectem duas metades de uma mesma realidade, por eles se reconfirma que só com a adjunção e comparação das fontes documentais chinesas e portuguesas é possível avançar para uma configuração abrangente, segura e cientificamente sustentada da História de Macau.

Progresso que há-de ser feito com a iluminação despreconceituosa daqueles passos mais obscuros ou sensíveis, para que não haverá quietivos invocáveis, e sem o que tudo o que se propõe definitivo não será senão adiada matéria de revisões. Queremos, vigorosamente, e com a necessária coragem intelectual, positividade e dedicação construtiva, substanciar, pela Cultura, uma progressivamente sólida identidade das comunidades, haventes e a haver, nesta terra.

Na maioria, os textos convocados a este número, para além do mérito que colhem individualmente, vimo-los na perspectiva dinâmica e futurante de um somatório de contributos de grande qualidade e interesse que a "RC" vem dando, e continuará a dar, a essa obra mais vasta e unitária destinada ao fôlego dos historiadores a vir.

No resto, congratulamo-nos com os crescentes contributos literários de autores e investigadores chineses que amavelmente vêm sendo endereçados à nossa mesa, e de que sequentes edições da "RC" serão visível reflexo. Com sofreguidão os recebemos, e os divulgaremos aos leitores, partilhando a mesma satisfação de uma curiosidade intelectual adiada, em razão da barreira linguística.

Assim, a "Revista de Cultura" do I. C. M., obra colectiva de tantas operosas e industriosas dedicações, ao chegar à beira do seu 10o Aniversário, se confirma como serviço cultural valioso -- no que foi sendo capaz de fundamentar uma identidade cultural, e de mais divulgar aos universos das Línguas Portuguesa e Chinesa tantos meandros ainda obductos das suas culturas.

O Director da Revista de Cultura

Luís Sá Cunha

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