João Rodrigues Tçuzzu

JOÃO RODRIGUES UM RETRATO DO JAPÃO DA GEOGRAFIA E DA NATUREZA

Paula Ferreira Santos*

Só é possível conhecer bem um país se se conhecer bem o seu Povo, o meio geográfico que o condiciona, a sua Língua, a sua Cultura. Para o conhecimento do Japão muito contribuíram as informações colhidas por aventureiros e missionários, primeiros ocidentais a avistarem e pisarem terras do Império do Sol Nascente em meados do século XVI.

Com efeito, o conjunto de obras e documentos escritos por estes homens europeus formaram um espólio documental imprescindível à descoberta e ao conhecimento da realidade nipónica, por parte do Ocidente.

No âmbito deste trabalho, há a realçar o contributo da Companhia de Jesus, cujos missionários se tomaram os principais agentes de disseminação da cultura europeia no Japão, e de divulgação da civilização japonesa na Europa. Na realidade, foram estes religiosos os principais dinamizadores do impacto recíproco de duas sociedades.

Mercadores, navegantes e missionários desempenharam, pois, o papel de mediadores entre dois povos. Os seus escritos revelaram à Europa um Japão menos fantasioso e mais real, e aí introduziram aspectos importantes da cultura europeia1.

Os Jesuítas, desde cedo, perceberam que para uma evangelização mais eficaz no território japonês havia que conhecer bem os costumes dos japoneses e proceder a uma política de adaptação cultural. Desde cedo começaram a adoptar hábitos de convívio, etiqueta, vestuário, alimentação, e até mesmo a reinvindicar tratamentos respeitosos, como aqueles que eram ministrados aos Bonzos budistas.

É claro que para desenvolver esta política havia que observar, estudar e compreender profundamente os processos mentais e sociais próprios da sociedade japonesa. É, pois, natural que neste contexto apareçam obras reveladoras do fluente conhecimento que estes religiosos possuíam da mentalidade, constituição, particularidades, costumes, hábitos e cultura da sociedade japonesa.

João Rodrigues é um desses padres, profundamente conhecedor da cultura e da sociedade nipónicas. Foi muito jovem para o Japão e aí completou a maior parte da sua formação e educação. Permaneceu toda a vida no Oriente e teve oportunidade de conhecer de perto a cultura cortesã japonesa do seu tempo; foi grande frequentador da Corte Imperial e grande conhecedor da língua japonesa.

Por conseguinte, pelo carácter da sua personalidade, e pela conjugação destes factos, desempenhou um papel relevante no desenrolar dos acontecimentos vividos entre portugueses e japoneses.

Por ser grande conhecedor da língua sínico--japónica escreveu a primeira Gramática e partici-pou na organização do Dicionário de língua japonesa2. Mas é a sua obra História da Igreja no Japão, escrita durante o exílio a que esteve votado na China, uma das mais completas, profundas e pormenorizadas exposições sobre a Geografia, Filosofia e hábitos sociais dos japoneses. Poder-se-á mesmo afirmar que a obra de João Rodrigues é um dos primeiros estudos sociológicos sobre o Japão.

Esta obra, escrita de uma forma minuciosa, é prolixa em exemplos que revelam uma observação cuidada e realista. Perscruta-se, no modo como o autor escreve a História, um misto de surpresa e admiração. Ao contrário de outros documentos do mesmo género, e datados mais ou menos da mesma época, mostra compreensão e respeito pelo diferente. Denuncia também já uma alargada concepção de História3.

Todo o texto prima por uma imparcialidade, à primeira vista estranha, mas reveladora da largueza de compreensão humana, só possível pela combinação das duas culturas distintas na mesma pessoa, apesar da conjuntura político-social em que é escrito. De facto, a partir de 1587 a situação da Igreja Católica no Japão manteve-se precária, pois o novo poder central temia que a expansão continuada do cristianismo criasse pontos de discórdia e desunião4.

Não obstante as perseguições e expulsões contínuas de que foram alvo os membros da Companhia de Jesus, nesta fase de instabilidade e desconfianças recíprocas, João Rodrigues, ao contrário de outros autores Jesuítas, não deixa de mostrar admiração e consideração pelo povo e cultura japoneses. Raramente, no conjunto da sua obra, se nota qualquer tipo de despeito ou sentimento de injustiça, chegando mesmo a referir-se aos japoneses com deferência e cortesia. No fundo, João Rodrigues vê com os olhos do Ocidente mas sente com o coração do Oriente.

Porém, se em relação ao Japão e ao seu meio natural há uma abertura absoluta, compreensão e admiração ilimitadas, tal já não acontece quando a análise ultrapassa a Geografia e entra no campo social, e principalmente quando resvala para o foro religioso e põe em causa dogmas da Igreja.

Prova do vasto, profundo e ajustado conhecimento da realidade japonesa são os capítulos que Rodrigues dedica quer à Geografia, quer à riqueza da fauna e da flora do Arquipélago, numa apologia da generosidade da mãe natureza. São, precisamente, alguns destes capítulos, que pretendemos analisar ao longo deste artigo. Pareceu-nos, no entanto, pertinente referir, nesta abordagem, uma outra obra: o relato redigido por Jorge Álvares em 1545/75, de origem diferente, mas também de grande contributo para o conhecimento do Japão.

Pensámos que seria útil a comparação dos dois testemunhos, o de Rodrigues e o de Álvares6. Estamos perante a primeira e a última imagem do Japão, respectivamente. Rodrigues dá-nos a última imagem do País. Álvares mostra-nos como, desde o início, os Portugueses retrataram com um certo rigor o Império do Sol Nascente. São duas visões do Japão, de dois homens, duas épocas e dois destinos diferentes, embora semelhantes no rigor informativo e na observação cuidada deste território. Qualquer um dos autores fala directamente do que viu e descreve detalhada e empiricamente o que observou. Contudo são dois testemunhos de cariz diferente, separados no tempo.

O texto de Álvares, incluído inicialmente em O Livro Que Trata das Cousas da Índia e do Japão7 foi escrito no início da chegada dos portugueses ao Arquipélago, tendo sido um dos primeiros retratos do Japão e dos japoneses disponível no Ocidente. Ao contrário da obra de João Rodrigues, é uma observação curta, fugaz, naturalista e marginal, escrita por um aventureiro. Álvares descreve apenas o que vê, é testemunha de uma observação momentânea. Apesar das imprecisões resultantes desta curta estadia, a maior parte das suas informações são correctas, relevando um grande poder de observação.

A História da Igreja no Japão é escrita quase três quartos de século mais tarde por um missionário jesuíta profundamente enraizado na cultura nipónica, conhecedor da língua e participante dos costumes japoneses. É, por conseguinte, uma observação mais cuidada, mais sentida, mais reflectida. É o testemunho da permanência portuguesa no Oriente, dos avanços e recuos da missionação, dos êxitos e vicissitudes vividos pela Igreja num território geográfica e politicamente instável, onde o Cristianismo penetrava com muita dificuldade.

O RELEVO

A descrição do relevo feita no capítulo "Da Qualidade, e Clima de Japão, e frutos que produz a Terra"8 é corroborada pelos actuais livros de Geografia japonesa. Segundo o autor, a terra do Japão, apesar de ter grandes e espaçosas campinas cultivadas ou incultas, é principalmente (...) muito montuosa de grandes, e altas serranias e espessos matos de arvoredo, e alguns montes tão altos que escondem seus picos(...)9. A este respeito Jorge Álvares também se referira com bastante clareza: Esta terra é culta ao longo do mar, e dizem que pela terra dentro há aí campina (...)vi montes aproveitados e semeados(...)10. Porém, na opinião de Ro-drigues na sua maior parte são terras mais estéreis que férteis, por isso carenciadas de estrumação, pelo que Têm necessidade de indústria de a engordarem para todos os anos dar fruto(...)11.

No entanto, e mais à frente, a eloquência da esterilidade agrícola é amenizada, pois apercebe-se que a cultura estende-se a qualquer pedaço de terra acessível, e por conseguinte arável. A terra é sobre-aproveitada naquela zona. E ainda assim vai chamando a atenção para a irregularidade e certa imprecisão de algumas afirmações veiculadas pelos primeiros portugueses sobre a pobreza e falta de mantimentos do povo em geral; (...) o que vendo alguns dos nossos primeiros não sabendo o que se passava por outras partes escreveram que o Japão era muito pobre e falto de mantimentos, que só comiam folhas de rabãos(...)12. A causa da falta de mantimentos em algumas regiões não se deve, segundo Rodrigues, apenas à esterilidade da terra, mas também e principalmente às (...) contínuas guerras civis que houve por todo o Japão até ao tempo de Nobunaga13, grandes responsáveis pelas fomes e devastações sofridas pelos camponeses.

A propósito do carácter montanhoso e verde do Japão, João Rodrigues tece uma série de considerações sobre a pureza dos ares por estremo sadios, e temperados e por isso não há doenças gerais no Reino, como peste(...)14. Mas esta vida longa e sadia devia-se, conforme observa o missionário, a uma vida regrada por parte do aldeão em oposição ao desregramento do nobre que conduzia mais rapidamente à doença e morte: (...) donde naturalmente a gente popular que não é dada a delícias vive vida comprida de ordinário; tendo os velhos boa disposição, e forças e saúde, posto que os nobres e ricos com as delícias com que se dão adoecem e vivem menos(...)15.

Não será de estranhar que um missionário, pelos seus votos, seja mais sensível a este tipo de observação e que a vida saudável e regrada dos japoneses o espante, quando na mesma altura a Europa estava e estaria durante muito mais tempo mergulhada em vários e diferentes surtos de pestes.

De tal modo isto terá surpreendido João Rodrigues que acaba por misturar a realidade com a lenda. Facto, aliás, que se repete amíude ao longo da sua obra.

O MARAVILHOSO

Assim, validando o velho mito oriental da longevidade e do segredo da fonte da eterna juventude, o autor, apesar do louvor feito à moderação dos costumes, opina que são os japões mui inclinados a mezinhas e cousas que prolonguem a vida16. A partir daqui vai discorrendo sobre várias notícias que lhe chegaram e factos que ele próprio observou e viveu, sobre alguns homens cuja idade ultrapassava em muito o que qualquer esperança de vida actual possa prever: (...) houve um homem nas partes do Foccucu que viveu 700 anos (...) e se lembrava das cousas antigas, como guerras que ele tinha visto, e contava as particularidades concordando com o que estava escrito. Tinha o carão de carne, a modo de musgo das pedras que não parecia de homem, e os cabelos como penugem de pássaros, contava que já estava enfadado de viver sem poder morrer e que por vezes se quisera precipitar de uma rocha para morrer(...)17. Eis a imagem pictórica do próprio tempo. O autor desvenda, ainda, a razão de tão angustiante imortalidade, pois perguntando-lhe que comia? Respondeu que uma vez em um vale lhe aparecera uma pessoa, e o ensinara que comesse sempre uma erva que havia no mato chamada Cusô e que com isto vivia...18.

O imaginário surge, assim, misturado com osreais conhecimentos de ervanária que os orientais tão bem dominam. Rodrigues remete para a exis-tência de uma erva mui usada na Corte naquele tempo, fazem com ela também vinho para prolongar a vida, como vimos e comemos dela e bebemos do vinho. É a terra do Japão mui acomodada à vida, assim para os naturais como para os estrangeiros, os quais todos se acham bem nela19 O missionário mostra convicção no que diz, é provável que fosse bastante acreditado, pois que para o provar vai buscar o exemplo de um homem de Bengala, na Índia, que vivia há trezentos anos e estava mui fresco e bem disposto, como foi notório e autêntico pela diligência do Bispo de Cochim, que disso mandou tirar instrumento jurado com testemunhas.20 Aliás, testemunhos como estes não são exclusivos de Rodrigues, havia na época variadas descrições deste género.

Um outro exemplo elucidativo desta dicotomia realidade/quimera é o capítulo "De Alguns Animais Maravilhosos, que em Japão se Covertem em Outros"21, onde Rodrigues se perde numa teia de descrições fantasiosas de metamorfoses e transmutações de animais e plantas: Há nestas ilhas algumas cousas admiráveis fora do curso àcerca de alguns animais e bichos que se convertem em outra espécie de cousas sem morrerem nem se corromperem como nas demais transmutações naturais (...) mas assim como estão vivos, se vão convertendo em outra espécie de animais até ficarem perfeitos (...) cousa que parece impossível se senão tivesse aqui evidente experiência...22. Mais à frente, no mesmo capítulo, o missionário descreve três sortes de conversões de umas cousas em outras. A primeira, alguns animais terrestres e aquáticos de pés, e mãos se convertem em peixes. A segunda, outras cousas do mar, como marisco se converte em aves. A terceira, os de bichos de uma espécie em outros de outra...23. E ainda, referindo-se aos vegetais: Há também certa laia de raízes de ervas (...) ínhames do mato (...)os quais estando certo tempo dentro de água se convertem em cobras de certa laia, de que também tem exemplo a experiência...24.

Apesar do carácter moderno, inovador e rigoroso da obra, Rodrigues e o seu texto não saem ilesos da influência da efabulação e do imaginário predominantes na época, pois como afirma Braudel o homem é filho do seu tempo.

OCLIMA

João Rodrigues dedica uma boa parte do texto à descrição do clima do Japão, referindo a violência dos abalos sísmicos, erupções vulcânicas e tufões: este Reino todo é ilhas cercadas de mar é nelas o tremor de terra mui frequente e às vezes mui grande, no mar também há o tremor com que se faz três ondas uma após, outra de estranha grandeza como montes muito altos (...) entrando pela terra dentro destruindo muitas povoações ma rítimas com morte de mui gente, e de animais.25 Fala das estações do ano, das temperaturas que se fazem sentir ao longo dos 12 meses, das chuvas e monções, descrevendo minuciosamente o desenrolar do processo: O tempo se muda amiúde com várias chuvas e vento, e nuvens que toldam o céu. De ordinário correm duas monções de vento com que se navega.26 Também Jorge Álvares se referira, da mesma forma e com igual acuidade à violência do clima: "Esta terra do Japão treme algumas vezes (...) é terra esta de Japão mui ventosa e cheia de tormentas (...)27.

Com efeito, o Japão sempre foi, e ainda hoje é, assolado por frequentes tremores de terra, provocando muitas vezes maremotos violentos (tsunamis). Os tufões são frequentes, sobretudo no fim do Verão. Estes fenómenos resultam não só da origem e intensidade vulcânicas do arquipélago como, e principalmente, do seu cariz insular. A insularidade modifica as características do clima, que pertence ao domínio das monções (ainda que o Inverno não seja completamente seco) e explica a temperatura média mais elevada que no continente asiático à mesma latitude.

O Japão oferece uma vasta gama de climas, principalmente por ser um território onde se interpenetram influências marítimas e continentais. O arquipélago japonês apresenta, do ponto de vista do clima, fortes contrastes regionais28.

A RIQUEZA DO SUBSOLO

Mas é no capítulo Cousas que cria a terra do Japão29 que Rodrigues descreve cuidadosa e equitativamente a riqueza da terra do Japão. Rica em metais: cobre, ferro e algum chumbo, sendo o mais importante a prata. Rodrigues chega mesmo a nominar alguns dos principais locais de extracção deste metal: Conoyma, Chogom no reino de Yumi, na ilha Soda do mar do Norte.

Como se sabe foi este metal um dos grandes responsáveis pelo enriquecimento não só dos próprios japoneses como dos navegadores e comerciantes estrangeiros. Após a sua chegada ao arquipélago, os portugueses tornaram-se os principais intermediários mercantis auferindo enormes e fabulosos lucros do intercâmbio da prata japonesa, tão cobiçada na China, com as sedas e ouro dos Chineses, de grande valor no Japão.

Segundo Rodrigues, o velho sistema de trocas, a nível interno, no qual a principal moeda era o arroz ou umas parcas e raras moedas de cobre, fora gradualmente substituído pelas reais moedas de prata e ouro que constituíam o tesouro dos grandes senhores. A semelhança do que acontecia na Europa, em certas alturas, o entesouramento era uso corrente no início do século XVII no Japão: No ano de 1609 estando nós na corte(...) deu contas seu tesoureiro-mor do que estava entesourado (...)e nada disto se desmentia antes ia em crescimento todo o ano: porque dali nada se tira para gastos, antes se entesouram uns tantos milhões em cada ano.30

A RIQUEZA AGRÍCOLA

Mas o principal mantimento que cria a terra do Japão é o arroz. Produto agrícola por excelência, fonte primária de alimento e muitas vezes única do japonês, o arroz além do principal mantimento é o principal rendimento. Ao longo do tempo constituiu a base da economia do País. Por exemplo, um feudo era mais ou menos valorizado consoante a capacidade e quantidade de arroz que produzia31.

Tanto Rodrigues como Álvares dedicam uma parte dos seus textos a este produto agrícola considerado essencial à economia do Japão. É semeado com as chuvas de Maio e em terras alagadiças e é colhido em Setembro.32 Há várias "castas" ou "sortes" deste cereal; a principal é o arroz branco também ele de várias "laias" e gosto. Há o roxo, ou vermelho que por mais que se pile não fica branco, mas russo de côr.33

O arroz, para além do seu carácter nutritivo, detém um valor simbólico e cultural importante: era, e é, o centro de todo um cerimonial próprio do povo e cultura japoneses.

Um outro cereal, o trigo, produzia-se em certas zonas do Japão para vários usos, excepto para o pão, como era usual no Ocidente. Segundo o texto de João Rodrigues, parece que a farinha deste grão era exportada para diferentes regiões do Extremo--Oriente, nomeadamente para Manila.

A cevada era um outro cereal de grande peso na economia alimentar das famílias japonesas, era sobretudo o cereal de recurso. Em zonas menos férteis ou dizimadas pela guerra, a cevada substituía o arroz: em algumas partes estéreis serve de mantimento para os lavradores, e gente pobre, cozendo-a como arroz, misturando-lhe um pouco dele (...) em partes estéreis e montanhosas por não bastar o arroz, os lavradores e gente pobre come durante algum tempo do ano cevada, fetos, bolotas do mato...34

É natural que uma terra de muitos ribeiros, fontes e poços... produza grande variedade de legumes e fruta: feijões, milho de várias espécies, hortaliça, nabos, rabãos tão grande em algumas partes que quatro fazem uma carga arezoada de um homem35.

As frutas são, conforme o autor, como as da Europa peras de várias castas, maças (...) ameixas, uvas, poucas porque senão dão as criadas, essas que há não servem para vinho36. Já Jorge Álvares a este respeito tece idênticas considerações. Segundo Rodrigues e Álvares, a uva era um fruto conhecido dos japoneses, ainda que estes o não comessem. Foi só com a chegada dos portugueses que progressivamente este fruto foi entrando nos hábitos alimentares dos japoneses. Existem, conforme Álvares parreiras de uvas brancas, que sabem muito bem, as quais eles não comiam e, com verem que a nós comemos, as comem37; segundo Rodrigues nos matos há uma sorte de uvas bravas, pretas que os japoneses não comiam, e são uvas verdadeiras, silvestres, assim no gosto como no sabor, e se faz vinho delas.38

Assim, o vinho tal como é feito no Ocidente não era conhecido pelos japoneses. Rapidamente a descoberta das uvas no Japão veio saldar necessidades a leigos e religiosos. Aos primeiros era permitido apreciar tão saudosa bebida, aos segundos prover às exigências do culto religioso: (...) e conforme a informação que de cá se deu em Roma se julgou que se podia dizer missa com o vinho feito deles por falta de outro que vem da Europa.39

A FAUNA E A FLORA

Desde tempos pré-históricos o uso de gorduras foi imprescindível à sobrevivência do homem. Primeiro de origem animal, depois e progressivamente substituída pelo óleo de algumas plantas, a gordura constituía o primeiro combustível do homem. Enquanto no Ocidente a gordura por excelência era o azeite extraído do fruto da oliveira, no Japão a substância untosa de uso corrente era o azeite de gergelim.

Eram, de igual modo, usadas outras plantas oleaginosas: a dormideira, de cujas sementes se extraía um óleo comestível, também usado na arte de pintura, ou óleo da semente de uma outra árvore (a que Rodrigues faz referência mas não denomina) utilizado, principalmente, pelas mulheres para tornarem os seus cabelos mais negros, ao contrário das europeias, que segundo parece, já naquele tempo procuravam fazê-los louros e que elas [japonesas] abominavam.40

Mas a gordura de origem animal (baleia e outros peixes) era extremamente usada, nomeadamente como combustível para as candeias, bem como uma certa cera feita de certa fruta de que se tira o verniz.41 . A este respeito João Rodrigues, sempre com o olhar observador e cuidado, chama a atenção para incorrecções de certas informações escritas e veiculadas sobre o assunto. Este comentário torna-se mais importante uma vez que se sabe que o missionário viveu a maior parte da sua vida embrenhado nos usos e costumes do povo japonês: Donde muitos se enganaram, escrevendo não terem os japões mais que azeite de baleias, alumiarem-se com pedaços de achas de pinho, julgando pelo que viram em algumas terras estéreis, e pobres, faltas de muitas cousas, principalmente em tempo de guerra, e em ilhas pobres.42

A FLORESTA

Segundo o texto, parece a terra do Japão muito pródiga em produzir uma variedade grande de produtos. Entre os quais o verniz, o que não é de admirar numa terra montanhosa coberta de florestas43, cujas árvores são a origem e fim último deste produto. Pois não só produzem as resinas para o dito verniz como as madeiras depois de trabalhadas (mobiliário, construção naval, etc.) precisam de ser devidamente tratadas para uma maior duração ou mesmo embelezamento. Além disso o verniz tem uma maior multiplicidade de usos. Conforme Rodrigues, este verniz é de grande e melhor qualidade do que o da China e outras terras conhecidas. Torna-se interessante ver que o modo de extracção da resina, tal como a descreve Rodrigues, é idêntica à forma como, ainda actualmente, os resineiros artesanais procedem nos seus pinhais: tira-se este verniz ao modo de goma dando golpes no tronco da árvore, pela qual cortadura vai brotando este verniz a modo de gota.44

Ainda ligado à floresta e aos produtos extraídos das árvores João Rodrigues fala do papel, bastante usado segundo consta pelos japoneses, e cuja técnica de fabrico e uso veio revolucionar todo o mundo da escrita no Ocidente. Conforme o autor, os japoneses fazem várias sortes de papel de certa casca de árvore criada de propósito para este fim.45 Mas parece que o domínio da técnica de fazer e usar o papel remontavam a muitos anos atrás: "parece que o aprenderam das Corias [coreanos] seus vizinhos que o fazem do mesmo material, esse dos Chinas, que parece foram os primeiros que inventaram neste Oriente, ou ainda no mundo, na monarquia com que o china diz Han.46

A madeira, um dos bens da natureza mais preciosos para os japoneses, era aproveitada até à exaustação, reconvertida e reciclada. É o caso da cânfora mais comum, obtida da cozedura dos cavacos das árvores. No entanto havia uma outra, mais rara e mais cara (diferente daquela oriunda do Bornéu) obtida de uma árvore cheirosa e cuja ma-deira dura e incorruptível era utilizada na construção naval ou exportada para o Ocidente.

Mas o uso da madeira não se restringia à construção naval ou ao fabrico de peças de mobiliário, era sobretudo o material por excelência da construção civil: tudo fazem de madeira e não de pedra, ou de tijolos como nós, tirando os muros das fortalezas que fazem de pedra, e as cercas das casas dos nobres(...).47

João Rodrigues mostra-se já naquele tempo um homem bastante avançado na sua época, e muito actual na sua sensibilidade a um problema que em pleno século XX aflige o homem, a devastação das florestas e a consequente desertificação do meio ambiente: e como uso da madeira é tão grande já vai faltando, e muitos montes que primeiro estavam cobertos de arvoredo estão agora escalvados como se ali nunca houvera árvore(...).48

AS FIBRAS TÊXTEIS

A floresta e os produtos agrícolas não constituíam por si só o único tesouro da natureza. As plantas fibrosas passíveis de serem transformadas em fios têxteis eram cultivadas a larga escala, como é o caso do linho, algodão, e cânhamo. O cultivo e uso do algodão, segundo Rodrigues, parece ter aumentado com a chegada dos portugueses ao Japão. Ao contrário do tradicional e dispendioso linho, símbolo de riqueza e prosperidade ostentado pela nobreza, o algodão, de produção e transformação mais rápida e barata, servia as necessidades da gente ordinária (...): "agora se tem com o algodão muita e boa cangaria de que fazem meadas que nos primeiros tempos levaram os portugueses de Veniaga a Japão (...).49

A seda branca, conforme diz Rodrigues, ainda que de menor qualidade do que a chinesa, é também um produto exportável e por isso bastante rendível, nomeadamente em tempos de paz, quando os circuitos comerciais eram reactivados. Uma outra seda de menor qualidade é utilizada, principalmente no Inverno, nos acolchoados, toucas e cache-cóis por ser mui delicada, macia, suave e quente por extremo.50

Rodrigues faz notar um certo refinamento dos hábitos de vestir dos japoneses. Ao contrário dos povos vizinhos, tártaros, coreanos e chineses, que cobriam a cabeça e pescoço com peles de animais, como sempre o homem foi fazendo ao longo do tempo, o japonês cobria estas partes do corpo com toucas e cachecóis de seda, tão quentes como as peles, mas de gosto mais requintado.

A RIQUEZA HÍDRICA

Se o elemento terra é generoso nos produtos que fornece ao homem, o elemento água não o é menos. Tanto Álvares como Rodrigues repararam de imediato na grande e abundante riqueza de recursos hídricos que o Japão possuía. A este respeito diz Álvares Esta terra é de muitas ribeiras, fontes e poços. Disseram-me que também havia rios muito grandes e de muito peixe.51 O texto de Rodrigues acrescenta: Por todo o reino há águas excelentíssimas e fontes (...) há muitos e caudelosos rios, alguns deles navegáveis de navios pequenos, também há muitos lagos e alguns mui grandes.52 A abundância de água não só é sinónimo de agricultura fértil como de grande quantidade de fauna marinha e de economia próspera. Como afirma Rodrigues, Há em Japão mui excelente pescado de várias sortes assim de água doce, como de salgada no Mar do Norte, há muito peixe salmão que em certo tempo do ano vêm desovar nos rios onde se pesca infinidade que salgam e secam ao sol. 53 Álvares também em relação ao pescado enumera as espécies que vê e de que ouve falar, fazendo notar as semelhanças com as espécies europeias: (...) e ali o mar tem muita maneira de pescados de nossa terra: sardinhas, sáveis, savelhas e muito marisco (...)54.

No entanto, e ao contrário do que acontecia no Ocidente, e que muito admirou João Rodrigues, e concerteza admiraria qualquer ocidental, foi o modo de beber água por parte dos japoneses em algumas zonas do País: posto que a não bebem fria de ordinário todavia é estimada dos japões para o seu chonoyu... no Verão e no Inverno os japões de ordinário não bebem águafria(...).55. Provavelmente, e pelo que o texto deixa descortinar, esta água seria bebida na forma de chá56. Também Jorge Ál-vares, sem perceber a que se referia, já comentava a respeito (...) Bebem no Verão água de cevada quente, e no Inverno água de umas ervas, as quais não soube que ervas eram. Não bebem nenhuma água fria nem no Verão nem no Inverno.57

OS ANIMAIS EM PARTICULAR

Rodrigues ocupa-se em descrever pormenorizadamente a flora ao longo deste capítulo, mas a fauna não é completamente esquecida ainda que tenha um menor peso na economia de narrativa. No capítulo várias sortes de animais e aves que há58 enumera os animais existentes no Japão. Comparando a fauna japonesa com a europeia dá conta dos animais que não existem no Império do Sol Nascente. Começa por falar nos cavalos, uns domésticos, outros selvagens, e no desconhecimento ou falta de uso da ferradura, que era substituída por certos sapatos tecidos em palha acomodados ao pé do cavalo59, que permitiam a estes animais andarem em lugares de pedregulho e fragosos60. Quanto aos arreios e estribarias remete o leitor para um outro capítulo (que já não pertence ao âmbito deste trabalho) onde é descrito mais pormenorizadamente este assunto.

Segundo o autor, os machos e burros não eram animais conhecidos nem utilizados pelos japoneses na lavoura (embora o fossem na China e Coreia). Pelo contrário, há abundância de vacas com que se lavram a lavoura, não duas juntas de em um como nós mas uma só por si; às vezes usam de cavalos ou éguas para lavrar a terra(...)61. Em relação a este assunto o texto de João Rodrigues contradiz, de certa forma, a opinião já expressa por Jorge Álvares; neste caso é provável que este não se tenha apercebido da existência de gado bovino em quantidade, pelo que afirma: (...) o serviço desta terra era lavrada com cavalos pequenos muito rijos, porque na terra não há aí vacas senão muito poucas e alguns bois de trabalho(...)62.

Quanto aos animais caseiros, só os cães eram realmente úteis à economia familiar, pois serviam para caçar. Animais de criação como galinhas, patos, adens, coelhos, etc., serviam apenas como animais de estimação e nunca para comer porque o uso ordinário de todo o Reino é não comerem carne de animais caseiros os quais têm por imundos como é o porco, galinha, vaca (...)63. Também Álvares já notara esta característica: É gente que come três vezes ao dia, e come pouco de cada vez. Não comem carne senão muito pouca, e a que já disse: não comem galinhas, e parece-me porque as criam, e cousa que criam não comem(...).64

João Rodrigues descreve com a surpresa típica de um ocidental, aquele "estranho" costume, e logo faz notar a crescente influência dos costumes ocidentais nos hábitos ancestrais dos japoneses. Pois com o trato dos portugueses onde vai a nau e navios do trato criam estas cousas para lhes venderem e já muitos ali comem estas cousas e os mercadores que concorrem de várias partes a tratar com eles, e alguns senhores, e outros com capa de dizerem ser mezinha, e cousa nova com que já não é tão horrendo, e abominável no Reino como ao princípio que nos botavam em rosto por opróbrio, dizendo, que comíamos vaca, e animais caseiros e ainda carne de gente.65 São, por conseguinte, estas populações litorais pelas suas relações comerciais estreitas com os navegadores europeus, primeiro portugueses, depois espanhóis e holandeses, as mais abertas à influência e absorção de hábitos ocidentais. Populações que não opunham grande resistência a uma eminente aculturação (e que de certa forma facilitava a missionação) ao contrário do que acontecia à medida que se penetrava no interior do País, aumentando as dificuldades de relacionamento e evangelização.66

Mas são os animais selvagens, denominados "silvestres" no texto, que fazem as delícias dos próprios autóctones. As vastas florestas do Japão abrigavam abundante fauna selvagem, nomeadamente animais de caça: porcos monteses, veados, lebres (mas não coelhos como fez notar o autor) lobos, ursos, raposas, bugios sem rabo (pois os de rabo vêm de fora). Não existem, segundo Rodrigues, nem tigres, nem onças, e só algumas espécies de cobras eram conhecidas.

Quanto às aves, parece haver, conforme o texto, uma hierarquização com base na procura e importância que estes animais tinham na mesa dos banquetes. Por conseguinte, temos em primeiro lu-gar o grou, em segundo o cisne e terceiro o pato bravo e nos banquetes solenes de gente nobre em o seu chanoyu sempre sai alguma destas três sortes para a festa ser solene; e na verdade nesta terra guisadas a seu modo são excelentes, e gostosas; e acontece valer às vezes o grou fresco em certas conjunções, cinquenta cruzados como já vimos por vezes no tempo(...)67.

À semelhança dos nobres europeus, os senhores japoneses criam em suas casas aves de rapina de várias espécies: falcões, açores, girifaltes e outros. E sobre este assunto Rodrigues queda-se numa descrição pormenorizada sobre este tema (não podemos, nunca, esquecer que este homem conviveu mais de perto com a elite japonesa, daí o maior e mais detalhado conhecimento que tem dos hábitos dos nobres japoneses). Estas aves eram criadas, como já foi dito, pelos senhores nobres em casas determinadas onde têm estas aves com seus descansos(...)68, havendo mesmo servidores especializados para tratar e cuidar dos animais. Estas aves eram devidamente treinadas para caçar outros animais selvagens em caçadas solenes organizadas. Como acontecia na Europa havia zonas reservadas à caça do senhor, as coutadas, onde estavam impedidos de caçar os camponeses ou qualquer outro indivíduo que não pertencesse à nobreza.

Há, pois, uma grande semelhança entre as duas sociedades: a europeia e a japonesa. Com efeito, em pleno século XVI, o Japão possuía um perfeito sistema de feudalismo, análogo, em tudo, ao do Ocidente. Porém, não parece ser crível que este tenha influenciado de algum modo o feudalismo japonês, que parece mais ser produto de uma evolução natural, própria. Temos, por conseguinte, um mesmo sistema desenvolvendo-se em paralelo, sem que nenhuma das partes se tenha encontrado. Contudo são extraordinariamente similares nas suas estruturas políticas, hierarquias sociais, direitos e obrigações inerentes a cada estado.

São obras, como esta de João Rodrigues, que nos permitem descortinar e analisar processos de evolução semelhante nos extremos do mundo. Não queremos, porém, defender que os usos e costumes japoneses fossem semelhantes aos da Europa, Rodrigues deixa-o bem explícito na História.

Em toda a sua obra João Rodrigues demonstra, de uma forma bem clara que, nalguns aspectos, o Japão daquele tempo revelava aos seus contemporâneos ocidentais uma certa superioridade no que diz respeito a certos valores morais e cívicos. Por esta e outras razões, a obra de Rodrigues é uma das mais reflexivas e imparciais exposições sobre o Japão. O missionário foi, talvez e durante muito tempo, o primeiro a compreender a filosofia inspiradora dos hábitos, costumes e ritos sociais do povo japonês.

NOTAS

1 Muitos viajantes, uns peregrinos outros comerciantes, quase todos portugueses, traziam na bagagem, por vezes, mais relatos e informações do que propriamente riquezas. Estas informações colhidas aqui e além eram a única forma de conhecer este "novo mundo" e por isso muito preciosas.

Entre as primeiras obras escritas sobre o Japão encontra-se a correspondência dos Padres Jesuítas, verdadeiros retratos do Japão. Muitas destas cartas encontram-se reunidas em colectâneas como a de Juan-Ruiz de Medina. "Documentos del Japon 1547-1557". in Monumenta Historica Societatis Iesu, vol. 137, Roma, Instituto Historico de Ia Compañia de Jesús, 1990, ou as Cartas que os Padres e Irmãos da Companhia de Jesus escreverão dos Reynos do Japão e China aos da mesma Companhia da Índia e Europa desde o anno de 1549 até ao de 1580. Manoel da Lyra, Évora, 1598.

2 João Rodrigues. Arte da Língua de Japam Composta PelloPadre J. R. Rodrigues da Companhia de Iesu, dividida em três livros. No Collegio de Japão da Companhia de Iesu, Nagasaki 1604 (1608): ed. fac-similada, Tóquio, 1984.

Vocabulário da Língua de Japam. Nagasaki 1603-1604 (atribuível a João Rodrigues). BA 46-VIII-35.

3 A este respeito ver Armando Martins Janeira. O ImpactoPortuguês sobre a civilização Japonesa, Lisboa, 1988.

4 Tanto Hideyoshi como o seu sucessor Ieasu, aparentemente não tinham qualquer animosidade pessoal contra o Cristianismo. No entanto, por motivos políticos e de poder, logo que possível trataram de se desembaraçardos missionários Jesuítas e da considerável influência que estes já disfrutavam no País.

Com efeito, após a morte de Oda Nobunaga, "o Cristianismo perdeu sem dúvida, uma oportunidade única de criar raízes profundas e mais sólidas no Japão, e a própria presença no Arquipélago (...) ficaria em breve fortemente ameaçada." João Paulo Oliveira e Costa, "Oda Nobunaga e a Expansão Portuguesa", in Revista da Cultura, Edição do Instituto Cultural de Macau, n. °s 13/14, vol. 1, Jan/Jun 1991, pp. 259-272.

5 As referências à obra de Jorge Álvares neste trabalho têm por base o documento que vem na colectânea de Juan-Ruiz de Medina, op. cit., pp. 1-23.

6 Jorge Álvares, capitão português, comercializou durante vários anos no Extremo Oriente. Consta ter estado no Japão em 1547 com o seu companheiro de aventuras Fernão Mendes Pinto. Travou amizade com Francisco Xavier, provavelmente, na Índia. Reencontraram-se em Malaca, onde Xavier lhe terá pedido um registo escrito das suas impressões sobre o Japão.

7 Adelino de Almeida Calado. "O livro que trata das Cousasda Índia e Japão", Boletim da Biblioteca da Universidade de Coimbra, Coimbra, vol. XXIV, 1960, pp. 1-138.

8 João Rodrigues, História da Igreja no Japão. Transcriçãodo códice 49-iv-53 (ff. l a 181) da Biblioteca do Palácio da Ajuda, preparada por João do Amaral Abranches Pinto. Notíci-as de Macau, 1954, p. 139.

9 Ibidem, p. 139.

10 Jorge Álvares. Op. cit. p. 5. Jorge Álvares tocou em várias partes da ilha de Kiushu, durante quatro ou cinco meses. Não se embrenhou, no entanto, por terra mais de três léguas como ele próprio afirma, e por isso, só descreve a "formusura das terrasdo litoral".

11 João Rodrigues. Op. cit.

12 Ibidem, p. 144.

13 Ibidem, p. 144, Oda Nobunaga, era Dáimio de Owari; possuidor de um grande poder militar e político acabou por concentrar em si toda a autoridade acabando por se sobrepor ao próprio xogum, Ashikaga. O seu intuito de impor um regime centralizado levou-o a encetar a tarefa de pacificação e unifica-ção do país que até aí estivera mergulhado na cruel e sangrenta guerra civil controlada pelos vários clãs influentes à margem do poder imperial (que apenas era respeitado na teoria). A este respeito ver João Paulo Oliveira e Costa. Op. cit, ou ainda Michael Cooper, Rodrigues the Interpreter: an Early Jesuit in apan and China, New York, Weathehill. 1974.

14 João Rodrigues. Op. cit, p. 139.

15 Ibidem, pp. 139-140.

16 Ibidem, p. 140.

17 Ibidem, p. 140.

18 Ibidem, p. 140.

19 Ibidem, p. 141.

20 Ibidem, pp. 140-141.

21 Ibidem, p. 153.

22 Ibidem, p. 153.

23 Ibidem, pp. 153-154.

24 Ibidem, p. 155.

25 Ibidem, p. 156.

26 Ibidem, p. 142.

27 Jorge Álvares. Op. cit, p. 8.

28 Cf. e para mais informações sobre o clima do Japão ver J. Pezeu-Massabuau Géographie du Japon, Paris, PUF, ou MaxDerruau, Le Japon, nº 26, Paris. Presses Universitaires de France, 1967.

29 João Rodrigues. Op. cit, p. 142.

30 Ibidem, p. 143.

31 Cf. Francine Hérail, Histoire du Japon, Paris, 1986, p. 151.

32 No ínicio do Verão e do Outono, respectivamente, dão-se asduas máximas pluviométricas que caracterizam a estação quente (Maio/Junho e Setembro). Separadas por um período de 6 a 7 semanas, relativamente secas, que favorecem a maturação do arroz. J. Pezeu-Massabuau. Op. cit, p. 24.

33 João Rodrigues. Op. cit, p. 144.

34 Ibidem, p. 144.

35 Ibidem, p. 145.

36 Ibidem, p. 145.

37 Jorge Álvares. Op. cit, p. 6.

38 João Rodrigues. Op. cit, p. 145.

39 Ibidem. p. 145.

40 Ibidem, p. 146.

41 Ibidem, p. 147.

42 Ibidem, p. 146.

43 A floresta cobria a maior parte do território japonês. Actualmente, a floresta cobre, ainda, 70% do território, taxa comparável à da Finlândia e Canadá. Poder-se-á dizer que é uma das mais elevadas do mundo. Por conseguinte, no século XVI, a riqueza da floresta e dos recursos que ela dispõe deveria ser muito maior e imprescíndivel à economia familiar do japonês quinhentista.

44 Ibidem, p. 147.

45 Ibidem. p. 148.

46 Ibidem, p.148.

47 Ibidem, p. 149.

48 Ibidem, p. 149.

49 Ibidem, p. 147.

50 Ibidem, p. 148.

51 Jorge Álvares. Op. cit, p. 7.

52 João Rodrigues. Op. cit, p. 149.

53 Ibidem, p. 150.

54 Jorge Álvares. Op. cit, p. 7.

55 João Rodrigues. Op. cit, p. 149.

56 Sobre este assunto ver os capítulos que Rodrigues dedica ao chá e à cerimónia do mesmo. Op. cit. pp. 437-500.

57 Jorge Álvares. Op. cit, p. 13.

58 Ibidem, p. 150.

59 Ibidem, p. 150.

60 Ibidem, p. 150.

61 Ibidem, p. 151.

62 Jorge Álvares. Op. cit, p. 6.

63 João Rodrigues. Op. cit, p. 151.

64 Jorge Álvares. Op. cit, p. 12.

65 João Rodrigues. Op. cit, p. 151. "A Nau do Trato que todos os anos partia de Macau para Nagasaki inaugura uma época na história japonesa, servindo não só os interesses do progresso material mas as mais profundas aspirações da cultura e do espírito japonês". Luís Norton. Os Portugueses no Japão (1540-1640). Ministério do Ultramar, Divisão de Publicações e Biblioteca, 1952, p. 27.

66 A este respeito e para análise mais profunda ver João Paulo Oliveira e Costa. Op. cit. pp. 259-272.

67 João Rodrigues. Op. cit, p. 152.

68 Ibidem, p. 152.

*Licenciada em História pela F. C. S. H., da Universidade Nova de Lisboa. Investigações em temas da História portuguesa na Índia e no Japão.

desde a p. 145
até a p.