Atrium

AOS LEITORES

Luís Sá Cunha ,Director da Revista de Cultura

Com este Número 17, inaugura-se um segundo ciclo no trânsito editorial da Revista de Cultura. Inaugura-se, quer dizer, dá-se augúrio a nova fase desta Revista, a que desde o início se intentou insuflar vocação de perenidade.

Será, assim, este número -- dedicado às relações históricas entre Portugal e o Japão e integrado no programa comemorativo dos 450 anos da chegada dos Portugueses a terras nipónicas -- o primeiro de uma IIå Série deste projecto trilingue da Revista de Cultura.

Relevar-nos-á a bondade dos leitores alguns meses de ausência; mas, a interrupção deliberada visou assegurar para o futuro um melhor ritmo de publicação das três edições. Seremos, portanto, a partir do Outono, estação crepuscular que anuncia os renascimentos, uma presença mais assídua, regular ao mesmo compasso trimestral do calendário.

O prestígio e o reconhecimento internacional que a RC alcançou durante os primeiros anos de publicação, a consciência da responsabilidade cultural que lhe veio a caber, e que terá que assumir cada vez mais frente a horizontes tão próximos --justificam esta reconversão.

Para além da maior operacionalidade editorial, também esta reestruturação teve em conta aconselháveis alterações materiais nas edições. Até ao N° 16, as RCs, nas suas edições em Inglês e Chinês, foram a passiva cópia traduzida da edição matriz em Português. Agora as libertamos desse estatuto ancilar, autonomizando-as na divergência de sumários e conteúdos.

Com isto, contornamos o escolho de traduções que fatalmente ameaçariam deixar irreconhecíveis os originais de certos autores, sabendo de experiência, como Heidegger, que o Grego só é traduzível para o Grego. Nisto, tranquiliza-nos a consciência de que o facto de se publicar em três Línguas abre à RC possibilidades de percepção e consulta por um vastíssimo leque de leitores interessados.

Passarão, também, as edições assim diversas a dirigir-se mais directa e especificamente aos grupos de leitores situados em Culturas e Línguas diferentes. E com isto se ganha também em eficácia cultural e nas potencialidades exploráveis no campo pragmático da expansão comercial.

No resto, manter-nos-emos cada vez mais polarizados no objectivo de substanciar a identidade cultural de Macau, projecto que em si transcende, no que encerra de encontro universal de culturas.

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