O Reencontro

OS "DESCOBRIDORES" DO JAPÃO

Jorge Manuel Flores*

Pormenor de um mapa da Ásia (princípios do Século XVI) com a ilha de "Zipangri" (a Cipango de Marco Polo). Sebastian Munster, Cosmographiae Universalis, Lib. VI, Basel, 1559. (Museu dos 26 Mártires, Nagasáqui)

«São gente que anda errante, ora aqui, ora ali, não têm residência certa e trocam o que possuem por aquilo que não têm. São por conseguinte gente inofensiva. »

Teppô-Ki

Este é mais um artigo sobre a "descoberta" do Japão pelos Portugueses. Não que tenhamos algo de novo a dizer acerca da data dessa viagem inaugural ou da identidade dos seus protagonistas. Desde que, em 1946, Georg Schurhammer publicou um erudito estudo sobre o problema1, consagrando o ano de 1543 e condenando a versão de Fernão Mendes Pinto, o assunto deixou de ser discutido com a paixão das primeiras décadas deste século2. E a tese do jesuíta alemão, independentemente de ser ou não a derradeira, tem quase sempre sido tomada por boa desde esse momento.

O que nos move é, antes, a necessidade de integrar a expedição de 1543 num quadro de problemas suficientemente largo. De facto, os primeiros contactos dos Portugueses com o Japão percebem-se melhor se despidos da ganga dos pormenores. Por isso, e antes do mais, enveredámos por confrontar a viagem de António Peixoto, António da Mota e Francisco Zeimoto com os caracteres axiais da expansão portuguesa no Oriente. Depois, tratámos de esboçar o retrato dos "descobridores" do Japão para, com base nele, reflectir finalmente sobre a primeira metamorfose do "Japão português", ocorrida logo no começo dos anos 50 do século XVI: o momento em que o Japão dos "aventureiros" cede o passo ao Japão dos poderes.

OS "DESCOBRIDORES" DO JAPÃO EA EXPANSÃO PORTUGUESA NO ORIENTE

As últimas décadas têm demonstrado que a expansão portuguesa no Oriente está longe de ser um fenómeno monolítico. A sua fisionomia varia consoante o momento cronológico, as regiões em causa ou os homens que lhe dão forma. O Malabar que Vasco da Gama conheceu não foi o mesmo com que, cem anos depois, André Furtado de Mendonça teve de lidar. Dito de outro modo, a fórmula ensaiada pelos Portugueses para a ilha de Ceilão não podia transpor-se mecanicamente para a China: a moldura geográfica e humana é diversa, as soluções encontradas pelos recém-chegados também o foram. Depois, é necessário ter em conta que as políticas delineadas em Lisboa mudam. A política de monopólio imperialista traçada por D. Manuel não tem qualquer exequibilidade quando, passado o meado do século, se institucionaliza o sistema das viagens concessio-nadas. Para mais, nem sempre as estratégias alinhavadas pela Coroa vingam in loco: as concepções pessoais dos governadores sobrepõem-se-lhes amiúde. Finalmente, há que dar atenção aos interesses daqueles portugueses que, cada vez menos ligados a Lisboa e à sua política ultramarina, entram frequentemente em choque com a autoridade central. Em suma, o historiador não pode deixar de ponderar, sempre em simultâneo, a diversidade dos "contaminados" e a diversidade dos "contaminadores".

Falar da chegada dos primeiros portugueses ao Japão pressupõe uma reflexão sobre alguns destes problemas. É que o desembarque em Tanegashima no começo dos anos 40 não pode dissociar-se da postura da Coroa em relação ao Extremo Oriente nesse período e, bem assim, da existência de uma mole de particulares com apetência para comerciar e piratear em regiões afastadas de Goa, como é o caso do mar da China.

A tomada de consciência da extraordinária diversidade da fisionomia social da expansão portuguesa no Oriente, fomentou a procura de novas formas de "arrumação" dos homens que se estabeleceram a leste do cabo da Boa Esperança desde 1498. Uma das mais usuais e pertinentes é a que divide os Portugueses da Ásia em servidores do Rei e em rebeldes, albergando esta segunda categoria um vasto leque de casos que culmina no renegado3. O fenómeno, como bem sublinhou Luís Filipe Thomaz, é provocado pela própria atitude da Coroa perante o comércio: ao idealizar um monopólio sufocante, apenas quebrado por concessões que o monarca, à maneira medieval, entende fazer aos seus súbditos como recompensa de serviços prestados, o poder exclui dos réditos propiciados pelas trocas uma massa considerável de homens. Ora, os que não cabem no sistema optam naturalmente por se desvincular, procurando um lugar nas redes comerciais das (muitas) regiões dos mares da Ásia onde a vigilância do Estado da Índia é ténue ou mesmo nula4.

E foi este fenómeno -- consolidado por perí-odos de maior liberalidade do poder central ou de maior laxismo dos governadores -- que, para usar os termos de L. F. Thomaz, deu origem às "repúblicas mercantis" portuguesas, "colónias sub-espontâ-neas" que despontaram um pouco por toda a parte. As mais organizadas, como São Tomé de Meliapor, Negapatão ou Macau, lograram adquirir um enquadramento político e administrativo que a própria Coroa acabou por sancionar. Outras mantiveram-se sempre informais, como as do Fuquien ou a de Patane, no Sião meridional, onde a meio do século XVI já estavam radicados mais de trezentos portugueses5. Malaca parece ter sido o primeiro pólo difusor destes homens que andam "fora do serviço" do Rei. Daí navegam para o Extremo Oriente, mas também para oeste: em 1520 viviam no Coromandel mais de duzentos "alevantados" vindos de Malaca6. Outra rota importante é a do mar de Ceilão, através da qual os "particulares" abandonam o Malabar em direcção ao Coromandel e a outros países do golfo do Bengala7.

A cesura é, assim, acompanhada de uma distinção geográfica: os "indefectíveis" do serviço público povoam o oceano Índico ocidental, enquanto que as regiões a leste do cabo Comorim constituem o paraíso dos "marginais". George Winius concebeu mesmo um Shadow Empire no golfo do Bengala, isto é, uma espécie de negativo do poder de Goa8. De resto, a própria língua sanciona essa dicotomia social: os textos da época falam frequentemente de chatins, lançados, alevantados, arrenegados e desorelhados.

Naturalmente que a dicotomia é demasiado simplista. Começam hoje a conhecer-se as actividades dos "marginais" em zonas dominadas pelo Estado da Índia, como Cochim, tanto ou mais lesivas dos interesses da Coroa do que as dos homens do golfo do Bengala9. Doutro modo, é necessário dar o devido relevo a casos híbridos, ou seja, indivíduos que se repartem entre o serviço público e a "marginalidade": serve de exemplo Miguel Ferreira e outros moradores do Coromandel seus contemporâneos10. Demais, Luís Filipe Thomaz mostrou recentemente, numa das mais penetrantes análises da sociedade portuguesa da Ásia, como boa parte destes homens flutua entre os dois mundos, raramente rompendo de todo com o Estado, raramente se assumindo em definitivo como rebeldes. O reconhecimento régio e a escalada da pirâmide social são atractivos que os "marginais", apesar dos ténues laços que mantêm com Lisboa, não deixam de cobiçar11.

Nada disto, contudo, põe em causa o princípio geral. A leste do cabo Comorim, a presença portuguesa reveste-se de um carácter informal. E não falamos apenas das actividades dos particulares, mas das próprias iniciativas do poder central que, nessa região, foram sempre bem menos consistentes. À excepção da tomada de Malaca (1511), o Estado da Índia pauta-se por uma extraordinária cautela, procurando inserir-se na ordem estabelecida sem a pôr em causa. É assim que D. Manuel idealiza as primeiras incursões a leste da ilha de Ceilão. O regimento dado a D. Francisco de Almeida aconselha a que se enviem para essas regiões homens com allgumas mercadoryas em allguums nauyos da terra que pera lla forem. O monarca demonstra, para além do mais, uma enorme preocupação na escolha das pessoas para estas missões: e estes que a yso emviardes devem ser homeens que ho bem saybam fazer12.

A primeira tentativa para chegar a Malaca foi pensada nestes moldes por D. Francisco de Almeida. Fracassada, a expedição de Francisco Pereira e Estevão de Vilhena acabaria por se tornar no primeiro reconhecimento português do Coromandel meridional (1506). Os portugueses viajam desde Cochim a bordo do navio de um "mouro da terra" e acompanhados de um dos filhos de Gaspar da Índia13.

Iaponiae Insulae descriptio, de Luís Teixeira (1595). In "Theatro d'el orbe de la tierra", Abraham Ortello, Anvers, 1612.

Depois da conquista de Malaca, preparam-se uma série de viagens oficiais aos países do golfo do Bengala. Duarte Fernandes, que sabia malaio, é o primeiro emissário português a Ayuthia e viaja a bordo de uma frota de juncos chineses (1511). Rui Nunes, enviado ao Pegu nesse mesmo ano, também faz a viagem a bordo de uma embarcação local. Em 1512 viajava de Malaca para Martabão o junco São João, armado pela Coroa de parceria com Nina Chatu. Dois anos depois, o feitor desse junco --Pero Pais -- voltaria ao Pegu, agora integrado numa frota de navios de mercadores de Malaca14. Mesmo a expedição às ilhas das especiarias (1512) -- a mais "estatal" destas viagens -- não deixa de incluir alguns Malayos, e Jáos, que andavam naquella navegação. Mais, António de Abreu levava diante delle hum Mouro natural de Malaca per nome Nehodá Ismael com hum junco de mercadoria de alguns mouros Jáos, e Malayos, que tratavam nestas partes, pera que quando Antonio d'Abreu chegasse áquelles portos, que fosse bem recebido15.

São viagens discretas, que conjugam o interesse comercial com o escopo político-diplomático. As dos particulares, ao invés, apesar de organizadas de forma idêntica, norteiam-se apenas pelo interesse económico próprio. Estão nestas condições a de Henrique de Leme ao Pegu (1515-1516), ou a de João Coelho ao Bengala (1516), a bordo de um navio bengali16. Nenhuma das duas difere, em boa verdade, da primeira viagem portuguesa ao Japão.

Boa parte das actividades portuguesas no Mar da China ao longo da primeira metade do século XVI também foram conduzidas nos mesmos moldes. A viagem de Jorge Álvares à China em 1513, ordenada pelo capitão de Malaca, é uma viagem típica de exploração dos tráficos interiores do mar da China. Organizada ao jeito da de Pero Pais ao Pegu no ano anterior, a expedição -- curiosamente protagonizada pelo escrivão do junco São João -- seria puramente comercial, um testemunho da penetração dos Portugueses no trato regional, lado a lado com os mercadores da terra17. O mesmo sucedeu no ano seguinte com Rafael Perestrelo. Assim se planeara também uma expedição logo em 1512, mas que não chegou a concretizar-se18.

Depois do insucesso da intervenção do Estado da Índia na região, determinado pelos distúrbios provocados pela armada de Simão de Andrade e pelo subsequente fracasso da embaixada de Tomé Pires19, foi aos particulares que coube assegurar a permanência portuguesa no litoral chinês. É de crer que, a partir dos últimos anos da década de 30, os mercadores portugueses começassem a frequentar os portos do Fuquien20. Em 1542, estabelecem-se em Liampó para, três anos depois, se radicarem em Chincheu (1545-1548). Na década de 50, o regresso a Cantão e o estabelecimento dos Portugueses em Macau voltaria a ser obra destes homens que, entretanto, se tinham tomado verdadeiros peritos dos tráficos do mar da China. Entre a viagem de Jorge Álvares a Cantão e a fundação de Macau, medeiam mais de quarenta anos de exploração das rotas marí-timas do Extremo Oriente, praticamente dominados pelos particulares. Durante esse longo período de tempo, há pelo menos um marco que nos importa reter: o desembarque em Tanegashima no ano de 1543.

A "descoberta" do Japão só é inteligível à luz destes pressupostos. E essa é a razão de ser deste excurso, apesar de nada ter de inovador. O arquipélago nipónico pertence ao mundo da expansão informal, está na zona de influência dos aventureiros. Dificilmente, pois, a chegada dos primeiros portugueses ao Japão poderia ter outras características. Para mais, como adiante se verá, o poder central não tinha no começo da década de 40 qualquer estratégia esboçada para intervir no Extremo Oriente.

DO JAPÃO DOS AVENTUREIROS AO JAPÃO DOS PODERES

Quer se trate da viagem de António da Mota, Francisco Zeimoto e António Peixoto ou da expedição de Fernão Mendes Pinto, estamos sempre em presença de uma iniciativa de aventureiros, desligada dos propósitos do Estado da Índia. Os primeiros escaparam do navio de Diogo Freitas no Sião e, a bordo de um junco chinês, navegaram em direcção ao Fuquien. Uma tormenta haveria de os afastar do porto de Liampó, arrastando-os para as Léquias e daí para o Japão21. Os segundos, vindos de Malaca, viajaram entre o litoral do Fuquien e o Japão a bordo do junco de um corsário, uma vez mais escalando as Léquias22.

Qualquer das duas viagens se inscreve nos eixos comerciais da região. A primeira representa a penetração dos Portugueses numa das rotas vitais daquela área, justamente a que ligava o Sião aos mercados chinês e japonês23. A outra também se entende no quadro das estreitas relações entre o arquipélago malaio, a costa chinesa e o arquipélago nipónico. Em qualquer dos casos, há a registar a importância das Léquias como um dos nervos do comércio do Mar da China24 e, bem assim, a relevância dos portos do Fuquien no quadro das relações entre o Celeste Império e o Japão: um ano depois de se estabelecerem em Liampó os Portugueses desembarcavam em Tanegashima.

Os recém-chegados surgem, assim, como mercadores entre mercadores, numa região que vivia na época um extraordinário dinamismo comercial. Mais, beneficiaram da anemia da rede japonesa, em boa parte causada pela preponderância dos mercadores léquios25 e pela interrupção do comércio oficial entre a China e o Japão26. A partir de Malaca, e de outros portos da Ásia do Sueste, a rede portuguesa consolidar-se-ia sobremaneira nos anos 40 e 50, num processo que vai do estabelecimento nos portos do Fuquien (1542-1548) e da primeira viagem às Léquias (1542) até à chegada ao Japão (1543) e à fundação de Macau (1557).

Deste modo, à viagem inaugural era forçoso que se seguisse um interesse desenfreado pelo comércio com o Japão. Fernão Mendes Pinto, um dos que tomou parte nessa "corrida à prata", dá-nos conta do fenómeno27. As fontes japonesas corroboram--no28. Importa, pois, recensear os vestígios desse fluxo. Em 1544, o espanhol Pero Diez partió de Patani en un junco de chinos para o Japão, onde encontra cinco juncos chineses com portugueses da colónia de Patane e, bem assim, com outros vindos das Léquias29. Jorge de Faria é o cabecilha de meia dúzia de mercadores portugueses que viajam até ao Japão num "juncosinho de Chins"30; depois, haveria que considerar uma série de outras viagens que se estendem até 1550. E são esses homens, vindos do Fuquien, de Malaca e do Sião que dão a Francisco Xavier as primeiras informações sobre o Japão. Graças aos escritos dos jesuítas, é-nos possível falar das suas actividades31.

Para mais, as viagens dos particulares ao Japão não eram "punidas" pela Coroa. Em Lisboa, no começo da década de 40, D. João III não se preocupava em demasia com o Extremo Oriente. Apesar de ter optado por concentrar homens e recursos no Oriente em detrimento do Norte de África, é o Oriente das especiarias e dos Turcos que lhe interessa, e não o Oriente extremo, onde a sua política não atingirá nunca a exuberância do período manuelino. Seguramente que Cambaia ou as Malucas lhe dizem muito mais do que a China ou o Japão32. Os governadores do Estado da Índia dão cobertura a esta opção. Martim Afonso de Sousa (1542-1545) será sempre um partidário dos problemas do Índico equatorial, deixando o Extremo Oriente entregue à iniciativa privada33. Por seu lado, e ainda que lhe não tivesse agradado de todo esta liberalidade, D. João de Castro (1545-1548) concentrou-se sobretudo na neutralização dos Rumes. Da acção destes dois homens não resultou, pois, a afirmação da autoridade central no Extremo Oriente.

Quando falamos dos "descobridores" do Japão, não nos referimos apenas aos que habitualmente se relacionam com a viagem inaugural. A eles se deve juntar, na verdade, os nomes de todos aqueles que se sabe terem estado envolvidos no comércio com o Japão entre 1543 e os primeiros anos da década seguinte. Falamos, entre outros, de Diogo Vaz de Aragão, Duarte da Gama, Luís de Almeida, Jorge Álvares, Francisco Toscano, Diogo Pereira, Francisco Pereira de Miranda, Álvaro Vaz, Jorge de Faria ou Gaspar de Melo.

Desafortunadamente, ficamo-nos, na maior parte dos casos, por referências ocasionais nas fontes narrativas e nos documentos dos arquivos. Nada de consistente que autorize um verdadeiro esboço biográfico de qualquer um destes homens. As genealogias não constituem grande auxílio. O mesmo se pode dizer dos índices da chancelaria real. Depois, há que contar com a existência de um sem número de homónimos, o que dificulta a identificação dos nossos homens34.

Lidamos, na verdade, com indivíduos anónimos, total ou parcialmente arredados da estrutura político-administrativa do Estado da Índia. Não endossam cartas ao rei ou ao Governador, não respondem perante nenhum capitão de fortaleza, não necessitam de organizar livros de contas de cada vez que encetam uma viagem de comércio. Faltam-nos, por isso, os vestígios escritos das suas actividades. É que os arquivos são recordações ou símbolos do poderio35. Assim, a acção destes homens só logra sair da penumbra quando, por este ou aquele motivo, se ligam a um qualquer poder. A sua relação estreita com os missionários, que adiante esmiuçamos, é exemplo disso mesmo: para começar a missionar no Japão, os jesuítas necessitaram de se apoiar nestes homens e, reflexamente, "deram vida" a figuras como Jorge Álvares36. A excepção é, claro está, Fernão Mendes Pinto. Naturalmente que a sua ligação à Companhia de Jesus ajudou a conhecer melhor as suas deambulações. Mas se todos estes aventureiros tivessem escrito uma Peregrinação37...

Que afinidades estabelecer entre estes homens? Uma extraordinária perícia no que diz respeito às diversas linhas do comércio marítimo do Extremo Oriente parece ser um dos denominadores comuns. Doutro modo, é possível adivinhar a existência de relações estreitas entre alguns deles. Mas, que outras ilações tirar?

1. Nota-se, em primeiro lugar, uma estreita ligação entre mercadores e missionários. Fortes laços de amizade unem Francisco Xavier a Fernão Mendes Pinto (o verdadeiro amigo de mestre Francisco); Francisco Pereira de Miranda (especial amigo); Jorge Álvares (amigo mío); ou Diogo Pereira (especial senhor e amigo). Alguns deles, como Mendes Pinto e Luís de Almeida, chegam mesmo a ingressar na Companhia38. Outros, como Duarte da Gama, suportaram materialmente as actividades dos primeiros jesuítas no Japão39. Essa relação privilegiada, que também ajuda a explicar o estabelecimento em Nagasáqui, haveria de manter-se ao longo de um século e, como consequência, os mercadores perderam a viagem mais rica do Estado da Índia devido à sua solidariedade com os missionáríos40.

Fenómeno idêntico é o que se testemunha noutras épocas e noutros quadrantes geográficos. Negociantes e religiosos amparam-se mutuamente. Se queremos conhecer as actividades dos particulares portugueses no golfo do Bengala é, em percentagem tangível, ao testemunho dos religiosos que devemos recorrer41. Lembra falar também da associação de interesses entre Miguel Ferreira (que conheceu Xavier) e os missionários da Costa da Pescaria e de Ceilão a propósito da conquista de Jaffna (1546--1548)42; da ligação entre Diogo Veloso e Fr. António da Piedade, no Cambodja dos últimos anos do século XVI43; ou ainda da presença portuguesa no sultanato de Banjarmasin onde, em finais do século XVII, os padres não resistiram à partida dos comerciantes44.

2. Aventureiro não é necessariamente sinónimo de homem de baixa condição. Entre os protagonistas das primeiras viagens portuguesas ao Japão, topamos com pessoas de "qualidade". Tomem-se os casos de D. Fernando de Menezes, "hidalgo"45; Francisco Pereira de Miranda, fidalgo da casa real46; ou de Gaspar de Melo, "homem fidalgo47. Como notou Luís Filipe Thomaz, a propósito das deambulações dos particulares no golfo do Bengala no começo do século XVI, não faltam homens nobres entre os rebeldes. O mesmo se passa na China: muitos dos mercadores portugueses que procuram um lugar no riquíssimo comércio de Cantão por esses anos são fidalgos. Mateus de Brito e Galiote Pereira constituem apenas dois exemplos. O fenómeno não surpreende, se tivermos em conta o que ficou dito nas primeiras páginas deste estudo.

3. Um outro traço que une estes homens é a clara e rápida percepção das novas realidades. Entre os instrumentos que o propiciam, conta-se a aprendizagem da língua local (Diogo Vaz de Aragão) e uma extraordinária facilidade e tacto para lidar com "a gente da terra" (Jorge Álvares, Álvaro Vaz).

Como noutros casos, a apetência destes "homens do Japão" para olhar e descrever também encontrou uma expressão escrita. Num estudo anterior, dedicado a um português que se moveu noutros horizontes geográficos, procurámos demonstrar como, nesta época, a escolha de um embaixador não obedecia forçosamente a critérios de "qualidade". Mais do que a posição social, importava o conhecimento das línguas locais, a curiosidade pelo que é novo, a facilidade em relatar o que se viu. Procurávamos assim justificar a preferência de Afonso de Albuquerque por Miguel Ferreira, figura socialmente apagada, para encabeçar uma embaixada à Pérsia. Certo é que Miguel Ferreira compôs um caderno de todo o que passára até tornar a Ormuz e, anos depois, lavraria uma inquiração sobre o túmulo de São Tomé, encomendada por Nuno da Cunha48. A composição de textos sobre o Oriente não estava, pois, "entregue" aos letrados, antes era monopolizada por homens como Tomé Pires e Duarte Barbosa49. Lembre-se ainda o autor da Lembrança d'algumas cousas que se passaram quando António de Brito e Diogo Pereira foram a Bengala (1521), um língua anónima que logra escrever algo a fazer lembrar a Peregrinação, le texte indo-portugais le plus riche et le plus beau de la première moitié du XVIê siècle no dizer dos seus editores50. E os textos portugueses sobre a China anteriores ao Tratado de Fr. Gaspar da Cruz? Não foram todos eles escritos por "homens da terra", as mais das vezes cativos, mas que nem por isso deixaram de descrever e alvitrar?51

O mesmo fenómeno ocorreu com os primeiros textos sobre o Japão. São escritos de mercadores, como Jorge Álvares, mas nem por isso menos informados sobre as novas realidades. O capítulo 18 do Livro que trata das cousas da India e do Japão constitui o primeiro olhar português sobre o Japão52: escrito por Jorge Álvares a pedido de Francisco Xavier, este texto rapidamente chegaria às mãos do governador Garcia de Sá (1548-1549), circulando depois célere na Europa53. Aí se descreve, com maior ou menor minúcia, a paisagem; a vida material; os traços físicos e comportamentais dos japoneses; o vestuário; o que se come e como se come; a religião; a língua. Do mesmo calibre são os dois outros textos sobre o Japão incluídos nessa colectânea de 1548: tanto a emformação da ilha de Japão dada por mestre Framçysquo como a emformação de Japão, a qual deu o padre Niqulao foram compostas com base nos informes de Anjirô (depois Paulo de Santa Fé), um japonês que o mesmo Jorge Álvares trouxera à presença de Francisco Xavier em Malaca54. Escusado dizê-lo, os capítulos da Peregrinação devotados ao Japão, ainda que redigidos posteriormente, constituem evidentemente parcela deste primeiro retrato português, alinhavado entre 1543 e os primeiros anos da década seguinte. Não terá sido este, lado a lado com a "descoberta" propriamente dita, o maior contributo dos aventureiros para o conhecimento do Japão (o Japão real, não o de Marco Polo ou de Cristóvão Colombo) no Ocidente europeu?

No início da década de 50, escassos anos depois da viagem inaugural, o panorama altera-se de modo sensível.

Há, em primeiro lugar, que ponderar o interesse da Igreja, bem ilustrado na presença de Francisco Xavier no Japão entre 1549 e 155155. Xavier morria em 1552, mas nem por isso esmoreceu o entusiasmo dos Jesuítas pelo trabalho evangélico no arquipélago. Baltazar Gago, Pêro de Alcáçova, Cosme de Torres, João Fernandes e Gaspar Vilela continuaram a sua obra e, oito anos volvidos, os missionários instalavam-se em Quioto, a capital. Doravante, a Cruz aglutinaria boa parte das relações entre os Portugueses e o Japão. E se numa primeira fase os missionários dependem sobremaneira da influência dos mercadores, alguns anos volvidos a relação inverter-se-ia totalmente: é aos missionários, a viver permanentemente no Japão, que os mercadores sazonais devem recorrer56. Do mesmo modo, as informações dos mercadores -- o paradigma é, como se viu, a de Jorge Álvares --cedo dão lugar às "cartas-relatório" dos religiosos57, já para não falar de obras de fôlego -- como as de Alexandre Valignano58, Luís Fróis59 ou João Rodrigues Tçuzu60.

Depois, há a considerar o interesse do Estado da Índia, corporizado na criação da Viagem da China e Japão logo em 1550, cujo capitão era nomeado anualmente pela Coroa61 Goa punha assim termo a um breve lapso de tempo durante o qual o comércio com o Japão foi totalmente livre. Certo, os primeiros anos do monopólio serão ainda titubeantes, mas o comércio rapidamente se institucionaliza com a fundação de Macau (1557) e de Nagasáqui (1570-1571)62. Doravante, falar-se-á do "navio negro" que circula entre as duas cidades, comandado por alguém que, não raro, representa os interesses dos grandes mercadores de Macau.

O empenho efectivo de homens como Garcia de Sá (1548-1549) ou D. Afonso de Noronha (1550--1554) nas relações com o Extremo Oriente também não pode passar sem uma nota. Garcia de Sá parece alimentar a quimera da evangelização da China, conforme se deduz de uma "emformação" de 1548 escrita por Xavier com base no testemunho de um mercador63. Pelo Japão também demonstrou interesse, o que se infere do conteúdo e da forma dos três capítulos dedicados ao arquipélago nipónico no Livro que trata das cousas da India e do Japão. Na mesma linha, D. Afonso de Noronha procura estreitar relações com o Japão: é essa a razão de ser da viagem de Fernão Mendes Pinto ao Bungo, consumada em 1556 mas preparada desde 155464. Relações que haveriam de continuar depois da morte de D. João III, pela mão da rainha D. Catarina e de D. Sebastião65. A fracassada embaixada de Diogo Pereira à China (1552) insere-se, claro está, nesta conjuntura: Afinal, trata-se da primeira iniciativa oficial no Celeste Império depois da embaixada de Tomé Pires, trinta anos antes66. Não terá este súbito interesse da Coroa a ver com uma possível pressão espanhola sobre o Extremo Oriente? Em 1544-1545, os Espanhóis aspiram claramente a entrar no comércio da China e das Léquias67. Em 1552, Francisco Xavier revelava a Simão Rodrigues o interesse do Imperador pelas Ilhas Platareas68:

A estas ilhas chamão os castelhanos Ilhas Platareas. E deserão-me os portugueses, que achey em Japão, que os castelhanos que partem da Nova Espanha para Maluco passão muy perto destas ilhas; e que se alguns dos castelhanos, que partem da Nova Espanha para descubrir estas ilhas, se perdem em a viagem, hé porque dizem os japões que por aquella parte, por onde os castelhanos podem ir a Japão, há muitas restingas ao mar, e que ali se perdem.

Esta conta vos dou, Irmão meu Mestre Simão, para que digais a El-Rey nosso senhor e à Rainha, que por descargo de suas conscienciais devião dar aviso ao Emperador ou reys de Castela, que não mandassem mais armadas por via da Nova Espanha a descubrir Ilhas Platareas, porque tantos quantos forem se ão de perder.

Como quer que fosse, temendo ou não a concorrência castelhana, o que é facto é que o poder central desperta, no final da década de 40, para a importância do Japão e da China. É, portanto, prenúncio desse período em que o Estado da Índia inscreve realmente o Extremo Oriente nas suas prioridades: os anos 6069.

Por último, importa falar com algum pormenor de Macau e do seu papel nas relações com o Japão. Poderá argumentar-se, com acerto, que Macau não era couto do Estado da Índia, antes paraíso dos casados e da iniciativa privada. Todavia, Fernão Mendes Pinto tem muito pouco em comum com indivíduos como Bartolomeu Vaz Landeiro. O autor da Peregrinação pertence a um grupo de homens que, apesar de peritos no comércio do mar da China, se limitam a tirar partido de oportunidades mais ou menos ocasionais. Landeiro, pelo contrário, é já um verdadeiro magnata: basta lembrar a diversidade dos seus interesses, que vão de um lugar no comércio de Cantão, a uma posição privilegiada no trato com o Japão, as Malucas e as Filipinas70.

O Japão, entre a China e a América, num mapa coevo dos primeiros contactos. (Abraham Ortelius, "Theatrum Orbis Terrarum", Antuérpia, 1574).

Os comerciantes do Japão que Macau gera contam com o apoio de instituições poderosas (o Senado da Câmara e a Santa Casa da Misericórdia) e pressionam amiúde o poder central; têm frotas próprias; conjugam habilmente interesses em vários mercados da região; recorrem à respondencia. São homens como António Fialho Ferreira e Lopo Sarmento de Carvalho, que monopolizam o comércio com o Japão e Manila nos anos 30 do século XVII, contando com o beneplácito de Goa71; ou como Simão Vaz de Paiva, um dos que recebem da Câmara, em 1640, a incumbência de recuperar para Macau o comércio entre o Celeste Império e o arquipélago nipónico72. Mesmo Francisco da Gama, que se especializou no comércio entre a Índia e Malaca nas primeiras décadas do século XVII sem se ter interessado pelo mar da China, serve de exemplo: o seu livro de rezão logrou chegar aos nossos dias e é um testemunho das actividades destes sharp merchants73. Não há dúvida de que estamos já muito longe da espontaneidade de homens como Fernão Mendes Pinto, comerciantes de uma primeira geração que não se coibem de navegar num qualquer navio, mercadejando fazenda de ocasião. É esta a imagem dada pelo excerto do Teppô-Ki (Livro das espingardas) que citámos em epígrafe: os Portugueses são homens que trocam o que possuem por aquilo que não têm74. Certo, prevalece a admiração pelo "português guerreiro"75, que o próprio episódio da espingarda ajudou a criar76. Mas o "português comerciante", o pequeno comerciante, não está ausente dos textos japoneses77.

As relações com o Japão estão agora nas mãos dos poderes institucionais: a Igreja, a Coroa, o Senado da Câmara. Os contactos diplomáticos que, num primeiro e efémero momento são, ao menos, partilhados com os aventureiros, rapidamente passam a ser de todo monopolizados por missionários e pelos magnatas de Macau. Se, em 1556, Fernão Mendes Pinto ainda acompanha o Padre Melchior Nunes Barreto numa embaixada ao Bungo78, em 1588 o enviado de D. Duarte de Menezes a Toyotomi Hideyoshi é Valignano79. Do mesmo modo, a embaixada de 1644-47 ao Japão é liderada por Gonçalo Siqueira de Souza, instrumento de António Fialho Ferreira e dos interesses dos grandes mercadores de Macau80. É verdade que o poder comunal, consubstanciado na Santa Casa e no Senado, faz eco das aspirações dos casados. Só que se trata de apoiar os magnatas, não os negociantes modestos. O mesmo sucederia, anos depois, com o comércio de Cantão: desde 1595 que o acesso à feira de Cantão fica reservado aos "Eleitos de Cantão", uma trintena de notáveis da cidade escolhidos pela Câmara para lá mercadejar em nome de todos os outros, excluindo-se assim do negócio uma mole de pequenos comerciantes81. No Japão, como em Cantão, os aventureiros dão lugar aos magnatas, as mais das vezes escudados no(s) poder(es). Consuma--se, assim, a primeira metamorfose do "Japão português".

Posto isto, que importa quem foram os primeiros portugueses a chegar ao Japão? António da Mota, António Peixoto e Francisco Zeimoto; Fernão Mendes Pinto, Diogo Zeimoto e Cristóvão Borralho... Não pertencem todos eles a uma mesma categoria de homens, lado a lado com um punhado de outros tantos que deram forma a este pequeno estudo? Não conheceram todos eles um Japão ainda despido da vigilância dos poderes?

O Japão, nos finais dos contactos europeus. (António Cardim, S. J., "Fasciculus e Japponicis Floribus", Roma, 1646).

NOTAS

1 "O descobrimento do Japão pelos Portugueses no ano de 1543", in Anais da Academia Portuguesa da História, 2ª série, 1 (1946), pp. 7-112. O artigo foi incluído posteriormente em Orientalia (Roma-Lisboa, 1963, pp. 485-580), edição de que fizemos uso.

2 Referimo-nos aqui à produção de H. Haas, S. Purchas, J. Murdoch, D. Osborne, I. Okamoto-J. Abranches Pinto, Cristóvão Aires, Luís Norton e Jordão de Freitas entre outros, recenseada por Schurhammer, art. cit. supra; id.,"Fernão Mendes Pinto und seine 'Peregrinaçam'", in Orientalia, pp. 23-103; e por Maria Antonieta Soares de Azevedo, na síntese "Japão, relações com o", in Dicionário de História de Portugal, dir. Joel Serrão, reed., vol. III, Porto, 1981, pp. 355-360.

3 Cf. Maria Augusta Lima Cruz, "Exiles and renegades in early sixteenth century Portuguese India", in The Indian Economic and Social History Review, 23/3 (1986), pp. 249-262.

4 Geneviève Bouchon & Luís Filipe Thomaz, Voyage dans les deltas du Gange et de l' Irraouaddy, relationportugaise anonyme, 1521, Paris, 1988, pp. 31 & ss.

5 Para tudo o que precede, ver o excelente estudo de L. F. Thomaz, "Estrutura política e administrativa do estado da Índia no século XVI", in Actas do II Seminário Internacional de História Indo-Portuguesa, org. Luís de Albuquerque & Inácio Guerreiro, Lisboa, 1985, pp. 513-540 [531-532].

6 Nuno de Castro a D. Manuel, Cochim, 31. X. 1520, pub. em Cartas de Afonso de Albuquerque, seguidas de documentos que as elucidam, ed. R. A. de Bulhão Pato & H. Lopes de Mendonça, 7 vols., Lisboa, 1884-1935 (doravante citado por Cartas), VII, pp. 181-182.

7 Cf. Jorge M. Flores, Os Portugueses e o Mar de Ceilão, 1498- -1543: Trato, Diplomacia e Guerra, dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 1991, policopiado.

8 Cf. "The 'Shadow Empire' of Goa in the Bay of Bengal", in Itinerario, VII/2 (1983), pp. 83-101, depois retomado em "Portugal's'Shadow Empire' in the Bay of Bengal", in Os Mares da Asia, 1500-1800: sociedades locais, Portugueses e expansão europeia, ed. Jorge Flores, Revista de Cultura, n°s 13/14(Jan. --Jun. 1991), pp.273-287.

9 Em 1537, um tal Diogo Fernandes denuncia os homens de Cochim que têm armações e contratos com os Mappila. São portugueses que vivem a cinco e seis léguas da cidade, em "lugares de guerra" como o de Calakkuti (Culimute), traficando em mercadorias proibidas e guerreando as frotas do estado da Índia (carta a D. João III, Lisboa, 1. VI. 1537, Arquivo Nacional da Torre do Tombo (TdT), Corpo Cronológico (CC) II-211 -65, fols. 5v-6. Cabe ainda lembrar as actividades "subversivas" dos opositores de Albuquerque, levadas a cabo em Cochim (cf. I. Guerreiro & V. Rodrigues, "O 'grupo de Cochim' e a oposição a Afonso de Albuquerque", comunicação apresentada no V Seminário Internacional de História Indo-Portuguesa, Cochim (Jan.-Fev. 1989, policopiado); ou então arelevância de "Cochim de cima" como paraíso dos rebeldes na década de 30 do século XVII (cf. S. Subrahmanyam, "Cochin in decline, 1600-1650: myth and manipulation in the Estado da India", in Portuguese Asia: aspects in history and economic history (16th & 17th centuries), ed. Roderich Ptak, Estugarda, 1987, pp. 59-85.

10 Cf. Jorge M. Flores, "Um 'homem que tem muito crédito naquelas partes': Miguel Ferreira, os'alevantados' do Coromandel e o estado da India", in From Biography to History. Essays in the Social History of Portuguese Asia, 1500-1800, eds. Kenneth McPherson & S. Subrahmanyam (no prelo).

11 Cf. G. Bouchon & L. F. Thomaz, Voyage dans les deltas, pp. 31-48 e 365-413.

12 5. III.1505, Cartas, II, p.323.

13 Gaspar da Índia a D. Manuel, s. l., 16. XI.1506, Cartas, II, pp. 371-380. Sobre esta expedição, ver inter alía, Jorge M. Flores, Os Portugueses e o Mar de Ceilão, segunda parte, cap. I, pp. 130-131.

14 Sobre estas missões, veja-se G. Bouchon & L. F. Thomaz, Voyage dans les deltas, pp. 27-30. Thomaz publicou os livros de contas das viagens de Pero Pais (De Malaca a Pegu. Viagens de um feitor português (1512-1515), Lisboa, 1966.

15 João de Barros, Asia. Dosfeitos que os Portugueses fizeram no descobrimento, e conquista dos mares, e terras do Oriente, ed. Livraria Sam Carlos, Lisboa, 1973-1975, III/5-6.

16 G. Bouchon & L. F. Thomaz, Voyage dans les deltas, pp. 49-53.

17 Sobre esta viagem, veja-se Luís Keil, Jorge Álvares, o primeiro português que foi à China (1513), reed., Macau, 1990; J. M. Braga, China Landfall, 1513 Jorge Álvares' voyage to China. A compilation of some relevant materials, Macau, 1955.

18 Cf. R. Bishop Smith, Aprojectedvoyage to China in 1512 and new notices relative to Tomé Pires in Canton, Bethesda, Maryland, 1972.

19 O que motivou uma inflexão da política portuguesa para o Extremo Oriente, a que voltaremos adiante, analisada de forma notável por João Paulo Costa: "Do sonho manuelino ao realismo joanino: novos documentos sobre as relações luso--chinesas na terceira década do século XVI", in Studia, nº 50 (1991), pp. 121-155.

20 Cf. J. P. Costa, ibid., que cita os testemunhos de Jorge Cabral e Pero Barriga (1527).

21 António Galvão, Tratado dos Descobrimentos, 4ª ed., Porto, 1987, pp. 164-165, sucessivamente retomado por J. Lucena (História da vida do Padre Francisco de Xavier), Diogo do Couto (Asia. Dos feitos que os Portugueses fizeram no descobrimento, e conquista dos mares, e terras do Oriente) e J. R. Tçuzu (História da Igreja no Japão).

22 Femão Mendes Pinto, Peregrinação, ed. Adolfo Casais Monteiro, reed., Lisboa, 1983, cap. CXXXII. O P. ê Francisco de Sousa concilia as duas versões: "os nomes destes descobridores naufragantes erão Antonio da Mota, Francisco Zeymoto, & Antonio Peyxoto. Antes, ou depois destes tres, porèm no mesmo anno, forão apportar a huma das Ilhas de Japão, servindo a hum cossario que de proposito a demandava, Fernão Mendez Pinto, Christovão Borralho, & Diogo Zeymoto" (Oriente Conquistado a Jesus Cristo, ed. M. Lopes de Almeida, Porto, 1978, p. I, C. IV, D. I, §1).

23 Para o caso chinês, veja-se S. Promboon, Sino-Siamese Tributary Relations, 1282-1853, Ph D Thesis, University of Wisconsin, 1971; Sarasin Viraphol, Tribute and Profit: Sino-Siamese Trade,1652-1853, Harvard,1977. Para o caso do Japão, cf. o estudo de Conceição Flores neste mesmo volume.

24 Posto em evidência a propósito do comércio de cavalos por Roderich Ptak, Pferde auf See. Chinas Pferdeimporte von den Riukiu-Inseln und den Ländern Südostasiens und des Indischen Özeans (1368-1435), Kleine Beiträge zur europäischen Uberseegeschichte, Heft 8, Bamberg, 1991.

25 Fenómeno que, escrevendo de Malaca, Tomé Pires intuiu logo no começo do século XVI (A Suma Oriental de Tomé Pires e o Livro de Francisco Rodrigues, ed. Armando Cortesão, Coimbra, 1978, pp. 370-374).

26 A situação só se inverterá século XVII adentro: cf. Paul Akamatsu, "Le décollage des grands marchands japonais au 17ê siècle", in Marchands et hommes d'affaires asiatiques dans l'Océan Indien et la Mer de Chine, 13ê - 20ê siècles, eds. Jean Aubin & Denys Lombard, Paris, 1988, pp. 129-145; Osamu Kondo, "Japan and the Indian Ocean at the Time of the Mughal Empire, with Special reference to Gujarat", in The Indian Ocean. Explorations in History, Commerce & Politics, ed. Satish Chandra, Nova Deli, 1987, pp. 174-190.

27 Peregrinação, CXXXVII, CC, CCII.

28 Citadas por Schurhammer, "O descobrimento do Japão", op. cit., pp. 542-554.

29 Relação da expedição de Ruy López de Villalobos, composta pelo feitor da armada Garcia de Escalante Alvarado, Lisboa, 1. VIII. 1548, pub. em Coleccíon de documentos inéditos relativos al descubrimiento, conquista e navegación de las antiguas posesiones españolas en América y Oceanía, 5 (Madrid, 1866), pp. 117-209. Seguimos os excertos publicados por Schurhammer em "O descobrimento do Japão", op. cit., pp. 527-529.

30 Luís de Fróis aos Irmãos de Portugal, Bungo, 16. X. 1578, cit. por Schurhammer, ibid., pp. 533-535.

31 Ver inter alia, Francisco Xavier a três irmãos em Goa, Malaca, 20-22. VI.1549, Epistolae S. Francisci Xaverii, ed. G. Schurhammer & J. Wicki (doravante EX), II (1549-1552), Roma, 1945, doc. 84, p. 131; o mesmo à Sociedade de Jesus na Europa, Malaca, 22-VI-1549, ibid., doc. 85, p. 147.

32 Sobre este assunto, veja-se o artigo de João Paulo Costa,"Do sonho manuelino ao realismo joanino", cit. supra. Na nossa dissertação de Mestrado (Os Portugueses e o Mar de Ceilão, 1498-1543: Trato, Diplomacia e Guerra, Lisboa, 1991, segunda parte, cap. IV) tentámos mostrar como D. João III se afasta progressivamente dos problemas do Índico central para se concentrar em exclusivo na "guerra de Cambaia", onde se jogava verdadeiramente a permanência dos Portugueses nos mares da Ásia.

33 Foi o que apurou João Paulo Costa, notando a existência de um número considerável de concessões de viagens para o Mar da China durante os anos do seu governo (cf. A descoberta da civilização japonesa pelos Portugueses, dissertação de Mestrado em História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 1988, policopiado, pp. 81--82, a editar ainda este ano pelo Instituto Cultural de Macau).

34 Ainda assim, G. Schurhammer logra distinguir Francisco Pereira de Miranda (com doze homónimos!) e Diogo Pereira ("Doppelgänger in Portugiesisch-Asien", in Orientalia, pp. 121-147).

35 François Furet, A Oficina da História, trad. port., Lisboa, s. d., p. 83.

36 Cf. Artur Basílio de Sá, Jorge Álvares, quadros da sua biografia no Oriente, Lisboa, 1955.

37 Para uma recensão daquilo que se tem produzido sobre a vida e a obra de Mendes Pinto, veja-se inter alia, G. Schurhammer, "Fernão Mendes Pinto und seine' Peregrinaçam'"; id., "O descobrimento do Japão", ambos publicados em Orientalia, pp. 23-103 e 485-580 [551-580]; e, mais recentemente, João David Pinto Correia, A 'Peregrinação' de Fernão Mendes Pinto, 2ª ed., Lisboa, 1983, pp. 29 & ss; Alfredo Pinheiro Marques, Guia de história dos descobrimentos e expansão portuguesa, Lisboa, 1987, pp.115-118.

38 Sobre Luís de Almeida, veja-se Léon Bourdon, "Luís de Almeida, chirurgien et marchand, avant son entrée dans la Compagnie de Jésus au Japon (1525?-1556)", in Mélanges d'études portugaises offerts à M. Georges Le Gentil, Lisboa, 1949, pp. 69-85; Diego Yuuki, Luís de Almeida, médico, caminhante, apóstolo, Macau, 1989.

39 Cf. Léon Bourdon, ibid., pp. 83-84.

40 João Paulo Costa, "Os Portugueses no Japão", in Portugal no Mundo, dir. Luís de Albuquerque, vol. IV, Lisboa, 1989, pp. 197-211 [211].

41 Tema que George Winius não chegou infelizmente a abordar no VI Seminário Internacional de História Indo-Portuguesa ("Missionary sources for the 'Shadow Empire'"), mas que deverá retomar em trabalhos futuros. Para o caso da Birmânia, cf. Maria Ana de Barros Serra Marques Guedes, Interferência eIntegração dos Portugueses na Birmânia, c. 1580-1630, dissertação de Mestrado em História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 1991, policopiado.

42 Cf. Jorge Flores, "Um homem que tem muito crédito naquelas partes'", cit. supra.

43 Sanjay Subrahmanyam, "The Tail Wags the Dog: SubImperialism and the Estado da India, 1570-1600", in Improvising Empire. Portuguese Trade and Settlement in the Bay of Bengal, 1500-1700, Nova Deli, 1990, pp. 147-149.

44 Cf. Jorge Santos Alves, "Dois sonhos portugueses de negócio e evangelização no Arquipélago Malaio em finais do século XVII", comunicação apresentada no VI Seminário Internacional de HistóriaIndo-Portuguesa, Macau, Out. 1991, policopiado.

45 Assim o diz Anjirô (carta a Inácio de Loyola, Goa, 29-Xi-1548), Documenta Indica, ed. J. Wicki, I (Roma, 1948), doc. 51, p. 336).

46 Schurhammer, "Doppelgänger", op. cit., p. 131.

47 Peregrinação, CXXXVII.

48 Cf. Jorge Flores, "Um 'homem que tem muito crédito naquelas partes'", cit. supra.

49 Como lembra T. Todorov,"(...) l'auteur typique du récit de voyage n'est pas un écrivain professionnel; c'est quelqu'un qui prend la plume presque malgré lui, et parce que' il se sent porteur d'un message exceptionnel; celui-ci une fois délivré, il se hâte de revenir à son existence normale de non-écrivain". Les Morales de l'Histoire, Paris, 1991, p. 105.

50 Cf. G. Bouchon & L. F. Thomaz, Voyage dans les deltas, pp. 98-99.

51 Falamos, entre outros, de textos como as cartas e "informações" de Cristóvão Vieira, Vasco Calvo, Amaro Pereira ou Galiote Pereira, reunidos por Raffaella D'Intino em Enformação das cousas da China. Textos do século XVI, Lisboa, 1989.

52 Códice 5/381 da Biblioteca Municipal de Elvas, ed. Adelino de Almeida calado, Coimbra, 1957, pp. 99-112.

53 Conhecem-se, para além da versão do códice da Biblioteca Municipal de Elvas, nove outras cópias, sete das quais traduções espanholas e italianas; cf. G. Schurhammer, Francis Xavier. His life, his times, III, Roma, 1980, p. 273, nº 1.

54 Livro das cousas da India e do Japão, ed. cit., capítulos 17 (pp.88--89) e 21 (pp. 121-125).

55 Ver G. Schurhammer, Francis Xavier, IV, Roma, 1982, liv. I, pp.3--298.

56 Sobre tudo isto, cf. João Paulo Costa, "As missões cristãs na China e no Japão", in Portugal no Mundo, dir. Luís de Albuquerque, III, Lisboa, 1989, pp. 143-157. Todavia, há notícia de alguns mercadores portugueses a viver no "terreno": Luís Martins de Figueiredo, Martim de Gouveia, Baltazar de Sousa, João da Costa e Diogo da Costa, todos nas primeiras décadas do século XVII (cf. C. R. Boxer, "When the Twain First Met: European Conceptions and Misconceptions of Japan, Sixteenth-Eighteenth Centuries", in Portuguese Merchants and Missionar-ies in Feudal Japan, 1543-1640, Variorum reprints, Londres, 1986, IX, pp, 531-540).

57 As primeiras são as de Xavier, de Kagochima, impressas logo em 1551. Em 1555 vinha a lume em Lisboa aprimeira colectânea, publicada no ano seguinte em Barcelona.

58 Sumario de las cosas de Japón (1583), ed. crítica de José Luiz Alvarez Taladriz, Tóquio, 1954.

59 Tratado em que se contem muito susinta e abreviadamente algumas contradições e diferenças de custumes antre a gente de Europa e esta provincia de Japão (1585), ed. crítica de Franz Josef Schutte, Tóquio, 1955; Historia de Japam, ed. crítica de José Wicki, 5 vols., Lisboa, 1976-1984.

60 Historia da Igreja do Japão, ed. J. Abranches Pinto, 2 vols., Macau, 1954-1956.

61 Acerca desta viagem veja-se, por todos, C. R. Boxer, The Great Ship from Amacon, Annals of Macao and the Old Japan Trade, reed., ICM, Macau, 1988.

62 Cf. Diego Pacheco, A fundação doporto deNagasáqui, ICM, Macau,1989.

63 Livro que trata das cousas da India e do Japão, cap. 19.

64 Ver infra, nota 78.

65 Sobre este assunto, veja-se J. Paulo Costa, "Oda Nobunaga e a expansão portuguesa", in Os Mares da Ásia, cit. supra, pp. 259--272 [263].

66 Sobre esta embaixada, a que ainda não foi dedicado um estudo de conjunto, cf. Schurhammer, Francis Xavier, IV, pp. 306 & ss.

67 "(...) E o que eu tenho sabido per hum marinheiro purtuges natural de Vila Framqua que com eles vinha e partio da Nova Espanha ho quall ffugio pera esta fortaleza e o agasalhei em minha casa por saber dele a temção destes omens e me tem dito que amtre eles se não dezia somente descobrirem a China e os Lequeos e que yso se porviquava n'armada (...)" (Jerónimo Pires Cotão a D. João III, Ternate, 20. II. 1544, in As Gavetas da Torre do Tombo, IX, Lisboa, 1971, p. 401.); "(...) estam com fundamento que se lhe vier rrecado se mudarem daqui [de Tidore] pera outra parte, que se parece, segundo ouço, que será pera aquela ilha Felypina, que he nas costas de Mindanao e day tratarem para a Chyna e pera os Léquios e pera outras partes comarcãas(...)" (Jordão de Freitas a D. João III, Ternate, 1. II.1545, TdT, CC 1-76-15, fol. 4).

68 De Goa, 8. IV.1552, EX, II, pp. 356-357.

69 Conforme nota Sanjay Subrahmanyam, alguns historiadores--entre eles conta-se K. N. Chaudhuri (Trade and Civilization in the Indian Ocean. An economic history from the rise of Islam to 1750, Cambridge, 1985, p. 66)-- exorbitam a importância do Extremo Oriente no âmbito das opções político-estratégicas do estado da Índia nesta época, esquecendo o relevo que foi dado a regiões como Ceilão ou a Ásia do Sueste continental; cf. "The Tail Wags the Dog", op. cit., p. 141.

70 Sobre esta figura, veja-se George B. de Souza, The Survival of Empire, Portuguese Trade and Society in China and the South China Sea, 1630-1754, Cambridge, 1986, pp. 36-39.

71 Id., ibid., pp.39-43.

72 Cf. Pe Benjamim Videira Pires, A Embaixada Mártir, reed., Macau, 1988, pp.55-56.

73 Cf. G. B. Souza, "Portuguese Country traders in the Indian Ocean and the South China Sea, c. 1600", in Moyen Orient & Océan Indien, I (1984), pp. 117-128; Sanjay Subrahmanyam, "Reflections on casado trade, 1550-1700", comunicação apresentada no colóquio Trade and cultural contacts: the IndoPortuguese experience, Nova Deli, Jan. 1989, policopiado.

74 Adição da crónica da família Yaita ao Teppô-Ki, de Dairiuji Bunji, de que Schurhammer dá a tradução portuguesa em "O descobrimento do Japão", op. cit., p. 536.

75 O rei de Bungo, pela boca de Mendes Pinto, nota que os Portugueses "cingem espadas, não como mercadores que fazem fazenda, senão como homës amigos de honra" (Peregrinação, CXXXV). Sobre este assunto, ver, J. P. Costa, "Os Portugueses no Japão", op. cit., p. 202.

76 Peregrinação, CXXXIV; cf. João Paulo Costa, "A introdução das armas de fogo no Japão pelos Portugueses à luz da História do Japão, de Luís de Fróis", sep. de Estudos Orientais, Lisboa, 1992.

77 "Os Portuguezes se não entendião com a gente da terra, por não terem interprete, e só com as balanças e pezos se negoceavão em lugar de lingoa, para venderem algüas couzas"; Yofo Paulo, Monogatari, cit. por Tçuzu e incluído por Schurhammer na sua recensão a textos japoneses relativos aos primeiros contactos com os Portugueses ("O descobrimento do Japão", op. cit., pp. 535 e 542-547). Sobre este assunto, veja-se ainda G. Bouchon, L. F. Thomaz & J. P. Costa, "Le miroir asiatique", in Lisbonne hors des murs, 1415-1580: l'invention du monde par les navigateurs portugais, Autrement, Séries Mémoires, l (Set. 1990), pp. 253-266 [261].

78 Peregrinação, CXXIIII.

79 L. Fróis, Historia de Japam, vol. V (1588-1593), cap. 39.

80 Sobre esta embaixada, veja-se o estudo de C. R. Boxer, The Embassy of Captain Gonçalo de Siqueira de Souza to Japan in 1644-1647, Macau, 1938. O mesmo se passa, curiosamente, em relação à China. No tempo de Xavier, fala-se de Diogo Pereira como embaixador. Mas, um século depois, aprimeira missão de Macau à cidade de Cantão recém-conquistada pelos Tártaros é composta por um dos mais notáveis mercadores de Macau, Diogo Vaz Bávaro, e por um religioso, o Padre Manuel Pereira (Cidade de Macau ao vice-rei, Macau, 24-I-1651); João de Sousa Pereira ao mesmo, Macau, 2-XII-1651, ambas publicadas por C. R. Boxer, "A cidade de Macau e a queda da dinastia Ming (1644-1652)", in Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau, vol.35 (Maio 1938), pp.787-809 [804-809]. De novo a preponderância dos poderes.

81 Sobre este assunto, veja-se G. B. Souza, "Maritime trade and politics in China", in India and the Indian Ocean, 1500--1800, ed. A. Das Gupta & M. N. Pearson, Calcutá, 1987, pp. 317-330 [320]; Jorge Manuel Flores "Macau e o comércio da Baía de Cantão (Séculos XVI-XVII)", comunicação apresentada no VI Seminário Internacional de História Indo-Portu-guesa, Macau, Out. 1991 (aguarda-se a publicação das respectivas actas).

*Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1986). Mestre em História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa (F. C. S. H. da Universidade Nova de Lisboa). Autor de numerosos estudos sobre a Expansão Portuguesa no Oriente e sobre a História do Oceano Índico Central. Assistente do Departamento de Estudos Portugueses da Universidade de Macau.

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