Literatura

A MULHER NA OBRA DAS ESCRITORAS DA LITERATURA MODERNA E CONTEMPORÂNEA DA CHINA CONTINENTAL

Zhou Wen Bin*

Trabalha hoje na criação literária da China Con-tinental um contingente apreciável de escritoras. Com características próprias na obra, elas demonstram, cada uma, os seus talentos criativos. Com simplicidade e fi-neza, as suas obras competem com as mais importantes e ousadas dos autores masculinos, enriquecendo assim a galeria da literatura chinesa moderna e contempo-rânea.

É uma realidade indiscutível que uma parte não pequena da criação literária moderna e actual da China retrata a vida da mulher. E as escritoras têm o seu estilo próprio de criação com a percepção aguda, a ternura afectuosa e a descrição nítida da vida, natureza e senti-mento humanos. Como elas são mais apuradas na sensi-bilidade, no recurso eufemístico e na subtileza, as figuras femininas e o estilo artístico das suas obras distinguem--se das dos ficcionistas masculinos. Isto é também um facto consumado.

Segundo as características literárias de escritoras das diferentes épocas, analisamos a seguir personagens femininas de várias escritoras famosas e representativas, a fim de termos uma avaliação geral da trajectória da cri-ação literária das ficcionistas modernas e actuais da China Continental.

O 4 DE MAIO DE 1919

Desde o movimento do "Quatro de Maio", não poucos escritores se têm empenhado na descrição de an-gústias e tristezas da mulher. Mais especialmente as escri-toras acompanham o seu destino. Podemos dizer que as criações sobre a má sorte da mulher oprimida, escraviza-da, humilhada e destruída, constituem um dos temas das obras literárias modernas da China que retratam a mulher.

Na altura do "Quatro de Maio", Bing Xin e Lu Yin eram as principais escritoras de "novelas-proble-mas". Atendendo às preocupações anti-feudais, elas ob-servavam a sociedade e reflectiam de maneira penetrante a vida humana, tendo equacionado relativamente cedo a situação das mulheres.

Bing Xin, pseudónimo de Xie Wan Ying, nasceu em 1900. Tendo estudado em escolas católicas e nos cur-sos pré-universitários do Colégio Feminino Xie He de Pequim, começou a publicar as suas obras em 1919, e foi muito conhecida no meio das Letras pelas crónicas, poe-mas e literatura infantil. Porém a sua carreira começou com a publicação de "novelas-problemas".

O movimento patriótico do "Quatro de Maio" e o ímpeto das novas ideias sacudiram muito Bing Xin, levando-a do âmbito familiar para a sociedade. Naquela época, ela acompanhava com todo o entusiasmo a reali-dade, tendo-se apercebido paulatinamente de muitos problemas da sociedade semi-feudal e semi-colonial, que passaram a aparecer nas suas obras.

No início do "Quatro de Maio", as suas "novelas-problemas" tomavam a vida de intelectuais como enre-do. As obras de estreia, Duas famílias e Emigrar, publi-cadas em 1919, referem-se às perspectivas dos estu-dantes chineses que regressaram do estrangeiro. Através da descrição em contraste, a novela Duas famílias não só apresentou a questão das virtudes familiares, como ainda formulou a necessidade da reforma das famílias patriarcais e de uma nova vida, através do amor da prin-cipal personagem feminina, Ya Qian.

Constituía também tema de fundo das suas obras a sorte cruel das mulheres trabalhadoras comuns. Angus-tiantes ventos e chuvas de Outono retrata a tragédia de uma rapariga-flor Yun Ying, inteligente e prometedora, que acabou por ser destruída por um casamento forçado. O último descanso em paz apresentou outra tragédia em que a sogra monstruosa torturou a nora, Chui Er, de ape-nas 14 anos de idade. Estas duas obras descrevem como os preconceitos tradicionais e virtudes feudais destruíam mulheres espiritualmente, mostrando a realidade de uma sociedade cruel, desumana e tenebrosa, obras por isso estreitamente correspondentes à luta anti-feudal do "Quatro de Maio".

Os textos de Bing Xin exprimem um quadro artístico de "plena ternura e não pouca tristeza". Depois de 1921, ela passou a enredar o amor nas suas obras. Com pena de "plena ternura", ela descreveu como a mu-lher era destruída pelo matrimónio obrigatório e pelas famílias com preconceitos antigos, como as crianças eram maltratadas, e como os intelectuais passavam as suas agruras. Ao mesmo tempo exprimiu sentimentos de simpatia e piedade, cobrindo as suas obras de profunda cor humanitária. No entanto, a "filosofia de amor" de Bing Xin apenas conseguia consolar os seus leitores na-quela sociedade, não podia remover-lhes as tristezas. Daí que, ela própria ficava perplexa e constrangida, inclusive atolada na maior decepção, de modo que as sua obras passaram a mostrar "não pouca tristeza".

Além de reflectirem os seus sofrimentos, as obras literárias modernas com temas sobre a mulher, apresentam, na sua maior parte, uma trajectória de luta muito dura pela emancipação. Neste âmbito, há o des-pertar das conscientes, a busca das iludidas, e também as lutas das revolucionárias. Todos os tipos de mulher têm sido apresentados, em diferentes graus, nos romances modernos.

Depois do auge do "Quatro de Maio", como procuravam elas livrar-se das suas penas? Lu Yin e Bing Xin revelaram muito acerca disso nos seus trabalhos literários.

Lu Yin retrata muito a situação angustiada das suas personagens: jovens intelectuais, tanto masculinos como femininos, que não encontravam saída depois do "Quatro de Maio" — o que dá uma cor triste à sua litera-tura. O romance representativo Velhas amigas da baía, com Lu Sha como personagem principal, conta como cinco raparigas se encontravam relutantes e decep-cionadas no caminho desviado. Elas foram despertadas, porém foram também frustradas quando tentavam reco-nhecer o porquê da vida humana nas suas ilusões. É muito óbvio aqui o sentimento de tristeza.

O "SEGUNDO DECÉNIO"

Os dez anos de 1927 a 1937 são designados por "Segundo Decénio", "Decénio dos Escritores Esquer-distas" ou "Decénio da Liga dos Escritores Esquer-dis-tas", na história da Literatura da China. Trata-se de uma época muito influente na criação literária moderna. Em 1927, Chiang Kai Shek desencadeou o grande massacre de 12 de Abril, a Revolução sofreu grandes reveses e a sociedade encontrava-se agitada, deixando o país, já muito dolorido, num ainda maior abismo de desgraças. A história formulou novas demandas aos romancistas modernos chineses para que despertassem a nova cons-ciência das massas populares a fim de promover o pro-gresso da Revolução.

Foi exactamente esta tempestade revolucionária que sacudiu e transformou espiritualmente Lu Yin. As novelas Ventos maltratantes e neves esmagadoras e Man Li, como revelam ilusões e decepções das mulheres jovens naquela época de grande agitação, os desenlaces das duas personagens principais são mais ou menos se-melhantes.

Mei Hen, figura central da primeira novela, aban-donada pelo noivo, sofreu muito com a escuridão da noite e passou por muitas hesitações no seu caminho. Não se resignando ao destino da vida, decidiu criá-lo sozinha e procurar novo futuro. Man Li, figura central da segunda, é uma rapariga ingénua e pura. Para ela, a China era como um deserto calmo e desabitado que esperava pela exploração: só assim poderia transformar--se em solo fértil, coberto de vegetação. Porém, as duas jovens militantes viram cenas revolucionárias muito decepcionantes. Perante a realidade inesperada, Mei Hen reagiu positivamente e lutava; enquanto Man Li caiu na neurastenia intelectual e foi internada no hospital. Influenciada pela tempestada da época, Lu Yin colocou nas suas obras o seu namoro e a Revolução, passando dos "anúncios ardentes da sua angústia e melancolia" à "segunda atitude",1 ganhando assim novo prestígio entre os leitores.

Constituem o traço mais notório das obras de escritoras desta época projectar quadros da vida humana de cor melancólica, revelar o estado psicológico mais profundo de todos os tipos de figuras feridas espiritual-mente e mostrar o mundo espiritual muito complicado e inexprimível das suas personagens. Famosa pelas suas notáveis criações literárias de intelectuais femininas per-plexas e tristes, Ding Ling prestou mais atenção à des-crição do mundo psicológico das suas personagens que Lu Yin.

Ding Ling, pseudónimo de Jiang Bing Zhi, nas-ceu em 1904, numa família burocrática e latifundiária decaída, no distrito de Li da província de Hu Nan. Com a onda de novos pensamentos do "Quatro de Maio", ela entrou, na Primavera de 1922, na escola feminina Ping Ming de Xangai instalada por Cheng Du Xiu, Li Da e outros. No ano seguinte, estudou na Universidade de Le-tras da Faculdade de Xangai e, em 1924, foi para Pe-quim, para estudar por si. Desde o Outono de 1927, co-meçou a escrever e a publicar artigos com o pseudónimo de Ding Ling. As suas obras, muito líricas, revelam prin-cipalmente ideias, sentimentos e vontades, objectivos das suas personagens. Além disso, ela especializa-se nu-ma descrição fluida e psicológica, retrata de maneira profunda, reservada e implícita, suas personagens, histórias e ambientes.

Em 1927 e 1928, foram publicadas na "Revista Mensal de Novelas" duas obras suas, respectivamente Meng Ke e Diários da Sra. Sha Fei. Meng Ke descreve a história de uma jovem da classe burocrática e latifun-diária decaída, principalmente sua consciência e perso-nalidade depois de ter contacto com as novas ideias do "Quatro de Maio" e ter vivido a vida capitalista de Xan-gai. Diários da Sra. Sha Fei retrata uma traidora dos ve-lhos ritos, que lançava gritos de individualismo quando estava espiritualmente sobrecarregada das angústias da época. Tais obras do primeiro ciclo novelístico de Ding Ling especialmente Diários da Sra. Sha Fei, reflectem desejos e melancolias das raparigas da pequena burgue-sia, despertando a maior reacção dos leitores.

Publicada em Fevereiro de 1928, Diários da Sra. Sha Fei constitui obra representativa do primeiro ciclo novelístico de Ding Ling. A personagem central, Sha Fei, é uma jovem traidora da classe da pequena burgue-sia que, acordada pelo espírito do "Quatro de Maio", lu-tava na escuridão pela luz e pela libertação da individua-lidade.

Após a derrota da grande revolução, muitos inte-lectuais da classe da pequena burguesia, que lutavam pela emancipação individual, encontravam-se melancó-licos e relutantes. Sha Fei é uma delas. Descontente com a família, com a realidade e com a sociedade, ela deseja que "todos a entendam e compreendam", almeja pela amizade sincera, procura a vida ideal conjunta entre al-ma e corpo, espera "gozar de tudo o que ela deveria ter". Com forma de diário e monólogo da personagem, a no-vela realçou as aspirações de Sha Fei, a emancipação in-dividual e a sua tristeza depois da derrota da grande re-volução.

O jovem Wei Di apaixonou-se por Sha Fei. Po-rém ele era um jovem espiritualmente pobre e com ideias muito vulgares, que não a entende. Ling Jie Shi, outro jovem ultramarino, elegante, bonito e muito bem com-portado, tornou-se o "bom sonho de amor" de Sha Fei. Porém, ela acabou por descobrir que este príncipe "ape-nas embrulhou a sua alma muito humilde e miserável numa casca elegante". Afinal, a realidade social era tão repugnante, as pessoas ao seu redor eram tão baixas, vul-gares e hipócritas! Ela entendeu finalmente que "nesta sociedade, é impossível, para eu conseguir tudo o que queria, atender só ao meu impulso, à minha vontade". Sem conquistar o amor verdadeiro e feliz, ela vivia em contradições entre ideal e realidade, cheia de conflitos entre sentimento e mentalidade, no fundo da alma. As--sim, atolou-se ainda em maior confusão, melancolia e perplexidade, até porque esperava "assim viver desper-cebida e morrer despercebida".

Trata-se de um tipo feminino muito representati-vo. Tal como o famoso escritor Mao Dun apontou, a complexa personalidade de Sha Fei tornou-a figura típi-ca das jovens libertadas do "Quatro de Maio", muito contraditórias psicologicamente quanto ao seu amor.2

Da personagem Sha Fei, podemos perceber que ela era, ora lúcida e firme, ora fraca e hesitante. Na luta contra os ritos feudais, ela encontrou facilmente, nas ideias capitalistas muito popularizadas na época, armas para a emancipação individual e para a liberdade e igual-dade. Porém, quando encontrou obstáculos e reveses, não podia livrar-se das contradições e lutas entre o espí-rito e a carne, entre o amor e o ódio. Aquela sua deses-perança é algo que reflecte a realidade do tempo.

A autora revelou de maneira muito corajosa, franca, pormenorizada e exacta o mundo psicológico da Sra. Sha Fei, tendo mostrado todo o terreno em que a personagem lutava, expressando a melancolia e a doença da época. A obra sacudiu muito os leitores, principal-mente os jovens. Por isso, a figura da Sra. Sha Fei tor-nou-se um espelho da época, que ajudava mulheres inte-lectuais da pequena burguesia a conhecerem melhor a sociedade, "tenebrosa como tanque de tinta", ao procu-rarem o caminho correcto da vida humana. Assim, a obra que a autora projectou ocupou uma posição muito apre-ciável na literatura moderna da China.

Neste período, Bing Xin libertou-se do seu tom melancólico. A sua obra Divisão, publicada em 1931, retratou duas famílias de condições diferentes e perspec-tivas também diferentes através de um diálogo de dois bebés recém-nascidos. A obra constitui um marco na história da criação da novelista, pois, a partir daí, as suas criações deixaram o estado de "não pouca tristeza", ga-nhando outra altura.

Além de muitas escritoras famosas, muitas nova-tas enriqueceram este palco com obras de sabor rural. Nas suas criações, as mulheres têm, em geral, um fundo muito cheio de vida. A novelista Lou Shu é uma delas.

Lou Shu, pseudónimo de Lou Shi Mi, nasceu em 1903 e morreu em 1938 com a febre puerperal. Quando estudava na escola pedagógica feminina de Cheng Du, inspirada pelas novas ideias do "Quatro de Maio", ela tormou-se uma das jovens anti-feudais. Ela retratou por excelência a vida rural pobre e as tragédias dos cam-poneses daquela época.

O seu primeiro conto, Nasceu para ser esposa, foi publicado numa revista trimestral de novelas em 1936. O tema é semelhante ao da Mãe como escrava de Rou Shi. Porém a novelista Rou Shi denunciou o vício feudal de "empenhar a esposa", enquanto Lou Shu mol-dou nitidamente o sofrimento e tristeza de "vender a es-posa". As duas descrevem directamente o triste destino das mulheres rurais, revelando causas sociais que cria-ram tais tragédias.

Nasceu para ser esposa apresenta um jovem ca-sal que vivia de apanhar e vender lenha na zona monta-nhosa ao longo do rio Tou, região oeste da província de Si Chuan. Como não encontrava saída para a vida, o marido, honesto e calado, pensou em livrar a mulher do beco sem saída e viu-se obrigado a vender a esposa a uma família rica. À noite, a "mulher que vendia lenha", não podendo tolerar o novo marido que a maltratava e os abusos do irmão mais novo deste, fugiu para casa. Pela madrugada, porém, quando chegou a casa, o marido ti-nha sido preso por causa da sua fuga. Através do facto de "vender a esposa", realidade sangrenta, a autora retratou o cruel destino das mulheres camponesas na velha so-ciedade.

Mesmo sendo uma mulher infeliz que vivia lu-tando num abismo de sofrimentos, a "mulher que vendia lenha" constitui um tipo feminino firme e resistente, imagem muito mais desenvolvida que a da mãe de Chun Bao, personagem central da Mãe como escrava; esta era muito humilde e resignada à sorte, tipo escrava com ideias velhas e sem despertar. O tema principal é mais positivo e mais profundo que o da Mãe como escrava. É notável como a autora demonstrou na obra a sua habili-dade e o seu traço individual. Ela descreveu mesmo, numa história tão triste, a beleza da natureza humana e do sentimento humano dos camponeses chineses. No se-gundo capítulo, a autora projectou a cena do jovem casal que iria separar-se com dois pormenores: o primeiro, o marido tremente que tirou de baixo das palhas da cama um prendedor de cabelo de prata desempenhado e deu-o à mulher, que recusava aceitá-lo, soluçando e abanando a cabeça; o segundo, a mulher que saiu cambaleante mas voltou, a lembrar ao marido que não se esquecesse de recolher aquela camisa muito usada, já seca na vara. Eles demonstram o amor e a triste separação do casal, pro-jectando beleza na tristeza.

Nasceu para ser esposa constitui a obra que tomou a autora, natural de Si Chuan, famosa no meio literário e muito apreciada por escritores mais velhos como Li Jian Wu e Si Ma Chan Feng.

O "TERCEIRO DECÉNIO"

Os anos entre 1937 e 1949 são geralmente cha-mados de "Terceiro Decénio" na história da literatura chinesa. Neste período, a situação social da China era extremamente complicada, estando o país dividido em regiões dominadas pelo partido nacionalista de Chiang Kai Shek, regiões-base da guerra de resistência à agres--são japonesa e zonas de libertação, tais como Xangai, tipo "ilha isolada" e zonas ocupadas pelos invasores. Do ponto de vista literário, o progresso era desequilibrado, cada região tinha as suas próprias características, tanto históricas como artísticas. Porém, de modo geral, du-rante os oito anos da resistência, a criação literária toma-va a libertação nacional como assunto principal. As obras de arte com esses temas desenvolveram-se em vá-rios graus em todas as regiões.

Ding Ling foi presa em 14 de Maio de 1933 e ficou no cárcere até 1936. Depois da sua amnistia, ela foi para Xangai, Pequim e Xi An. Ainda este ano chegou a Shan Bei, no norte da província de Shan Xi. As suas obras lançadas durante a estadia em Yan An, tais como Convicção nos olhos com lágrimas, Quando eu estava na aldeia de Xia e No hospital, além de denunciarem os crimes dos agressores e exprimirem os anseios do povo chinês de resistir aos japoneses, descreveram muito mi-nuciosamente a vida de jovens mulheres intelectuais no novo mundo e as mudanças da sua mentalidade.

Convicção nos olhos com lágrimas e Quando eu estava na aldeia de Xia retratam mulheres vítimas das violências dos agressores. O primeiro foca uma mulher de idade que, além de ser violentada e violada, viu as barbaridades que esses japoneses fizeram com outras compatriotas. Firme e resistente, não se resignou e arras-tou-se até à aldeia para denunciar os crimes desumanos e selvagens cometidos por eles. Chamas de ódio atearam ardentes sentimentos de vingança e "nova convicção" entre todos os seus conterrâneos. O segundo retrata a jo-vem Zhen Zhen, duma aldeia remota, que caiu nas gar—ras dos agressores japoneses, sendo depois desprezada, troçada e humilhada por aldeões. Nos dias dolorosos, ela resistiu duramente e persistiu em trabalhar secretamente para os guerrilheiros, a fim de lutar contra os inimigos. Apesar da presença de ideais feudais, surgiram nova vida e novos tipos de gente. Enfim, ela foi enviada pelo Par-tido a Yan An para tratamento médico. Nesta obra, a autora levantou uma "questão social de carácter mais amplo",3 isto é, como tratar de mulheres vítimas de vio-lência e estupro?

Na outra obra, No hospital, Ding Ling moldou uma jovem médica Lu Ping, de Xangai, que foi para Yan An, descrevendo o que ela sentiu e passou num hospital aí recém-instalado. Entusiástica e plena de vigor juvenil, travalhava com abnegação e seriedade. Porém, rodeada de pequenos produtores locais com pensamentos conser-vadores, ela despertou muitos comentários e rixas. A obra desvenda todas as agudas contradições entre as influências dos pequenos produtores e a tecnologia da ciência moderna.

A novelista rematou a obra com as seguintes pa-lavras, muito filosóficas: "A nova vida começou, porém enfrenta novas maldades. Serão úteis e competentes so-mente as pessoas temperadas e resistentes por mil pro-vas. Vencerão os que viviam dificilmente." Com poucas palavras, a autora deixou os seus leitores em maior re-flexão, mostrando o estilo próprio da autora no seu novo tema e suas novas figuras, das zonas de base da revo-lução.

Na história da literatura moderna da China, cons-titui um tema importante o declínio das grandes famílias. Durante a guerra de resistência à agressão japonesa, cria-ções literárias com este género de temas foram feitas, principalmente, por escritores de Xangai.

Ao retratar a vida social da geração jovem, surgiu a tendência anti-familiar em criações literárias de escri-tores pioneiros de Xangai. Porém, nos anos 40, apareceu no panorama literário local uma nova escritora, Zhang Ai Ling, que trouxe uma outra tendência, dirigida ao âmbito familiar. Naquela época, Zhang Ai Ling era mui-to conhecida, tal como as escritoras Feng He Yi (com o pseudónimo de Shu Qin) e Zhou Jian Xia.

Zhang Ai Ling nasceu em 1921 em Xangai. Es-tudou na Universidade de Hong Kong; porém, com a eclosão da Guerra do Pacífico, regressou a Xangai em 1942, quando estava no terceiro ano universitário, e co-meçou a sua carreira literária. Acompanhando atenta-mente seres humanos insignificantes, durante aquelas transformações sociais, ela costumava descrever minu-ciosamente coisas e gentes comuns, mentalidades vul-gares, pormenores das suas actividades, tristezas e des-contentamentos diários. Porém, como havia sofrido com o desabar das grandes famílias e com a subjugação do país por outro, apareceu nas suas obras um pessimismo — pois, para ela, a civilização existente desapareceria.

Entre 1943 e 1945, a cidade isolada (Xangai) es-teve sob domínio dos estrangeiros. Foi exactamente nes-te período que Zhang Ai Ling surgiu no palco literário de Xangai. Em 1944, aí publicou os seus Contos lendários. Na portada do livro, ela escreve: "Com 'Contos len-dários', como diz o título, queria descrever indivíduos comuns em histórias lendárias e compor histórias de in-divíduos comuns." A característica lendária indica aqui histórias absurdas, geradas pelo desencontro e des-conexão entre o homem e a sociedade. É muito evidente que pretendia retratar a vida humana de "pessoas comuns" através destas histórias absurdas; e, ao mesmo tempo, através das "pessoas comuns", projectar histórias vividas e chocantes.

Zhang Ai Ling tomava, em geral, relações amo-rosas e matrimoniais como pano de fundo da sua criação literária. Ela expressou-se assim: "A maioria da gente dos nossos dias encontra-se cansada e o sistema matri-monial é ainda injusto. Por isso, existem relações matri-moniais silenciosas, existem casos civilizados que procuram apenas um alívio e um refúgio sem acarretar consequências, existem também prostituições apenas com apetites sexuais de animal. — O ser humano sel-vagem é muito mais perigoso e terrível que o animal."4Por isso, ela retratou nas suas obras relações amorosas e matrimoniais desprezíveis. Através dessas relações mui-to "lendárias" entre homens e mulheres, ela mostrou a "vida social" de Xangai e Hong Kong.

Gradeada por ouro constitui a obra representati-va dos seus Contos lendários. A figura central do conto, Chao Qi Qiao, é filha de um produtor de óleo de gerge-lim e casou-se com um homem doente de osteíte, de fa-mília muito rica. Ela vivia assim acompanhando dia e noite, naquela casa nobre, o marido doente. Pela sua so-brevivência, fechou-se na gaiola de ouro, sacrificou a sua juventude, enterrou o seu amor e a sua esperança. Cheia de rancor e de indignação, viu a sua mentalidade trans-formada e a índole muito retorcida, a ponto de tratar o cunhado e os filhos com crueldade anormal.

Namoro da rapariga linda descreve o namoro entre uma mulher divorciada de 28 anos e um descen-dente de ultramarinos, de 32 anos, durante a eclosão da Guerra do Pacífico. A personagem feminina, Bei Liu Shu, de velha família, recorreu ao meio de "enriquecer-se com a beleza do corpo", a fim de conquistar o play boy, Fan Liu Yuan. Mesmo sendo acusada de tratar o ma-trimónio como prostituição a longo prazo, ela não desis-tiu da ideia. Então, naquela época de guerra e confusão, os dois viviam um do outro, vendo-se obrigados assim a formar um casal medíocre. Porém, não há, nesse ambi-ente, alegria nem felicidade. O fundo é cinzento e a at-mosfera triste.

Destes contos de Zhang Ai Ling, podemos perce-ber que as fortunas e o dinheiro predominam e destroem a vida matrimonial. Por isso, no mundo dominado e manobrado pelo dinheiro, os indivíduos são, do fundo do coração, tristes, melancóllicos e desanimados. Nas suas obras, Zhang Ai Ling retratou uniões por amor e sepa-rações entre mulheres e homens de Xangai e Hong Kong durante o século, exibindo a vida dos metropolitanos e histórias inacreditáveis de pessoas comuns. As suas cri-ações despertaram pessimismo e revolta entre os seus leitores.

Como Zhang Ai Ling focou só um aspecto da vida humana, as suas obras esqueceram quase completa-mente a guerra de toda a nação chinesa e aquela gran-diosa e heróica época. Neste sentido, o mesmo aconte-ceu com outra escritora, Xiao Hong, no seu romance A vida da vila de Hu Lan He.

Quando Xiao Hong estudava em 1929 na Pri- meira Escola Secundária Feminina de Harbin, leu muitas obras literárias e apaixonou-se pela criação literária. Em fins de 1936, escreveu um romance de média extensão, Luta de vida e de morte, uma das obras literárias que reflectem mais cedo a vida e a luta do povo nordestino contra o imperialismo japonês, retratando cenas popu-lares um pouco primitivas da região rural do Nordeste da China, com um grupo de mulheres rurais que lutavam sob o domínio tanto de ideias religiosas como do sistema social.

A publicação de Luta de vida e de morte abalou o meio literário daquela época, demonstrando a capaci-dade criativa de Xiao Hong e assentando os alicerces da sua carreira de ficcionista. O romance foi incluído na co-lecção Escravos, dirigida por Lu Siun. No prefácio, es-crito pessoalmente por ele, Lu Siun sublinhou: "Já havia muito escrito sobre a firme luta do povo nordestino pela sobrevivência, porém, a nítida observação e a descrição emotiva da escritora acrescentou-lhe brilho e beleza. E o espírito é sadio [...]."

Xiao Hong chegou a Hong Kong em 1940 e con-cluiu no mesmo ano seu romance Vida na vila de Hu Lan He. Em Dezembro de 1941, os japoneses tomaram Hong Kong. Xiao Hong contraiu a tuberculose naquela con-fusão e morreu, no ano seguinte.

Sendo a obra a que mais se dedicou a Vida na vila de Hu Lan He, marca muito bem o estilo da criação literária de Xiao Hong — tanto da sua percepção própria da vida, como na fixação do carácter das personagens que apresenta.

Através das suas recordações infantis, o romance retrata a vida na aldeia de Hu Lan He nos anos 20 como se desdobrasse uma pintura colorida. No estilo lírico de crónica, a autora projectou a vida rural muito regional de Hu Lan He.

O romance constitui também uma epopeia triste. Ainda com as suas recordações emotivas, a autora focou, através dos olhos de duas meninas, histórias antigas da-quela pequena vila, reflectindo de maneira fiel a vida atrasada e estagnada dos anos 20 e o panorama social da velha China. As figuras projectadas no romance são "in-divíduos pobres, resignados a ser escravos de precon-ceitos tradicionais, ao mesmo tempo cheios de rancor e ódio". Apesar de ter quebrado o quadro feudal de ser nora-infantil, a Yuan Yuan morreu finalmente com as tor-turas da sogra supersticiosa.

O pessimismo e a decepção demonstrados nesta obra de Xiao Hong substituíram as virtudes da resistên-cia, reflectidas nas suas obras anteriores, o que provavel-mente resultou da situação em que ela, ferida sentimen-talmente, vivia fechada, deprimida, angustiada e solitária em Hong Kong sob domínio estrangeiro.

Em 1945, o Japão declarou a sua rendição incon-dicional pondo fim à segunda guerra mundial. O povo chinês, muito sofrido com a guerra, encontrava-se feliz e alegre. Nesta época, surgiram muitas obras literárias com temas da guerra de resistência à agressão japonesa. Com o fundo dos grandes acontecimentos da época, tais obras são em geral histórias bem elaboradas, com figuras principais valentes e firmes, ao mesmo tempo muito honestas e humanas, encantando assim muitos leitores, especialmente despertando grande interesse nos leitores adolescentes. Uma delas é Novos heróis e novas heroí-nas, escrita pela romancista Yuan Jing e seu marido, Kong Jue.

Yuan Jing, pseudónimo de Yuan Xin Zhuan, nasceu em 1914 em Pequim. Trabalhara na resistência e pela salvação da pátria, e começou a carreira literária em 1944. Logo depois de se casar com Kong Jue empreen-deu a elaboração do romance Novas heróis e novas heroínas, publicado pela Editora Hai Yan de Xangai em 1949.

Tendo Bai Yang Dian (lago de Bai Yang) como ambiente de fundo, o romance toma como fio narrativo a sinuosa história de amor entre Niu Da Shui e Yang Xiao Mei e, na forma da ficção tradicional chinesa, divi-dida em vários capítulos, retrata todo o processo da luta do povo da região, de base revolucionária na retaguarda do inimigo, durante os oito anos de resistência. A figura feminina principal, Yang Xiao Mei fugiu de Bao Ding para a casa de um cunhado, He Lao Chai, na aldeia de Shen Jia. Ela tinha crescido e vivido muito tristemente com muitas dificuldades. Depois, a mãe casou-a com um malandro, Zhang Jing Long, guarda do traidor He Shi Xiong, caindo assim num inferno. Porém, na sua luta contra os agressores, ela apaixonou-se por Niu Da Shui, um homem valente, firme e heróico. Com He Lao Chai, Niu Da Shui e Yang Xiao Mei, como figuras principais, a romancista descreve uma nova geração de heróis chi-neses nesta epopeia grandiosa da guerra de resistência à agressão japonesa e rematou a sua criação com o casa-mento entre Niu Da Shui e Yang Xiao Mei, de modo a aprofundar o tema da criação.

A NOVA CHINA

Nos anos 50, com o término vitorioso da guerra de libertação, a Nova China foi proclamada. Com o ambiente de paz e estabilidade e condições concedidas pelo governo e pela sociedade, os escritores podiam dedicar-se plenamente à sua criação literária. Por isso, a criação literária neste período desenvolveu-se muito e obras com temas da guerra revolucionária e das transfor-mações rurais tiveram o melhor êxito.

Nos primeiros anos da década de 50, não poucas obras de carácter rural focam o matrimónio e o círculo familar, tais como Inscrição de Zhao Shu Li, Casamento e Uma máquina cardadora de algodão de Ma Feng, Novos tratamentos de novos assuntos e Melão não ma-duro é amargo de Gu Yu, Novo casamento de Li Er Shao de Wuang You An e Descontratação de Gao Xiao Shing. Entre estas novelas, umas são contra o sistema matrimo-nial feudal e defendem a ruptura total com os precon-ceitos antigos e éticas feudais; outras descrevem novas ideias, novas virtudes e novas fisionomias sociais. Essas obras foram em geral devidas a escritores masculinos.

Porém, depois da proclamação da Nova China, poucas criações literárias retratam o amor e a vida famil-iar. Pois, observando o princípio de "A literatura e a arte servem a política", temas de amor servem apenas como apêndice político na estética literária. As novelas acima mencionadas, mesmo tratando da vida familiar e do matrimónio, destacam, com o fundo da reforma ocorrida no campo, a ruptura dos camponeses libertados com os pensamentos conservadores tradicionais da sociedade feudal, e a sua vontade de liberdade e de nova vida de-mocrática. Na arte literária adoptam-se métodos simples e mais próximos dos leitores comuns.

No entanto, com a publicação da orientação de Que desabrochem cem flores, que rivalizem cem escolas, o princípio de "A literatura e a arte servem a política" foi até certo ponto neutralizado, com o que a tendência de usar a criação literária para fins políticos foi reduzida.

Nessa altura, surgiu uma série de novelas e reportagens que romperam o quadro proibido e reve-laram contradições psicológicas. Destacam-se dois tipos um de amor e outro para criticar o burocratismo. No primeiro caso, a Semente de ormosia-hosiei de Zhong Pu é a mais emotiva.

Zhong Pu, pseudónimo de Feng Zhong Pu, nasceu em 1928 numa família intelectual e patrimonial de Pequim. Diplomada em 1951 pela Faculdade de Línguas Estrangeiras da Universidade de Pequim, come-çou no mesmo ano a sua actividade literária. Passando pelas convulsões e separações, ela tem sondado o cam-inho sinuoso da vida humana com o seu coação femini-no. A sua arte é fiel a duas palavras que são "sincerida-de" e "delicadeza". São princípios da sua criação literá-ria e, ao mesmo tempo, um resumo do seu estilo durante 30 e tantos anos.

Publicada em 1957, Semente de ormosia-hosiei é a obra que celebrizou a escritora no campo literário. Com o movimento estudantil nas vésperas da libertação de Pequim como ambiente, a novela descreve a tragédia de amor entre Jiang Mei e Qi Hong na Universidade de Pequim durante a luta desesperada entre forças progres—sistas e reaccionárias. O amor entre eles foi sincero e doloroso. Com divergências fundamentais, tanto na posição política como na filosofia quotidiana de vida, a autora moldou a principal figura feminina, Jiang Mei (cheia de pensamentos e sentimentos, que lutava entre o raciocínio e o sentimento, e entre a política e a vida), vivendo tristemente com o alcançado amor impossível, revelando assim os motivos essenciais que conduzem ao fracasso de seu amor.

Com plena sinceridade e fidelidade à arte, a obra traduz muito nitidamente o mundo psicológico das suas figuras, revelando o carácter, a personalidade e a vida próprios dos intelectuais, tendo conseguido êxito como criação. Porém, foi injustamente criticada em 1957 na luta contra os direitistas.

Após a derrota do "bando dos quatro", Zhong Pu voltou em 1978 à literatura, tendo projectado Sonhos na corda e Pedra san shen. Ela descreve objectiva e seria-mente como aquela grande revolução cultural de dez anos pisava e destruía o ser humano e a sua personali-dade. A isso nos iremos referir depois.

Os anos 50 constituem período fértil em ro-mances de longa extensão, especialmente romances com temas da guerra revolucionária e história revolucionária. É fácil compreender que os seus autores são, em geral, homens: a vida constitui a fonte da criação literária, e foram mais os homens quem lutava naquela tempestade revolucionária e na frente de guerra. Naqueles anos mui-tos homens morreram heroicamente no campo de bata-lha, muitos deles foram inclusive íntimos companheiros de guerra dos escritores. Por isso eles conhecem bem aquela árdua e impressionante vida de combate, e a re-tratam com muita facilidade e sentimento.

Em 1958, a publicação do romance Ode à juven-tude de Yan Mo alterou a situação literária da China em que predominavam os escritores masculinos, os roman-ces de grande extensão e com temas da revolução.

Yang Mo, pseudónimo de Yang Cheng Ye, nasceu em 1914 em Pequim. Durante a resistência e até à liber-tação, dedicava-se principalmente a tarefas de mulheres e de propaganda. Em 1934, ela começou a carreira lite-rária, tendo publicado durante a guerra não poucas obras que denunciam os crimes dos japoneses. Em 1958, a Ode à juventude foi publicada e, no ano seguinte, adap-tada para o filme do mesmo nome. O romance foi tradu-zido para várias línguas estrangeiras, sendo muito aplau-dido por leitores tanto internos como externos.

A Ode à juventude constitui um romance impor-tante como criação literária. Com 443 mil caracteres chineses, desenrola a sua história durante o período entre 1931, ano em que ocorreu a rebelião de 18 de Setembro, e 1935, ano em que ocorreu o movimento de 9 de De-zembro; retrata vividamente um grupo de jovens intelec-tuais durante os anos 30, os seus ideais e angústias, seu despertar e sua divisão, seu progresso e seu apagamento, bem como os caminhos diferentes escolhidos por cada um, de modo a traduzir a fisionomia social daquela época.

O tema principal da obra reflecte-se em todo o processo de crescimento, tanto físico como espiritual, de Ling Dao Jing, uma jovem intelectual. O romance des-creve nitidamente como Ling Dao Jing lutou para se li-bertar da família feudal, e do individualismo, e como desistiu da sua luta solitária para ingressar e formar-se na luta revolucionária.

Ling Dao Jing é uma estudante que perdeu a mãe em pequena e sofreu muito na sua família feudal. O cam-inho por ela percorrido é mais progressivo que o de ou-tras personagens femininas aparecidas na literatura do período do "Quatro de Maio", enquanto as suas agita-ções de mentalidade foram muito mais dolorosas que as de outras também. A descrição de namoro, casamento e separação entre Ling Dao Jing e Yu Yong Ze, traduziu de maneira viva e penetrante todo o processo das suas alter-ações sentimentais. Não tendo encontrado em Bei Dai He o parente a quem Ling Dao Jing queria pedir ajuda, ela ficou desesperada e quis suicidar-se no mar. Salva por Yu Yong Ze, um jovem competente e sentimental, ela apaixonou-se por este príncipe. Foi muito natural que lhe caísse nos braços e depois casasse com ele, vivendo na-quele pequeno ninho de amor apenas como uma esposa meiga. Poderia dizer que os primeiros dias do seu casa-mento foram felizes.

Em seguida, por influência de ideias alheias, sur-giram diferenças tanto ideológicas como de personali-dade. Ling Dao Jing descobriu passo a passo que Yu Yong Ze a tomou apenas como um "objecto protegido" no seu regaço, uma "jarra preciosa" no seu coração. O "cavalheiro" era afinal uma pessoa tão egoísta, vulgar e sem valor... Ficou decepcionada. Os seus pensamentos afastavam-se tanto quanto os sentimentos, também cada dia mais distantes. Finalmente, Ling Dao Jing livrou-se da "fragilidade e persistência do amor",5 rompendo de vez com Yu Yong Ze e lançando-se no vigoroso mundo exterior. Porém, com o vinco de romantismo da pequena burguesia, ela passou por um longo período de adap-tação na sua formação. O valor da figura de Ling Dao Jing é realmente diferente de outras imagens femininas progressistas surgidas na nova Literatura da China.

No campo dos contos que descrevem a guerra revolucionária, também apareceram várias escritoras, das quais Ru Zhi Juan lhe trouxe um novo sabor literário com Os lírios, em que rompeu fórmulas e quadros repet-itivos.

Ru Zhi Juan, natural de Han Zhou, província de Zhe Jiang, nasceu em 1925 em Xangai. Trabalhou num conjunto artístico do exército. Começou a carreira lite- rária em 1950. Nesses anos ela observava a vida com um sorriso e gostava de fixar, nos amplos terrenos do mar da vida, uma onda ou uma espuma para exploração e bor-dado literário. Ela descrevia suave e liricamente gentes muito comuns da sociedade e suas pequenas e secretas ondas psicológicas aparecidas na nova vida, assim re-tratando as relações carinhosas e honestas entre as pes--soas, enaltecendo as virtudes da cordialidade humana e a grandeza da nova época. Mesmo em suas obras com temas de guerra, ela criava figuras de heróis não em lutas sangrentas, mas em pequenas coisas e ambientes.

Os lírios constitui um marco na carreira literária de Ru Zhi Juan. A autora criou com pleno êxito as ima-gens de um jovem mensageiro combatente e uma noiva recém-casada da zona rural. A figura feminina é uma mulher linda, meiga, bondosa e pura. Nos anos da guer--ra, ela casou-se com o dote único de um edredão com pano estampado de lírios. É óbvio que este edredão lhe é muito precioso e estimado por ela. A obra retratou a noiva com os seguintes dois traços: primeiro, ela não queria emprestar o edredão mas, depois de conhecer as dificuldades do exército, cedeu-o voluntariamente e no final, cobriu com ele o corpo morto do mensageiro jovem; segundo, no início, tinha vergonha quando trata-va guerrilheiros feridos, mas, no final, ela chegou a dar banho ao corpo do mensageiro jovem e coseu-lhe os ras-gões da roupa. Com tais mudanças da noiva, a autora colocou perante os leitores uma mulher de coração lindo e puro como os lírios.

Ru Zhi Juan não criou só esta noiva no conto Os lírios, mas criou ainda muitas figuras femininas, tais como Shou Li Zhi no Três visitas à aldeia Yan, Jing Lan na Estação de Primavera e a tia Tang no Maternidade; todas elas são tão vividamente moldadas através das suas pequenas convulsões sentimentais, que reflectem gran-des ondas da época. As características de ternura e niti-dez das escritoras modernas notam-se claramente nas suas descrições.

Já nos anos 50 e 60, Ru Zhi Juan formou o seu próprio estilo literário, conhecido como "eufémico, fino e suave" pelo famoso comentarista Hou Jin Jing e como "fresco e elegante" pelo célebre escritor Mao Dun. Po-rém, mesmo tão aplaudida e elogiada, por vultos fa-mosos e leitores públicos, ela foi acusada por certas pes soas e viu-se perseguida. Durante a "Grande Revolução Cultural", ela teve de abandonar a criação literária e só retomou a caneta no novo período, assim reflectindo os tempos passados.

Com efeito, nesses 10 anos caóticos, não só Ru Zhi Juan abandonou a criação literária. Muitos escritores foram perseguidos, o que provocou nas artes e na litera-tura da China uma situação muito vazia e estéril. Com o monopólio de Jiang Qing e outros, como é que podem "desabrochar cem flores e rivalizar cem escolas?"

O "NOVO PERÍODO"

No novo período literário da China surgiram mui-tos novos escritores, dos quais um número muito conside-rável de mulheres. A este respeito, a velha romancista Yang Mo observou com emoção: "Nos últimos anos apa-receram, uma após outra, tantas escritoras na China que se completaram assim as cores do palco literário e deu maior brilho ao panorama da primavera do país."6

Depois da pulverização do "bando dos quatro", a literatura consegui livrar-se das restrições de ideias es-querdistas, tendo quebrado os quadros de proibição. A partir do conto A posição do amor de Liu Xin Wu, muitos escritores, especialmente femininos, recolocaram o amor na sua criação. Com o seu talento, elas exploram e desenvolvem este tema tão antigo, um tema eterno da literatura.

Podemos dizer que são muitos e formidáveis os romances e contos com tema de amor no novo período do continente. A lenda da montanha de Tian Yun, de Lu Yan Chou, é profundo e concentrado; Lugar esquecido do amor, de Zhang Xuan, é indizivelmente triste e melancóli-co; A cor verde da avó de Zhang Jie (mulher) é puro e desinteressado; Cavalo preto elegante de Zhang Cheng Zhi é lindo e triste; A relva verde de He Shi Guan é suave e persistente; Os anos de vicissitudes de Ye Xin é vigoroso e emotivo.7 Porém, o conto O amor é inesquecível de auto-ria da escritora Zhang Jie é mais destacado.

Zhang Jie nasceu em 1937 em Pequim. Tendo-se diplomado na Universidade do Povo Chinês em 1960, ela passou a trabalhar no Primeiro Ministério de Má-quinas, depois nos Estúdios Cinematográficos de Pe- quim. Começou a carreira literária em 1979, tendo pu-blicado até hoje a colectânea de O amor é inesquecível, Fang Chou (Arca de Noé), a coleccão de contos e ro-mances de A cor verde da avó, o romance de longa ex-tensão Asas pesadas, a colecção de crónicas Naquela rel-va verde e Contos e dramas escolhidos de Zhang Jie. Ela tem conquistado prémios nacionais de contos e de roman-ces de média extensão e o prémio literário de Mao Dun.

A obra O amor é inesquecível constitui um drama de amor triste e emotivo. A autora focou a história de amor da mãe através do amor da filha. A mãe Zhong Yu é escritora. Ela amava, e ama ainda, um quadro de alta categoria, da maneira mais profunda, apaixonada e persistente. Aquele namoro de coração vibrante, namoro triste tão persistente, foi realmente emocionante. Porém, o velho quadro de alta categoria está casado, casado por moral, para agradecer os favores da outra, em vez de por amor. No entanto, ele vivia bem. Por isso, Zhong Yu, obediente a regras morais, não podia senão enterrar o seu amor no fundo do coração, vivendo a contragosto e sus-pirando, até morrer melancolicamente, morrer com as suas esperanças numa próxima vida.

Este romance de êxito de Zhang Jie retrata um namoro silencioso de dezenas de anos entre os apaixon-ados, tendo mostrado a tendência para a tragédia do tipo "A angústia estende-se por tempo sem fim". Com modo suave eufémico, a autora traduziu muito vivamente os sentimentos e conflitos mais profundos e diversos da figura central, Zhong Yu, vontades e contensões, saudades e afastamentos, desejos e resignações, doçuras e tristezas. Zhang Jie pretende, através deste amor extra-conjugal, moralmente muito contrário à tradição, estudar as questões de matrimónio, família, moralidade e ética, a fim de confirmar o tema sério e profundo da vida humana segundo o qual, "só o matrimónio na base do amor é moral". Como se fosse uma pedra arremessada à água, a sua obra causou fortes reacções na sociedade, tanto dos modernos como nos mais conservadores, le-vantando assim uma polémica nada pequena.

Nos primeiros anos da década de 80, Zhang Jie lançou com grande êxito o romance de longa extensão Asas pesadas, reflectindo contradições e lutas verifi-cadas na fase inicial das "quatro modernizações". Depois de concluir este romance que "progrediu ao mesmo passo da evolução da história", ela terminou em fins do mesmo ano o outro romance de média extensão com o título Fang Chou (Arca de Noé).

O Fang Chou retrata a vida e o destino de mu-lheres intelectuais de meia-idade, nos nossos dias. Neste romance, Zhang Jie, com sua sensibilidade de escritora, descreve três mullheres intelectuais solteiras, a directora cinematográfica Liang Qing, a teórica Chao Jin Wei e a tradutora Liu Quan. Quanto ao amor e matrimónio, elas não são mais utopistas, como Zhong Yu, mas são mu-lheres intelectuais típicas, progressistas dos novos tem-pos que lutam pela sua causa profissional. Mas como diz um ditado chinês, "mulheres solteiras são mais comen-tadas", não foi fácil para elas viverem e trabalharem so-zinhas. A autora descreveu vividamente as suas infelici-dades no matrimónio e as humilhações da sua dignidade e, ao mesmo tempo, suas buscas no campo profissional, não compreendidas, e seus valores de luta também não reconhecidos por outros.

De facto, Zhang Jie conhece muito bem as pro-curas árduas deste tipo de mulheres. Ao criar tais figuras, ela "moldava-as com seu coração torturado e com bílis". É por isso que são tão vivas e exactas as alegrias, angús-tias, sofrimentos e convulsões profundas do coração destas personagens, destacadas esplendidamente na ga-leria de figuras da literatura contemporânea, principal-mente entre as do sexo feminino.8

Em 1982, Zhang Jie concluiu o seu romance de média extensão Qi Qiao Ban (Quebra-cabeças), criando uma mulher frágil, bondosa e entorpecida, acompanhan-do assim mais a vida e o destino das mulheres intelec-tuais de meia-idade, na nossa época.

Se Zhang Jie tem, se assim podemos dizer, pre-dilecção especial por essas mulheres na sua criação lite-rária de temas de amor e matrimónio, a outra escritora Zhang Kang Kang é mais inclinada às mulheres jovens.

A par com a grande viragem da história, a vida social normalizou-se, e a gente passou de fanática a calma. Numa brisa da primavera, o povo recorda a história e medita nos dias passados. Os actuais escritores projectam "uma nova geração reflexiva" com as suas cria-ções, a fim de formular, por diferentes ângulos, os pro-blemas do valor humano e do direito ao amor. A própria Zhang Kang Kang pertence àquela geração reflexiva. Ela criou um grupo de figuras modernas e actuais no Direito ao amor, Cerração da manhã e O Verão. atrain-do os seus leitores com outro encanto.

Nascida em 1950 numa família de Hang Chou, nas margens do Lago Oeste, Zhang Kang Kang foi para uma granja de Bei Da Huan (zona rural do nordeste da China), depois de concluir os seus estudos na escola secundária onde trabalhou e viveu 8 anos. Durante esses anos, além de duros trabalhos braçais, ela meteu-se (na descrição de que gostava desde pequena) no casebre à luz de querosene. Os seus primeiros contos foram publi-cados em 1972. Foram lançados até agora a colectânea O Verão, Colecção de romances de média extensão de Zhang Kang Kang, O pagode e o romance de longa extensão A companheira secreta, alguns dos quais foram premiados. Nas suas obras a autora segue os passos da vida e capta as matérias que mais preocupam as pessoas no dia a dia, a fim de reflectir a vida real da actualidade em todos os aspectos e a vida da jovem geração e sua mentalidade. Por isso, suas obras são impressionantes, feitas de um hálito da época e da realidade.

No Outono de 1979, Zhang Kang Kang comple-tou o conto O direito de amar, a obra de mais reper-cussão no primeiro ciclo da sua carreira. Quanto a este conto, ela confessou que "durante mais de dez anos de confusão, muitas pessoas abandonaram, por diferentes motivos, os seus interesses, actividades, valores, ideais, inclusive sonhos lindos e felizes. Esqueceram quase o seu direito de amor à vida, à causa profissional e aos ou-tros. A contradição entre o direito de amor e ambiente social provocou-me inspirações essenciais. Mesmo não sendo experiência pessoal minha, a minha criação foi feita com todo o meu sentimento para com a vida, e todo o amor do meu coração despertado pela nova época."9

O conto descreve uma jovem, Shu Bei, que ama a vida e a arte, ama os outros e quer ser amada por eles. Porém, como os seus pais foram criticados (persegui-dos), ela não tem já coragem para lutar pelo que deseja e pelo amor. A história remata tendo ela conseguido, na nova vida, o direito de amar merecido igualmente por to-dos os seres humanos. Pela história complicada do amor entre a personagem central, Shu Bei, e o namorado Li Xin, esta ficção novelística expõe amplamente os con-teúdos sociais, enaltecendo a beleza do sentimento hu mano e da natureza humana.

No conto O Verão, a autora apresenta-nos uma nova personagem, Qin Lang, que é uma universitária ex-trovertida e convincente, e de mentalidade muito viva. A presença desta figura na galeria literária constitui um choque contra os "dois princípios" observados naquele período** e os tabus e moralidades cultivadas pela supers-tição moderna. Esta rapariga, senhora de uma personali-dade muito própria, ousa desafiar a vida enquadrada, considerando que "as chamadas 4 modernizações sig-nificam a criação de uma nova vida, onde todos os indi-víduos devem livrar-se dos pensamentos tradicionais e das concepções antigas". Por isso, ela canta à vontade junto com os seus colegas masculinos, inclusive lhes oferece a foto dela em que usava apenas biquini.

Em 1981, a publicação da novela Aurora boreal é um novo passo de Zhang Kang Kang na sua criação com temas de jovens. Através da escolha do noivo feita por Lu Qin Qin, outra figura feminina, a autora demon-stra uma "procura dos magníficos ideais", tendo desper-tado uma grande reacção no meio literário da China Continental.

De modo diferente do dos seus outros romances, a figura central desta novela, Lu Qin Qin trata do seu matrimónio com muita prudência e escolhe o seu noivo comparando entre vários. Primeiro, abandonou Fu Yun Xian, um homem do tipo mercador ignóbil, depois, sep-arou-se de Fei Yuan, um homem que vive a pensar e a imaginar muito mas não põe nada em acção. Ela encon-trou finalmente o seu companheiro ideal, Zhen Chu, que, conquista o seu coração com espírito persistente da sua crença e "vive com tanta convicção". Através desta se-lecção do companheiro, a autora apresentou buscas es-pirituais mais elevadas da sua personagem principal nas relações entre os dois sexos, reflectindo diferentes ati-tudes dos jovens dos nossos dias quanto à sua vida e suas metas. Na obra são muito notórias as mudanças de con-cepções e valores da vida desta jovem geração. Quanto ao valor do amor, também a obra dá um passo novo.

Na novela acima referida, o abandono do namo- rado por Lu Qin Qin não foi motivado por falta de amor ou por interferência de terceiro. Porém, na sociedade de hoje, tal interferência é muito conhecida. A escritora Hang Yin focou-a na sua obra Mulher oriental, que foi publicada em 1983. Ling Qin Feng, personagem central do romance, é uma mulher do novo tipo, com qualidades de "beleza da mulher oriental". Quando a terceira se me-teu na sua vida matrimonial, ela levou em consideração a responsabilidade e obrigações do matrimónio, obser-vando estritamente a concepção tradicional da moral ori-ental. Para ela "o divórcio, em todo o caso, não é uma boa coisa", por isso, não propôs o divórcio com o mari-do. Quando a sua "adversária" se encontrava em ocasião de parto, ela levou-a de bicicleta até ao hospital, desa-fiando a escuridão da noite, salvando assim as vidas tan-to da mãe como do bebé. Além disso, ela ainda adoptou a criança como sua filha.

A autora destacou a "beleza da natureza e da al-ma" de Ling Qin Feng através da sua "generosidade", tole-rância e auto-sacrifício, despertando reflexões na socie-dade. Para alguns leitores, "em vez de perder a dignida-de, ela ganhou maior respeito dos outros".10 Para alguns outros, porém, a autora enquadrou e abstraiu a concepção moral e tradicional do Oriente e adoptou-a para todo o tipo de pessoas, independentemente da época, por isso cometendo o "erro do conservantismo e retrocessão".11

Outro passo na criação literária constitui a reve-lação de pormenores de amor. Nos meados da década de 80, não poucos escritores da China Continental apaixo-naram-se pela criação de histórias de amor, muito apoia-da pelo público. Os três amores de Wuang An Yi (Amor numa pequena cidade, Amor na montanha deserta e Amor no lindo vale) constituem uma série no género, que teve repercussão social. Nestas obras, a autora retra-tou com sua destreza literária e sua sensibilidade ficcio-nista consciências, mentalidades, psicologias e funções de sexo, provocando divergências.

SITUAÇÃO ACTUAL

Em geral, as escritoras dos nossos dias podem, com sua visão feminina própria, penetrar no fundo da vida social de hoje, apanhando nitidamente os pensa mentos das suas personagens a fim de projectar o mundo sentimental extremamente rico e complicado das mu-lheres actuais. Zheng Rong*** é uma delas.

Zheng Rong, pseudónimo de Zheng De Ron, na-tural de Wu Shan, da província de Si Chuan, nasceu em 1936 em Hang Kou. Diplomada pelo Instituto de Língua Russa de Pequim, trabalhou como tradutora, redactora e professora do ensino secundário. Começou a sua activi-dade literária em 1975, procurando "colocar tragédias e comédias da humanidade numa certa esfera histórica e encontrar origens históricas que decidem a sorte pessoal, a fim de criar obras literárias que possam retratar de maneira mais profunda e mais fiel a história."12 Em 1980, ela publicou a famosa novela Os de meia idade que sen-sibilizou toda a gente com o destino de uma mulher fra-ca, personagem principal da obra.

A heroína Lu Wen Ting é uma oftalmologista simples, meiga, pura e bondosa. Não é membro do Par-tido, nem responsável com poder. Apesar de ter traba-lhado durante 18 anos como oftalmologista, ainda não é médica titular, pelo que não tem fama nem posição. Além do mais, é de compleição pequena e magra, parece uma mulher realmente frágil. Não obstante, é esta mu-lher, tão desapercebida de todos, que constitui uma figu-ra tão representativa dos intelectuais de meia-idade da China de hoje.

Utilizando a "corrente de consciência" muito usada por escritores estrangeiros, a autora adaptou o mé-todo tradicional da criação literária chinesa, com imagi-nações, ilusões e consciências secretas a Lu Wen Ting, quando se encontrava desmaiada: assim retratou a sua vida dura, de dezenas de anos, em que se dedicou à sua profissão e à medicina com toda abnegação. Ao mesmo tempo, a autora revelou uma tragédia da sua persona-gem, que quase morreu por insuficiência cardíaca, devi-do à carga demasiadamente pesada sustentada por longo tempo, de modo a traçar uma miniatura da sociedade da época em que muitos problemas estavam por resolver e como eram difíceis os avanços.

A autora cria uma personagem triste em dois as- pectos: profissional e familiar. Quanto à sua vida de amor e família, a autora explorou muito o seu mundo espiritual profundo e rico. Lu Wen Ting, deitada na cama, muito doente, devaneando, ouviu a voz do marido, Fu Jia Jie, tão carinhosa e terna, como se viesse do paraíso, o que lhe lembrou a sua vida e o seu amor no passado. No Instituto de Medicina, a aluna meiga e esbelta Lu Weng Ting dedi-cou-se aos seus estudos, tendo passado com boas notas nos exames, uns após outros. Naquela época, parece que ela não teve nada a ver com o amor. Diplomada, trabalhou no hospital nos primeiros 4 anos como média residente; sem perceber, já tinha completado 28 anos de idade. Só deu por isso quando, nessa altura, o metalúrgico, Fu Jia Jie, entrou na sua vida serena e solitária.

Foram os versos de Petófi Sandor que lhe trouxe-ram o amor doce, e este amor tardio fez-lhe sentir a be-leza da vida e a ternura do amor. E depois foram os fi-lhos, Jia Jia e Yuan Yuan, que acrescentaram alegria e fe-licidade à sua vida. Ela ama muito aquela família que vi-ve em espaço reduzido, porém cheio de calor e carinho.

Mas, durante tantos anos, ela ocupou-se na vida do dia a dia e na sua profissão, sem tempo para ver o pas-sado e reflectir nas suas amarguras e alegrias. A autora descreve com toda a emoção: "Agora, só agora, nestes devaneios, nesta margem do rio da morte, Lu Wen Ting— esta mulher que quase ofereceu toda a sua vida, toda a sua força à luminosidade e felicidade dos seus doentes— teve um instante para recordar o seu passado, suas deficiências vergonhosas, suas dificuldades pesadas e seus amores infinitos."

Através das suas descrições eufemísticas e por-menorizadas, a autora retratou tudo o que pensou e sen-tiu Lu Wen Ting, projectando diante dos leitores uma in-telectual comum e simples, com alma santa e pura, que trabalha com toda a dedicação e nobre espírito. Da ima-gem de Lu Wen Ting, a autora concluiu a tempo a impor-tância e a urgência de salvar os intelectuais de meia-ida-de, questão de grande significado real.

Descrever e estudar o "valor individual" na cria-ção literária constitui uma abertura de consciência das mulheres actuais, sendo por isso mais um desenvolvi-mento após o ressurgir da literatura humana. Estas cria-ções literárias feitas por escritoras são muito eufémicas. Neste sentido, a novelista Zhang Xin Xin é notória tam bém. Se nas obras de Zheng Rong, as figuras são disci-plinadas e obedientes, então podemos dizer que as per-sonagens de Zhang Xin Xin são as que vivem disputan-do na sociedade de hoje.

Zhang Xin Xin nasceu em 1953, em Pequim, e aos 15 anos já ingressou na sociedade. Em 1979, os seus trabalhos No mesmo horizonte e A última Clivia Miniata foram publicados. Desde os anos 80, foram publicados mais de vinte contos e novelas de média e curta exten-são. A sua intenção como artista é "lutar pela libertação da nossa perplexidade e enfrentar a vida que avança, a fim de encontrar de novo ideais mais correspondentes à realidade e mais construtivos."13 Entre escritoras dos nos--sos dias, ela conta com as suas próprias linhasde criação.

Onde me cruzei consigo, No mesmo horizonte e O último ancoradouro constituem uma série de novelas de análise psicológica de mulheres, abordando a busca e a luta de mulheres jovens pela sua causa profissional e mentalidade tanto nos triunfos como nas frustrações.

No Mesmo horizonte aborda a consciência da mulher que quer ficar "no mesmo horizonte" do homem na vida pública da sociedade. Adopta o diálogo entre uma directora cinematográfica e o seu marido, estenden-do assim as suas queixas brotadas do fundo do coração, pela concorrência das suas aspirações.

Os dois haviam-se amado um ao outro. Porém, agora a personagem masculina recorre a mil e uma ma-neiras para publicar um álbum redigido por ele. Ele só pensa na sua luta individual e não se preocupa com a fa-mília e a esposa, tornando-se assim um "tigre de Ben-gala" egoísta e de sangue frio. Por outro lado, a figura fe-minina tem-se sacrificado pelas causas do marido. A par dos impulsos da corrente da vida, ela conseguiu livrar-se de "não viver por si mesma". Não se resignando a viver como assistente, como dona da casa, ela queria ficar na frente, lutar e conquistar com as próprias forças. Desde então, ela meteu-se no estudo, na elaboração de peças e na direcção de actos artísticos, inclusive deixou a peque-na família e entrou no Instituto Cinematográfico. O de-senlance foi o divórcio daquele marido vulgar e medíocre.

Esta obra diz-nos que, com a queda do véu de cordialidade nas relações humanas da sociedade con-temporânea, as concorrências a nível de sobrevivência e as disputas de carácter capitalista são inteiramente ex- postas. Por isso, litígios, contradições, desequilíbrios e separações de casais são coisas nada estranhas. Através dos conflitos numa família de intelectuais, a criação no-velística formulou uma questão social que merece maior atenção e, ao mesmo tempo, revelou claramente a cons-ciência competitiva e de sobrevivência da autora.

Zheng Rong e Zhang Xin Xin focaram juntas a sociedade contemporânea; porém, a escritora Wuang An Yi pretende na sua obra estudar a história, ou com vistas femininas, abordar origens culturais históricas. "Quando escritores relacionam as transformações da sociedade real com a história, o espírito e a cultura da nossa nação, surgirá certamente uma consciência da missão histórica em criações literárias de nossos dias."14 Tal como outros escritores que "procuram raízes", Wuang An Yi explora a cultura tradicional da nação chinesa muito enraizada e coloca-a nos cenários dos tempos de transformações.

Wuang AnYi nasceu em 1954 em Nanquim, pro-víncia de Jiang Su. Concluídos os estudos da escola se-cundária, foi trabalhar no campo, no norte da província. Depois foi trabalhar num conjunto artístico de Xu Zhou e voltou a Xangai em 1978. 1975 foi o ano em que co-meçou a publicação de seus trabalhos. Na sua criação li-terária elabora principalmente a personalidade de suas fi-guras com uma rica linguagem e análise psicológica. Desde os anos 80 tem conseguido grandes êxitos. Suas obras principais são: a série Wen Wen e Três amores (série jovens intelectuais que foram para o campo durante a Grande Revolução Cultural), contos de metrópoles, ro-mances que procuram raízes, num total de mais de 60, além de ter grandes romances (Secundaristas de 69 e Ho-mens do antigo leito do Rio Amarelo). Mesmo com maté-rias muito extensas, figuras diversificadas, histórias muito bem elaboradas e sua agilidade artística, é a análise psi-co-lógica das mulheres o que mais se destaca nas suas obras.

Wuang An Yi tem o seu processo próprio de desenvolvimento na criação literária. Do mundo puro e ambíguo de Wen Wen (A chuva sussurrando), a reflexão de Ou Yan Rui Li (Desaparecimento) sobre o valor da vida humana, ela saiu daquele lirismo próprio do "pe-queno mundo da rapariga-flor" para uma observação mais penetrante quanto às relações humanas da socie-dade. No entanto, a criação de A pequena aldeia Bao constitui uma procura sua das raízes culturais das suas terras, sendo uma cristalização artística depois de seus estudos objectivos e minuciosos.

A novela A pequena aldeia Bao descreve uma rede de histórias amorosas de vários casais da aldeia estagnada e fechada. A aldeia Bao é um espaço montan-hoso quase isolado e parado. Com os mesmos fundos culturais e as mesmas formas de vida e de produção, convivem os Baos, formando assim uma consciência de grupo muito sólida. Até à Grande Revolução Cultural, ainda se encontra afastada, estagnada, fechada e parada. A pequena aldeia Bao é "uma aldeia de Bondade onde gerações e gerações não aspiram à riqueza, nem temem forças, apenas respeitam a Bondade". Então, a obra segue esse princípio de Bondade, tecendo um panorama primitivo e original em que se apresentam namoros, ma-trimónios, nascimentos, mortes, calamidades e des-graças, etc., ocorridos nas famílias camponesas de Bao Bin De, Er Shen e Xiao Chui Zi.

A esposa de Bao Bin De é linda e simpática, sen-do muito apreciada pelo marido. Porém, após várias ve-zes de gravidez frustrada, o marido ficou angustiado. Apesar de não ter ouvido os que o aconselharam a divor-ciar-se da esposa, Bao Bin De hesitava entre a perda de linhagem da família e o princípio da "bondade", encon-trando-se assim num beco sem saída e sentindo sempre "alguma coisa inexprimível". Finalmente, não resistindo mais à pressão espiritual, a mulher tornou-se psicopata, enquanto ele pagou também muito caro. Porém, obser-vando o princípio de "bondade", ele tratava de todo o coração a mulher doente. No final, para livrar o marido de tão pesada carga e observando ainda aquele princípio de "bondade", a mulher suicidou-se.

O namoro entre Er Shen e Feng Shi Lai reflecte, por outro ângulo, as influências muito enraizadas da tra-dição confunciana. Er Shen é viúva de quatro filhos. Segundo a tradição, o matrimónio feudal, casamento obrigatório, nora infantil, divórcio e o casamento de viú-vas constituíam motivos para a história dolorosa e san-grenta das mulheres. Elas só podiam ser mandadas com obediência total, sem nenhuma resistência, considerada como virtude da mulher."15 Mas Er Shen chegou a ena-morar-se da própria vontade, e ainda se enamorou de um homem de outro apelido, o que chocava fortemente com as concepções feudais e consciências patriarcais, pois com a entrada de Feng Shi Lai, vai misturar-se o mundo patriarcal dos Baos. O namoro entre estes dois foi con-siderado "a coisa mais desacreditada na pequena aldeia Bao durante o centénio". Apesar dos contras dos seus aldeões, mas com o apoio do governo da comarca, eles finalmente casaram-se.

Os preconceitos confucianos não só influencia-ram outros aldeões, mas também exerceram influência obstinadamente neles próprios. Feng Shi Lai achava que ele não "era o dono da família", vivendo humilde e cal-ado, inclusive sem encontrar nada para fazer, sendo por isso "um pau mandado de Er Shen". Ao mesmo tempo, a própria Er Shen considerava que o seu homem não estava legitimado; por isso, "é ela que não tem razão nem cara para enfrentar os aldeões". O romance tratava de revelar as influências negativas das virtudes da ética tradicional confuciana, muito enraizadas e vigorosa-mente atacadas pelas correntes da nova época.

Em comparação com Er Shen, Xiao Chui Zi é a outra figura feminina do romance que luta contra as ve-lhas ideias caducas de outra maneira. Mesmo sendo des-de pequena nora da família Bao Yan Shan, Xiao Chui Zi recusou-se a casar com o marido comprometido desde pequeno, o filho mais velho da família. No dia marcado para o seu prometido casamento, ela fugiu de casa e foi trabalhar fora da região. Mas, quando teve conhecimento do casamento dele, voltou e casou-se com o segundo fi-lho, por quem se apaixonara no dia a dia. Aqui, apesar de ter lutado contra os obstáculos das consciências feudais, Xiao Chui Zi é também influenciada, pois ela sentiu mui-to por seu namorado não ser o filho mais velho da família. Do facto, podemos perceber como é notório o vinco das velhas ideias por entre os brotos dos novos pensamentos.

Aqui a autora estudou e mexeu na sedimentação psicológia da cultura tradicional da nação chinesa nas massas populares, mostrando a sua reflexão da cultura na-cional. Como o romance descreve, de maneira histórica e filosófica, a questão do matrimónio e a vida familiar de algumas famílias rurais, cheias de cores feudais, a peque-na aldeia Bao, muito particular, tornou-se universal.

Tal como Wuang An Yi, a escritora Tie Ning tam-bém passou pela Grande Revolução Cultural e foi tempe-rada no campo. Hoje, é uma das escritoras jovens de gran-de influência no meio literário do novo período da China.

Tie Ning nasceu em 1957, em Pequim. Começou a publicar as suas obras em 1975. Em 1979, foi traba-lhar para a Associação de Letras da região de Bao Ding. Passou a infância durante a Grande Revolução Cultural. Adolescente, também foi para o campo. Desde o início da carreira literária, revelou o seu talento extraordinário. Em 1980, foi publicado o Caminho da noite, colecção de novelas, sendo muito aplaudido pelo público. Foram pu-blicados depois Blusa vermelha desbotada e Novelas de Tie Ning. Ela também é detentora de prémios de novela e romance de média extensão.

Com coração muito ingénuo, ela gosta, em geral, de focar pessoas e coisas de plena vitalidade na com-plexa vida real. As suas criações são simples, claras, flu-entes, referindo-se a muitos aspectos sociais, sendo bem recebidas tanto por leitores como por escritores da velha geração, tais como Sun Li e Ru Zhi Juan.

Como Wuang An Yi, Tie Ning expressa nas suas obras uma visão do meio rural fechado e atrasado; po-rém, através deste quadro, demonstra mais profunda-mente como a sua gente vive afastada e espera pela vida moderna já existente fora da região. Não é flor de Mei Dou descreve um panorama de vida familiar rural muito simples. A cunhada, muito simpática e obediente, dota-da de todas as virtudes da mulher chinesa, está casada com o irmão mais velho, homem um pouco tonto. Mas, a diferença de cultura e a estupidez têm influenciado a vida, deixando um traço de tristeza no coração lindo e bondoso. Ela deseja adquirir mais conhecimentos. En-tão, fez todo o possível para o cunhado novo entrar na escola superior. Mesmo resignada à vida matrimonial obrigatória, ela tem ainda o seu ideal e espera pela vida boa. Trata-se de uma tragédia do matrimónio obrigató-rio; porém é uma ode às virtudes das mulheres.

Outra obra, Oh, Xiang Xue também descreve as in-fluências exercidas pela modernização nos mundos fecha-dos e remotos. Tai Er é uma aldeia montanhesa isolada e sossegada. Em comparação com a vida dos anos 80, a al-deia era demasiadamente atrasada. Mas o caminho-de-ferro recentemente construído trouxe-lhe a civilização moderna do exterior. Xiang Xue é a figura central da no-vela, única aluna secundária da aldeia. Para ter uma caixa de canetas por troca de produtos do campo com os pas--sageiros, ela subiu ao comboio na escuridão da noite.

As buscas de Xiang Xue representam aspirações ardentes de toda a geração juvenil do campo. O comboio carregado da civilização moderna constitui, em certo grau, um dragão que liga a aldeia ao mundo exterior pleno de vigor. A sua chegada trouxe novos hábitos à aldeia e, ao mesmo tempo, alegrias e esperanças às jovens da montanha. Com valor espiritual e artístico rel-ativamente alto, este conto foi muito apreciado.

Mas, a obra mais comentada da autora é Blusa vermelha desbotada. A autora descreve uma rapariga de 16 anos, An Ran, (quieta, em língua portuguesa). Porém, ela é uma aluna secundária nada quieta. É viva, capri-chosa, reflexiva e estudiosa. Ousa boicotar os métodos educacionais não correctos do professor e usa aquela blusa vermelha desbotada mesmo se perder o título de aluna modelo da turma.

Na literatura do novo período, An Ran constitui uma figura de rapariga-flor com cores da época e com sua mentalidade sincera e adolescente. Da sua mentalidade agitada e suas buscas, bem como de uma série de confli-tos com o professor, colegas, pais e irmãs, a autora levan-tou muitos problemas mais profundos da vida real, retra-tando assim a competição entre valores novos e velhos.

Em 1984, Tie Ning teve novo êxito com a sua obra Mei Jie Dou (Campo de palhas) que provocou grande reacção com o seu movimento psicológico cul-tural e a sua concepção de valor mais profundo. Para o público, tal como A pequena aldeia Bao, de Wuang An Yi, Mei Jie Dou é considerado um marco da evolução literária chinesa.

Quando trata de matérias femininas, Tie Ning procura sempre livrar-se das visões apenas femininas. Ela disse: "Espero sempre ter uma visão de duplo ângu-lo, ou terceira visão, pois ela ajuda-me a fixar mais pre-cisamente a situação e a existência feminina." Para ela, "na China, nem todas as mulheres têm a noção da sua libertação; e muitas vezes não são homens que escra-vizam ou reprimem as mulheres de maneira mental, ao contrário, são elas próprias. Só quando a escritora deixar a sua própria mentalidade feminina, as figuras femininas das suas criações terão naturezas mais exactas e maior brilho, de modo a explorar melhor a personalidade, a natureza e o desejo humanos."16 Por isso um comen-tarista considerou um romance de Tie Ning, também de tema feminino, de ter aberto "possibilidades para o estu do da psicologia e da sociologia femininas."17

Nos anos 90, foi publicada a colecção de contos Em frente, de Tie Ning, com histórias de mulheres de vários tipos. Ela ainda busca aquela visão de duplo ângulo para fixar melhor a vida da mulher real e ter novos êxitos na sua criação literária, nas áreas do matrimónio e do amor.

Da apresentação geral acima feita, podemos ver que, a par da evolução do tempo, as transformações da história e o desenvolvimento da sociedade, a criação lite-rária das escritoras da China Continental, tanto do mo-dernismo como contemporâneas, passou por profundas e incessantes mudanças. E a literatura feminina obteve re-sultados satisfatórios e com boas perspectivas. Assim au-guramos que nossas escritoras obtenham ainda maiores sucessos na nova época histórica.

Traduzido do original chinês por Yu Huijuan.

ELAS NO SEU MELHOR - Dissimulação

Anabela Canas

Aguarela

**São os dois princípios formulados por Hua Guo Feng, líder chinês indicado pelo presidente Mao Tsé Tung antes do seu falecimento. — N. T.

***Provavelmente ela usa, no exterior, o nome em outra forma pinyin. — N. T.

NOTAS

1 MAO Dun, Sobre Obras de Lu Yin.

2 MAO Dun, A escritora Ding Ling: comentários de Mao Dun sobre obras e escritoras do Modernismo na China, Pequim, Universidade de Pequim, 1980.

3 SUN Rui Zheng; SHANG Xia; WUANG Zhong Cheng, Ding Ling e suas criações literárias, "XinYuan", (4) 1980.

4 ZHANG Ai Ling, Rumores, Taipé, Coroa Imperial, 1968.

5 YANG Mo, Sobre a personagem Ling Dao Jing, Wen Yi LunChong, 1978.

6 YANG Mo, Prelúdio, Fujian, Editora Popular, 1982, p. 1 (Novelas das Escritoras de Taiwan, Hong Kong e Outros Países).

7 YANG Shu Mao, Sobre a história da literatura do Novo Período, Cidade de Flores, 1989, p. 328.

8 YANG Gui Xin, Obras de Zhang Jie, Escritores, 1989, p. 349 (Escritoras da Época Contemporânea, 1).

9 ZHANG Kang Kang, Do Sol sorridente à suave cerração da manhã, "Juventude da China", (3) 1981.

10 WUAN Qin Hua, Que lindas, mulheres do Oriente, "Literatura", 3 Nov. 1983.

11 LAN Shu Ping, Faltas em figuras femininas orientais, "Literatura", 3 Nov. 1983; YANG Wen Hu, Ling Qing Feng pode. constituir uma nova linha moral?, "Literatura", 3 Nov. 1983.

12 ZHENG Rong, Correr para o futuro, "Artes e Letras", (15) 1981.

13 ZHANG Xing Xing, Respostas necessárias, "Artes e Letras", (6) 1983.

14 Literatura contemporânea da China, Xangai, Artes e Letras, 1989, vol. 3, p. 99.

15 ZHAO Le Sheng, Leitura de "Festa de alegria e felici-dade ", de Tang En Mei, Jieling, Literatura e História, 1994.

16 TIE Ning, Criação de figuras femininas, "Estudos e Informações sobre a Literatura Contemporânea", Mar. 1995, p. 30.

17 lbd., ibid.

*Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade Pedagógica de Hunan.

desde a p. 131
até a p.