Ensaios

A EMERGÊNCIA DE VOZES FEMININAS PORTUGUESAS

Isabel Allegro de Magalhães*

SENTIMENTO DA EUROPA Joana Ling Acrílico sobre papel, 45 X 38 cm

1. Como é sabido, Portugal viveu uma ditadura de mais de quarenta anos, com uma guerra colonial em três dos seus territórios de África durante os treze últi-mos anos do regime, ao que o "25 de Abril" veio pôr termo, em 1974. Ao longo dessas décadas, deu-se um triplo êxodo de grande parte da população masculina, o qual teve um grande impacto quanto à situação das mulheres e à relação social entre os sexos, na sociedade portuguesa. Refiro-me à partida dos militares para as colónias africanas, ao exílio político de tantos jovens que desertaram e à enorme vaga de emigração que, nesse tempo, se dirigia já para os países mais ricos da Europa. Essa debandada de homens foi gerando signi-ficativas alterações na situação sócio-cultural das mu-lheres que aproveitaram de possibilidades antes ve-dadas. Isso, por exemplo, no sector da agricultura, onde assumem tarefas anteriormente entregues aos homens; no sector dos serviços, onde novos empregos passam a ser-lhes oferecidos, como ainda na universidade, onde os lugares deixados vagos pelos jovens oficiais que par-tiam para a guerra abrem vagas às raparigas que co-meçam a aceder facilmente a cursos superiores. É então que um número considerável de mulheres jovens e adultas toma em mãos espaços e cargos que não lhes te-riam sido abertos e confiados se as circunstâncias ti-vessem sido outras.

Depois da chamada "revolução" de Abril de 74, dão-se importantes mudanças estruturais e de mentali-dade. E uma das mais marcantes, no que à vida das mu-lheres diz respeito, é seguramente a aprovação da nova Constituição e do novo Código Civil, textos esses que firmam uma unívoca igualdade de direitos entre os se-xos. Digamos que, à excepção de alguns artigos do Código Penal, se reconhece, a partir dos finais da déca-da de 70, uma igualdade jurídica entre homens e mu-lheres, coisa que não acontece ainda na maioria dos países ocidentais.

Ao mais alto nível profissional, na função públi-ca e nas profissões liberais, nas carreiras artísticas e no sector da educação, existem situações claramente ino-vadoras, em que se nota não apenas uma igualdade real mas até uma nova desigualdade, na medida em que nu-mericamente e em vários campos as mulheres têm, po-de dizer-se, nítida vantagem sobre os homens.

A título exemplificativo, as estatísticas dispo-níveis mais recentes1 quanto à presença feminina nas universidades portuguesas mostram, em comparação com outros países ocidentais, uma situação de maior abertura e mais alargada participação por parte das mu- Iheres: um crescente número de estudantes-mulheres e de professoras, muitas delas com postos directivos. Os dados de 90-91 mostram que 55,5% de inscrições na Universidade são de raparigas, e 65,9% dos diplomas são a elas concedidos. Do conjunto desses números, é importante ressaltar a percentagem de licenciaturas fe-mininas em matérias antes reservadas quase exclusiva-mente a homens:

Medicina — 71,3%; Matemáticas e Informática — 56,7%; Ciências Exactas — 67,4%; Direito — 56,0%; Arquitectura e Urbanismo — 33,9%; Ciências de Engenharia — 30,3%; Engenharia de Produção Industrial — 67,9%, etc.2

Se tomarmos ainda em consideração, no perío-do referido, os doutoramentos realizados por mulheres, vemos que eles representam 42,4% do total em Ciên-cias Exactas, e 29,7% em Ciências Humanas e So-ciais.3 Hoje em dia, em plenos anos 90, a percentagem de inscrições femininas nas universidades parece ter aumentado, grosso modo, para 68% do total (o que, cu-riosamente, parece estar já a preocupar o nosso Mi-nistério de Educação!). Também no domínio das artes e da literatura, não há dúvida de que os diversos prémios artísticos e literários, por exemplo, não têm sofrido de qualquer atitude de discriminação "sexual" nas suas escolhas.

No entanto, e apesar de todas as aberturas e de todas as mudanças, permanece ainda de vários modos na sociedade portuguesa actual uma atitude patriarcal secular, ou seja, um machismo declarado, pois as leis, embora constituam um instrumento de mudança funda-mental, só por si, não modificam as mentalidades. Não é possível negar a existência, na vida quotidiana, de numerosas e profundas desigualdades baseadas numa discriminação sexual — quer a nível da vida privada e da vida política, quer a nível dos salários médios e baixos ou de carreiras profissionais —, desigualdades essas que poderiam ser consideradas subtis, mas que são efectivas.

Obviamente, é na esfera da política que essa ati tude patriarcal e discriminatória é mais destacada. É aí que uma diferença escandalosa na participação femini-na e nas responsabilidades das mulheres se manifesta,4 evidentemente porque é na política que o poder real está em jogo. Nessa esfera de poder real, são os ho-mens ainda quem tudo decide e, mais ainda, parece quererem continuar a fazê-lo. Sempre que as mulheres assumiram cargos políticos — e isso aconteceu nestas décadas —, é inegável que ocuparam não apenas car-gos menos interessantes e menos considerados mas car-gos que lhes foram sempre atribuídos por homens.

Tivemos ocasião de viver em Portugal uma situ-ação concreta que se tornou paradigmática do compor-tamento masculino nesta matéria: a existência duma Primeira Ministra, em 1979, Maria de Lourdes Pintas--silgo — até agora, a única entre nós a ter exercido tal função —, permitiu observar um leque de reacções masculinas perante um exercício do poder em versão feminina. Curiosamente, foi um leque de reacções "normalisadas", quase unânimes, de insatisfação e te-mor, de agressividade e (quase) sempre de irracionali-dade crítica. Essas reacções surgiram de espaços políti-cos e sociais diferenciados (partidos, meios de comuni-cação social, etc.) e deixaram perceber aquilo que mais terá irritado e desnorteado a metade masculina do país: uma forma de governação diferente, entendida como um "serviço", com características marcadamente femi-ninas. Como na altura se viu, uma atitude que de certa forma repunha "a utopia no poder" e sobretudo uma inovação operada sem o seu consentimento ou contro-lo, arrastou consigo uma margem de insegurança que aos homens se tornou insuportável, e que se exprimiu em atitudes de implacável rejeição da sua parte.

Poderemos perguntar-nos se o apego dos ho-mens ao poder político — para além do entranhado gosto em decidir tudo entre eles — não será sobretudo sinal desse seu medo diante do imprevisível, do incon-trolável, que as mulheres — ao entrarem no "domínio masculino" e ao assumirem o poder — inevitavelmente trariam consigo, pondo manifestamente em questão um já conhecido estilo masculino de governação.

É significativo ter-se observado ao longo das úl-timas décadas, primeiro, um claro crescendo no núme-ro de mulheres políticas e, depois, um igualmente claro decréscimo desse número. Sondagens recentes, talvez ainda não suficientemente rigorosas mas mesmo assim significativas, revelam que a maior parte das mulheres que tiveram já responsabilidades políticas (Ministras, Secretárias de Estado, Membros do Parlamento, etc.) se foram progressivamente desinteressando de tais car-gos.5 As suas razões advêm dos limites (hierarquias rí-gidas, burocracia, carreirismo, autoritarismo, etc.) por elas detectados no sistema político: nas estruturas go-vernamentais e partidárias, e no seu modo conjunto de funcionamento. A não ser que transformações radicais aconteçam a esses níveis, provavelmente as mulheres não se mostrarão tão cedo motivadas para entrar nova-mente no mundo político — com todas as excepções que confirmam as regras, é claro.

No entanto, a actual presença massiva das mu-lheres seja em postos importantes de direcção em varia-dos sectores seja nas universidades (onde as estudantes frequentemente obtêm as melhores classificações),6 leva-nos a uma inevitável interrogação quanto às re-lações homens/mulheres na sociedade portuguesa das próximas décadas: será que os homens poderão manter — dentro de dez ou quinze anos, digamos — o mesmo poder político que hoje detêm? A quantidade altera a qualidade, sabemo-lo pelo menos desde Marx. E talvez num futuro não muito distante a sociedade portuguesa, com um tão elevado número de mulheres qualificadas ao mais alto nível, tenha que deixar, mesmo no mundo da política, de falar como até agora uma só "língua": a masculina. Na expressão da escritora brasileira Rosiska Darcy d'Oliveira, deixaremos de "falar homem, com ou sem sotaque", para passar a "falar" também "mulher". Pela maioria dos homens, isso é visto ainda como uma espécie de incapacidade, quer dizer, como um "sota-que" de mulheres em relação às "normas masculinas", seja a que nível for. Ora, com o acesso numericamente significativo de mulheres aos postos de decisão, a lin-guagem, as estruturas, as regras, culturais e políticas, irão provavelmente "desmasculinizar-se", isto é, dei-xar-se-á de falar uma só "língua", para passarmos a ser "bilingues", abrindo-se assim o espaço para outras for-mas de estar na vida e de exprimi-la. "Falar mulher" se-rá então a revelação de uma outra subjectividade, ou seja, a expressão de uma outra identidade — a femini-na —, que renuncia aos modelos masculinos dominan-tes para erguer a sua própria voz: nas atitudes e nas decisões, na atribuição de prioridades ou de hierar-quias, na linguagem, no sentido atribuído ao ser-e-estar-com-outros-no-mundo, como dizia Martin Buber.

2. A este propósito, espreitamos alguns sinais de mudança que a literatura portuguesa recente nos- ofe-rece. Isto, porque, entre outras coisas, as obras de arte emergem como espelhos filtrantes — deformadores ou recriadores e inventivos — da realidade tal-qual-é. E também porque, até certo ponto, a arte e a literatura contêm elementos que de algum modo antecipam reali-dades futuras em gestação.

A narrativa ficcional portuguesa posterior a Abril de 74, também em vozes masculinas mas sobre-tudo nas femininas,7 apresenta traços duma identidade outra — uma identidade feminina —, com feições no-vas ainda não totalmente desveladas e quase desperce-bidas ao olhar público.

Nos romances posteriores a 74, de autoria mas-culina e feminina, vemos um especial interesse por te-mas ligados à realidade sócio-político-cultural do Por-tugal destes anos, bem como a temas da História, remo-ta ou recente. Matérias como a revolução de Abril, a guerra colonial, a emigração, ou os regressos de emi-grantes, exilados políticos, militares, ou a identidade nacional sob ponderação e avaliação — todas elas re-criadas em formas testemunhais e/ou inventivas, fantás-ticas ou de um realismo mágico, dominam as nossas melhores narrativas ficcionais das últimas três décadas. Pode assim dizer-se que homens e mulheres escrevem à volta dos mesmos temas.

Ao contrário do que acontece noutras literaturas ocidentais, raramente encontramos escritoras portugue-sas centradas sobre si mesmas enquanto mulheres: sobre as suas opressões privadas e/ou colectivas, por exemplo. (Isto seguramente resulta do impacto do 25 de Abril na sociedade portuguesa bem como da ausên-cia entre nós de movimentos feministas significativos). Os seus textos, porém, revelam, entre outras coisas, pontos de vista, maneiras de percepção, de atenção, de contemplação do real, leituras dos acontecimentos e das relações, formas de sensibilidade e de sensualidade, a prevalência duma lógica da afectividade sobre outra da pura racionalidade, traços estes diversos dos que encontramos em textos de autoria masculina.

Vejamos disso aqui apenas uns exemplos.

Em várias autoras, deparamos com uma íntima conexão entre a escrita e a vida, entre esta e o corpo, ra-ra em textos de origem masculina, do que nos dão conta vozes como a de Yvette Centeno, no seu romance Ma-triz (1988):

"(...) tomo nota apenas daquilo que insiste comigo, (...) que se infiltra, por assim dizer, no meu sangue, e que se não escrevo me impede de viver."8 A de Teolinda Gersão, em O silêncio (1981):

"(...) a palavra dita, rente ao corpo, inseparada do corpo."9

A de Maria Isabel Barreno, em O inventário de Ana (1982):

"Uma certa maneira de lidar com as coisas que têm as mulheres: afagam, quando limpam, os dedos atentos, atenciosos a todas as arestas e superfícies e me-didas (...) Mantêm-nos: têm-nos nas mãos, na palma, junto às linhas do destino e da vida. Na personalidade das mulheres se incorporam os objectos quotidianos, o perpassar das mãos. É metódico meditar quando elas estão preocupadas, e procuram aliviar tensões, e equi-líbrios antes de falar e agir — equivalente dos sombrios caminhos dos filósofos homens, que escovando e arru mando ideias procuram a solução dos mesmos enig-mas. Nos delicados desenhos da pele serão reconheci-dos os impressos circuitos de todo o Universo."10

Em Teresa Salema e Maria Gabriela Llansol, entre tantas outras, transparece também, e frequente-mente, uma percepção plural da realidade, uma sensu-alidade que apreende o real com todos os sentidos, exemplificados nestes dois excertos de O lugar ausente (1991) e de Finita (1987), respectivamente, que paten-teiam timbres ou matizes de um sentir, de um dizer ou escrever, no feminino:

"As histórias definiam[-se] (...) pela memória de uma fugaz luminosidade na pele, de um aroma sen-tido como único, de um acorde suspenso no momen-to."11

"(...) mergulhar os tecidos na água com sabão, os tecidos que cobrem e protegem as diferentes partes do corpo, ou são um complemento das janelas, e dos móveis; presenciar o flutuar da sujidade à tona de água, por entre o sabão perfumado e amaciado pela glicerina; reflectir, com perplexidade, sobre o vidro e a cera, quando com ela a mão passa devagar e deixa, nos ta-buados, uma luz; varrer o chão que é o caminho que li-ga os diferentes compartimentos da casa, os do dia e os da noite; cerrar os olhos sobre os ruídos, os odores e as lâmpadas, cada um com seu destino; ficar nas vibrações deste espaço receptivo, à espera que alguém entre, e se-ja o visitante esperado: Rilke, Münzer, o pobre, Ana de Peñalosa (...)."12

Encontramos também, nestas e noutras autoras, um tipo de atenção que foca secretos gestos ou inci-dentes aparentemente insignificantes como reveladores de atitudes fundas perante a vida. Em A costa dos mur-múrios (1988) de Lídia Jorge, por exemplo, a narrado-ra dá-nos a pensar o processo de transformação/defor-mação sofrido por homens-militares durante a guerra colonial. Conta-nos como o oficial seu marido, em Lis-boa um brilhante estudante de Matemática, passou a olhar a guerra, em Moçambique, como uma carreira de heroísmo. Porque, diz-nos ela, ele gostava de se olhar à noite ao espelho no quarto, para ver a sua cicatriz que lhe parecia comparável à do seu chefe militar -- o ge-neral-modelo que a todo o custo pretendia imitar:

"Levou-me a ver a cicatriz como se mostra uma paisagem, um recanto, se vai até um miradoiro para tirar uma fotografia. 'Vês ali?' -- disse ele. [E ela pensa consigo mesma:] Não és mais a pessoa com quem fiz namoro e muito mais que namoro, amor até esgotar (...). Não és mais o mesmo. Estamos deitados lado a lado na areia, mas a cicatriz do capitão separa-nos."13

Curiosamente, também nos romances de autoria masculina, sobretudo a partir de 1974, é visível uma diferença quanto às figurações do feminino. As perso-nagens-mulheres criadas por escritores-homens apre-sentam-se, diferentemente das masculinas dos mesmos romances, atravessadas por uma nova energia vital que confere à vida, tanto individual como colectiva, uma nítida prioridade que as leva a criar novas relações com os outros, com a natureza, como os acontecimentos e com todas as coisas, afinal. Apercebemo-nos de que muitas dessas personagens estão grávidas de inovação -- ética e estética --, a nível das atitudes e das lingua-gens; que detêm uma sabedoria antiga e secretos poderes que escapam aos homens com quem convivem (personagens, narradoras ou não, e até os próprios escritores); que procuram por múltiplos caminhos uma vida espiritualmente mais abrangente e mais significa-tiva, não só para si mesmas mas para todos.14

Julgo que estes traços, na quantidade e quali-dade que os revelam, constituem um sinal que ilumina -- nas mulheres enquanto sujeitos e objectos da escri-ta e enquanto actoras reais da História -- uma nova consciência cívica, cultural e política. Em suma: estas mulheres, ficcionais, emergem como portadoras duma nova dimensão da vida, duma outra ética, duma outra hierarquização dos valores, o que -- quem sabe? --poderá vir a tornar-se, num futuro já não muito longín-quo, uma realidade. E isso poderá representar um acréscimo importante à imagem da nossa identidade colectiva: uma identidade seguramente mais rica, porque inclusiva das vozes femininas até agora (quase) silenciosas no que diz respeito às grandes opções do mundo e da vida.

Evidentemente, só o tempo o poderá confir-mar.

NOTAS

1 Todos os dados estatísticos aqui citados referem-se ao ano de 1990-91, e são retirados do estudo feito pela Comissão para a Igualdade e os Direitos das Mulheres, publicado em 1994: Portugal: situação das mulheres, Lisboa, CIDM.

2 Id., p. 9.

3 Nos anos 60-61, quase só havia doutoramentos femininos em Letras; em 79-80: 71% em Letras, 70% em Ciências Exactas, 53% em Ciências Médicas. A evolução das percentagens globais em doutoramentos femininos foi a seguinte: anos 60 -- 5,1%;anos 70 -- 18,1%; anos 80 -- 33,7%.

4 Em 1994, verifica-se a existência de cerca de 2% de mu-lheres no topo do Poder Local, 7% na Assembleia da República, duas Ministras e 4 Secretárias de Estado.

5 Ver o recente livro com depoimentos de actuais e ex-de-putadas à Assembleia da República, organizado e publicado pelas actuais deputadas Margarida Silva Pereira e Ana Bettencourt, no início de 1995: Mulheres políticas: as suas causas, Lisboa, Quetzal.

6 Nos últimos anos, os melhores resultados, mesmo em cursos como Física Teórica, têm sido atribuídos às estudantes raparigas.

7 Nos últimos vinte anos existem em Portugal quase tantas mulheres como homens escritores.

8 CENTENO, Yvette, Matriz, 1988, p. 102.

9 GERSÃO, Teolinda, O silêncio, 1981, pp. 115-6.

10 BARRENO, Maria Isabel, O inventário de Ana, 1982, p. 95.

11 SALEMA, Teresa, O lugar ausente, 1991, p. 21.

12 LLANSOL, Maria Gabiela, Finita, 1987, p. 141.

13 JORGE, Lídia, A costa dos murmúrios, 1988, pp. 66-7.

14 Ver, por exemplo, algumas das personagens dos romances de José Saramago, Almeida Faria, Cardoso Pires, Vergílio Ferreira, entre outros.

*Professora da Universidade Nova de Lisboa.

desde a p. 47
até a p.