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"EM DEMANDA DO CATAIO"

Eduardo Brazão

Em 1603, o jesuíta Bento de Góis entrou na China com o objectivo de percorrer os trilhos sulcados, três séculos antes, por Marco Polo. Quatro longos anos demorou esta travessia "em demanda do Cataio".

Numa obra concisa mas recheada de pormenores, o dr. Eduardo Brazão, ex-cônsul de Portugal em Hong Kong e ex-embaixador do nosso País na Santa Sé, reconstitui este importante trajecto de Bento de Góis, inserindo-o entre outros acontecimentos da sua época, quando Portugal e a China se miravam ainda de longe, com uma curiosidade integralmente por saciar.

"Editado pelo Instituto Cultural de Macau, este excelente trabalho vem mostrar, no período de transição da entrega da soberania deste Território à China, a preocupação que, desde o iní-cio, sempre tiveram os Portugueses em conhecerem bem o Império do Meio, a sua História longa e gloriosa, e em a tornarem conhecida do mundo" - escreve o padre Bejamim Videira Pires, em prefácio à segunda edição desta obra.

"Em Demanda do Cataio" consegue ser, ao mesmo tempo, uma obra erudita e acessível. Outra coisa, de resto, não seria de esperar de Eduardo Brazão, autor de uma vasta bibliografia hoje já clássica, da qual se destacam, entre outros títulos, a História Diplomática de Portugal, A Restauração e as Colónias Portuguesas, D. João V e a Santa Sé e Apontamentos para a História das Relações Diplomáticas de Portugal com a China (1516-1753).

(Instituto Cultural de Macau, 2a edição, 1989, 55 páginas)

"PORTUGALBUM"

Luís Sá Cunha

O subtítulo desta obra é elucidativo: "55 quadros para conhecer Portugal e seu povo". Como diz o autor numa "justificação" preliminar, trata-se, fundamentalmente, de "explicar Portugal, o seu Povo e Cultura e História, à população chinesa de Macau".

Descreve-se assim, através da palavra e da imagem, "a face visível do essencial português, nas linhas gerais e mais marcantes da sua Geografia, carácter nacional, Etnografia, símbolos identificadores, momentos da História e da Arte, moções da Alma e dos Mitos". Sem preocupações eruditas, sem elocuções teóricas, tendo como critério central a divulgação.

Deste modo, pelas páginas de Por-tugalbum vão desfilando temas como A Saudade, Sagres, O Fado, As Romarias, O Vinho, O Azulejo, Os Lusíadas e As Quinas. Temas ao mesmo tempo tão díspares e tão interligados. E todos tão nossos...

Outros, claro, poderiam ter sido os verbetes incluídos no volume, como de resto é sina de qualquer antologia baseada em critérios essencialmente subjectivos. Mas, no seu conjunto, este Por-tugalbum apresenta, "de forma singela, interessante e bem seleccionada, expressões da nossa cultura e maneira de viver", como salientou o professor António Carmo em recente artigo publicado no semanário Tribuna de Macau.

(Instituto Cultural de Macau, 1989)

"RAID" TERRESTRE MACAU-LISBOA

No dia 17 de Abril de 1988, seis portugueses residentes em Macau, acompanhados de um mecânico chinês, efectuaram pela primeira vez a ligação por estrada entre o Território e Portugal.

Gastaram 49 dias neste percurso inédito entre as ruínas de S. Paulo e a Torre de Belém. A 5 de Junho, chegavam a Lisboa e, no dia 10, representaram Macau nas comemorações oficiais do Dia de Portugal, realizadas na cidade da Covilhã.

Vinte mil quilómetros por estrada, nove países sulcados entre Macau e Lisboa e um largo punhado de histórias para contar. Elas aqui ficam neste livro que constitui um bom relato do "raid" terrestre empreendido por João Queiroga, João Severino, Jorge Barra, Vitalino Carvalho, José Babaroca, Mok Va Hoi e João Santos. Um oitavo "raidista", Carlos Marreiros, ficou por terra mas também tem muito que contar...

(Instituto Cultural de Macau, 1989, 113 páginas)

"ANEDOTAS, CONTOS E LENDAS"

J. J. Monteiro

O "poeta-soldado" de Macau, J. J. Monteiro, não necessita de apresentações: figura castiça do Território, português de velha cepa que aqui chegou na juventude e por cá constituíu família, tornou-se bem conhecido, em Macau, pelas quadras populares que compôs em vasta profusão. E, se produziu em quantidade, não descurou também a qualidade: muitos dos seus versos mereceriam figurar em qualquer antologia do género.

Mas J. J. Monteiro tinha ainda outra faceta, mais desconhecida do grande público: para além dos adágios e das narrativas em pé-quebrado, cultivou igualmente o humor. Sempre em forma de verso. É isto mesmo que nos revela o livro Anedotas, Contos e Lendas, edição póstuma que teve o patrocínio do Instituto Cultural de Macau. Uma obra na qual o "poeta-soldado" revela uma "expressão simultânea de grandeza e aniquilamento", como salienta o padre Videira Pires na nota introdutória a este volume.

"J. J. Monteiro nasceu para esta vocação, às vezes heróica: rir e fazer rir, ainda quando parece que só haveria motivos para chorar"- sublinha Videira Pires, acrescentando que "o humorismo negro de André Breton e Lautréamont de julgar a vida um absurdo não é tentação em que o Monteiro caia".

Dedicado aos descendentes que aqui deixou e aos "velhos e caros Amigos" que acompanharam a sua peregrinação de décadas no Território, este livro de J. J. Monteiro constitui um caso à parte no panorama editorial de Macau, prova evidente de que a literatura de expressão popular, com sólidas raízes portuguesas, também encontrou os rumos do Oriente.

(Edição do autor, com patrocínio do ICM, 1989, 369 páginas)

desde a p. 132
até a p.