Lusíada

DA VIDA E MORTE DE UM CRIOULO

Isabel Tomás*

"De todas as curiosidades que os macaístas possam oferecer aos observadores europeus, nada é decerto mais interessante do que a linguagem de que entre si se servem; é uma espécie de dialecto em que, de envolta com português de 1500, andam locuções chinesas e frases inglesadas.

Os homens, mais afeitos ao nosso convívio, pode dizer-se que falam connosco um português aceitável, se bem que a pronúncia venha afectada do descanso e adocicado de que enfermam as línguas neo-latinas nos climas inter-tropicais.

Entre eles, porém, e sobretudo na sociedade feminina, é usada uma linguagem por extremo curiosa que nós, europeus, mal podemos decifrar, mercê do que tem de caprichosa e convencional".

Bento da França- Macau e os seus habitantes,1897

A descrição paternalística e vagamente pedante do falar macaense, que Bento da França nos oferece nos finais do século XIX, não é um caso excepcional, um exemplo extremo de preocupação purista de um viajante que em terras do Oriente depara com uma versão corrompida, quiçá "curiosa", da língua materna.

Encontramos referências a pidgins e crioulos, desde a Idade Média, em descrições de viagens, cartas, relatos de missionários, correspondência de governantes e administradores, gra máticas, traduções de textos religiosos e ensaios. As semelhanças lexicais com as línguas europeias que de algum modo lhes estiveram na origem, por um lado, essas "curiosidades" estruturais e fonéticas que as diferenciam das línguas metropolitanas, por outro lado, fizeram com que, desde o seu início, tivessem sido consideradas "adulterações", "jargões curiosos e macar-rónicos", "corruptelas infantis e primitivas", estropiadas versões da língua padrão, na boca de grupos ou comunidades tradicionalmente olhadas como inferiores, rácica, social e culturalmente.

Da interpretação vicentina do falar dos negros de Quinhentos (Clérigo da Beira, Nau de Amores, Frágua d'Amor), para quem nem sequer a brancura, sofrida a golpes de martelo, abre a mágica porta da integração na sociedade branca, já que a "fala de negro" os marca irremediavelmente como inferiores,

« Negro: Já mão minha branco estai
    e aqui perna branco he, 
    mas a mi fala Guiné: 
    Se a mi negro falai, 
    a mi branco para que? 
    Se fala meu he negregado, 
    e não fala Portugás
    para que mi martelado? »
    (Gil Vicente - Frágua d'Amor) 

à definição da Enciclopédia Britânica, já neste século, de pidgins e crioulos como "um jargão bastardo e sem regras, cheio de imbecilidades infantis, vulgaridades e corrupções" (1), até à não muito longínqua concepção académica da origem de pidgins e crioulos na simplificação intencional da língua metropolitana, por parte da classe dominante, para facilitar a comunicação com a população dominada, obviamente primitiva e infantil (Jespersen, Schuchardt), o olhar ocidental sobre estas línguas tem sido filtrado e distorcido por preconceitos e estereotipos.

Nas últimas décadas, contudo, o desenvolvimento dos estudos crioulísticos levou a uma mudança de atitude, se não por parte dos leigos, pelo menos do mundo académico. O estudo dos crioulos tornou-se um vector fundamental no estudo da mudança da língua e na compreensão dos processos complexos da comunicação humana.

O QUE É UM CRIOULO?

Um crioulo é uma língua materna de criação relativamente recente (se tivermos como ponto de comparação as línguas europeias e a maior parte das línguas não ocidentais), cujo aparecimento resultou de uma situação de contacto, de um "encontro linguístico" em situações históricas, sociais, políticas e linguísticas específicas. A sua relativa "juventude" não obsta, no entanto (e é importante acentuá-lo), a que exibam a complexidade, a subtileza e o poder expressivo que encontramos em todas as outras línguas, pese embora a sua maior ou menor antiguidade.

Como língua materna que é, todo e qualquer crioulo terá de preencher as funções comunicativas, expressivas e intelectuais (abstraizan-tes) que os seus falantes dela requeiram. Utilizá--lo-ão para negociar, rezar, discutir, namorar, seduzir, brincar, cantar, troçar, governar, submeter-se, insultar, transmitir conhecimentos e tradições, convencer, argumentar e implorar. Uma língua que não permita, aos seus falantes, o exercício da gama de actividades humanas para as quais universalmente utilizamos a linguagem, será inexoravelmente rejeitada, preterida e esquecida. O rol das "línguas mortas" atesta-o, sem dispensar obviamente a necessária análise dos factores que levaram tais línguas a deixar de preencher tais funções, o que faremos noutra parte deste trabalho.

Poder-se-á argumentar, no entanto, que determinados crioulos são mais "pobres" em certas áreas semânticas, se comparados com o padrão das línguas ocidentais. Dir-se-á talvez que não existem ensaios e obras literárias, tratados filosóficos ou legais ou obras de carácter científico nos crioulos conhecidos. Se atentarmos no entanto na especificidade sociocultural e política das comunidades crioulas - em geral minorias discriminadas - a cuja expressão linguística foi imposto um estatuto de inferioridade, quer pela presença física de uma classe dominante, falante de outra língua (Papiá Kristang de Malaca), quer pela manutenção de um padrão de prestígio - a língua metropolitana - veículo e modelo das classes sociais que detêm o poder (lingu Makista).

A partir do momento em que, por circunstâncias histórico-políticas, o crioulo se torna a variante de prestígio, as formas tradicionalmente mais sofisticadas aparecem, o crioulo desenvolve uma expressão literária (Cabo Verde), cria uma expressão jornalística (Guiné-Bissau, Serra Leoa), atinge porventura (no caso da sua adop-ção como língua oficial) uma expressão buro-crático-legal.

E inevitavelmente, se o desenvolvimento educacional e científico e tal der azo, criará também, como o fizeram outras línguas (e uma leitura dos textos arcaicos portugueses fornecerá uma demonstração exemplar), as formas adequadas a tais funções.

Embora tradicionalmente o termo crioulo se aplique unicamente a línguas de formação recente, a análise de um caso paralelo de desenvolvimento linguístico - da evolução do Latim para as línguas românicas - poderá clarificar a posição dos que reivindicam um estatuto de maturidade para os crioulos.

Polomé (1983:132) propõe as seguintes condições para que se assuma um processo de crioulização como factor determinante na mudança linguística operada numa língua:

1)A existência de provas claras de ruptura na continuidade do desenvolvimento linguístico.

2)A existência de traços linguísticos característicos da crioulização (fases de simplificação e de reestruturação).

3)A existência de evidência adequada das con dições socioeconómicas ou político-culturais através das quais se documente o processo de des-culturação/aculturação sofrido pelos não-falantes ao adquirirem a língua.

As invasões bárbaras produziram a ruptura no processo normal de evolução do Latim; encontramos, na fase de transição para as línguas românicas, uma fase de simplificação estrutural, seguida de uma reestruturação, em que as línguas "bárbaras" interagem com a forma simplificada e a reorganizam. Atinge-se assim uma fase de diglossia em que uma variante da língua - o Latim Clássico - falado pelas classes mais altas, é a variante de prestígio, coexistindo com um latim "crioulizado", que se espalha rapidamente pela população crescente de bárbaros invasores.

A evolução linguística normal do Eatim teria naturalmente levado a uma mudança gradual, evidente já no período em que o Eatim falado -o Eatim Vulgar - se começa a diferençar do Eatim Clássico. No entanto, o caos social e político do século V e o desmoronamento subsequente das estruturas administrativas romanas, que leva à queda do Império, interrompem subitamente a continuidade do desenvolvimento linguístico. Mesmo a romanização tardia, levada a cabo pela cristianização, veiculada pelo Latim, não consegue suster a violenta reestruturação linguística que se opera dentro das fronteiras do Império em desagregação. O fortalecimento de traços dialectais latentes no próprio Latim, a influência persistente das línguas pré-românicas e a especificidade sociocultural das diversas províncias do Império, levam em breve ao desenvolvimento dos dialectos proto-românicos.

Poderíamos pois afirmar, adoptando um sentido extremamente lato do termo "crioulo", que as línguas românicas - cujo estatuto de línguas "normais" e complexas não foi nunca posto em causa - foram, no seu estádio inicial, línguas crioulas.

No caso das línguas crioulas propriamente ditas, as condições propostas por Polomé continuam a ser preenchidas.

O deslocamento abrupto e maciço de populações, que se opera com o desenvolvimento da exploração esclavagista pelas nações europelas, a partir do século XV, favorece a ruptura linguística requerida. Não só o transporte envolve falantes de variadas línguas africanas e orientais, mutuamente incompreensíveis, mas também o "senso comum" leva a uma política de dispersão dos escravos da mesma língua, na tentativa de diminuir ou mesmo eliminar o risco de sublevação.

Temos assim um modelo de "encontro linguístico" em que uma mão-de-obra recrutada coercivamente, forçada a um estilo de vida definido pelos seus proprietários, deles segregada social e fisicamente, se encontra numa situação de desenraizamento brusco do meio próprio, numa situação de pluralismo linguístico, em que o modelo coesivo de contacto é, inevitavelmente, a língua dos senhores.

Esta é a situação típica do crioulo de planta ção - o produto linguístico de sociedades de plantação em que largo número de falantes de línguas diversas vivem segregados, dominados por uma minoria que, essa sim, apresenta uma coesão linguística - a língua metropolitana. Es-tes crioulos, tipicamente oriundos de uma situação de escravatura, representam a quase totalidade dos crioulos da zona atlântica - Suriname, Curaçau, Haiti, Jamaica, Belize, São Tomé, Príncipe, Ano Bom, Cabo Verde.

Por plantação entendemos:

1. Uma unidade de terra numa área tropical ou subtropical,

2. em que se pratica uma cultura(s) comercial,

3. destinada à distribuição lucrativa nos merca dos da Europa,

4. em que a mão-de-obra é fornecida por escra vos não europeus,

5. e em que a terra e outros meios de produção são propriedade de europeus, dependentes politicamente de uma nação europeia.

(Washabaugh e Greenfield, 1983:107)

Se olharmos para as zonas de plantação estabelecidas na área atlântica pelos portugueses, logo na fase de início da expansão ultramarina, encontramos precisamente estas mesmas características. Na Madeira, desabitada como as demais ilhas aquando da descoberta, a importação de escravos canários, empregados como "mestres de açúcar", possibilita o cultivo da cana-do--açúcar.

Na época de colonização de Cabo Verde, contudo, já a população nativa das Canárias tinha sido dizimada e os portugueses trazem os seus escravos do continente africano. Mais tarde, em São Tomé e no Príncipe as plantações dependem, para a sobrevivência, da importação em larga escala de escravos africanos (2).

Excluídos activamente da participação na vida social da classe dos senhores e capatazes, exigia-se-lhes no entanto que se comportassem como "portugueses", que se conformassem às práticas culturais lusitanas. Desta pressão contraditória surge muito cedo, finais do século XV, uma identidade, uma cultura e uma língua crioulas em que desde o início foram incorporados elementos de línguas e culturas africanas.

No continente africano, no entanto, só em finais do século XVI surgem os primeiros crioulos e estes (Guiné-Bissau e Senegal) por importa ção do modelo cabo-verdiano, através da migração posterior que se opera das ilhas do Arquipélago para a costa do Golfo da Guiné.

A ocupação portuguesa do continente africano é no início uma ocupação com intuito mercantil e religioso, estabelecendo feitorias e entrepostos onde os portugueses obtêm os bens cobiçados, negociando acordos com os chefes locais, elevados por vezes a posições simbólicas de poder dentro da hierarquia do Reino. Deste modo, concedeu-se às populações nativas da costa africana um certo grau de autonomia, permitindo--lhes manter as línguas e costumes tradicionais, na condição de reconhecerem a suzerania portuguesa e de se conformarem aos ditames religiosos e económicos que lhes eram impostos. Daí a inexistência de um crioulo angolano.

No Oriente contudo, os vectores de contacto com as populações locais foram radicalmente diferentes.

As rotas abertas em busca das especiarias, do sândalo, das sedas e das porcelanas, põem--nos em contacto com populações detentoras de organizações político-sociais complexas, de culturas antiquíssimas e de traços civilizacionais que, ainda que diversos e "exóticos", suportavam a comparação com o modelo civilizacional europeu.

A política de povoamento portuguesa no Oriente é assim, desde o início, "uma política sexual de formação de sociedades multiraciais e de fixação demográfica através da criação de uma população mista". (Almerindo Lessa, 1970:7) (3).

Sob a égide de Albuquerque floresce uma política de mestiçagem, preparada "física e psicologicamente, na pele e na alma da nação portuguesa, na sua carne (pelas raízes moçárabes) e no seu espírito (pelos impulsos universalistas)". (Ibidem, pág. 5) (4).

Se a ausência de preconceitos raciais no cruzamento com outros povos facilitou e impulsionou a miscigenação, a carência de mulheres europeias disponíveis, no Oriente, transforma essa miscigenação numa política de "bom senso". Os rigores da longa viagem a bordo de caravelas e naus,

"minúsculos barcos rolando como rolhas no cavado das ondas, a coberta enxameando de soldados de linguagem rude e maneiras ásperas; alimentos parcos e grosseiros, acomodações apertadas e exíguas, sem qualquer segurança, e sempre a possibilidade de naufrágio em costa inóspita e selvagem ".

(Elaine Sanceau, 1957:237)(5)

"Cada nau transportava 500, 600 ou mesmo 700 pessoas, assim como armas, artigos utilitários e escravos. Os motins eram frequentes. Entre a partida e a chegada muitos dos passageiros morriam e serviam de alimento aos ratos".

(Lessa, ibidem, pág. 7) (6)

Era, por esta razão, escasso o número das mulheres que arrostavam os perigos de tal viagem.

Para lá desta motivação de ordem prática, uma razão política mais profunda determina o apoio, dado por Albuquerque e seus sucessores, à miscigenação.

A população portuguesa de Quinhentos é, na escala do projecto de expansão que se propõe, tragicamente diminuta. Em 1527, o primeiro nu-meramento, ordenado por D. João III, dá uma população entre 1 100 000 e 1 400 000.

O sonho das Índias,

    "Dura inquietação d'alma e da vida, 
    Fonte de desamparos e adultérios, 
    Sagaz consumidora conhecida
    De fazendas, de Reinos e de Impérios
    … … … … … … … 
    Por quem se despovoe o Reino antigo... "
    (Camões, Os Lusíadas, Canto IV)

sangra a população do continente. Tal sangria, por mais elevada que a sua expressão numérica tenha sido, não consegue no entanto suprir as necessidades de capital humano que o domínio das rotas marítimas e comerciais, e a manutenção e defesa dos entrepostos no Oriente, exigem. A carência de meios humanos terá de ser suprida de algum modo, para que o sonho das Índias se cumpra. A cristianização e a política de miscigenação produzem in loco e de modo eficiente uma população cuja lealdade tem como fonte e penhor os laços religiosos e de sangue.

O reconhecimento da urgência e da importância de tal política levam ao encorajamento e protecção que a Coroa, na pessoa dos seus representantes - os Vice-Reis - e através de Cartas Régias, concede aos casamentos de portugueses e mulheres nativas, de que resulta o carácter particular de integração linguística e cultural, de adaptação interactiva exemplar, de que os crioulos portugueses no Oriente são expressão.

Q uando falamos de crioulos, e em especial dos crioulos de base portuguesa no Oriente, encontramo-nos repetidamente a empregar expressões como "extinto", e "em vias de extinção", como se de especimenes biológicos, plantas ou animais, se tratasse. Plantas e animais, como entidades orgânicas que são, completam um ciclo de vida predizível e inevitável em que nascimento, infância, maturidade e gradual decadência são momentos sucessivos dum percurso que culmina, inexorável e definitivamente, na morte.

A metáfora biológica, popular entre os estudiosos das línguas no século dezanove, leva o linguista alemão Franz Bopp(7) a afirmar:

"As línguas devem ser consideradas corpos orgânicos e naturais, que se formam de acordo com leis fixas, se desenvolvem como se possuíssem um princípio de vida interno, e gradualmente se extinguem ".

Esta visão um tanto ou quanto simplista da morte das línguas como um proceso "natural", "biológicamente determinado", é, passado século e meio, inaceitável.

Por um lado, a mudança gradual sofrida por uma língua ao longo de séculos é, por vezes, por razões históricas, acompanhada de uma mudança de nome. Línguas ditas "mortas", pelo simples facto de já não haver quem as fale como língua materna, continuam "vivas", ainda que radicalmente alteradas na sua forma. Tal é o caso do Latim. Sofrendo ao longo de séculos um processo de mudança e divergência que lhe alterou a aparência e o nome, o Latim, em certo sentido, subsiste e persiste nos seus directos descendentes - as línguas românicas.

Por outro lado, não podemos ignorar o facto de que algumas línguas efectivamente "morrem" ou desaparecem, não num processo lento e gradual de transformação linguística, mas de modo muito mais dramático, no espaço de duas ou três gerações. É esse desaparecimento dramático e radical que verificamos em muitas das línguas crioulas.

Porque morre uma língua? É aqui que, fundamentalmente, nós nos afastamos hoje em dia da metáfora biológica, tão cara aos linguistas do século passado.

Uma língua morre, não por ter atingido a fase final do seu ciclo de vida, uma senilidade linguística determinada por um "princípio interior", por "leis fixas" e orgânicas, mas porque outra língua gradualmente a expulsou, por razões sociais e políticas.

Os crioulos "extintos" ou "em vias de extinção", são casos exemplares que confirmam uma causalidade de raiz social e política como explicação da morte das línguas.

A MORTE DOS CRIOULOS

O ciclo de vida de uma língua "normal" dura séculos e séculos. O processo de transformação é quase imperceptível a cada geração dos seus falantes. Do "Latim bárbaro" dos primeiros documentos portugueses ao português das Cantigas de Amigo; da língua de Gil Vicente ao português de João de Barros e Camões; de Hercu-lano e Eça a Pessoa; de Jorge de Sena e Agustina ao português que falamos em casa e na rua, vão séculos de alterações subtis e constantes, de que o falante comum raramente se apercebe, ainda que esporadicamente verificadas e contestadas -vejam-se os ataques dos gramáticos do século XVI e os "consultórios gramaticais" que pululam na televisão e nos jornais portugueses.

Olhar para uma língua "normal" - como, por exemplo, o português - e traçar a lenta evolução fonológica, semântica e sintáctica sofrida de geração em geração, é uma tarefa lenta e mi-nuciosa, um longo filme que projecta séculos no écran da nossa atenção.

O filme do ciclo de vida das línguas é, pelo contrário, projectado em acelerado, onde os factores sociais e políticos são actores de primeiro plano.

Línguas relativamente jovens, com uma fase inicial muitas vezes extremamente rápida, em que se passa de uma mera linguagem de contacto - um pidgin - veículo auxiliar de uma comunicação mínima entre falantes de línguas diferentes, à língua nativa de uma comunidade, no espaço de duas gerações, os crioulos parecem sofrer da mesma aceleração no seu estádio final.

Os crioulos de base portuguesa no Oriente, hoje considerados extintos, estavam ainda vivos no século passado. E aqueles que restam: Papiá Kristang de Malaca, crioulos portugueses do Sri Lanca e da Indonésia, crioulos de Damão e de Korlai, na Índia, apresentam sintomas claros de um desaparecimento mais ou menos iminente.

O que acontece a um crioulo, uma vez estabelecido como língua materna de uma comunidade?

"As alternativas básicas parecem bastante claras. Um crioulo pode continuar indefinidamente sem mudança substancial, como parece acontecer com o crioulo francês do Haiti. Pode tornar-se extinto, como está a acontecer ao "Negerhollands" e ao "Gullah ". Diremos que se pode transformar numa língua "normal", embora seja difícil encontrarmos exemplos documentados de tal alternativa e mais difícil ainda definir o que entendemos por língua "não crioula" ou "ex-crioula". Finalmente pode convergir com a língua padrão correspondente, como está a acontecer na Jamaica ".

(David Decamp, 1971:349).

O exemplo da primeira alternativa, o crioulo francês do Haiti, revela a persistência de factores sociais e políticos que levaram ao apareci-mento de uma situação diglóssica (Ferguson:1959): duas variantes mutuamente ininteligíveis, a que foi atribuído um estatuto respectivamente de "Língua Alta" e de "Língua Baixa"-o francês e o crioulo - existem, lado a lado, na mesma comunidade. Cada uma delas com um papel definido e com uma especialização de funções que lhe é própria:

"Num conjunto de situações, A (variante Alta) será apropriada e, noutro conjunto, unicamente B (variante Baixa), com os dois conjuntos sobrepondo-se apenas ligeiramente".

(Ferguson, 1972:235)

B é utilizada entre os membros da família, com amigos e em situações informais; A será uti-lizada na escola, na imprensa e em situações de maior formalidade.

Para um falante haitiano de educação formal, mudar de uma variedade para outra, conforme a situação social de uso da língua (formal ou informal, com familiares ou superiores, na rua ou no emprego), assemelha-se à utilização alternada de duas línguas completamente diferentes, a materna e a estrangeira.

Esta terá sido a situação nas comunidades crioulas de base portuguesa, sempre que o criou-lo tenha coexistido com uma língua dominante, de maior prestígio social, tivesse ela sido o português ou qualquer outra.

A terceira alternativa parece também ser determinada por factores políticos e sociais. O crioulo terá de tornar-se a língua dominante e de prestígio, para poder evoluir para uma língua "normal" (e entendemos por língua "normal", uma língua sem o estigma de inferioridade que "normalmente" é atribuído aos crioulos).

O crioulo de Cabo Verde parece estar a evoluir nesse sentido, não obstante a permanência do português como língua oficial. A tendência para o estatuto de língua "normal" do cabo-verdiano é evidente na consagração de uma literatura em língua crioula, na sua utilização na imprensa e na mudança de atitude dos seus falantes em relação à língua materna, não mais sentida como inferior, ferrete de uma comunidade relegada para o fundo da escala social por uma mentalidade colonialista, mas agora utilizada como factor de uma identidade cultural nacional, de raiz especificamente cabo-verdiana.

São no entanto as outras duas alternativas: a convergência com a língua padrão (metropolitana) e a extinção, que nos interessam neste trabalho.

SUICíDIO OU ASSASSíNIO?

Jean Aitchinson (1981: 208-22) atribui a designação sugestiva de suicídio e assassínio às duas alternativas apontadas por Decamp para a morte de uma língua:

"A primeira possibilidade é a de que os falantes da velha língua continuem a falá-la, mas -importando gradualmente formas e construções da língua socialmente dominante, até que a mais antiga não possa mais ser identificada como uma língua separada. Esta é na realidade uma forma extrema de empréstimo linguístico. A língua parece cometer suicídio. Destrói-se lentamente, importando mais e mais formas da língua de prestígio, até destruir a sua própria identidade.

"A segunda possibilidade é bem mais dramática. Em certas circunstâncias a velha língua desaparece pura e simplesmente. Trata-se não tanto do desaparecimento natural de uma língua, como de um caso de assassínio, assassínio pela língua dominante, à medida que esta gradualmente suprime e expulsa a língua subsidiária".

UM CASO DE SUICÍDIO

O desaparecimento da lingu Makista é um caso exemplar de suicídio.

A coexistência geográfica prolongada com a língua metropolitana que lhe deu origem, língua com estatuto de língua dominante (simultaneamente língua oficial e língua de prestígio), é uma das condições determinantes e presentes.

Outra das condições necessárias, a mútua ininteligibilidade das duas variantes, encontra-se também presente. A similitude é flagrante:

"Que pena eu nôn pôde escrevê portuguez assim galante como aquele bulicioso de manjor Rua; mas mesmo cusa tudo portuguez-portu-guez que tá bem curtido já com nosso lingu de Macáo, lôgo entendê esse rabucenga que eu escrevê".

(Marques Pereira, 1889, Vol I: 124)

O crioulo possui uma vasta componente lexical de origem portuguesa, ainda que a divergência seja mais flagrante a nível sintáctico e fo-nológico. Torna-se assim extremamente fácil a importação das formas padrão.

Em terceiro lugar, não existiu em Macau uma estratificação social rígida entre a comunidade crioula e a comunidade metropolitana, como foi o caso dos crioulos atlânticos, em que o crioulo se associou às classes mais baixas (em regra, os descendentes dos escravos). Se bem que durante muito tempo os lugares de chefia na administração do território tenham sido quase exclusivamente reservados aos metropolitanos, existiu sempre suficiente mobilidade social para motivar grande número de falantes de "patois" a aproximar a sua fala da variante padrão.

Por último, encontramos em Macau um programa educativo suficientemente forte para, sobretudo neste século, contribuir para o exa-cerbamento da pressão correctora do português sobre o crioulo:

"Vós lôgo sintí grandi diferença na minha modo di escrevê. Eu. já aperfeiçoá bastante neste um pôco temp. Tudo este escóla novo de machu e femia, e aquela gazeta Ta-ssi-yang-kuo já fazê indretá bastante nosso lingu ". (Ta-ssi-yang-kuo, 1å série, 5 de Janeiro de 1865)

Alguns macaenses referiram-nos castigos a que as crianças estavam sujeitas, nos anos trinta e quarenta, se na escola fossem apanhadas em flagrante delito de uso do "patois".

As pressões correctoras não operam, no entanto, de modo uniforme em todos os falantes do crioulo. O grau de aculturação depende defactores diversos, tais como a idade, o sexo, a classe social, o acesso à escolarização e o nível nesta atingido, e ainda a frequência e intensidade do contacto com falantes metropolitanos.

O processo de aproximação da língua padrão é, além disso, um processo relativamente lento. Daí o falarmos de um processo de des-crioulização, no qual, em cada momento do seu decurso, poderemos encontrar evidência de um continuum de descrioulização, isto é, a presença de uma gradação sincrónica, associada normalmente à inserção dos falantes em classes sociais diversas, em faixas etárias e de sexo diferentes, que determinam não só o acesso à escolarização como a intensidade de contacto com o modelo metropolitano.

Marques Pereira (op. cit., vol. I; 55) refere três formas, "pelo menos" que seria conveniente distinguir no patois do seu tempo e que ele considera "bem vivo", "senão fallado publicamente e em conversa com os reinoes, pelo menos no seio das famílias":

a) o macaista cerrado ou macaísta puro (se assim se pode chamar), e que é o mais interessante. É falado principalmente pelas classes mais baixas.

b) o macaísta modificado pela tendencia a ap-proximar-se do protuguez corrente. É usado pela gente mais polida e que está mais em contacto com o elemento reinol.

c) o macaísta fallado pelos chins (8).

Em 1920(9) encontramos a seguinte referência, com fonte provável em Marques Pereira:

"Os macaístas falam um patois português, muito pouco parecido com o português verdadeiro. Existem três formas deste dialecto: 1) a falada pelas classes mais baixas, 2) uma forma que se aproxima mais do português puro, 3) a falada pelos chineses. Há vários jornais "portugueses" na colónia, que se diz serem escritos em melhor português que os de Goa".

Destas referências parece poder inferir-se a coexistência, em finais do século passado, de uma situação diglóssica - a língua falada "publi-camente e em conversa com os reinoes" e a língua falada "no seio da família" - e de uma descrioulização em curso, para a qual se aponta uma hierarquização social.

Bento da França (1897: 200) aponta para um mesmo processo de descrioulização em que a não unifornidade na aproximação do padrão é determinada pelo sexo dos falantes:

"Os homens, mais afeitos ao nosso convívio, pode dizer-se que fallam connosco um portuguez aceitavel, se bem que a pronuncia venha afectada do descanso e adocicado de que enfermam as línguas neo-latinas nos climas inter-tro-picais.

"Entre eles, e, sobretudo, na sociedade feminina, é usada uma linguagem por extremo curiosa, que nós, europeus, mal podemos decifrar, mercê do que tem de caprichosa e convencional.

"Além de algumas palavras muito adulteradas, outras de pura fantasia, de locuções arreve-zadas e de phrases de convenção, entremetem as nhonhas e nhonhonhas nos seus cavacos intimos, gritinhos, risos, exclamações, etc., que tornam de um cunho completamente original o seu papêa, como elas dizem ".

O processo de descrioulização acima referido conduziu à extinção do "patois", embora ainda hoje subsistam traços crioulos na linguagem familiar da comunidade macaense:

"Apesar de tudo isto (escolarização), o português aprendido na escola não é integralmente empregado na linguagem familiar. Aqui aparecem certas expressões e construções que as pessoas sabem ser incorrectas e que por vezes modificam, quando falam com metropolitanos. Dizem, por exemplo, três pataca, mas sabem como se diz e podem dizer três patacas".

(Batalha, 1957: 4).

Para lá de fenómenos morfológicos como o apontado acima, Batalha encontrou ainda numerosos vestígios do crioulo, quer a nível fonológi-co, quer a nível sintáctico e semântico.

Os textos que nos restam do crioulo macaense do século passado parecem também evidenciar uma descrioulização em processo, pela aparente desigualdade do crioulo em muitos deles. Do maior interesse, são as alusões que neles revelam a percepção que nesse momento os falantes tinham da sua própria língua, do seu estatuto de "inferioridade" e da pressão correctora da língua padrão:

Texto 1.

Sam divéra sintí ung-a ancusa pezado na coraçam quando uvi inglezada fazê chacota di nosso boboriça. Nôs ôtro, Sium cô eu, sam nôs já nacê na Macau; mas nôsso gente sam tudo de aqui, por isso nôs sintí vergonha olá este um pôco, vai pa alá sevandiziá com tudo china-chi-na. Qui sabe Sium lôgo entendê este linguazi ô nadi. Nôsso rancho nunca sã falá assim sa: mas eu já prendê com dôs chacha más véla de Macau, promor de sintí saião deçá cává ung-a lingu assi chistosa. Oze em dia tudo nhonhonha sã falá porteguezado; caregá na R com acung-a Chente.

Estunga linguazi já servi pra eu anos tra-zado visti bobo na Quarentóna na más. Si Siumnom pôde intendê, eu lôgo falá môdo de agora, mêo portugezado, mêo ingrezado.

(Marques Pereira, op. cit., III: 781)

    Texto 2. 
    Sã linguaze de estudante
    nôsôtro nunca entendê, 
    porque, 
    quando elle criança, 
    algu cusa já prendê. 
    
    Nunca sã cimo ôtro criança, 
    sua lingu caregado; 
    vai estudo, 
    vên pâ casa
    sã fálá porteguezado. 
    
    Nôs nun sã chómá porcobezo? 
    Elle nunca, 
    - siára óla: 
    elle fálá percebejo, 
    tude "r" caregado. 

(Marques Pereira, op. cit., I: 59-60).

Texto 3.

A. - Primo falla erradamente Falla apenas um "patois"

J. F. - Masqui patuá, tudo gente Entendê cusa eu fallá.

(Marques Pereira, op. cit., I:) (10).

Marques Pereira (op. cit.: 55) refere também os efeitos da escolarização em português:

"Teem-se modificado sensivelmente essas circumstancias nos ultimos annos, com as medidas tomadas pela metropole no sentido de apor-tuguezar a instrucção publica da colonia. Não é agora occasião, nem este o logar, para discutir se essas medidas foram bem orientadas: mas, o certo é que os resultados teem-se visto: quer no modo como os macaistas, que nunca vieram ao reino, fallam; quer pela maneira como redigem hoje os seus jornaes, na generalidade mais bem es-criptos e em melhor portuguez que os indianos".

A lentidão do processo de convergência, a sobrevivência de traços crioulos, não só na língua como na cultura macaense, o carinho que "os filhos da terra" mostram pela chistoza lingu dos seus antepassados, demonstram que se o patois se suicidou não o fez sem dor e sem resistência.

UM CASO DE ASSASSÍNIO

O assassínio de uma língua, isto é, o seu processo de extinção, é bem mais dramático que o processo de suicídio descrito acima.

Primeiro que tudo, o assassínio envolve a coexistência geográfica de duas línguas mutuamente ininteligíveis. A língua dominante, política e socialmente, substitui, no decorrer de uma ou duas gerações, a língua materna de uma comunidade.

A primeira geração afectada é normalmente bilingue durante a infância, igualmente competente na língua materna, aprendida com os pais, e na língua dominante localmente, a que é exposta na rua, no mercado e na escola.

Como por norma as comunidades crioulas possuem reduzidos recursos económicos, e dado que as suas ocupações tradicionais: a pesca (Malaca), a agricultura (Korlai), os pequenos mesteres (Damão), se encontram ameaçadas pelas transformações económicas na área em que vivem, tais comunidades recorrem à emigração como alternativa de sobrevivência, ou mesmo de melhoria da sua situação económica e social. Transplantados para um novo meio linguístico de que a língua materna se encontra ausente, em breve são levados a esquecê-la, utilizando-a somente nas visitas esporádicas a familiares mais idosos.

Só quando o contingente migratório é relativamente elevado num mesmo local de destino (caso dos Kristang em Singapura e dos Macaenses em Hong Kong), é possível, dados os laços de sangue e a forte identidade de grupo que os une (assente em factores culturais, étnicos ou linguísticos), preservar o crioulo durante mais algumas gerações.

O caso de Hong Kong é particularmente interessante, já que a sobrevivência do crioulo transplantado parece dever-se também à descon-tinuidade operada na pressão correctora do português padrão. No entanto o assédio das línguas dominantes, neste caso o inglês e o cantonês, em breve assegurará a sua substituição, no próprio reduto em que o crioulo se refugia na situação de emigração - o de "língua da casa":

"Mas, Minha Querida Chencha, eu amestê pedi ung-a cuza com vôs, pra quando escrevê ôtro vez nuncabombotá na carta palavra inglez, ô francez, pra tem que incomodá vôsso Tio pra pôde sabe são que cuza. Vôs escrevê na carta "City Hall" -querê que eu divinhá que asnera de palavra são este?"

(Barreiros, op. cit.: 129).

No caso de Singapura, a comunidade não é submetida na origem (Malaca) a qualquer pressão do português (ausente de há muito), para lá do contacto com os padres das Missões portuguesas em Malaca e em Singapura. A proximi-dade de Malaca, o constante fluxo de novos imigrantes e o forte laço de unidade que a religião exerce (quer pela deslocação a Malaca, aquando dos festivais religiosos, quer pela congregação, na Missão portuguesa, da comunidade de Singapura), leva-os a manter, durante algumas gerações, a língua de origem. Hoje, contudo, as gerações mais jovens não sabem já falar Papiá Kris-tang.

Para aqueles que ficam, a alternativa é a da mudança de ocupação. De pescadores, agricultores e lavradores, tornam-se operários, funcionários públicos ou trabalhadores de serviços, actividades que requerem o domínio da língua dominante. Simultâneamente a escolarização obrigatória, que atinge as camadas mais jovens, é feita nas línguas oficiais. A tendência para a utilização da língua dominante pela geração mais nova, entre si e mesmo em casa, é reforçada pelos pais que, frente a um futuro pouco prometedor para os seus filhos, procuram que estes se tornem fluentes na língua dominante, que lhes abrirá a porta de melhores empregos e de ascen-ção social. Encontramos, assim, na comunidade Kristang de Malaca, a utilização quer do inglês quer do malaio como "línguas de casa", na maioria das famílias Kristang.

Situação análoga encontra-se nos crioulos da Índia, onde o inglês e as línguas locais se tornam a língua materna das comunidades crioulas. É de notar que estas comunidades foram sempre bilingues ou mesmo multilingues, já que minoritárias em sociedades linguísticas mais vastas. Só que agora, se o seu multilinguismo se mantém, o crioulo deixa de fazer parte do seu reportório linguístico.

O processo de extinção, normalmente rápido, pode excepcionalmente ser retardado. Trata--se neste caso de comunidades isoladas, em que as ocupações tradicionais se mantêm. A língua e a cultura crioulas sofreram no entanto uma lenta reestruturação que as aproxima das línguas e culturas envolventes. Este é o caso do crioulo de Korlai (aldeia situada a sul de Bombaím, com cerca de 700 habitantes). A proximidade de uma comunidade de língua marata (Baix Korlai, por oposição à aldeia crioula vizinha - Rib Korlai), cujas actividades económicas, pesca e comércio, complementam as da aldeia cristã, criando uma relação quase simbiótica, levou a uma alteração de aspectos culturais (alimentação, vestuário) e a uma reestruturação da língua, não só através de uma relexificação gradual do crioulo (adoptando termos maratas que vão substituir vocábulos crioulos), mas também através de uma reordenação sintáctica - a ordem normal dos crioulos e do português - SPC (Sujeito, predicado, complemento) está a dar lugar a uma reestruturação para SCP (típica do marata). Uma reorganização sintáctica semelhante opera-se ainda no crioulo do Sri Lanka (Smith: 1977), neste caso em direcção ao tamil.

Inexoravelmente, o cerco das línguas locais e o processo de aculturação decorrente de transformações sociais e económicas levará a uma assimilação quase total destes crioulos. A resistência à perda da língua crioula, veículo por excelência da cultura, da religião e da identidade de tais comunidades também aqui se transforma numa luta quotidiana de sobrevivência:

Sie kere canta

Canta dratoe purtieges

Numiste canta

Mallaiye landes

Se queres can tar

Canta direito português

Não deves can tar

Malaio, holandês(11).

BIBLIOGRAFIA

AITCHINSON, JEAN. 1981. "Language Change: Progress or decay?"London: Fontana Paperbacks.

BATALHA, GRACIETE NOGUEIRA. 1959. "Estado actual do dialecto macaense", Separ. da Revista Portuguesa de Filologia, vol. IX, 1958. Coimbra.

BARREIROS, DANILOL. 1943-44. "Dialecto Português de Macau", Renascimento (Macau).

DA FRANÇA, BENTO. 1897. "Macau e os seus Habitantes". Lisboa: Imprensa Nacional.

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JACKSON, DAVID K. (em preparação). "Canta sinver- gonya. Oral Traditions in Indo-Portuguese Creole Verse".

LESSA, ALMERINDO. 1970. "Anthropologie et Anthroposociologie de Macau". Tese, Faculté des Sciences de L'Université de Toulouse.

MARQUES PEREIRA, JOÃO FELICIANO, (ed). 1901. Cancioneiro musical crioulo. Ta-Ssi-Yang-Kuo, Série II, 1,239-43; 2, 703-7. Lisboa: Companhia "A Editora".

POLOMÉ, EDGAR, 1983. "Creolization and Language Change" in The Social Context of Creolization coligido por Woolford, E. e W. Washabaugh. Ann Arbor: Karoma Publishers.

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SMITH, IAN RUSSELL. 1977. "Sri Lanka Creole portuguese phonology". Diss. Cornell University. Também publicada em International Journal of Dravidian Linguistics, 7:2 (1978), 248-405.

WASHABAUGH, W. e S. GREENFIELD. 1983. "The development of Atlantic Creole Languages" in Woolford, E. e W. Washabaugh.

Todas as citações de obras em língua estrangeira, neste trabalho, são apresentadas em tradução da autora. Conservou-se também a grafia original dos textos portugueses e crioulos.

NOTAS

(1)Hancock, Ian- Creolization and language change; the development of the field.

(2)A inexistência de uma língua crioula na Madeira e Açores, onde também foram utilizados escravos canários, deve-se porventura ao facto de o número de colonos metropolitanos ter sempre excedido largamente o contingente de escravos.

(3)Tradução da autora.

(4)Tradução da autora.

(5)Tradução da autora.

(6)Tradução da autora.

(7)Franz Bopp (1827), citado por O. Jesperson. 1922. Language: Its Nature, Development and Origin. London: Allen and Unwin, pág. 65.

(8)Em itálico no original.

(9)Peace Handbooks, vol. XIII, 81: 4.

(10)Transcrito em Barreiros, 1943: 89.

(11) Jackson, em preparação, pág. 158.

*Investigadora do Departamento de Linguística da Universidade de Austin (Texas); bolseira do Instituto Cultural de Macau.

desde a p. 68
até a p.