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LUÍS FRÓIS (1532 - 1597) ESCRITOR DO JAPÃO DO SÉCULO XV1

Engelbert JoriBen*

O Quinto Centenário dos Descobrimentos, o Quinto Centenário do nascimento de Ignácio de Loyola, 1491 - 1991, a Comemoração da fundação e do estabelecimento da Companhia de Jesus, em 1540 - 1990, tal como a chegada dos primeiros Europeus, Portugueses ao Japão, em 1543, coincidem nestes anos, e não é por acaso.

A Companhia de Jesus esteve ligada aos Desco-brimentos desde o seu início. Já nos primeiros anos do estabelecimento da Companhia o Papa Paulo III en-viou os primeiros missionários da Companhia de Jesus para Portugal, e pouco tempo depois, Francisco Xavier saiu de Lisboa para as Índias Orientais. Deste modo coincidem ainda — com uma diferença de quase um só lustro — a chegada dos primeiros Europeus, Portugue-ses, ao Japão, em 1543, e a chegada de Francisco Xavier e os seus companheiros, o Padre Cosme de Tor-res e o irmão João Fernandes, ao Japão em 1549.

Neste contexto vale a pena lembrar a figura do Padre Luís Fróis2. Numa carta de 25 de Outubro de 1585, Fróis escreve de Nangasaque ao Padre Geral Claudio Acquaviva:

"... vim de Portugal pera India quasi nos principios da Companhia e antes que o Padre Mestre Francisco, de sancta memoria, viesse a primeira vez para Jappão; me criey no collegio de Goa com o leite de sua santa doctrina."3

Fróis chegou a Goa no ano de 1548, um ano antes da partida do Padre Francisco Xavier para o Ja-pão. Luís Fróis entra no Japão 14 anos depois, no ano de 1563, ainda na primeira fase da missão jesuítica no arquipélago. Fróis, que foi chamado, com razão, um pai da japanologia4, era já conhecido pelos investigadores das actividades dos Jesuítas no Japão e da antiga igreja no Japão, mas só nos últimos anos recebe de um públi-co mais vasto a atenção que a sua obra merece. No seu livro com o título Figuras de Silêncio de 1981, Arman-do Martins Janeira fala de Luís Fróis como de "um clássico para descobrir"5.

Luís Fróis nasceu em 1532, muito provavelmen-te em Lisboa6. Em documentos contemporâneos de ou-tros Jesuítas encontramos a notícia que Fróis foi educa-do na secretaria real, "que ha sido hombre de palacio, de que aún tiene" — isso é na Índia — "algunas hezes"7. Da sua juventude, pois, sabemos pouco mais que quase nada. Em 1548, com 16 anos entrou na Com-panhia de Jesus, e logo no mesmo ano partiu para a Índia, onde chegou ainda nesse ano. Esteve em Goa e noutras cidades da Índia até 1563, com a interrupção de uma estadia em Malaca nos anos de 1554 a 1557. Em Goa, como foi já mencionado, Fróis conheceu Francis-co Xavier ainda antes da partida daquele para o Japão, e encontrou o Padre também depois do seu regresso do Japão para Goa, em 1552. O jovem Fróis deve ter fica-do muito impressionado com os relatos que ouviu do Padre acerca do Japão. Já no Japão, em uma carta do ano 1564, Fróis escreve que "muitas vezes ouvi dizer o Padre Mestre Xavier que não tem gente mais idóneo que os Japoneses para aceitar a fé christão". Em Goa recebeu também informações sobre a cultura e civiliza-ção japonesas. Neste tempo formou-se e consolidou-se o seu desejo de ir até ao Japão. Quero mencionar de passagem que Fróis deve ter conhecido muito provavel-mente em Goa também o posterior autor da Peregrina-ção, Fernão Mendes Pinto, que nesses anos — nesse momento como membro da Companhia de Jesus — escreveu pelo menos uma longa e impressionante car-ta8, que já deixa reconhecer o estilo do seu livro, que o tomou famoso. Menciono isso porque não acho que seja impossível, que Fróis tenha ficado impressionado e indirectamente influenciado pelo estilo tão descritivo e animado da carta de Femão Mendes Pinto e pelo seu discurso na con-versação, e Fróis deve ter falado com Mendes Pinto em Goa e/ou na viagem que fizeram juntos para Malaca9.

Fróis, no seu tempo "por outro nome (chamado) Polycarpo"10 começou a sua carreira literária em Goa, com a sua carta sobre "as novas de cá", onde refere os acontecimentos na missão da Índia, carta essa, escrita por ordem do reitor do colégio dos Jesuítas em Goa, que Fróis acabou em 1 de Dezembro de 155211. Nessa carta e nas cartas dos anos seguintes já é possível des-cobrir um estilo e discurso "mais horizontal do que vertical na descrição"12. Isso é um fenómeno geral no desenvolvimento da literatura dos Descobrimentos, es-pecialmente dos autores que escreviam nos países es-trangeiros, um fenómeno que o professor americano Donald F. Lach indica como o desenvolvimento para o "chronicle narrative", para a "chrônica narrativa"13. Os historiadores portugueses — explica o professor Lach — já não podiam escrever a história actual segundo os modelos clássicos como Tito Lívio ou Tucídides14. Para o tratamento adequado das notícias do ultramar tornou-se cada vez mais importante a descrição político-geo-gráfico-cultural dos lugares estrangeiros, a explicação necessária para entender os acontecimentos. As cartas da Índia de Luís Fróis, tal como, e ainda mais depois, as do Japão, são um dos melhores exemplos desse desen-volvimento.

E, ainda que a sua Historia do Japão seja es-crita segundo um princípio anual, mas não em forma de décadas, percebemos por que razão Fróis, no pró-logo da Historia, se mostra consciente, também teori-camente, da necessidade de descrever o fundo da cul-tura e civilização japonesas para o entendimento dos acontecimentos históricos:

"Huma das couzas, que me ocorreo ser nesta Historia muito necessaria, foi, quanto fosse possivel, tirar algumas ambiguidades e equivocações, que — por respeito das particulares que de cá se tem escritas pelo discurso dos annos em as cartas dos nossos — fazem em Europa formar diverso conceito do que na realidade as couzas são em sy cá em Japão. E a cauza potissima donde tem procedida esta diversidade nos conceitos, tenho (segundo o que boamente podemos congeiturar) que foi de, quando se escrevem algumas palavras equivocas, não se declarar logo nas cartas a ambiguidade dellas, ou das couzas que se relatão se-gundo a sugeita materia; e, para se nisto proceder com mais luz, ainda que se não apontem aqui todas estas equivocações, que poderião ser muitas em numero, po-derá ao menos servir este avizo para — quando, na India ou na Europa, se vir ou ler alguma historia ou cartas de Japão, em que parece, pelo excesso da quali-dade ou quantidade das couzas, haver ou cauzar algu-ma duvida em seos conceitos — que o podem attribuir à falta de se não terem as taes palavras bem declara-das... "15.

Em seguida Fróis ilustra as ideias deste pará-grafo com dez exemplos concretos, apontando tam-bém a dificuldade de entender o "mundo" japonês para um leitor que conhece só a Europa como a difi-culdade de transmitir este "mundo" através de meios tradicionais para os autores.

Fróis chegou finalmente ao Japão no ano de 1563 como ele mesmo nos informa na sua Historia:

"Neste ano prezente de 1563, aos seis dias de Julho, chegou Dom Pedro da Guerra ao porto de Yocoxiura (i. e. Yokoseura), e vierão em sua compa-nhia o Padre Luiz Froiz, portuguez, e o P.e Joam Baptista de Monte, italiano"16.

Deste modo a sua Historia é uma das mais im-portantes fontes para a reconstrução da sua biografia. Igualmente nos informa na Historia, que poucas sema-nas depois da sua chegada, teve que refugiar-se da cida-de de Yokoseura, por causa dos acontecimentos deriva-dos da situação da política interna japonesa17.

Fróis chegou ao Japão num dos momentos mais cruciais da história japonesa. O país encontrava-se já há mais de cem anos numa situação de contínuas guerras civis. Como já Francisco Xavier teve que reconhecer, o imperador não teve a mínima força política como tam-bém o poder dos últimos xoguns da dinastia Ashikaga, que reinava o país de 1338 à 1573, se encontrava num rápido processo de declínio18. Nesta situação — sem um poder central — os senhores, em japonês os dáimios, os quais os portugueses nos seus relatórios normalmente designavam "reis", os senhores de muitas das 66 províncias do Japão, tentavam ganhar o maior poder possível na sua região. E para isso utilizavam também associações e traições. Luís Fróis descreve esta situação daquele tempo, que em japonês é conhecido sob o nome de gekokujo jidai, em português, época da inversão das hierarquias sociais, de modo mais adequa-do em outro lugar da segunda parte da sua Historia com as palavras seguintes:

"... as cousas estão cá dependuradas por hum fio, porque quem hoje hé grande senhor, amanhã não é nada; e onde está agora todo quieto e em tranquilida-de, daqui a poucas horas está tudo transtornado e feito uma confuzão de perturbações."19

No mesmo lugar explica também como a missão se via envolvida nesta política interna japonesa e como dependia da situação política actual e da quotidiana:

"(estas perturbações) não (são) pequeno traba-lho para a conversam dos gentios e convervação dos christãos, e de não pouca desconsolação e angustia para os Padres, porque quando algumas vezes estão para recolherem o frutto da semente... se levanta de repente uma tempestade que desfaz tudo..."20.

Semelhante foi a situação no ano da chegada de Fróis ao Japão, em 1563, a Yokoseura, na província de Hizen. O dáimio, ou senhor desta província, naquele momento era Dom Bartholomeu Omura Sumitada (1537 - 1587). Ele favoreceu a missão; como o dá a entender também o texto da Historia de Fróis, em últi-mo lugar, também por motivos comerciais, porque sa-bia que a nau anual, os navios portugueses e os seus comerciantes muitas vezes preferiam os portos, nos quais residiam missionários jesuítas. Mas para os missi-onários a figura de Dom Bartolomeu era muito impor-tante, porque ele foi o primeiro senhor, dáimio, que foi baptizado no Japão — em Maio de 156321, e isso signi-ficava para os jesuítas um importante apoio político--cultural e social. É possível, sob vários aspectos, com-parar a situação das conversões, especialmente no sul do Japão, com a situação depois do édito de Augsburgo: "cuius regio, eius religio".

No mesmo ano de 1563 os vassalos não cristãos de Dom Bartolomeu convenceram um dos seus adver-sários políticos a fazer uma revolta, como já sabemos, do tipo que era quase comum naqueles dias, mas os inimigos de Dom Bartolomeu utilizavam naquela oca-sião a conversão do seu senhor à fé cristã como um motivo da revolta. Fróis explica, que os vassalos adver-sários escreveram uma carta ao seu inimigo:

"... dizendo que como havia elle de consentir huma injustiça e abominação tão grande, como era que, tendo sua mãy perfilhado a Dom Bartholomeo para que fosse herdeiro daquelle estado, sendo alli estrangeiro e não natural, que elle (i. e. Dom Bartolomeo), em logar de reverenciar com as ceremónias acostumadas (i. e. no Japão) a estátua e imagem de seo pay, a tivesse mandado queimar, e introduzisse nova e peregrina ley em suas terras?"22

A fuga de Dom Bartolomeo do seu castelo foi a razão pela qual o Padre Cosme de Torres decidiu:

"... mandar o P.e Luiz Frois com o Irmão João Fernandes que estivessem por entretanto em huma ilha por nome Tacuxima [i. e. Takushima]... athé se abrir alguma porta ou missão aonde os podesse enviar."23

Na ilhota de Takushima Fróis começou a aprender mais sistematicamente a língua japonesa:

"começou — a fazer com o irmão João Fernandes huma traça da primeira arte (i. e. gramáti-ca) que se fez em Japão, ordenando suas conjugações e sintaxis, e hum pedaço de vocabulario...".24

Fróis relata-nos que, já nos primeiros anos da sua estadia no Japão, estudou também um texto religio-so budista25, quer dizer, um texto bastante difícil. Não se sabe a que nível Fróis tinha conhecimentos da escri-tura japonesa ou sino-japonesa. Mas é um facto que conhecia muito bem a língua japonesa falada26. Durante a primeira visita do Padre Visitador Alessandro Valignano foi intérprete do Visitador e sabemos tam-bém de muitas conversações entre Luís Fróis e as figu-ras mais importantes do tempo, os cabos militares Oda Nobunaga e Toyotomo Hideyoshi, que apreciaram a relação com o Padre Fróis, também pelo seu conheci-mento da língua japonesa. Como acentuam os professo-res japoneses Okada Akio e Matsuda Kiichi, Luís Fróis não só tinha contactos com as figuras eminentes do seu tempo, mas entrava também em contacto com todas as camadas sociais27. Uma prova são passagens da sua própria Historia.

Em 1565 Fróis chegou à capital do Japão, Miyako, hoje Quioto. Embora nesse momento a capital estivésse num estado dos piores da sua história, ainda era, já há muitos séculos, também a capital das artes, da cultura e da vida intelectual do país. Em três cartas que Fróis escreveu, pouco depois da sua chegada à capital, cartas de 20 de Fevereiro, de 6 de Março e de 27 de Abril do ano de 1565, reconhece-se pela primeira vez o autor que viria a ser o mais autorizado do seu tempo sobre o Japão, Luís Fróis. As três cartas mencionadas entravam também na famosa edição das Cartas do Ja- pão dos Jesuítas, publicadas em Évora em 159828. Nes-sas cartas Fróis demonstra a sua admiração pela cultura japonesa, por exemplo quanto à arquitectura, que ele acha, sob vários aspectos, não inferior à arquitectura europeia29. Demonstra o seu interesse na civilização ja-ponesa através de descrições muito pormenorizadas. Mas as cartas demonstram também os limites do seu entusiasmo — pelo menos no discurso do seu texto — quando entra na descrição da vida religiosa dos Japone-ses, e quando descreve muito polemicamente o clero budista — a concorrência mais iminenete dos missioná-rios no Japão30.

As cartas do Japão de Luís Fróis são importan-tes para o conhecimento da sua pessoa como historia-dor do Japão, sob vários aspectos. Na quantidade e qualidade, superam as cartas de quase todos os outros jesuítas contemporâneos no Japão, até ao fim do sé-culo XVI, sendo a melhor documentação disso a edi-ção das Cartas de Évora. O professor Donald F. Lach, já sobrecitado, escreve:

"The superior quality of the letters from Japan can probably be attibuted to the fact that most of them were written by Luis Frois, one of the ablest observers and chroniclers ever to be associated with the Society."31

E com as suas Cartas do Japão Luís Fróis ganhou nome como um autor muito talentoso, quer junto dos superiores da Companhia em Roma, quer também junto de um público mais vasto.

Fróis continuou a escrever as suas cartas até à sua morte em 1597. Escreveu cartas todos os anos, desde o ano de 1565. Quando o Visitador Valignano visitou o Japão pela primeira vez, nos anos de 1579 a 1582, determinou o funcionamento e o estabeleci-mento do sistema das cartas ânuas oficiais também para a missão no Japão32. E quem escreveu as cartas ânuas do Japão mais importantes no tempo de 1579 à 1597 foi o Padre Luís Fróis. No seu tempo as cartas de Luís Fróis, como já indicado, eram conhecidas em grande parte da Europa. Existem traduções de cartas ou relações de Fróis contemporâneas em francês, ita-liano, castelhano, alemão e em latim.

A sua fama como escritor de cartas da missão oriental dos Jesuítas foi a razão que levou os superio-res, em Roma, a dar ao Padre Luís Fróis o encargo de registar as actividades dos Jesuítas no Japão numa história completa das actividades da Companhia nas várias partes do mundo. O professor Josef Wicki, edi tor da edição portuguesa da Historia do Japão, publi-cada pela Biblioteca Nacional de Lisboa33, escreve na "Introdução" do primeiro volume:

"Em 1579 andava o P. J. P. Maffei em Portugal buscando documentos e materiais para a sua história da Índia Oriental. Entre este trabalho veio-lhe à ideia de sugerir ao P. Geral Mercuriano que o P.e Fróis, que vivia no Japão, bom talento para escrever, podia compor, com a sua experiência, ciência e habi-lidade, um comentário do progresso da fé naquele país, com uma descrição da terra, do governo e guer-ras têm obstaculado o Evangelho."34

É deste modo que o Padre Luís Fróis começou a escrever a Historia do Japão, um trabalho oficial que ele aceitou no início dos anos oitenta, depois de uma estadia de quase vinte anos no Japão, e que con-tinuou a escrever até à sua morte, em 1597.

No fim do ano de 1586 acabou a primeira parte da Historia35 que abrange — em 116 capítulos — o desenvolvimento da Missão e os acontecimentos de 1549 a 1578, ou seja a história da primeira fase da conversão no Japão, como ele mesmo escreve (quero só apontar, que é possível também uma outra divisão da história da missão jesuítica, em fases que se seguem, ainda mais pormenorizada sob aspectos diferentes). Es-creveu também uma introdução à Historia com trinta e sete capítulos sobre as qualidades e costumes do Japão. Mas desta parte introdutória são conhecidos só os títu-los do resumo36.

Nos anos de 1592 - 1593 Fróis acabou de es-crever a segunda parte da Historia, que continua os acontecimentos até ao ano de 1589. No prólogo da segunda parte Fróis escreve:

"Nesta segunda parte [...] dezejamos ajuntar o que mais tem socedido em os dez anos seguintes [i. e. desde 1578] pondo termo a estas duas partes em o discurso deste[s] 40 annos inteiros em que a Com-panhia tem tomado o assumpto desta conversão (do Japão)" [isto é os acontecimentos na missão desde a chegada do Padre Xavier]37.

Nos restantes anos da sua vida Fróis pôde ainda descrever os acontecimentos até ao início do ano de 1593, aqui incluído também um primeiro capítulo sobre o regresso dos quatro jovens embaixadores à Europa na época Tensho (1573 - 1591) que visitaram Portugal, Espanha e Itália nos anos de 1584 até 158638.

A Historia do Japão de Luís Fróis é baseada nas Cartas da sua mesma autoria e de outros jesuítas que operavam na Missão no Japão contempo-raneamente. Como se depreende de uma carta que ele escreveu no 1.ō de Janeiro de 1587 ao Padre Geral da Companhia, Cláudio Acquaviva, acabando a primeira parte da Historia, utilizava também cartas já impres-sas, as cartas sobre o Japão da edição de Alcalá de 1575, cartas sobre o Japão publicadas em Roma em 1579 e cartas impressas em Roma em 158439. Mas a Historia é baseada antes de tudo nas suas experiênci-as vividas no Japão.

A Historia dá-nos a história do desenvolvimento da Missão jesuíta e dos acontecimentos históricos e po-líticos no Japão nos primeiros 44 anos da evange-lização, ou seja, a metade da antiga missão católica no Japão. Os contactos no Japão com os países católicos da Europa do sudoeste continuaram até aos anos 1639 -1640, mas é possível dizer que a missão oficial já aca-bara com a revolta camponesa de Shimabara no ano de 1637. A Historia de Fróis é uma narração do início da missão desde a chegada de Francisco Xavier, é também uma narração do método da acção missionária com to-das as suas dificuldades. Um dos aspectos mais interes-santes é a descrição do método da acomodação e da aculturação dos jesuítas no Japão. Na descrição dos acon-tecimentos do ano de 1579, ano no qual o Visitador Va-lignano chegou ao Japão pela primeira vez, Fróis escreve:

"Entendeo... o P.e Vizitador ver como era necessario em os nossos huma total transmutação da natureza quanto ao correr e costumes e modo de vi-ver, por ser tudo oppozito e mui differente de como se procede em Europa".40

Posso mencionar só de passagem, o Tratado em que se contêm muito sucinta e abreviadamente algumas contradições e diferenças de costumes entre a gente de Europa e esta provincia de Japão41 que Luís Fróis es-creveu, em 1585, durante o seu trabalho na Historia. Enquanto que a Historia tem o carácter de uma obra oficial, na qual Fróis descreve os acontecimentos em muitos locais com todo o fervor do missionário do tem-po da Contra-Reforma, com descrições apaixonadas de destruições de templos dos "gentios" e com largas argu-mentações contra o clero budista, o Tratado é uma apreciação — acho também muito pessoal — de Luís Fróis da cultura e da civilização japonesas. O Tratado tem uma forma mais literária do que carácter histórico, e é possível argumentar, que isso é também a expressão da experiência de Luís Fróis de uma certa relatividade das culturas. O Tratado é um suplemento individual da experiência vivida e um suplemento de grande valor para a Historia no sentido da história da cultura, tanto mais quanto não conhecemos introdutórios da Historia42.

A Historia de Luís Fróis é também uma narra-ção dos acontecimentos histórico-políticos de uma fase histórica mais crucial na história do Japão. A Historia abrange o declínio da dinastia dos Ashikaga que come-çou a sua regência em 1338 e acabou de reinar sobre o país em 1573. Abrange a ascensão e o fim do cabo militar Oda Nobunaga (1534 - 1582), que iniciou o processo da unificação do Japão de um modo decisivo, e abrange os anos mais importantes do sucessor de Nobunaga, Toyotomi Hideyoshi (1536 - 1598), que continuou a obra de Nobunaga e complementou a unifi-cação do país, mas que também iniciou a perseguição dos cristãos em 1587, e sob o reino do qual foram mortos também os primeiros 26 mártires em 1597.

Ao lado dos mais importantes acontecimentos históricos, a Historia contém uma abundância de in-formações pormenorizadas. Fróis menciona números das conversões e as regiões da actividade missionária, tal como a vida quotidiana dos Japoneses e dos missi-onários, e dá informações sobre actividades de co-merciantes portugueses no Japão. Menciona os acon-tecimentos das guerras civis e o progresso da unifica-ção do Japão.

O professor japonês Matsuda Kiichi, também tradutor da Historia do Japão para o Japonês, que é o melhor conhecedor da pessoa e da obra de Luís Fróis no Japão de hoje, sublinha o valor da Historia exacta-mente por causa dos pormenores e das descrições de-talhadas que não se encontram em documentos japo-neses43.

A importância da Historia consiste também no facto de que muitos dos documentos contemporâneas japoneses que possivelmente falavam de aconteci-mentos no Japão, que aparecem na Historia, foram destruídos durante a perseguição sangrenta do cristia-nismo desde o início do século XVII no Japão.

A Historia de Luís Fróis não foi impressa no seu tempo. Numa carta de 12 de Novembro de 1593, ao P. e Geral Cláudio Acquaviva, Fróis escreve sobre este as-sunto que o Visitador Valignano lhe dizia que:

"... era necessario abreviarla y resumiria en un conpendio más breve, de manera que todo lo es-sential della se comprehendesse en un volume poco que una annua de las que vienen impresas de Roma."44

Uma das razões da decisão do Visitador de não fazer a Historia pode consistir no facto de a Historia conter muitas passagens de carácter retórico45. Um exemplo é a descrição da ascensão e da morte de Oda Nobunaga:

"E assim não se contentando já de se intitular por senhor absoluto de Japão e reconhecido por tal em tantos reinos, determinou finalmente com esta luciferina soberba, em que todo andava acezo e infla-mado, proromper na temeridade e insolencia de Nabucodonosor, pertendendo se[r] de todos adorado não como homem terreno e mortal, mas como se tivera ser divino e fora senhor da immortalidade...."46

E Fróis continua ainda em tom mais acentuado, quando fala do templo que Nobunaga fez construir para a sua divinização em Azuchi e da gente que aqui acorreu:

"Todavia como Nobunaga chegou a tamanho desatino e temeridade, querendo para si usurpar o culto e adoração que só a Deos Criador e Redemptor do mundo se deve, não permitio Deos Nosso Senhor que lhe durasse mais que dezanove dias a complacencia que teve na vista daquelle concurso e frequentação de gente."47

E quando Fróis fala da perseguição dos cris-tãos no Japão e das razões políticas da perseguição dos cabos militares japoneses, o texto torna-se muitas vezes num documento de literatura de edificação do tempo da Contra-Reforma48. Quero mencionar que o texto da Historia vale a pena também como elemento de pesquisa e interpretação sob aspectos da análise e da história literária49.

A Historia tem naturalmente os seus limites condicionados pela situação e pelo tempo. A história política japonesa não é sempre vista 'sine ira et studio', mas sob o aspecto teológico e às vezes até teleológico. Pelo Padre João Rodrigues Tçuzzu, o "Intérprete", que escreveu a sua História da Igreja do Japão50 no início do século XVII, e que viveu já nos primeiros anos de-pois da unificação do Japão, era possível tentar uma periodização da história japonesa num sentido mais glo-bal51. Um outro progresso e desenvolvimento do seu dis-curso histórico são os elementos sociológicos na descri-ção de aspectos da civilização japonesa52. E Rodrigues estava já há mais de dez anos em Macau, e conhecia também Pequim e Cantão, pois lhe era possível também ver e distinguir elementos chineses na cultura japonesa. O professor José Yamashiro escreve que Rodrigues "in-terpreta a cultura japonesa como caudatária dachineza"53. Mas deve-se acrescentar que Rodrigues não se esquece de acentuar também os elementos distintivos e individuais da cultura e civilização japonesas54.

Muitos elementos e particularidades da Historia de Fróis estão descritos ou mencionados de forma dispersa também em outros textos contemporâ-neos. Mas ao padre Luís Fróis deve-se a primeira descrição abrangente de uma das fases mais impor-tantes da história japonesa e a história e as experiên-cias com todas as suas possibilidades e dificuldades vividas por um europeu português no Japão, na se-gunda metade do século XVI. Deste modo a sua Historia é também um documento de grande valor para o estudo da época "Nanban", que trata da vida dos primeiros europeus no Japão e dos contactos com a cultura japonesa em toda a sua complexidade.

Pouco antes da morte de Fróis morreram os primeiros mártires da igreja do Japão, a 5 de Feverei-ro de 1597. Em Março Fróis escreveu ainda uma rela-ção minuciosa que apareceu do prelo em Roma dois anos depois em língua italiana55.

Também, se a Historia de Fróis foi impressa só no século vinte, como já apontado, Fróis docu-mentou outros autores, especialmente jesuítas, com informações sobre o Japão através das suas cartas. Deste facto dá testemunho por exemplo o historiador italiano dos Jesuítas, que escreve na sua volumosa obra sobre as actividades da Companhia de Jesús e os acontecimentos no Japão no ano 1597:

"A queste communi miserie uma particolar se ne aggiunse, il perdere, l'un pochi mesi presso all' altro, due uomini,... L'un d'essi fu il P. Sebastiano Gonzales... L'altro fu il tante volte nominato in questa Istoria, Luigi Froes, anch'egli Portoghese, natural di Lisbona, e similmente Profes-so; benemerito quanto niun'altro il sia della Cristianità Giapponese, e per le fatiche di trenta quattro anni che vi consumȯ, e per le memorie de' successi di quella Chiesa, che d' anno in anno scriveva in Europa, onde a lui debbo anch'io qualche parte di questa mia Opera."56

NOTAS

1 O ensaio seguinte é a versão revista, ampliada e anotada de uma comunicação, que foi proferida primeiramente num simpósio por ocasião do 450ō aniversário da fundação da Companhia de Jesús, organizado pelo Instituto da Rainha Dona Leonor no Palácio Foz em Lisboa, a 18 de Abril de 1991.

2 Escrevo Historia do Japão sempre sem acento, pois assim aparece normalmente nos documentos históricos. Coloco o acento só quando aparece na bibliografia aqui citada. Escrevo Historia do Japão no texto, nas notas utilizo a forma que aparece no manuscrito: Historia de Japam.

3 Cito aqui segundo areprodução destacarta por José Wicki, S. J., em: P. Luís, Fróis, S. J., Historia de Japam, Edição anotada por J. Wicki, Vol. I, Lisboa 1976, Apêndice 3, pp. 399 - 400.

4 vd. J. Wicki, ed., op. cit, Introdução, p. 1 *.

5 Armando Martins Janeira, "Uma grande Clássico por desco-brir em Portugal: Luís Fróis", em: A. M. Janeira, Figuras do Silêncio. A tradição cultural portuguesa no Japão de hoje, Lisboa 1981, pp. 243-255.

6 Para informações sobre a vida de Luís Fróis baseio-me aqui e no seguinte na mesma obra de Luís Fróis, tal como nos trabalhos de Georg Schurhammer, S. J., "Leben des Verfassers P. Luís Fróis", em: Luis Frois, Die Geschichte Japans (1549 -1578), Übers. G. Schurhammer und E. A. Voretzsch, Leipzig 1926, pp. I - IX; Josef Franz Schütte, S. J., "Kurze Einführung in Leben und Wirken des Verfassers, P. Luis Frois S. J.", in: Frois Kulturgegensätze Europa-Japan (1585), Erstmalige kritische Ausgabe des eigenhãndigen portugiesischen Frois — TextesvonJ. F. Schütte S. J., Tokyo, SophiaUniversität, M. N. M. 15, 1955, pp. 10-16; Matsuda Kiichi, Ruisu Furoisu ryakuden (Luis Frois. Breve biografia), em: Matsuda K, Nanban shiryo no kenkyu (Estudos sobre as fontes históricas da Cultura Nanban), Tokyo, Kazama shobo (1967), 1981, pp. 129 - 133; J. Wicki, S. J., Vida do P. Luis Frois, em: Frois, Historia de Japam, vol. I, 1976, pp. 3* - 10*, como também já fiz no meu trabalho, E. Jorißen, Das Japanbild im "Traktat" (1585) des Luis Frois, Miinster 1988.

7 P. Melchior Carneiro S. I., Patri I. Lainez, Praep. Gen. S. I. Romam, Goa ca. 20. Novembris 1559, Segunda via, em: Documenta Indica (de aqui aqui abreviado com D. I.), Vols. I. ss, Ed. J. Wicki, S. J., Romae 1948-, Vol. IV., p. 424.

8 Refiro-me à carta de Femão Mendes Pinto datada 5 de Dezembro de 1554. Sobre a cidade de Sakai no Japão F. Mendes Pinto escreve, por exemplo, no seu conhecido estilo: "En las tierras de Japón, antes de llegar a Meaco, está una ciudad muy populosa, que se llama Sacai, laqual se govierna como Venecia por cónsules sin obedecer a otre. Oy dezir a nuestro Padre Maestre Francisco, que en ella estuvo, que le parecia que avia en aquella ciudad mil mercadores, y cada uno de treinta mil ducados, afuera otros muchos más ricos. Todos los moradores desta ciudad assí grandes como pequenos, hasta los pescadores, se llaman en sus casas reyes, y las mujeres reynas, y los hijos principes, y las hijas princesas, y todos tienen esta libertad." vd.

Ferdinandus Mendes Pinto Nov. S. J., Sociis Lusitanis, Mataca 5 decembris 1554, em: D. I. IIII., pp. 153 - 154.

9 vd. por exemplo P. M. Barreto S. I., Viceprov. Indiae, P. Ignatio de Loyola, Romam, Malaca 3 Decembris 1554, D. I. III, pp. 124-125.

10 vd. D. I. III, p. 365 e também D. I. II., p. 537.

11 D. I. II, p. 441; pp. 445-491.

12 Baseio-me aqui e no seguinte no estudo de Donald F. Lach, Asia in the Making of Europe, Vol. II.2, A Century of Wonder, Chicago and London 1977, pp. 138 - 149: "The Chronicle Narrative".

13 Lach, op. cit., pp. 141ss.

14 Lach, op. cit., p. 141.

15 Fróis, Historia, Prim. P., Prólogo, Ed. Wicki, Vol. I, p. 5.

16 Fróis Historia, Prim. P., C. 43ō, Ed. Wicki, Vol. I, p. 325; vd. também: Cartas que os Padres e Irmãos da Companhia de Iesus escreuerão dos Reynos de Iapão & China aos da mesma Companhia da India, & Europa des do anno 1549, atè o de 1580.... Em Eurorapor Manuel de Lyra, Anno de M. D. XCVIII.

Partes I. II., Fascim. (2 vols) Ed. tenri Library 1972 (daqui em seguinte: Cartas I/II), I, folh. 131r, carta de Luís Fróis, 14 de Novembro 1563.

17 Fróis, Historia, Prim. P., C. 48ō: "de como Dom Bartholomeo foi destruido e a povoaçam de Yoxoxiura queimada e assola-da..."; C.50ō: "De como o P. e Luiz Frois se foi rezidir em Tacuxima com o Irmão JoÃO Fernandez", Ed. Wicki, Vol. I, pp. 333-341; 353-363.

18 vd. por exemplo Georg Schurhammer S. J., Franz Xaver und seine Zeit, Zweiter Band, Asien (1541 - 1552), Dritter Teilband, Japan und China. 1549 - 1552, Freiburg, Basel, Wien, 1973, pp. 173 - 227. Fróis escreve: "Chegando o Padre [i. e. Mestre Francisco] a esta cidade, que hé a metropoli de todo a Japão, achou não estar a terra na desporzi[ç]ão que era necessaria para seo intento; portudo andar alterado em guerras, o Cubosama estava fora da cidade com algu[n]s senhores principaes... Não fez o Padre detensa... e, tornando-se ao Miaco, pertendeo ver se podia vizitar ao Vó, rey universal de todo Japão, que estava recolhido em huns paços velhos, sem fausto mem estado.", Fróis, Historia, C. 4ō, Ed. Wicki, Vol. I. p. 36.

19 Fróis, Historia, Seg. P., C. 18ō, Ed. Wicki, Vol. III, p. 130.

20 Ibidem.

21 Fróis, Historia, C. 41ō, Ed. Wicki, Vol. I, p. 282 e nota 28221; vd. também Josephus Franzizcus Schütte S. J., Introductio ad Historiam Societatis Jesu in Japonia, 1549 - 1650, Romae 1968, p.471.

22 Fróis, Historia, Prim. P., C. 48ō, Ed. Wicki, Vol. I, p. 334.

23 Fróis, Historia, Prim. P., C. 48ō, Ed. Wicki, Vol. I. p. 340.

24 Fróis, Historia, Prim. P., C. 50ō, Ed. Wicki, Vol. I. p. 356.

25 "No Miaco se ocupavão naquelle tempo os P.es Luiz Froiz e Organtino... E porque importava muito ter noticia das seitas de Japão para melhor entender suas cavilações e enganos, e mais facilmente confundir em disputa aos bonzos com o texto de sua mesma escritura, dezejavão muito os Padres poderem achar quem lhes lesse os 8 livro do Foquequio...", Fróis, Historia, Prim. P., C. 102ō, Ed. Wicki, Vol. I, p. 408.

26 vd. por exemplo o "Cathalogo de los Padres e Hermanos que están en el Japón en el miez de Deziembro en el año de 1579: "El P.e Luis Frois... Ha dezasei o dezisiete años que está en el Japón, y sabe muy bien la lengoa", em: Monumenta Historica Japoniae I. Textus Catalogorum Japoniae, Editionem criticam, IntroductionesadsingulaDocumenta, CommentariosHistoricos proposuit Josef Franz Schütte, S. J., Romae, 1975, p. 109.

27 Okada Akio, RuisuFuroisu, Nichi-O bunka hikaku (Luís Fróis, Comparação das culturas do Japão e da Europa), Edição japonesa anotada do "Tratado" de Fróis preparada por Osaka A., em: Daikokai jidai sosho (Textos da época das grandes viagens marítimas), vol. XI, Tokyo, Iwanami (1965), 1979. pp. 495 - 636; Matsuda Kiichi, Nanban shiryo no kenkyu, op. cit.

28 As cartas aqui mencionadas aparecem no primeiro volume das Cartas nas folhas 172r - 177r, 177r - 181r e 182v - 184v respectivamente.

29 Fróis escreve por exemplo: "Foi depois o padre cõ este velho mais duas camaras dentro, onde nos o Cubȯcama [i. e. o shogun Ashikaga Yoshihide] estava esperando. F eita cortesia tornou, e entrei eu, e afirmo a V. R. q nunca vi casas, q fossem todas de madeira, taõ ricas ne tanto pera ver, porque os panos da camara, onde o Cubócama estaua erão todos cosidos em ouro, cõ hus golfão & passarão, que lhe dauão muita graça." Cartas I, folh. 179r. E continua na mesma carta descrevendo o tempo Sanjusangendo em Kyoto:"... & logo de fronte esta hua figura de Amidá, a quem o templo he dedicado de vulto, assentado de maneira de Bramene cõ suas orelhas furadas; rapado, de mui grande estatura, todo dourado, muito milhor do que se dourão as imagens de vulto em Frandes." Cartas I, folh. 180r. Trata-se da: carta do padre Luís Frões pera o padre Francisco Perez, & mais irmãos da Cõpanhia de Iesu, na China, escrita em Miàco, a 6. de Março, de 1565.

30 "A limpeza das casas dos Bonzos, & seus jardins, & concerto, & policia em todas suas cousas, he muito pera se considerar, & por outra parte muito pera se chorar a desordem de seus costumes, & pecados." Cartas I, folh. 181r.

31 Donald F. Lach, Asia in the Making of Europe. Vol I. 1, The Century of Discovery, Chicago an London (1965) 1971.2, p. 321.

32 vd. por exemplo Josef F. Schütte S. J., Valignanos Missionsgrundsätze für Japan, Vols. 1.1, 1.2, Roma 1951 -1958, aqui Vol. 1.1, pp. 348 - 352.

33 Luís Fróis História de Japam, Ed. por José Wicki S. J., Vols. I - V, Lisboa, 1976 - 1984. Já nos anos 1977-1980 foi publicada a completa tradução japonesa da Historia de Japam: Ruisu Furoisu, Nihonshi, traduzida por Matsuda Kiichi e Kawasaki Momota, Vols. I - XII, Tokyo, Chuokoronsha.

34 J. Wicki, Luís Fróis, Historia de Japam, Vol. I, Lisboa, 1976, Introdução, p. 11*.

35 vd. Frois, Historia, Prim. P., Ed. Wicki, Vol. II, p. 516. Fróis escreve aqui: "Acabou-se esta primeira Parte da História de Japão aos 30 de Dezembro do anno de 1586...".

36 Fróis, História, Ed. Wicki, Vol. I, pp. 11 - 13.

37 Fróis, História, Seg. P., Prólogo, ed. Wicki, vol. III, pp. 2.

38 'A autoria de Luis Frois atribue-se também o: Tratado dos Embaixadores lapões que forão de Iapão à Roma no Anno de 1582, do qual tem a edição: La Premiere Ambassade du Japon en Europe. 1582 - 1592. Première Partie. Le Traité du Père Frois (Texte portugais), Ouvrage Edité et Annoté par J. A.

Abranches Pinto, Yoshimoto Okamoto, Henri Bernard S. J., Tokyo, Sophia University, MNM 6,1942.

39 Fróis, Historia, Prim. P., Ed. Wicki, Vol. I, Apéndice 4, pp. 400 - 401, vd. especialmente também a nota número 8 do professor Wicki na página 401.

40 Fróis, Historia, Seg. P., Ed. Wicki, Vol. III, p. 130.

vd. aqui nota 6.

42 A par da edição do Tratado em português e alemão preparada por J. Schütte e da tradução japonesa anotada por Okada A., aqui já apontadas nas notas, existe a tradução japonesa comen-tada: Furoisu no Nihon oboegaki. Nihon to Yoroppa no fushu no chigai (O noticiário japonês de Frois. Diferenças de cultura entre o Japãjo e a Europa), preparada por Matsuda Kiichi e Jorißen Engelbert, Tokyo, Chukoshinsho 1983.

43 Baseio-me aqui também em muitas conversações com o pro-fessor Matsuda, a quem devo também outras sugestões aqui aproveitadas.

44 Cito aqui a carta segundo a reprodução por Wicki em: Fróis, Historia, Ed. Wicki, Vol. I, Apéndice 10, pp. 106 409.

45 Nexte contexto vd. também E. Jorißen, Das Japanbild, op. cit., pp. 150 - 152.

46 Fróis, Historia, Seg. P., Ed. Wicki, Vol. III, p. 332.

47 Ibidem, pp. 333 - 334.

48 Neste contexto vd. também o comentário de G. Schurhammer em: Schurhammer, Voretzsch, Die GeschichteJapans, op. cit., Einleitung, pp. XVI - XVII.

49 Neste contexto vd. também A. Martins Janeira, "Um grande Clássico por Descobrir em Portugal: Luis Fróis", em Martins Janeira, Figuras de Silêncio, op. cit., pp. 243 - 255.

50 João Rodrigues Tçuzzu, S. J., Historia da Igreja do Japão (1620 -1633), Preparada por João do Amaral Abranches Pinto, Tóquio 1953, Vols. I - II, Macau, 1954 - 1955. Com respeito à figura de João Rodrigues Tçuzzu vd. também Michael Cooper, Rodrigues the Interpreter, An Early Jesuit in Japan and China, New York, Tokyo 1974.

51 Rodrigues Tçuzzu, S. J., Historia da Igreja do Japão, Cap. 11, op. cit., Vol. I, pp. 177 - 190; vd. também E. Jorißen, Das Japanbild, op. cit., pp. 234 - 237.

52 Uma certa diferenciação das camadas sociais encontra-se por exemplo num capítulo que trata "Do trajo, e vestídos dos Ja-pões", Rodrigues Tçuzzu, Historia da Igreja do Japão, Cap. 16, op. cit., Vol. I; pp. 260 - 262. Neste contexto vd. também: A. Martins Janeira, "Um precursor da Sociologia: João Rodrigues", em: Martins Janeira, Figuras de Silêncio, op. cit., pp. 257 - 265.

53 José Yamashiro, Choque Luso no Japão dos Séculos XVI e XVII, São Paulo 1989, p. 145.

54 "A arte de Arquitectura de madeyra entre elles [i. e. os Japone-ses] em muito perita, e primor, porque como seu modo de edificar hé de madeyra somente... em geral podem competir em toda a parte na obra de madeyra, e levão grande vantagem aos Chinas com serem tão engenhozos, e primos nas artes mecanicas." Rodrigues Tçuzzu, Historia da Igreja do Japão, C. 3, op. cit., Vol. II, p. 15. A diferenciação é apontada também por José Yamashiro, Choque Luso no Japão, op. cit., p. 145.

55 Luis Frois, Relatione della gloriosa morte di XXVI posti in croce Per commandamento del Re di Giappone, alli 5. di Febraio 1597. de quali sei fumo Religiosi di S. Francesco, tre della Compagnia di Gesù, & dicesette Christiani Giapponesi. Mandata dal P. Luigi Frois, alli 15. di Marzo al R. P. Acquaviva Generale di detta Compagnia. E fatta in Italiano dal P. Gasparo Spittilli di Campli della medesima Compagnia. In Roma, Apresso Luigi Zanetti 1599.

56 Daniello Bartoli, S. I., Delle Opere del Padre D. B. Della Compagnia di Gesù, Volume X. Del Giappone Libro Primo, Torimo, Torino, pp. 303 - 304.

* Doutor em Filologia Românica e Japonês. Professor Associado da Universidade de Quioto.

desde a p. 39
até a p.