Imagem

CHINESES, PORTUGUESES E NEERLANDESES NO COMÉRCIO DO CHÁ ENTRE A CHINA E O SUDESTE DA ÁSIA (1600 - 1750)

Roderich Ptak*

INTRODUÇÃO

Durante as dinas-tias Ming (1368 - 1644) e o período inicial da di-nastia Qing (de 1644 até 1750, aproximadamen-te), o chá era cultivado em diversas regiões da China, sendo exportado tanto por via terrestre como por via marítima. Durante a dinastia Ming a exportação do chá para o interior e o Norte da Ásia por via terrestre proporcionava à China a possibilidade de receber cavalos em troca do chá. Para poder fazer e con-trolar o comércio com estas regiões, os chine-ses erigiram uma série de postos comerciais fortificados, sobretudo ao Ion-go das fronteiras de Gansu, Shaanxi, Si-chuan e na península de Liao-dong, aonde mongóis, coreanos e outros povos levavam os cavalos para trocar por seda, alimen-tos ou, precisamente, chá. Uma parte desse comércio era oficial-mente um movimento tributário, mas nem por isso deixou de atingir considerável volume de negócios e era, pelo me-nos durante alguns perí-odos, um dos pilares das relações de comércio externo durante a época Ming.1

Fâmula servindo o chá a um senhor (série "Chine Trade").

Com o avanço dos russos na Sibéria e a intensificação do comér-cio russo-chinês, tam-bém se desenvolveu um extenso movimento de caravanas que não tardou a estabelecer os inúmeros contactos da China com a Europa oriental. Pequenas quantidades de chá chi-nês começaram a chegar cada vez com maior fre-quência à parte ocidental do império do Czar. So-bretudo a praça de Quiachta ficou famosa e atingiu consideráveis volumes no comércio do chá, princi-palmente na primeira metade do século XIX2. A se- gunda rota do comércio do chá chinês estendia-se ao Sudeste da Ásia, um comércio por via marítima, embora nada se saiba sobre o início das exportações do chá para essas regiões. É provável que o comér-cio marítimo do chá tivesse evoluído com as "coló-nias" dos chineses no além-mar que, durante a di-nastia Ming, começavam a espalhar-se por várias regiões da Indonésia, das Filipinas e do Sudeste da Ásia continental.

Naturalmente, também o comércio com as potências coloniais europeias fazia parte das expor-tações de chá da China por via marítima. Porém, este comércio, ao contrário do que acontece com o comércio entre a China e as suas "colónias" do além-mar, está bem documentado e foi estudado em inúmeros tratados. Já na primeira metade do século XVII os europeus importavam chá, mas só no último quarto do século XVII conseguiram maior participa-ção neste comércio. Rapidamente se tornaram nos principais compradores da China, estimulando a pro-dução do chá no Fujian, Guangdong e noutros luga-res pela sua procura, e assim promovendo a econo-mia regional de algumas destas áreas.

Armazém de chá: embalagem das folhas. A direita um ocidental negoceia com um hanista, tomando chá.

A procura europeia de chá iniciou-se princi-palmente no Noroeste da Europa. Mas, para o nosso estudo, o espaço dos compradores europeus com as suas estruturas complexas e em constante ebulição, as lutas concorrenciais pelos preços entre as grandes sociedades, os reexportadores e traficantes ilegais, só nos interessam marginalmente. A seguir limitar-me-ei, principalmente, ao comércio do chá na Ásia oriental, ou seja: às compras de portugueses e neer-landeses na China, melhor dito, ao reembarque do chá chinês pelas grandes sucursais das companhias europeias no sudeste da Ásia. A presente exposição tem carácter geral, orienta-se quase exclusivamente por obras secundárias, e procede cronologicamente, lançando uma luz fugidia sobre as actividades co-merciais dos restantes agentes de destaque, ou seja ingleses, franceses e escandinavos, só quando é in-dispensável para compreender o contexto.

REGIÕES DE CULTIVO DE CHÁ, TRANSPORTES INTERNOS, PORTOS DE EXPORTAÇÃO, TIPOS DE CHÁ E CONSUMO

O chá que saía da China, pelos postos comer-ciais nas regiões fronteiriças nortenhas do império, normalmente vinha das regiões de cultivo no baixo Yangzi, do Fujian e das províncias chinesas do Su-doeste. As grandes plantações no sudoeste, princi-palmente nas margens do Yangzi superior em Yunnan e Sichuan, abasteciam simultaneamente os povos limítrofes das montanhas. O chá do Sichuan, por exemplo, desempenhava um papel importante no Tibete e era também consumido em algumas das regiões em que hoje estão reservadas as minorias nacionais.

Os caminhos das zonas de cultivo até aos mercados da fronteira chinesa eram, muitas vezes, longos e penosos; porém, no decorrer do tempo esta-beleceu-se uma rede de rotas comerciais que assegu-rava o abastecimento dos consumidores finais. As-sim, por exemplo, o chá da região Minbei (Fujian do Norte) era durante muito tempo, ainda sob a dinastia Qing, transportado para as províncias do Norte por estrada ou por via fluvial, via Hankou. Entre as regi-ões produtoras no Fujian e a metrópole comercial do Sul, Cantão, também se desenvolvia vivo comércio interior por via de Jiangxi. Os transportes de cabotagem complementavam o comércio terrestre; o chá do Fujian, por exemplo, era transportado por via marítima à cidade de Tianjin que era considerada um dos centros comerciais da região Bohai3.

Importantes para a exportação para o Sudeste da Ásia eram sobretudo as regiões de produção de Fujian e de Guangdong. Pelo ano de 1700, uma re-gião ao sul do Rio das Pérolas que era conhecido sob a designação das "trinta e três aldeias" (Sanshisan cun) tinha-se especializado na produção e venda do chá. O chá desta região que o povo tam-bém chamava Henan (o que não se deve confundir com a província do mesmo nome), chegava parcial-mente até Cantão e de lá aos navios que se faziam à vela rumando em direcção à Ásia do Sudeste. Mais tarde, quando aumentou a procura de chá no estran-geiro, a produção generalizou-se em muitas regiões da província de Guangdong4.

No Fujian, onde o chá provavelmente já era planta de cultivo durante o tempo do Nanbeichao (século IV a século VI), grandes quantidades deste produto tinham sido disponibilizadas para a exporta-ção, pela primeira vez, pela prefeitura de Jianning. No início do período Qing, foram várias as regiões que logo começaram a concentrar-se no comércio do chá Mas o Noroeste, portanto a região da montanha Wuyi, na área limítrofe do Jiangxi, continuou na li-derança destas regiões porque os conventos budistas e tauistas que lá existiam já se ocupavam da produ-ção do chá, desde há muito, e tinham desenvolvido óptimas técnicas de enobrecimento.

Aliás, a região Minbei produzia o famoso chá Bohea, cujo nome (derivado do Wuyi) se encontra em muitas fontes de informação europeias. Durante o pe-ríodo Qing a produção deste chá orientava-se, princi-palmente, à procura das grandes nações europeias navegantes. Por conseguinte, o chá Bohea que não se-guia para Cantão por cabotagem ou por vias terrestres era transportado directamente para os portos do Fujian, entre os quais Amoy (Xiamen) era o mais importante para a exportação. Outras exportações passavam por Fuzhou, a capital da província, mas eram de menor importância comparadas com as de Amoy5.

Durante a dinastia Ming, o mercado interno chinês oferecia mais de cinquenta tipos diferentes de chá. Mas nem todos os tipos tinham grande cotação no comércio marítimo externo que, durante o perío-do Qing se concentrava principalmente na exporta-ção do chá verde (lü cha), e do chá fermentado preto (hongcha). Entre estes últimos também se contava o chá Bohea. Além destes dois tipos também foram exportados o chá Pekoe (baihaó) e o chá Oolong (wulong), mas enquanto o chá Pekoe normalmente seguia para a Rússia, o chá Oolong só veio a ser exportado em grande quantidade no século XIX.

Colocaçáo das folhas de chá em tabuleiros para manipulaçáo (série"Chine Trade").

É sabido, e não carece de explicação, que o consumo do chá tinha forte influência na vida públi- ca e privada da China e de outros "países do chá" típicos como, por exemplo, o Japão. Permitam-me lembrar as casas de chá na China que existiam por todas as partes do país e a cerâmica típica, a cerimónia do chá do Japão e os numerosos livros, poesias e estu-dos medicinais que se referem ao culto do chá. Até na Europa e noutros países, que só adoptaram o costume de tomar chá nos séculos XVIII ou XIX, este novo hábito levou as populações a novos padrões de com-portamento e a significativas alterações da vida diária e da economia nacional.

OS CONSUMIDORES ASIÁTICOS NO SUDESTE DA ÁSIA

Como já disse havia, provavelmente, chá im-portado da China por toda a Ásia, onde os chineses formaram pequenas "colónias", como por exemplo em Malaca, durante as viagens marítimas de Zheng He no princípio do século XV, ou nas "colónias" chinesas do Norte de Java. Mas, não se encontram provas disso na literatura como, aliás, até ao século XVI, há pouca documentação sobre a história das "colónias" chinesas no estrangeiro, assim como sobre o comércio privado chinês com o ultramar.

No século XVI, portugueses e espanhóis chega-ram a tomar conhecimento do costume de tomar chá na China e no Japão. Mas, ao contrário dos seus poste-riores concorrentes do Noroeste da Europa, parece que não lhe "tomaram o gosto". Assim, parece que o chá nem fazia parte das mercadorias transportadas em em-barcações ibéricas. Pouco mais tarde, no século XVII, aumentam os indícios do consumo de chá no Sudeste da Ásia, o que faz concluir pela rápida expansão "fur-tiva" do chá pelos navegadores e comerciantes chine-ses. Tanto fontes asiáticas como fontes europeias for-necem estes indícios, entre elas sobretudo as neerlan-desas e inglesas. Gervaise, por exemplo, relata, à volta do ano de 1700, que se tomava chá em Makassar6. Outros documentos provam que havia chá nas ilhas Sulu que mantinham estreitos contactos com a China. Atjeh, no Noroeste de Sumatra, e o Sião, também im-portavam chá. Portanto, o costume de beber chá e a sua importação espalhavam-se com o decorrer do tem-po, não só entre os chineses do Sudeste da Ásia, mas também entre os povos originários dessa região7.

É igualmente importante dizer que, com a apre-ciação do chá em muitas regiões, também evoluiu a procura de mercadorias complementares, entre as quais os artigos de cerâmica. No Japão havia preferên-cia por vazilhas simples de barro, que não raramente eram utilizadas nos navios como cântaros de água, mas que no Japão serviam para o chá. Isto levou à importação de jarras e vasos do Luzon, de Burma e da Tailândia que davam bons lucros quando vendidos no Japão8. Entretanto, estes e outros fenómenos, assim como a importação do chá pelos povos do sudeste da Ásia ainda continuam à espera de estudos mais pro-fundos.

TURBULÊNCIAS POLÍTICAS NA FASE DE TRANSIÇÃO ENTRE AS DINASTIAS MING E QING E PRIMEIRAS COMPRAS DE CHÁ PELOS EUROPEUS, ATÉ 1683, APROXIMADAMENTE

Os navios portugueses que de Macau rumavam para o Sudeste da Ásia ou para a Índia nas primeiras décadas do século XVII provavelmente pouco ou nenhum chá transportavam. Portugal não se interessava pelo comércio de chá, de modo que o abastecimento de chá das "colónias" chinesas no Su-deste da Ásia, que cresciam continuamente naquela altura, ainda estava nas mãos de navegadores chine-ses que transitavam regularmente nos seus juncos pelos portos de Java, Sumatra, Malásia, Indonésia oriental ou Filipinas.

A bordo de embarcações neerlandesas chega-vam, nessa altura, pequenas quantidades de chá às su-cursais da VOC (Verenigde Oostindische Compagnie, a Companhia Holandesa) na Indonésia e, de vez em quando, até ao noroeste da Europa. Já em 1610, o chá surgira na Holanda e pouco mais tarde, entre 1635 e 1640, tomar chá era a grande moda em certos círculos deste país. Isso levou ao aumento das importações de chá que os navios neerlandeses traziam à Europa, mas, por enquanto, em termos de quantidade e valor só per-fazia uma pequena parte da carga total9.

Naquela altura, a VOC tinha possibilidades de comprar chá por duas vias: os juncos chineses traziam chá até Batávia ou a Fort Zelândia em Taiwan onde a VOC teve uma dependência até 1662. Em Dezembro de 1636 registaram-se, por exemplo, 30 picol de chá em Taiwan, que tinham chegado de Amoy em cinco juncos e, em Janeiro de 1637, a Fort Zelândia enviou 2 350 catties a Batávia que, evidentemente, estavam destinados à Europa. Pequenos contingentes de chá também seguiam de Taiwan para o Sião ou para a Índia, onde a VOC igualmente mantinha as suas su-cursais10.

Entretanto, os ingleses vinham aparecendo no Leste e Sudeste da Ásia. Transitavam sobretudo em Bantem, na Java ocidental, onde havia principalmente pimenta. Mas os chineses que lá viviam, naturalmente, também faziam comércio com chá. Assim, os ingleses chegavam muitas vezes a ter contacto com o chá chi-nês. E levaram pequenas quantidades de chá para a Inglaterra nos anos de 1660. Outras regiões, onde os ingleses compravam chá, eram sobretudo Surat e Madras. Embora a Companhia Inglesa da Índia Orien-tal (East Indian Company, EIC), ao contrário da VOC e dos portugueses, não tivesse bases fixas à frente da costa chinesa, os ingleses rapidamente tentavam esta-belecer contactos directos com o "Império do Meio". Sobretudo durante a época de transição entre as dinas-tias Ming e Qing, caracterizada por muitas turbulênci-as, os ingleses apareciam com bastante frequência na costa do Fujian à frente de Amoy. Entre 1676 e 1698 registam-se ao todo doze viagens marítimas inglesas até Amoy, mas é evidente que só em fins do ano 1680 começaram a comprar o chá directamente em Amoy11.

Durante esta fase transitória entre as dinastias Ming e Qing, tanto a VOC como os espanhóis nas Filipinas, ficaram prejudicados porque as disputas bé-licas entre os Manchu e a poderosa família Zheng afectaram o fluxo das mercadorias entre a China e o Sudeste da Ásia. Além disso, o regime Zheng expul-sou a VOC do Fort Zelândia. Com isso, os neerlande-ses perderam a possibilidade de carregar o chá comoda e directamente na costa chinesa. Todas as tentativas de Batávia de continuar em contacto com Fujian se toma-vam cada vez mais difíceis, mas não se malograram por completo. Mas a VOC tinha de ser estabelecida de chá por chineses e outros, entre eles alguns vrijburgher (burgueses livres) que viviam em Batávia e não estavam ao serviço da companhia. A iniciativa no comércio do chá passou, portanto, ao lado dos for-necedores chineses12.

Embora Macau sobrevivesse à mudança das di-nastias, com as suas numerosas consequências na China, é verdade que a política rigorosa de bloqueio inici-ada pela nova dinastia imperial, e que no fundo se dirigia contra o regime dos Zheng em Taiwan, tinha levado a cidade à beira da ruína e só começou a aliviar por volta de 1668. Além disso, os portugueses, durante este período, perderam a sua sucursal em Makassar, o mais importante centro de comércio livre na Indonésia oriental, que logo a seguir caiu totalmente nas mãos dos holandeses. Também os ingleses, chineses, dina-marqueses e outros que igualmente tinham feito negó-cio em Makassar ficaram afectados pela nova situa-ção13. Sob a crescente pressão neerlandesa todas as outras nações se viram obrigadas a procurar novos ho-rizontes e outra base, em parte já no início de 1660. Bantem parecia apropriado, pois tinha conseguido tirar proveito da queda de Makassar e viveu um surto de desenvolvimento durante alguns anos. A situação be-neficiava da fixação dos ingleses naquela cidade que agora reforçaram o seu comércio com a China; sobre-tudo o intercâmbio entre Bantem e Fujian começou a florescer (na medida em que as condições complicadas na costa chinesa permitiam o comércio marítimo).

Como já naquela altura havia moderada procu-ra de chá em Bantem, os portugueses de Macau, que tinham recuperado do desastre de Makassar, começa-vam a ver uma oportunidade de melhorar a sua posi-ção delicada. Assim, começaram imediatamente a comprar chá em Cantão para o fornecer a Bantem. É a primeira vez que a literatura fala da considerável parti-cipaçã dos portugueses no comércio de chá, embora não fosse para abastecer o Estado da Índia ou até Por-tugal, mas somente na função de fornecedores e inter-mediários. Mas seja como for, Souza calculou que os comerciantes portugueses, só nos dois anos entre 1676 e 1678, carregaram para Bantem o dobro da quantida-de de chá (ou seja 12,664 libras avoirdupois) que a EIC tinha importado da China para a Inglaterra entre os anos de 1669 e 1682. Isto permite-nos concluir que os portugueses passaram a ter maior participação na expansão do chá em algumas partes do arquipélago do que alguns anos antes, pois é evidente que nem todos os fornecimentos destinados a Bantem iam passar à Europa14.

Entretanto, as relações luso-neerlandesas come-çavam a desanuviar-se e alguns comerciantes de Ma-cau entraram simultaneamente em contacto directo com Batávia, fazendo negócios naquela cidade entre os anos de 1670 e 1679. Assim, Batávia ia recebendo pequenas quantidades de chá chinês de Cantão por intermédio dos portugueses e adicionalmente aos for-necimentos dos outros importadores. Após 1679 o nú-mero dos desembarques portugueses registados em Batávia desceu ligeiramente. Mas também o número dos desembarques chineses baixou. Este último fenó-meno ligava-se, essencialmente, aos desenvolvimentos políticos na China que acabaram em novos choques entre os Manchu e os Zheng, fenómeno esse que impediu a navegação durante três ou quatro anos, an-tes que a ansiada solução do conflito chegasse a apazi-guar a situação15.

ABERTURA DA CHINA E COMPRAS DE CHÁ POR BATÁVIA E A EIC, 1683 - 1717

A situação na China desanuviou-se em 1683 quando os Qing franquearam o comércio ultramarino após a vitória sobre o regime dos Zheng. Os juncos chineses voltaram a viajar calmamente ao Japão e ao Sudeste da Ásia. Porém, outro acontecimento quase simultâneo afectou novamente estes desenvolvimentos positivos, embora as suas consequências ficassem li-mitadas: a conquista de Bantem em 1682, pelos neer-landeses. Desta forma, o comércio livre perdeu outra base importante. Os ingleses desviaram o seu comér-cio, entre outras, para Benkoolen, em Sumatra, e Banjarmasin, no Sul de Boméu. Os dinamarqueses, que ainda não tinham muitos anos de presença na Ásia e que também tinham feito comércio em Bantem, reti-raram-se quase totalmente para Tranquebar na Índia; só muito mais tarde os reencontraremos no Extremo Oriente. Os portugueses de Macau, tal como os ingle-ses, tentaram ganhar pé em Banjarmasin mas, tal como estes, não tiveram grande êxito a longo prazo -- muito ao contrário de chineses e neerlandeses que também faziam negócio no Sul de Boméu16.

Entretanto, Macau não tinha descuidado as suas ligações com outros portos e, uma vez que, pelo me-nos na China desde 1683, soprava um "vento novo", os portugueses tomaram a estreitar estes laços. Assim, os navios portugueses a caminho da Índia fizeram es-cala na Malaca neerlandesa que, quarenta anos antes, ainda estivera sob o controle do Estado da Índia. Entre 1684 e 1742 levavam pequenas quantidades de chá a Malaca de vez em quando, até 20 picol por cada re-messa. Convém lembrar também que os portugueses continuavam a transportar uma parte do chá pela Índia, por exemplo via Goa, de onde o chá podia chegar às mãos dos ingleses17.

Mas, mais importante que o comércio de Malaca era o mercado de Batávia, pelo qual, além dos portugueses de Macau, também se interessavam os chineses. Sob as novas condições na própria China e em face da crescente procura de chá na Europa, as condições eram favoráveis ao aumento dos forneci-mentos de chá destinado a Batávia. Os comerciantes em Macau e em Fujian, que muito tempo esperaram pelo desanuviamento na China, reagiram agora rapida-mente: o número de movimentos das embarcações en-tre a China e alguns portos do Sudeste Asiático au-mentava consideravelmente e as quantidades de chá registadas em Batávia rapidamente atingiram um nível de boa estabilidade. Durante o período entre 1690 e 1719 os portugueses de Macau e os chineses transpor-taram cerca de 500 a 600 picol de chá por ano para Batávia. O valor destes fornecimentos situava-se entre 30 000 a 40 000 rsd e significa uma participação de, pelo menos, 20% de todos os bens que portugueses e chineses vendiam em Batávia. Em 1714, esta percen-tagem subiu a 37%, atingindo mais de 90% até 1719. Razão para estes desenvolvimentos eram as fortes os-cilações do valor das restantes mercadorias provindas da China, seja directamente, seja via Macau, que a seguir se reduziu definitivamente18.

Entretanto, o chá adquiriu crescente popularida-de na Inglaterra. Assim, pelo fim do século XVII, os ingleses carregaram chá tanto em Amoy, como já dis-semos, como também na costa de Zhejiang. A partir de 1699, os navios ingleses apareciam também em Cantão, igualmente para carregar chá. Pelo ano de 1704, a Inglaterra já importava 150 picol de chá da China, o que correspondia a um valor de 20 000 libras inglesas, aproximadamente. Mais tarde as importações execederam o valor de 100 000 libras inglesas. Mas, enquanto Cantão se tornou no porto mais importante para o comércio do chá com os ingleses e a EIC, pelo ano de 1715 os transportes ingleses de Amoy cessaram por completo.

Nessa altura, os franceses também começavam a aparecer na costa de Cantão. Sobretudo a viagem da Amphitrite ficou famosa. Entre 1698 e 1715 atracaram mais de 20 embarcações francesas na costa chinesa, vindas parcialmente pela rota do Pacífico, parcialmen-te pelo Mar Índico. Finalmente, em 1719, a Compagnie Royale des Indes et de la Chine é fundada e, tal como a EIC, também esta companhia deu um papel de destaque ao chá; isto não só porque o chá tinha encontrado apreciadores em França, mas porque a França também se tornou num entreposto do chá para outros países europeus -- um negócio ilegal na sua maior parte, mas que auferia elevados lucros19.

A VOC, pouco depois do ano de 1700, não costumava ainda enviar navios próprios para a China, mas aguardava os fornecimentos de chineses e portu-gueses. Assim, os ingleses e franceses, além dos portu-gueses de Macau, continuavam a ser os únicos euro-peus que se abasteciam directamente na China. Tudo isso significava vantagens para os ingleses -- vanta-gens no tempo e nos preços. Quanto mais chá os ingle-ses compravam, tanto mais fortificavam a sua posição, e prejudicavam o negócio da Batávia neerlandesa, que muitas vezes se viu obrigada a contentar-se com a segunda escolha, ou seja, com a menor qualidade. Acresce que os chineses normalmente transportavam o chá em cestos e as folhas do chá muitas vezes já não estavam frescas quando chegavam a Batávia. O pro-longado tempo do armazenamento ainda mais contri-buía para reduzir o aroma. Os ingleses nem sequer conheciam preocupações deste tipo porque o chá que compravam em Cantão estava quase sempre empaco-tado em caixotes e mantinha a sua óptima qualidade até chegar ao Noroeste da Europa.

Imediatamente após o ano de 1700, as vanta-gens dos navegadores ingleses e dos transportes direc-tos de Cantão faziam-se notar em termos de volume de negócios. Rapidamente os ingleses passaram a com-prar mais chá à China que a VOC, e enviaram grandes contigentes de chá para a Europa. E cito como exem-plo: em 1714, Batávia comprou 619 picol ao passo que a EIC já importava perto de 1602 picol. Foram duplos os factores que confluiram neste desenvolvimento e, provavelmente, estavam estreitamente interligados: por um lado, os ingleses pagavam preços de compra mais baixos que Batávia, já que não precisavam do transporte para Java; por outro, a concorrência entre os comerciantes de Cantão e os de Fujian, que exporta-vam para Batávia, era limitada, porque os primeiros eram parcialmente naturais de Fujian ou, pelo menos, cooperavam com os produtores dessa região. Assim, quanto mais unidos estavam os chineses, tanto mais podiam escolher os compradores a quem concediam as melhores condições de compra. Evidentemente, era mais cómodo fornecer os ingleses em Cantão e estes frequentemente faziam o negócio em condições mais vantajosas que os neerlandeses20.

Além disso, não podemos esquecer que o negó-cio era feito com vários tipos de chá. Assim, os portu-gueses e ingleses que compravam em Cantão rapida-mente se concentravam no chá verde (sobretudo Singló), ao passo que a VOC dava preferência ao chá preto (Boheá) que era transportado pelos juncos. Mas não sabemos ao certo quais eram os requintes do negó-cio com os diferentes tipos de chá e como os produto-res e oferecedores procediam, e até que ponto os diver-sos tipos de chá se substituíam uns aos outros. De qualquer modo, não existe muita documentação sobre o período entre 1700 e 1710. Só podemos supor que o lado chinês, naquela altura, não tinha uma atitude tão homogénea como em períodos posteriores. Assim, ha-via um certo espaço de manobra para os restantes par-ceiros do negócio, de maneira que a posição de Batávia ficava pouco enfraquecida pelos desenvolvi-mentos em Cantão.

BREVE INTERDIÇÃO DO COMÉRCIO DURANTE A ÉPOCA QING PARA VANTAGEM DOS PORTUGUESES, ENTRE 1717 E 1721

Seja como for, a VOC teve dupla razão para preocupações: os elevados preços do chá e sobretudo o facto de muitos imigrantes chineses, atraídos pela con-juntura local favorável, virem a chegar a Batávia nos juncos. Sem considerar a situação em Cantão, Batávia resolveu passar a medidas drásticas e, em 1717, impôs "multas" aos responsáveis pela afluência dos imigran-tes ilegais. Além disso, os preços do chá de tipo verde e de tipo preto foram congelados. Os chineses aceita-ram as novas condições após fortes protestos, mas ameaçaram não atracar mais em Batávia.

Paralelamente, o governo dos Qing emitiu nova proibição do comércio que visava a própria navegação chinesa e que apenas tinha ligação indirecta com os acontecimentos em Batávia. Acontece que as autorida-des da China suspeitavam de grande número de piratas na costa chinesa e estavam igualmente preocupadas com a emigração de elementos criminosos e de contra-bando, razão porque tencionavam combater ambos os males pela rigorosa proibição do movimento dos jun-cos. Entre 1718 e 1721, todas estas medidas levaram à ausência total de embarcações chinesas da costa chine-sa para Batávia, pelo que também os fornecimentos directos de chá cessaram durante algum tempo21.

E, como se as complicações não fossem já suficientes, um outro problema se anunciou: de Ostende chegavam comerciantes patrocinados pela Áustria, o que significava concorrência para a VOC, nos próprios Países Baixos. Os comerciantes de Ostende tinham comprado chá na China, pela pri-meira vez em 1719, -- e nada menos que 170 000 pond (cerca de 1 370 picol) --transportando esta quantidade enorme para a Europa num único navio; isto era muito mais do que a VOC pôde conseguir no mes-mo período via Batávia. Mas pior ainda: os comerciantes de Ostende compraram a preço mais favorável em Cantão do que a sua con-corrência da Inglaterra e da França, ofereci-am o chá Bohea muitas vezes mais barato, trabalhavam com capital neerlandês, conse-guiam maiores lucros que a VOC, e soube-ram aumentar as suas compras consideravel-mente entre 1720 e 1721. Amsterdão estava fora de si. Segundo os cálculos de Degryse, em 1720, até 67% de todas as importações de chá em Londres, Amsterdão e Ostende foram feitas pelos negociantes de Ostende, uma vez que voltaram de Cantão, naquele ano, com 4 navios carregadinhos de chá. A situação era absolutamente intolerável para a VOC, pelo que ela tudo fazia para eliminar os seus con-correntes de Ostende. Assim, Batávia recebeu instruções para comprar a maior quantidade de chá possível; com a oferta maciça pensa-va-se fazer subir os preços em Cantão e baixar os preços nos Países Baixos, para comprometer o negó-cio de Ostende22.

Essas manobras, porém, só vieram a beneficiar os portugueses de Macau que agora, durante a proibi-ção da saída dos juncos chineses e, com o repentino aumento da procura em Batávia, multiplicaram as suas compras em Cantão, assim tapando o "buraco de chá" em Batávia. Entre 1718 e 1721, apareciam em média em Batávia mais de 6 embarcações de Macau e, além disso, alguns navios de outras partes do Estado da Ín-dia. Até 1721 os fornecimentos de chá dos portugueses elevaram-se a respeitáveis 2 753 picol. Aliás, os portu-gueses bem sabiam aproveitar-se desta situação, já que agora passavam a ser eles, e não os neerlandeses, que ditavam os preços que, em seguida, subiram mais do que os preços arbitrariamente ditados em 1717; a VOC pouco se importava com os preços, já que para ela a questão era livrar-se da concorrência de Ostende.

Mas, a alegria de Macau era sol de pouca dura. Já em 1722, a China abrandou a interdição do comér-cio, de modo que os primeiros juncos tomaram a apa-recer em Batávia no mesmo ano, carregando chá como outrora. Pouco mais tarde seguiu-se a liberalização ofi-cial do comércio dos juncos e, em 1727, os portos de Fujian e Zhejiang reabriram, de maneira que nada im-pedia a exportação do chá em grande quantidade, e os preços em Batávia iam cedendo -- para grande des-gosto dos portugueses23.

Forno para cosedura da folha do chá (xilogravura chinesa).

Outra novidade era a instituição da Co-Hong. Atrás desta instituição escondia-se uma associação de vários comerciantes chineses de grande influência e que tinham semelhantes objectivos comerciais no co-mércio do chá. No âmbito de disposições decretadas pela Co-Hong, e publicadas em 1720, os comerciantes chineses conseguiram estabelecer normas para as di-versas qualidades de mercadorias e fixar os preços de venda. Isso significava que os comerciantes europeus em Cantão se viam praticamente confrontados com um monopólio e que o seu espaço de manobra se redu-zia. Não conhecemos ao certo a posição que a praça de Cantão ocupava na textura dos mercados chineses de chá, nem sabemos com que percentagem as exporta-ções de Cantão participavam na produção chinesa. Provavelmente só constituíam uma parte reduzida da produção total, factor esse que mais ainda reforçava a posição dos oferecedores. Por outro lado, há razões para supor que alguns dos comerciantes da Co-Hong eram altamente dependentes das exportações24.

CRESCENTE CONCORRÊNCIA ANGLO-NEERLANDESA E OS NEGÓCIOS DIRECTOS DOS NEERLANDESES COM CANTÃO, 1722 - 1734

Mas voltemos ao "problema" de Ostende. Com o aumento dos fornecimentos de chá dos portugueses e o reaparecimento dos juncos chineses em Batávia, a VOC ainda não tinha ganho. Só as medidas económi-cas não eram suficientes para eliminar a concorrência de Ostende que, em 1722, até tinha constituído uma companhia comercial. Por isso, a VOC, juntamente com os ingleses e outros, armou uma ofensiva diplo-mática que rapidamente levou ao desejado êxito. Por fim, a Áustria chegou a sofrer tão forte pressão que se comprometeu a suspender o comércio da companhia com o Extremo Oriente a partir de 1727. Os comerci-antes de Ostende e outros bem pensavam em constituir novas companhias comerciais na Escandinávia ou em Hamburgo -- o que as outras companhias naturalmen-te observavam com desconfiança --, mas a famosa viagem da Apollo (em 1730) e a menos conhecida da Duc de Lorraine (em 1732) foram, entretanto, os últi-mos navios da potencial concorrência que chegaram até Cantão. Em 1732, a Companhia de Ostende foi dissolvida definitivamente.

Enquanto a VOC estava preocupada com a Companhia de Ostende, os ingleses fizeram tudo para reforçar a sua própria posição na China. Aumentaram as compras de chá em Cantão e, em 1721 e 1722, superaram a VOC com a tripla quantidade de chá des-tinada à Europa. Nos anos a seguir, a flutuação dos preços e o comportamento dos concorrentes na China e na Europa fizeram com que as remessas inglesas sofressem fortes oscilações. Assim, em 1728, as re-messas da EIC à Europa baixaram para menos de 2 000 picol, aumentando novamente, entre 1729 e 1731, para muito mais do que 10 000 picol. Isto signi-ficava que os ingleses, que antes tinham hostilizado Ostende, agora se transformavam em perigosos con-correntes dos neerlandeses25.

Entretanto, a VOC pensava em reduzir a sua dependência dos fornecimentos chineses e portugueses e em melhorar a sua capacidade competitiva no merca-do do chá. O cultivo do chá em Java era uma das possibilidades que poderia resolver os problemas de preço e abastecimento, mas os donos das plantações não se persuadiram a cultivá-lo. Só no século XIX o chá chegou a ser plantado em grande escala em Java26.

Outra possibilidade de a VOC recuperar uma posição favorável referia-se aos laços existentes entre a Europa e a China: pensava-se entrar em contacto directo com Cantão, quase seguindo o exemplo de Ostende, isto é, enviar embarcações da VOC à China para comprar chá. Mas aí a sucursal da VOC em Batávia hesitava: para fazer comércio directo com Cantão, era preciso pagar em prata e a prata era cara; comprando o chá via Batávia, em troca de produtos tropicais, como a pimenta que estava a bom preço na Indonésia, parecia mais barato. Assim, a sucursal neer-landesa em Batávia não gostou nada das sugestões vindas da casa matriz nos Países Baixos. Nestas condi-ções, a sede da VOC na Europa tomou uma decisão insólita, enviando, em 1728, a Coxhorn a Cantão. En-tre 1729 e 1733, outros navios seguiram, ou enviados pela câmara da VOC em Amesterdão ou pela câmara da Zelândia. Nestas viagens a VOC trazia grandes quantidades de chá ao mercado europeu, o que aborre-cia os ingleses que imediatamente se esforçavam por impedir as compras holandesas directas em Cantão por intermédio do representante francês. Mas falharam.

Embora satisfatórios no início, os negócios di-rectos dos neerlandeses com Cantão também tinham o seu lado negativo. Os custos subiram muito, conforme Batávia já tinha previsto, porque os Países Baixos tive-ram de desembolsar a prata para cada uma destas via-gens. Além disso, Batávia receava o comércio dos jun-cos. Tudo isso suscitou longos debates em que os ad-versários da comercialização directa do chá entre a Europa e a China conseguiram impor-se, de modo que Amesterdão suspendeu as viagens directas em 1734. Chegou a haver uma "solução de compromisso": de futuro, dois navios com alguma prata e várias outras mercadorias iriam da Europa a Batávia; os produtos europeus eram vendidos em Batávia em troca de pro-dutos de que a China precisava; o carregamento defi-nitivo, que consistia em prata e outras mercadorias que a China desejava, seria utilizado para a aquisição de mercadorias chinesas em Cantão. Como ainda vere-mos, este sistema deu resultado durante alguns anos27.

A "solução de compromisso" que os neerlan-deses elaboraram é de interesse geral na medida em que aponta para um dilema que em todos os tempos tem vindo a causar dores de cabeça aos europeus: ao longo dos séculos a China quase não precisava de mercadorias europeias; preferia a prata e certos pro-dutos do Sudeste Asiático. Assim, quem queria fazer negócio com a China, tinha de encontrar meios para adquirir estes produtos a óptimo preço, para poder adquirir chá, porcelana e outros produtos da China. Antigamente, os portugueses tinham conseguido prata japonesa a bom preço, ou ofereciam marfim, madeira de sândalo e outras mercadorias para com-prar seda em Cantão; agora, a VOC experimentava com especiarias e outros produtos exóticos, mas ne-nhuma dessas estratégias pode ser considerada mui-to inovadora; só muito mais tarde os ingleses desco-briram uma novidade tão genial quanto trágica: pelo fim do século XVIII ofereciam cada vez mais ópio indiano, estimulando a procura deste produto na China e conseguindo, finalmente, o que pretendiam.

O FIM DO COMÉRCIO DO CHÁ ENTRE BATÁVIA E A CHINA E O INÍCIO DO SURTO DO CHÁ EM CANTÃO.

O facto de o chá, a partir de 1735, ter seguido em embarcações neerlandesas directamente de Cantão para a Europa, e simultaneamente em juncos chineses, via Batávia, também para a Holanda, tinha tantas van-tagens como desvantagens. A VOC continuava com um pé na porta da China, podendo controlar as com-pras de chá em melhores condições para melhor corresponder às exigências de qualidade da parte dos consumidores e melhor controlar a durabilidade, fres-cura e a embalagem do chá. A procura na Europa aumentou e as compras de chá dos Países Baixos e de Batávia aumentaram igualmente28.

Apesar deste desenvolvimento agradável sem-pre era aborrecido que os preços do chá na Europa baixassem de vez em quando. A concorrência europeia exacerbara-se, muitas vezes havia chá a mais na Euro-pa, a oferta e a procura desequilibravam-se. Os preços de compra na China baixaram igualmente -- prova-velmente porque os produtos chineses reagiram à cres-cente procura europeia com nítidos aumentos de pro-dução -- mas nem sempre assim acontecia; em alguns anos os preços até subiam, havendo diferenças no ne-gócio de diferentes tipos de chá, pelo que as margens de lucro variavam de ano para ano29.

As altas e baixas de preços, quantidades e mar-gens de lucro também contribuíram para o desenvolvi-mento de forte contrabando de chá, tanto na rota para Batávia, como também na rota directa para a Europa. A VOC estava sempre consciente deste problema, mas nunca o conseguiu dominar totalmente.

Os fornecedores chineses que levavam o chá para Java também não desconheciam estes desenvolvi-mentos. Mesmo que o contrabando em princípio fosse tolerável, as oscilações de preços causavam forte per-turbação e os comerciantes de carreira ficavam des-concertados quando em outros sítios havia melhores preços que em Batávia. Considerando os custos do transporte, rapidamente se chegava ao ponto em que já não era rendível aumentar os fornecimentos chineses de chá a Java. Assim, chegou-se aos limites do comér-cio de chá entre Batávia e a Europa, entre outras ra-zões porque a VOC e as outras companhias europeias enviavam o chá directamente de Cantão. Talvez essa fosse uma das razões por que os capitães dos juncos chineses, durante os anos 1730, passaram a transportar cada vez mais passageiros para Batávia -- imigrantes ilegais que pagavam muito dinheiro pela passagem. A alternativa, para muitos, seria possivelmente chá ou passageiros, e cálculo sóbrio muitas vezes resultava a favor dos últimos.

COMÉRCIO DO CHÁ

COMÉRCIO

DO CHÁ

Fornecimentos portugueses e chineses a

Batávia,1694-1743

 

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>

Picol

rijksdaler

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1694

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1700

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1704

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1707

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1708

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1709

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1710

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1711

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1712

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1713

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1714

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1715

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1716

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1717

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1718

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1719

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1720

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1721

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1722

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1723

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1724

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1728

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1729

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1730

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1731

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1733

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1735

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1737

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1742

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1743

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>725

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'> 

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>52

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'> 

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'> 

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>575

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>573

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>575

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>561

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>580

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>619

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>531

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>627

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'> 

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>446

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>764

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>2000

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>2753

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>2847

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>3041

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1699

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>2519

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>4795

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>10762

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>8145

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>6542

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>6079

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>5431

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1737

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>76

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>33767

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'> 

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>—

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'> 

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'> 

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>—

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>31345

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>31710

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>35176

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>37945

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>45008

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>33657

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>26755

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'> 

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>35040

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>43836

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>126812

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>248891

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>96279

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>101954

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>62489

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>146886

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>256295

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>564294

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>201970

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>97836

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>125560

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>181531

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>43415

lang=EN-US style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt'>1819

 

Mas lancemos um olhar na concorrência europeia que se multiplicava em meados do ano 1730. Ao lado dos britânicos e franceses, que conti-nuavam a aumentar as suas compras de chá, surgiam agora os suecos e dinamarqueses. Os suecos inicia-vam as suas viagens à Ásia em Göteborg e, a partir de 1732, enviavam embarcações à Índia e à China. Até 1740, nove navios suecos atracaram em Cantão. Pelo ano de 1738, os suecos importaram metade da quantidade de chá da EIC -- chá que seguia até Göteborg, de onde era redistribuído. Os dinamarque-ses faziam negócio com a Ásia havia muito tempo, mas a grandes intervalos. Durante muitos anos, até se limitaram quase exclusivamente ao Tranquebrar e ao Golfo do Bengala. Em Abril de 1732 tinham fun-dado uma nova companhia, enviando até 1745 de-zoito navios a Cantão, onde compravam quase tanto chá quanto os suecos, embora menos que os neerlan-deses e os franceses30.

Uma novidade era o country trade inglês, ou seja, o negócio de comerciantes ingleses privados que não faziam parte da EIC e que, a partir de 1730, se faziam notar em Cantão pelo acerbamento da concorrência. Tanto os navios regulares da EIC como também os dos country traders ingleses transi-tavam frequentemente no Sudeste da Ásia para --como anteriormente a VOC -- conseguir exacta-mente as mercadorias que eram necessárias para po-der comprar chá na China.

Embora a VOC reconhecesse que o comércio livre dos privados diminuía sensivelmente os lucros auferidos em Cantão, os neerlandeses perderam a oportunidade de abrandar as suas próprias leis e dis-posições para permitir o desenvolvimento de um country trade livre à neerlandesa em Cantão. Muito ao contrário, a VOC insistiu no seu monopólio, ten-tando vincular a Batávia o movimento dos juncos chineses na Indonésia, pela emissão de novas dispo-sições. Contudo, muitas vezes, os country traders ingleses e os comerciantes da EIC eram mais efici-entes e, provavelmente, até ofereciam mais barato --de maneira que os capitães dos juncos chineses sim-plesmente desobedeciam às ordens da VOC, atra-cando noutros portos. Estes portos eram cada vez mais procurados, como por exemplo Johore ou" Banjarmasin, onde os chineses compravam princi-palmente pimenta, que antigamente chegara à China via Batávia31.

Porém, mais grave que estes últimos desen-volvimentos era o problema subjacente dos emigran-tes. A viagem a Batávia era atraente para os juncos chineses porque os emigrantes fujianeses pagavam, e não pagavam mal. Rapidamente, os juncos traziam tantos passageiros que o clima entre a VOC e os chineses de Batávia se degradava dia a dia. Em 1740, as tensões culminaram em conflitos em que muitos chineses perderam a vida. Estes aconteci-mentos selaram o rompimento total da confiança e o número de juncos que atracavam a Batávia diminuía drasticamente. Os chineses entendiam que o merca-do de chá de Batávia ruíra. Os parceiros neerlande-ses tinham provado que lhes eram hostis e os preços que ofereciam não eram satisfatórios. O fim do co-mércio do chá via Batávia estava ditado.

A VOC bem tentou contrabalançar a redução do movimento dos juncos, sobretudo por melhoramen-tos institucionais, como por exemplo a baixa das taxas alfandegárias, mas estes esforços já não remediaram nada. O número dos juncos continuava reduzido e a partir de 1745, mais ou menos, a VOC quase já não comprava chá em Batávia.

Não obstante, as compras directas de chá que a VOC fazia em Cantão continuavam. Os navios da VOC continuavam a atracar primeiro em Batávia, se-guiam de lá à China e voltavam para a Europa a se-guir. O abastecimento dos Países Baixos com chá qua-se que enem sentia os acontecimentos em Batávia, mas Batávia começava a ficar fora de jogo. Uma vez que também os portugueses, naquela altura, pouco chá vendiam nos portos do Sudeste Asiático e praticamen-te não existe documentação sobre os fornecimentos dos chineses às suas "colónias" ultramarinas no Sudes-te da Ásia, fora de Java, podemos aqui encerrar a cro-nologia do comércio do chá entre a China e o Sudeste da Ásia. Talvez valha a pena acrescentar que Batávia, em 1756, ia sofrer outro golpe: a VOC em Amesterdão instituiu uma comissão especial que reto-mou o comércio directo com a China, através de uma rota directa que excluía Batávia, como já acontecera em 172832.

OBSERVAÇÕES FINAIS

O fim do comércio do chá via Batávia e a redu-ção do movimento dos juncos em Batávia, anunciaram grandes mudanças no comércio da Europa com o Ex-tremo Oriente. Os holandeses ficaram em desvanta-gem. Os chineses assumiam um papel passivo; ofere-ciam chá em Cantão, mas pouca razão tinham para participar no negócio euro-asiático com as suas própri-as embarcações. Aos portugueses de Macau, embora estivessem na própria fonte, faltaram nessa altura tanto o capital como a influência para poder aproveitar a vizinhança de Cantão a seu favor; além disso, entre 1728 e 1745, perderam grande número dos seus navi-os. Os "anos do chá" e do êxito dos portugueses entre 1717 e 1721 foram, portanto, um momento de glória na história de Macau.

Embora Macau continuasse a exportar peque-nas quantidades de chá, por exemplo para o Vietname, a posição dos portugueses neste ramo de negócios nunca mais atingiu o significado que tinha tido durante as primeiras décadas do século XVIII33. Assim, o ne-gócio do chá foi, pouco a pouco, passando para as mãos dos ingleses que a longo prazo iriam ganhar e que começavam a dominar o mercado de Cantão em todas as suas dimensões.

NOTAS

1 Cf. por exemplo Moris Rossabi, "The Tea and Horse Trade with Inner Asia during the Ming"; Journal of Asian History 4 (1970), pp. 136-168; Henry Serruys, Sino-MongolRelations during the Ming; vol. 2: The tribute System and Diplomatic Missions (1400-1600); vol. 3: Trade Relations: The Horse fairs (1400 - 1600) Bruxelas: Institute Belge des Hautes Études Chinoises, 1967 e 1975.

2 Cf. por exemplo Mark Mancall, "The Kiakhta Trade", in C. D. Cowan (Edit.), The Economic Development of China and Japan, Londres: George Allen and Unwin, 1964, pp. 19-48; Clifford M. Foust, Muscovite and Mandarin: Russia's Trade with China and Its Setting, 1727-1805, Chapel Hill: Univ. of North Carolina Pr., 1969, pp. 212 - 214.

3 Cf. por exemplo Robert P. Gardella, Fukien's Tea Industry and Trade in Ch'ing and. Republican China: The Developmental Consequences of a Traditional Commodity Export, Univ. of Washington, 1976; tese, não publicada; Michael Robbins, "The Inland Fukien Tea Industry. Five Dynasties to the Opium War", Transactions of the International Conference of Orientalists in Japan 19, 1974; Susan Naquin e Evelyn Rawski, Chinese Society in the Eighteenth Century, New Haven, Londres: Yale Univ. Pr., 1987, pp.74,163,170,196,203; Ng Chin-Keong, Trade and Society: The Amoy Network on the China Coast, 1683 -1735, Singapura: Singapore Univ. Pr., 1983, Tab. S. 241 - 262. N. b.: Existem muitas outras obras sobre a produção do chá e o comércio interno chinês. Uma obra recente: John C. Evans, Tea in China. The History of China's National Drink, Nova-Iorque, etc.: Greenwood Pr., 1992.

4 Cf. por exemplo Qu Dajun, Guagdong xinyu, Hong Kong, Zhonghua shuju, 1975, j. 14, pp. 384 - 385; Jiang Zuyuan e Fang Zhiqin (edits.), Jianming Guangdong shi, Cantão, Guandong renmin chubanshe, 1987, pp. 324 - 325.

5 Cf. por exemplo Chang Pin-tsun, Chinese Maritime Trade: The Case of Sixteenth-Century Fukien (Fu-chien), Princeton Univ., 1983; tese, não publ., pp. 81 e segs., carta 3 (após p. 102), pp. 107-108,133e segs.; Evelyn S. R awski, Agricultural Change and the Peasant Economy of South China, Cambridge, Mass., Harvard Univ. Pr., 1972, pp. 60- 61, obras citadas pp. 215 - 216 n. º 102; Robert Gardella, "The Min-Pei Tea Trade during the Late Ch'ien-lung and Chia-ch'ing Eras: Foreign Commerce and the Mid-Ch'ing Fu-chien Highlands", in E. B. Vermeer (edit.), Development andDecline of Fukien Province in the 17th and 18th Centuries, Leiden etc. E. J. Brill, 1990, sobretudo p. 325.

Gervaise, An Historical Description of the Kingdom of Macasar in the East Indies, Londres, 1701; nova edição Westmead etc.: Gregg International Publ., 1971, p. 75.

7 Denys Lombard, Le sultanat d'Atjéh au temps d'Iskandar Muda 1607-1636, Paris, École Française d'Extrême-Orient, 1967, p. 111; Sarasin Viraphol, Tribute and Profit: Sino-Siamese Trade, 1652 - 1853, Cambridge, Mass., Harvard Univ. Pr., 1977 pp. 122,190 e 200.

8 Por exemplo Emma H. Blair e James A. Robertson (edits.), The Philippine Islands, 1493-1803: Explorations by early navigators..., 55 vols., Cleaveland: The A. H. Company, 1903 - 1909, XVI, pp. 104, 184; XLIII, p. 164; C. R. Boxer (edit. e trad.), Seventeenth Century Macau in Contemporary Documents and Illustrations Hong Kong, etc.: Heinemann Educational Books, 1984, p. 30.

9 Gustav Schlegel, "First Introduction of Tea into Holland", ToungPao, 2. ser., n. º 1(1900), pp. 468-472; W. H. Ukers, The Romance of Tea: An Outline History of Tea and Tea-drinking through Sixteen Hundred Years, Nova-Iorque: Knopf, 1936, p. 61; C. J., A. Jörg, Porcelain and the Dutch China Trade, Den Haag: Martinus Nijhoff, 1982, p. 77 (orig. publ. em neerlandês: Porselein als handelswaar. De porseleinhandel als onderdeel van de Chinahandel van de VOC., 1729 - 1794; Groningen: Druk Kemper, 1978).

10 Sobre as primeiras compras neerlandeses do chá via Formo-sa, cf., por exemplo, J. L. Blussé, M. E. van Opstall e Ts'ao Yung-ho (edit.), De Dagregisters van het Kasteel Zeelandia, Taiwan, 1629 - 1662, 2 vols. (Den Haag: Martinus Nijhoff, 1986), sobretudo I, pp. 291,301,359,383,391 e 504; W. Ph. Coolhaas et al. (edit.), Generale Missiven van Gouverneurs-Generaal en Raden aan Heren VXII der Vereinigde Oostindische Compagnie, 8 vols. Den Haag: Martinus Nijhoff, 1960 --, sobretudo I, p. 276, 478; II, pp. 37, 206, 392, 573,707 e 730.

11 Sobre as primeiras compras inglesas em Bantem e na China, cf., por exemplo, H. B. Morse, The Chronicles of the East India Company Trading to China, 1635 - 1834, 5 vols., Oxford: Clarendon Press, 1926-1929, I, pp. 9,45 e segs.; K. N. Chaudhuri, The Trading World of Asia and the English East India Company, 1660 - 1770, Cambridge Univ. Pr., 1978, pp. 97, 386, 387 e 538; Louis Dermigny, La Chine et l'Occident. Le commerce à Canton au XVIIIe siècle, 1719 -1833, 3 vols., Paris, S. E. V. P. E. N., 1964, I, pp. 142 - 144; D. K. Bassett, "The Trade of the English East India Company in the Far East, 1623 - 1684", Journal of the Royal Asiatic Society 104 1960, pp. 154 - 156; Holden Furber, Rival Empires of Trade in the Orient, 1600 - 1800, Minneapolis, Univ. of Minnesota Pr., 1976, pp. 126 - 127. Sobre Bantem cf. os estudos de Claude Guillot, por exemplo: "Les Portugais et Bantem (1511-1682)", Revista de Cultura, 13/14 Macau, 1991, pp. 80-95.

12 Pierre Chaunu, Les Philippines et le Pacifique des Ibériques(XVIe, XVIIe, XVIIIe siècles): Introduction méthodologique et indices d'activité, Paris: S. E. V. P. E. N., 1960, sobre o comércio entre a China e Manila (embarcações, etc.). Sobre os Zheng e a VOC, cf., por exemplo, Ralph C. Croizier, Koxinga and Chinese Nationalism: History, Myth, and the Hero Cambridge, Mass, Harvard Univ. Pr., 1977; Leonard, Blussé, Strange Company: Chinese Settlers, Mestizo Women and the Dutch in VOC Batavia, Dordrecht, Riverton, Foris Publ., 1986, p. 120; Blussé, Tribuut an China: Vier eeuwen Nederlands-Chinese betrekkingen, Den Haag, Otto Cramwinckel, 1989, pp. 65 - 69; Marie-Sybille de Vienne, Les chinois dans l'archipel insulindien au XVIIe siècle (tese), Paris, 1979; p.119; John E. Wills, Pepper, Guns and Parleys: The Dutch East India Company and China, 1662 - 1681, Cambridge, Mass., Harvard Univ. Pr., 1974, pp. 25-28,113, 134, 150 - 151. Uma síntese: Roderich Ptak, "Sûdchinas Hãfen und der maritime Handel in Asien (ca. 1600-1750)", Orientierungen, Neue Mitteilungen des Seminars für Orientalische Sprachen der Universitat Bonn, 2/1991, pp. 73 -78.

13 George B. Souza, The Survival of Empire: Portuguese Trade and Society in China and the South China Sea, 1630 - 1754, Cambridge: Cambridge Univ. Pr., 1986, p. 111 (desta obra há uma trad. port.); John E. Wills, Embassies and Illusions: Portuguese and Dutch Envoys to K'ang-hsi, 1666 - 1687, Cambridge, Mass., Harvard Univ. Pr., 1984, pp. 83 e segs.; Roderich Ptak, "Der Handel zwischen Macau und Makassar, 1640 - 1667", Zeitschrift der deutschen Morgenländischen Gesellschaft 139.1 (1981), pp. 208-226; John Villiers, "One of the Especiallest Flowers in our Garden: The English Factory at Makassar, 1613 - 1667", Archipel 39 (1990), S. 159- 178; Villiers, "The Rise and Fall of an East Indonesian Maritime Trading State: 1512 - 1669", in J. Kathirithamby-Wells e John Villiers (edit), The Southeast Asian Port and Polity: Rise and Demise, Singapura, Univ. of Singapore Pr., 1991.

14 Souza, Survival, pp. 121 - 122.

15 Blussé, Strange Company, p. 120; de Vienne, Les chinois, p.119; Souza, Survival, pp. 138 - 139.

16 Souza, Survival, pp. 124 - 128; R. Suntharalingam, "The British in Banjarmasin: An Abortive Attempt at Settlement, 1700 - 1707", Journal of Southeast Asian History, 4, 1963, pp. 33 - 50; Dermigny, La Chine, I, pp. 180 - 181.

17 Souza, Survival, pp. 160 - 161, 164 - 165.

18 Souza, Survival, pp. 144 - 145. Nota, alguns comerciantes neerlandeses contrabandeavam o chá entre Batavia e a Holanda; cf., por exemplo, Blussé, Strange Company, p. 124.

19 Dermigny, La Chine, I, S. 148-154; Claudius Madrolle, Les premiers voyages français à la Chine. La Compagnie de Chine (1698-1719) Paris, Augustin Challamel, 1901; Paul Pelliot, Le premier voyage de l'Amphitrite en Chine, Paris, 1930, Chaudhuri, Trading World, pp. 394 - 396. Sobre o comércio francê após 1719: Philippe Haudrère, La Compagnie Française des Indes au XVIII, e siècle, 4 vol., Paris: Libraire de l'Inde, 1989, sobretudo pp. 321 - 325, 415, 949 - 953, e estatísticas pp. 1208, 1211, 1216, 1217.

20 Chaudhuri, Trading World, pp. 538 - 539; Souza, Survival, p. 147; Blussé, Strange Company, pp. 130 - 131; J. de Hullu, "Over den Chinaschen handel der Oost-Indische Compagnie in de eerste dertig jear van de 18e eeuw", Bijdragen tot de Toal-, Land- en Volkenkunde van Nederlandsch-Indie 73, 1917, p. 102.

21 Kristof Glamann, Dutch-Asiatic Trade, 1620 - 1740, Copenhaga, Den Haag, Danish Science Pr., Martinus Nijhoff, 1958, pp. 216 - 217; Jörg, Porcelain, p. 20; Blussé, Strange Company, pp. 131 - 132; Souza, Survival, pp. 140,142,146; Ng Chin-Keong, Trade andSociety, pp. 186 - 187.

22 Sobre os comerciantes de Ostende, cf., por exemplo, Karel Degryse, "De Oostendse Chinahandel (1718-1735)", Revue Belge de Philologie et d'Histoire (Belgisch Tijdschrift voor Filologie en Geschiedenis) 52, 1974, sobretudo pp. 319 -322, 340 - 341, 347; Michel Huisman, La Belgique commerciale sous l'empereur Charles VI: La Compagnie d'Ostende. Étude historique de politique commerciale et coloniale, Bruxelas, Paris, Lamertin und A. Picard, 1902; Louis Mertens, "La Compagnie d'ostende", Bulletin de la Société Royale de Geographie 6, 1881, pp. 381 - 419; Glamann, Dutch-Asiatic Trade, pp. 223 - 226,236; de Hullu, "Over den Chinaschen handel", pp. 132-135; Dermigny, La Chine, I, sobretudo pp. 170 - 173; Jörg, Porcelain, p. 20.

23 Glamann, Dutch-Asiatic Trade, pp. 217 - 218; C. R. Boxer, Fidalgos in the Far East, nova edição Hong Kong, etc.: Oxford Univ. Pr., 1968, p. 211; Leonard Blussé, "Chinese Trade to Batavia in the Days of the V. O. C.", Archipel 18 (1979), pp. 208-209; Souza, Survival, pp. 138,142,143,146 - 147. Sobre a proibição de 1719, cf., por exemplo, Manuel Teixeira, Macau no século XVIII, Macau, Imprensa Nacio-nal, 1984, pp. 185 e segs.; Austin Coates, Macao and the Britísh, 1637-1842: Prelude to Hong Kong, Hong Kong etc., Oxford Univ. Pr., 1988, pp. 41 - 43; Zhuang Guotu, "Qing chu (1683-1727) di haishang maoyi zhengce he Nanyang jin hanglїng", Hai jiao shi yanjiu 11,1987, pp. 25-31. Alguns documentos chineses sobre o comércio de Macau nas primei-ras décadas do século XVIII em: Deng Kaisong e Huang Qichen, Aomen gangshi ziliao huibian(1553 -1986) Cantão: Guangdong renmin chubanshe, 1991, pp. 127 e segs.

24 Sobre os hong: Dermigny, La Chine, I, sobretudo pp. 231 -255, 325 - 341; Chaudhuri, Trading World, pp. 399 - 400.

25 Chaudhuri, Trading World, pp. 390 - 392,538 -539; Degryse,"De Oostendse Chinahandel", pp. 321,346; Huisman, La Belgique commerciale, pp. 379 e segs.

26 Glamann, Dutch-Asiatic Trade, p. 220; Denys Lombard, Le carrefour javanais: Essai d'histoire globale, 3 vols., Paris, Éditions de l'École des Hautes Études en Sciences Sociales, 1990, II, p. 225; Encyclopaedie van Nederlandsch-Indie, 4 vols. e 4 suppls. (Den Haag, Leiden: Nijhoff e Brill, 1917 -1939), IV, p. 326 (thee).

27 De Hullu, "Over den Chinaschen handel", pp. 71 - 115; M. Vigelius, "De stichting van de factorij der Oost Indische Compagnie te Canton", Tijdschrift voor Geschiedenis 48, 1933, pp. 168 - 179; Glamann, Dutch-Asiatic Trade, pp. 230-240; Jörg, Porcelain, pp. 21-27,207-208; Blussé, Strange Company, p. 135; Chaudhuri, Trading World, pp. 398 - 399.

28 Jörg, Porcelain, pp. 27 - 35,209 - 210, 217 - 220; Blussé, Strange Company, p. 137; Souza, Survival, p. 147.

29 Sobre os preços: Dermigny, La Chine, II, pp. 546 - 547; Jôrg, Porcelain, p. 81; Glamann, Dutch-Asiatic Trade, pp. 228 e segs.

30 Sobre os comerciantes dinamarqueses e suecos: Christian Koninckx, The First and Second Charters of the Swedish East India Company (1731-1766): A Contribution to the Maritíme, Economic and Social History of North-Western Europe in its Relationships with the Far East, Kortrijk: Van Ghemmert Publ. Co., o. J., sobretudo pp. 206-216,451-453,470-471, 479 - 482; Sven T. Kjellberg, Svenska Ostindiska Compagnierna, 1731 - 1813: Kryddor -- te --porslin --siden, Malmö: Allhelms Förlag, 1974, sobretudo pp. 211 -224; Dermigny, La Chine, I, pp. 173 - 184; II, p. 521; Eskil Olán, Ostindiska Compagniets saga: Historien om Sveriges märkligaste handelsföretag (Göteborg: Elanders Boktryckeri Aktiebolag, 1923), sobretudo pp. 32-35,60-80,115-116; Kay Larsen, Den Danske Kinafart, Copenhaga: G. E. C. Gads Forlag, 1932, pp. 12 - 25; Furber, Rival Empires, pp. 213 -223; Kristof Glamann, "The Danish Asiatic Company, 1732-1772", Scandinavian EconomicHistoryReview 8, 1960, pp. 109 - 149; Akira Matsuura, "Qing dai Guangzhou chaye chukou maoyi he Ruidian Dongyindu Gongsi", conferência, Szenzhen 1987.

31 Blussé, Strange Company, pp. 147 e segs.; Holden Furber, Rival Empires, p. 279 (sobre o country trade inglês).

32 Jörg, Porcelain, pp. 27 e segs.; Blussé, Strange Company, pp.94 - 95, 137, 140, 146; J. de Hullu, "De instelling van de commissie voor den handel der Oost-indische Compagnie op China in 1756", Bijdragentot de Taal-,Land-en Volkenkunde van Nederlandsch-Indie 79, 1923, pp. 523 - 545; J. T. Vermeulen, De Chineezen te Batavia en de troebelen van 1740 (Leiden: Rijksuniv., 1938; tese); A. R. T. Kemasang, "Overseas Chinese in Java and their liquidation in 1740", Tonan Ajia kenkyu, Southeast Asian Studies, 19.2,1981, pp. 123 - 146; Souza, Survival, pp. 140 - 147, 152 - 153.

33 Pierre-Yves Manguin, Les Nguyen, Macau et le Portugal: Aspects politiques et commerciaux d' une relation privilégiée en Mer de Chine, 1773 - 1802, Paris, École Française d'Extrême-Orient, 1984, pp. 32 - 33, 106, 124, 127, 128; Manuel Teixeira, Macau e a sua diocese, vol. 15: Relações comerciais de Macau com o Vietnam, Macau: Imprensa Nacional, 1977, pp. 42 - 44. Souza, Survival, S. 144.

* Licenciado em Economia (Univer. Guelph, Canadá) e em Sinologia. Professor Associado de Sinologia na Universidade de Heidelberg (1983-1990). Professor de Língua e Cultura Chinesa na Universidade de Mainz. Vasta obra publicada so-bre Literatura Chinesa, o comércio marítimo Ming e a expan-são marítima Portuguesa.

desde a p. 11
até a p.