Antologia

O PRIMEIRO ACORDO LUSO - CHINÊS
Realizado por Leonel de Sousa em 1554

REPRODUZIDO E ANOTADO POR J. M. Braga

O "ASSENTAMENTO" DE LEONEL DE SOUSA

Retrato do infante D. Luís(1506-1555), duque de Beja, irmão III, a quem Leonel de Sousa dirige a sua carta.

Ninguém duvidará que Macau pouca ou nenhuma importância tinha para a China, antes da chegada dos Portuguêses. Mais interessada nos negócios da administração e no estudo dos clás-sicos, a classe governante nunca ligou muita impor-tância às miudezas do comércio, e, além disso, as transacções marítimas eram tão diminutas, com-paradas com o enorme tráfico inter-provincial do interior, que os mandarins raras vezes voltavam a atenção para o litoral do país. Não havia portos de mar importantes e Cantão era o único centro de intercâmbio com o estrangeiro de alguma con- seqüência. A Cantão chegavam navios vindos ocasionalmente de vários centros da Ásia, e alguns juncos chineses que se aventuravam até portos estrangeiros do sul, e mais raramente até ao Japão. Também os juncos de Fukien faziam viagens periódicas a Cantão. Fukien, importa lembrar, separada do resto da China por montanhas difi-cultosas, era o centro principal da população marítima chinesa. E de facto, os habitantes de Fukien foram, durante séculos, os melhores marinheiros da China. Entre os chineses, os rios e os canais eram as principais vias de comércio, e as mercadorias transportadas ao longo dessas vias aquosas do interior eram de grande alcance.

Isto explica porque as capitais de província e tôdas as cidades importantes ficavam longe do mar, nas vias do comércio interior. Compreende-se fàcilmente que as aldeias da costa fôssem freqüen-tadas sobretudo por pescadores, cujos produtos raras vezes encontravam caminho para os grandes centros, devido à demora assaz longa das viagens; mas, casualmente, também apareciam por lá alguns pequenos comerciantes.

Os elementos oficiais chineses exerciam apenas uma jurisdicção quási nominal sôbre êstes lugares, que, de tôdas as maneiras, ficavam demasiado distantes dos centros principais do go-vêrno. Os habitantes do litoral devem, de certo, ter comerciado entre si, mas chegaram quási a formar uma classe à parte, como de facto aconteceu, ao passo que a maioria das ilhas próximas do con-tinente se conservavam pràticamente aban-donadas, como ainda muitas delas se acham actual-mente. A pirataria não se desenvolveu tanto entre o comércio marítimo, como nas incursões às aldeias e cidades, situadas perto do litoral. Não admira, pois, que pouca importância ligassem aos antigos portuguêses, quando, pela primeira vez, chegaram às praias da China, e que nos relatórios chineses se encontrem poucas referências a êles. O que nos surpreende é que nenhuma menção se tivesse feito àcêrca da vinda dos primeiros portu-guêses.

Dizíamos que havia algum comércio exterior em Cantão. Era, portanto, natural que os portu-guêses se tivessem determinado a tomar a direcção de Cantão, quando partiram de Malaca para a China. Não foi uma casual viagem de exploração. Os portuguêses sabiam que existia uma China lá para o norte. Fizeram-se à vela em embarcações chinesas, com pilotos chineses; e é mais que certo terem visitado os portos principais.

T'ien-tsê Chang, que fêz um estudo cuidadoso (1) do primeiro comércio exterior da China, discorrendo sôbre as vias comerciais, declara que o manuscrito Chou Ch'u-fei, c. 1178, diz que «aqueles que querem entrar em Kwangchow (2) entram no pôrto por T'un-men (屯門 )>>. Isto mostrava que êsse lugar não podia ficar longe de Cantão.

Continuando os nossos estudos vemos que o «Tang Shih» ( 唐史 ), Vol. 43. No2, diz:

«A duzentos lis (3) do mar, do lado sudeste de Cantão, fica T'un Moon Shan (屯門山) ou Tui Moon». Entretanto o «Tu Shih Fan Yu Chi Yao» Vol. 101, «Kwangtung», N, diz-nos:

«Na dinastia de Tang, guardas foram co-locadas em T'un Moon contra piratas. No segundo ano de Tien Pao (4), Wu Lin-Kwang, chefe de piratas, fêz-se forte, mas foi subjugado por Lin Ch'u-lin, mandarim do Distrito de Nam Hoi (5)... Na dinastia de Sung, levantaram-se aí fortes».

Vista de Macau em 1637

Contudo, a referência mais importante é a dos anais do distrito de Tung Koon, conhecido por «Tung-Koon Hien-Chi» (東莞縣誌). Hoje, o distrito de Tung Koon está situado na parte leste do Rio de Cantão e abrange uma grande extensão de terreno. Dizem esses anais, Vol. 31:

«No primeiro ano de Cheng-Tu (6), no reinado do Imperador Wu-Chung, os Fu-lan-Ki (7) ocupavam Tun Moon O» e no Vol. 31, n 2:

«O pôrto de Tun Moon O é o importante pôrto do distrito de Tun Koon. No trigésimo--terceiro (8)ano de Chen Hua, foi erigido um cas-telo e o pôrto era de há muito frequentado por muitos navios estrangeiros».

Os anais do distrito de Tung Koon (próximo do distrito de San On, também a leste do Rio de Cantão) tratam, naturalmente apenas dos lugares dentro dos limites do distrito e não hesitamos em identificar o pôrto de Tun Moon com o grande ancoradouro situado ente a ilha de Lin Tin (零汀) e a velha cidade de Nam Tau (南頭). O actual Pico do Castelo (nomencla-tura inglêsa: Castle Peak) teria sido o Tun Moon Shan (Monte de Tun Moon), referido no supra--citado «Tang Shih».

Tôda a baía de Nam Tau com as terras e águas circunvizinhas era conhecida pelo nome de Tun Moon O ( 屯門澳 ), pôrto de Tun Moon. Os portuguêses devem ter desembarado na ilha de Lin Tin, onde Jorge Alvares levantou o Padrão, de que se fala na história de Portugal (9). Os portu-guêses, não habituados a ouvir tais sons, deram provàvelmente ao lugar o nome de Tamão, mas devemos investigar qual o dialecto usado pelos chineses, com quem os antigos portuguêses trataram. O conhecimento dêste pequeno factor contribuiria grandemente para a identificação da exacta localidade dos lugares visitados pelos antigos portuguêses. A chegada dos portuguêses à China constituía para êles próprios acontecimento das maiores conseqüências.

Para os chineses, cuja apatia e suma indi-ferença para tudo o que ficasse fora das fronteiras do «celeste» Império do Meio, ainda era notória há umas dezenas de anos, a expedição dos portu-guêses não era mais do que qualquer outro grupo de «bárbaros» estrangeiros, que vinham à China em busca do favor imperial chinês, e da benigna influência da «civilização superior» que -julgavam êles - não se podia encontrar noutra parte senão na China. Em quaisquer estudos sobre as antigas relações dos portuguêses com a China, é neces-sário ter muito em conta esta atitude, que explica o grande número de deficiências, a raridade dos relatórios chineses, a indiferença dos meios oficiais a tudo o que fôsse estrangeiro, o desprêzo e a per-suasão de superioridade pessoal nos negócios com os estrangeiros. Seja-nos permitido omitir as aven-turas dos pioneiros portuguêses em várias partes da China, em Liampó e Chincheo, onde os portu-guêses tentaram negociar com o povo das provín-cias do Che-Kiang e Fukien respectivamente, depois dos seus insucessos no sul, em Sanchoão e Lampacao, fora da costa do Kuang-Tung - até que conseguiram suplantar as restrições chinesas. A história destas aventuras deixamo-la para outra ocasião.

Recomendamos, todavia, a leitura do «Trac-tado das Cousas da China e de Ormuz» (10)pelo português Fr. Gaspar da Cruz, que esteve na China em 1556. O livro contém uma descrição contemporânea da China e das aventuras dos por-tuguêses desde cêrca de 1548 a 1554. Pode adquirir-se com grande proveito em edições mo-dernas baratas, sendo ao mesmo tempo uma boa leitura. A linguagem é sóbria e as anotações de várias coincidências mostram-nos um certo aspecto da realidade, em contraste directo com as gros-seiramente exageradas narrações da «Peregri-nação» do muito menos digno de crédito Fernão Mendes Pinto.

Um relance de olhos pela obra conscienciosa de Gaspar da Cruz mostrará que «Liampo» foi o nome dado pelos portuguêses não só à cidade de Ningpo, mas ainda a tôda a província do Chekiang, onde Ningpo está situada. O mesmo sucedeu com Fukien a que também os portuguêses chamaram Chincheu(11), nome provindo da cidade e seus arredores, onde então comerciavam.

Pedimos vénia para passar por cima de tudo isto e limitarmo-nos, neste artigo, a um facto pouco conhecido que mudou todo o aspecto da difícil situação dos portuguêses na China.

É incontestável que foi a Leonel de Sousa (12), capitão-mór da marinha mercante portuguêsa na China, que os portuguêses deveram a oportuni-dade de retomar o comércio aberto com os can-tonenses, tornando-o distinto das negociações clandestinas.

Êsse ilustre português efectuou um assen-tamento ou acôrdo com as autoridades chinesas no Kuang Tung, podendo, desde então, fazer-se o tráfico com sanção oficial.

Fr. Gaspar da Cruz, que esteve na China um ano ou dois depois do pacto, declara especificando (13): «do ano de cincoenta e quatro a esta parte sendo capitam moor Leonel de Sousa natural do Algarve e casado com Chaul, assentou com os Chinas que pagariam seus direitos e que lhes deixassem fazer suas fazendas nos seus portos. E de entam pera ca as fazem em Cantam, que be ho primeiro porto da China: e alli acodem os Chinas com suas sedas e Almizcle, que sam as fazendas principaes que na China fazem os Portugueses. Alli tem portos seguros onde estam quietos sem risco, e sem os inquietar ninguem. E assi fazem ja agora os Chinas bem seus tratos: e agora folgam muito os grandes e os pequenos com ha contrataçam dos Portugueses, e corre a fama dellas por toda ba China. Pelo que algus principaes da corte vieram a Cantam soo pollos ver por averem ouvido ba fama delles. Antes do tempo sobredito, e depois do alevantamento que causou Fernam (14) (sic) Perez Dandrade faziam se as fazendas com muito trabalho, nam consentiam os Portugueses na terra, e por odio e aborrecimento lhe chamaram Fancu, (15) que quer dizer homens do diabo. Agora nam nos comunicam debaixo de nome de Portugueses, nem este nome foy a corte quando assentaram pagar direitos: se nam debaixo do nome de Fangim,(16) que quer dizer gente doutra costa».

De facto, começava, realmente, uma nova era para os portuguêses na China. Continuaram a ancorar em São Choam (como lhe chamavam) e em Lampacao, onde os portuguêses comerciavam clandestinamente. Até à assinatura do tratado que Leonel de Souza negociou, era-lhes necessário parar ao longe, fora da vigilância dos juncos de guerra chineses - mas começaram a utilizar Macau como permanente feitoria quási imediatamente depois de se assinar o tratado e conseqüentemente abandonaram interiramente os outros pontos.

Assim, nós vemos que Fernão Mendes Pinto, que acompanhou o Padre Meste Belchior Nunes, estava em Macau no Outono de 1555. O primeiro documento, em que aparece o nome de Macau é a carta escrita pelo «príncipe» dos aventureiros portu-guêses, Mendes Pinto, datada de 20 de Novembro de 1555(17).

A carta começa:

«A graça e amor de Xo. n. sr. e rendentor seja sempre com V. R. e com todos os charissimos Yrmaos amen. - Por o tempo me não dar luguar lhe não escrevo tam largo com desejava p. a lhe dar conta de toda nossa viagem e o socedim, ta della e o quanto trabalho temos passado dispois q de V. R. nos apartamos. Mas p q oje cheguei de lampacau, q he o porto onde estavamos, a este amaquao(18) que he outras seis leguoas mais duante onde achei o p. e m. e belchior q de cantão aqui veo ter onde era ido auia vente e cinquo dias a resguatar (19) Matheus de Brito q he hu home fidalgo e outro homem os quoais custarao mil taeis q são mil e quinhentos crusados, e asy auer a cidade a manra da gente e terra e trabalhar p. a uer se podia la deixar o Irmão Luiz(20)(sic) de Guois pa. aprender a lenguoa... »(21).

Uma passagem da carta do Padre Belchior Nunes, escrita em Macau, na mesma ocasião alude também (22) à existência de hostilidades, que tinham cessado. Diz o extracto:

«Duas vezes depois de aqui chegar fui a can-tam, e de cada hua estive la um mes a primeira foi ver se podia tirar de cativeiro hus tres portugueses, pesoas onradas, e houtros tres christaos da terra q. estam presos, na... este e outros cativos ha na China porq. ateagora esteve de guera, quado se perdia algua nao e os tomavão, os matavão ou levarão presos, io q. agora não he porq. pagão os portugueses direito».

Outro missionário, Aires Brandão, também se refere à inauguração da era de paz. A sua carta, datada de 29 de Novembro de 1556, pode-se encontrar na Biblioteca d'Ajuda (Cod. 49-IV 49, ti. 259). Contém esta passagem:

« Os portos da China estão abertos, cousa que ha tanto tempo se desejava». (23)

Contudo, a melhor prova do pacto encontra--se numa carta, que o próprio Leonel de Souza, à sua chegada à cidade de Cochim, na 蚽dia escreveu ao Rei de Portugal.

Foi reproduzida primeiramente pelo erudito e incansável Dr. Jordão de Freitas no Archivo His-torico Portuguêz, Vol. VIII, 1910. É um documento de extraordinário interêsse e nós, com a devida vénia, tomamos a liberdade de o reproduzir, como apêndice dêste nosso pequeno estudo. Pedimos aos leitores que o leiam com cuidado, pois êle ostenta um co-nhecimento da natureza humana e do tacto e uma compreensão da psicologia chinesa, que seria bom fôsse imitado em mais duma ocasião através da longa história de Macau. Ao Dr. Freitas fica devendo Macau um grande favor pela reprodução dêste valiosíssimo manuscrito.

O caminho estava então preparado para o estabelecimento efectivo dos portuguêses em Macau. Pouco depois, êstes portuguêses recém--chegados mostravam sua proesa militar contra os piratas, que infestavam as águas do Rio de Cantão. Obtiveram então permissão formal para ocupar o sítio.

O estudo das circunstâncias relacionadas com a derrota dos piratas e a autorização para levantar a cidade de Macau darão matéria para outro estudo.

APÊNDICE

CARTA DE LEONEL DE SOUSA

ao Infante D. Luiz, irmão de D. João III, escrita em 15 de Janeiro de 1556 em Cochim. (24)

«Senhor-Eu fuy á China numa embarquação de mercadores, como esqreui a Vossa Alteza de Malaqua o fino de cinquoenta e dous, pelo Vizo Rey Dom Affonso (25) me nam ordenar as Viages, como Vossa Alteza mandaua; aonde vim envernar o Março pasado por nam poder vyr á Indya, hay soubemos as novas do falecimento do Primcipe (26) que Santa Groria aja, que nesas partes, e em todos nós pôs muito espamto, he trysteza, pelo que demos muitas graças a Nosso Senhor, pera vermos taõ altos mysteyryos que parece servirse das grandes adverçidades, e nojos de Sua Alteza, e de Vossa Alteza, pera mays perfeição de seus Reaes Estados, e vydas em sua Santa Grorya; pois com suas grandes e virtuozas paciemcias nos daõ tamanho emxempro, e ensinã a Louvar a Deos, e a elle emcomendo ha Real Pessoa, e Estado de Sua Alteza e de Vossa Alteza pois em cousas taõ alltas nã pode falar hum taõ pequeno Vasallo.

«Quanto aos negocios, e Vyagem da China toquarey em pouquos, porque pus tres annos (27)nella e tiue muitos de que tirey pouquo proveyto, achey os Portos todos cerrados com muyta garda, e porvimento darmadas pera nos não deyxarem fazer fazenda, nem nola consentirem dar do que fuy logo avizado por hum China alevantado e de purtuguezes que lá estavam prezos, que estivesse bem aprecebido que aviam de peleyar comigo, e que de nenhua maneira farya fazenda, por que o mandava asy El Rey, por ser emformado, que ha faziamos furtadamente, e mandava que toda ha geração de mercadores deixassem entrar, e pagar direitos, se não aos Franges (28) que eram homens de corações sujos, que são os purtuguezes, e os tinhaõ por ladroims, e alevantados que amdavam fora da obediencia de seu Rey.

«Como achey a terra desta maneira e com o avizo que tive pus logo o mylhor requado, e goarda que pude nos Navios, e purtuguezes que estavam comygo, que nam alevantassem a terra nem fizessem sem rezomes de que estavam escamdelizados dos passados, sofrendo com isto alguas necessidades, e myngoa de mantimentos por mos nã darem da terra; e aprouue a Nosso Senhor que me mandaram cõmeter paz, e que assantase direitos como estavam em custume aseytey este requado cõ conselho de todos, que ho ouveram por muyto serviço de Deos, e de Sua Alteza pelo nã poderem alcamçar até ly os que lá hiã e ter El Rey asantado de nos primeiros purtuguezes de os nam consentyr na China, e asy pera fazerem esta paz nos mudarão os nomes de Franges que nos dantes chamavaõ a purtuguezes de purtugal, e Malaqua, que nam eramos da geração dos primeiros, e por suas sortes, e agoyros que he muyto de gentyos que elles são, deziaõ que esta ventura me gardara Deos que pelles portas das Cidades, e lugares ma aviam de mandar esqreuer o nome.

«Esta paz, e direitos mandou cometer ho Aytao da Cidade, e Reyno de Cãtaõ, que he officio e Denydade grande e Estado como Almyrante do Mar, que provê em todolos negocios dos Portos de Mar asy na fazenda como Armadas, em que as vezes sahe em pessoa com muyto poder, quando ay ha causas peta isso, da qual paz não fiz com elle pauta nem assanto pelo nã levar por Regimento, e que aviamos de pagar a vinte por cento, como hera custume, e paguavam os Syames do Reyno de Siã, que navegam na China por previlejo, e licença d'ElRey, nos quaes Direitos a vymte por cento, nam consenty em mays que ha dez por cento ao que me respondeo que elle os nã podia abaxar, porque eram Direitos Reaes que o faria saber a ElRey, que pera o ãno achariamos a reposta, que aquele nam podia vir, que eram tres ou quatro mezes de caminho aonde ElRey estava, e que por então nam pagassemos mais Direitos aos vinte por cento que dametade das fazendas que levavamos, e asy fyquariam aos dez por cento que dezia, e que me pedia que mandase fazer bom gasalhado dos Mandarys que saõ como Desembargadores, que os viessem fazer aos Navios, que não oulhase que eram Chis senã as devizas, e Armadas do Estado d'ElRey que traziam, que malembrava que por h_ua descortezia que fizerão os primeiros purtuguezes a hum Mãdarim os nã consentio ElRey mais na China, e pois minha ventura fora tão boa que se nã perdesse.

«Desta maneira fiz paz; e os negocios na China com que todos fizeram suas fazendas, e proueitos seguramente foram muytos purtuguezes á Cidadde de Camta e outros lugares por onde andaram folgando algūs dias, e negociando suas fazendas á sua von-tade sem receberem agravo, nem pagarem mais Direitos dos que atras digo que muytos pelo que esquonderam nã fiquaram pagando mais Direitos que da terça parte das fazen-das. Cantaõ está trinta legoas por hum Rio dentro do Porto de Sã Choam que he amtre huas ylhas aonde estava com os Navios, porque me nã quis meter em lumpaquã que he na boqua do Ryo, aonde me mandavã hyr por me nã fiar tanto delles, nem numa Cidade que chamão Quoay, (29) que era dahy cinquo ou seis legoas; estas duas Cidades são bem amuradas, e fortes, e asy dizem, que o são as mais, e a de Cantaõ dizem, que he muyto grande em camtidade, e de gramde negocio.

«Estes negocios, e paz acabei com muytos trabalhos, e custo que os nã posso esqrever, que doutra maneira se nam puderam fazer pera quam desacreditados estavam os purtuguezes na China emcarreguei delles ha hum Simã d'Almeyda (30) omem onrrado, e cavaleiro, que da China tem muyta esperiencia por navegar nella num Navio seu ha dias; o que fez com muyta deligencia, e dezejos de servir Sua Alteza, por alguas obrigações de seu serviço, que lhe pus diante foi sempre omrradamente, e vêo, e á sua custa, e ale do que gastou, soube que dera alguas dadivas a pessoas, e Ofeciaes do Aytao, com que negoceou mais brebe do que ho pudera fazer sem iso, nem eu servi a Sua Alteza como ho servi se nã fora sua ajuda, e Conselho, porque eu tinha pouquo cabedal pera suprir, mais do que sopri, nem elle o quis de mim, e dixe sempre, que se nisso servia a Sua Alteza, que delle queria o galardam, e nam doutrem, e por descargo de minha conciencia faço esta lembrança a Vossa Alteza, porque se o Sua Alteza ha por seu serviço, elle, e eu receberemos muyto grande merce satisfazelo Sua Alteza com onrra, e merce, porque não he de Sua Alteza por exempro dos que se acharem em partes tão remotas, que folge de servir Sua Alteza com pessoas, e fazendas como elle fez.

«Ao tempo da minha partida me mandou dizer o Aytao, que se queriamos navegar na Chyna, que fosse Embaxador de Sua Alteza pera ElRey se emformar por elle de nos e que gete heramos, e a paz ficaria fixa, porque os que navegam na China, navegam com licença d'ElRey, e tem Portos limitados aonde am dir, e asy nã pode navegar nenhum China pera fora do Reyno, e o que navega am-no por tredo, e alevantado, e logo he ponido, se o tomam, o porque abitaõ muytos por Malaqua, e outros Reynos, e vã roubar a costa; porque esta gente arrecea-se muyto de forasteiros principalmennte dos purtuguezes, porque nos tem por omes buliçozos, e mal sofridos, e a China he terra de muyta Justiça, e cruaa, e cada hum se áde livrar por ella que nã gardam liberdade a ninguem, e ategora se nam acabam de decrarar comnosquo, e determinaram, e dizem que nos nossos Navios nã parecemos ladromes, que são muyto carregados, mas que Mercadores nam negoceam com as Armas na sinta, que nos elles muyto estranhaõ, e asy lhes he, muyto defezo nas Cidades, que ninguem nas tras se naõ os que defendem na terra, e garda dos Ofeciaes.

«Tiveram commigo algus pontos d'onrra, hum que veo aos Navios, que est ava ymleito pera Aytaõ em que nos haviamos bem, e sem escandalo, porque em tudo os soube relevar, e conservarlhe seus custumes, e cortezias, que ha amtre elles muyto grandes, e foram de mim muyto bem hagasalhados, e banqueteados com alguas dadivas, que elles tomaram escondido, porque tem por isso grandes penas, e saõ muyto meudos que apertaram comigo que lhe dixese se era Capitam de Mercadores, se de Sua Alteza, e se o era de Sua Alteza, que lhe mostrasse seu sinal, que elles muyto mal conheciam, e çatisfeitos disto, e asantarem que era Czapitam por sua Altesa tiveram comigo grandes comprimentos, e cortezias, e imteiramente me gardaraõ a jurdiçaõ, assy dos purtuguezes, como de toda a outra geração que estavam debaxo de minha bandeira dezasete vellas, que em nada quyseram emtender, e tudo remetiam a mym, e quanto queriam ir fazer as deligencias, mandavam-me pedir licença, e que mandasse hum purtugues com elles, e foram muyto comtentes, e çatisfeitos de mym, de que ho Aytam o foy mais, e toou muyto pola terra, e desta maneira deixei a China de paz, e pacifiqua com me vyr o Mercador omrrado, que andava nos requados acompanhãdo até fora do Porto, e tomar minha derrota; praza a Nosso Senhor que a comservem, pera que della tirem nas Alfandygas de Sua Alteza, e os omens muyto proveito, como os já comessou a receber Alfandyga de Malaqua com mynha vinda, que he o que senty, de que se Sua Alteza pode servir da China, porque tem muytas Mercadorias, e boas, com que nos omens se podem aproveitar sem cargo de suas comciencias, e fazerem-se riquos, mas os Mercadores nã ouveram de ser purtuguezes, porque gardaõ mal a Justiça, e conservam pyor as terras, por omde amdão, que são condiçomes comtrayras á China, que são pacifiquos, e governados por Justiça.

«Ho que da China alcansei, que he Reyno muyto grande, e tem mais de quinhentas legoas de costa, porque foram já Reynos devedidos, que agora saõ de um só Rey, mas diversos nas lingoas, e todos Chins; por huma banda do Sertão a salteam os Tartaros, e por outra dizem que se mete hum Mar morto, que se nã navega, por onde já vieram á China parcios, cortam no grandes Rios de duzentas, trezentas legoas, são omens alvos e fornydos e os do sertão mais apaçeonados e mais alluos que os da fralda do Mar, custumam Roupas compridas e asy as Molheres, a maneira de Saios; os que mandão são muyto graves, e iproquetas, mandão apresuradamente com estrondo e falaõ alto, são muyto crús e justiçozos, que todos metem ao açoute, e tormento, e trazem Menistros comsigo pera isso com seus estormentos, destas cruezas repremdendo-os disso, me dixerã que eram conformes á gente, que era tão perversa, que ainda nam a bastavam.

«He terra que se governa toda por Letrados, e nelles andam as denidades e officios asy do Reyno, como do Rey, e tem ElRey por todo o Reyno Esquolas Geraes, e Emgeminadores, que amdaõ emgeminando os Moços, e como sabem bem ler, e esqrever, passaõ-nos as Esquolas áprender o seu Latim, que he lingoa mandarim, que são como Desembargadores, e tem precedencias, com o de Bachareis, e Leecenciados, e Doutores, e a outras da Ordem da Cavalaria, e nestes anda todo o governo, asy do Regimento da Justiça, como da Fazenda, e outros cargos, e ha emtre elles grandes Leis e Ordenações, e ha hũs, que são como Juizes, e outros Corregedores, e Regedor da Justiça, que despacha com votos doutros; pom Libelos, e tem apelações, e as apelações dos Forasteiros, prin-cipalmente dos purtuguezes, vão a ElRey, porque os nã cativaõ, se nam prendenos por malfeitores, domde saem sentenceados de morte, ou degradados, segundo as culpas de cada hum.

«Vem da Corte todo-los annos hũa Justiça Mor a prover nas Cadeas, e dar a pena a cada hum, que merece, e estes trazem as apelações dos forasteiros despachadas por ElRey das penas, que hadaver; e por isso nam trouxe hum Mateos de Brito (31), e outro Amaro Pyreira, que estavam em Cantaõ prezos, porque eram as apelações em Caza d'ElRey, e mandouse-me desculpar do Aytaõ, que os nã podia dar sem licença d'ElRey, desaliviou-lhe as Prizoens, que são muyto asparas, e morrem muytos nellas, e mandou-me dizer que nã morreriam que o esqrevia ha ElRey; porque ho Amaro Pyreira estava sentenciado á morte.

«A terra he toda d'ElRey, e nam ha Senhor de Titolo, nem de Renda, que todolos Cargos e Denidades andaõ nos Letrados, que são estes Mandaris, e precedem-se huns a outros até chegar a ElRey, e assy nã fiqua nenhum sem Supryoll, e todos tem comedias, e tenças d'ElRey, e os Grandes, ou Parentes d'ElRey, que não tem Cargos, ou Denidades, da-lhe el rey comedias, e apouzentaos em Lugares, aomde as esta comendo, e os que governaõ, e tem mandos, mudam-nos duns Reynos pera os outros, e todo o Reyno, e Provincias estão repartidos, e tem seus Governadores e Ofeciaes assy maiores como menores, e tudo vay por sua ordem.

«Ho mais deixo a Nosso Senhor, e a Vossa Alteza, que se lembre quantos serviços tenho feitos nestas partes á trinta e tantos annos, e os trabalhos, que levei, há tres annos nesta Viagem, e em pacifiquar a China, e trazer ao Estado, que a trouxe, que ver-dadeiramente foram muitos (32), donde venho velho, e camsado; porque tudo se perde por nossa culpa, e aja por seu serviço, que a merce, que me tem feita ou outra venha a effeito, e me satisfaça como Principe tão vertuoso como Vossa Alteza he, e tão cheo de justiça, e mo faça fazer com Sua Alteza em minha velhice, porque com menos desgosto busque a salvação de minha alma, e remedio de minha vida; porque os omens são fraquos, e a vergonha troua os muito, quanto mais eu, que arado amtre os que me viram servir, e a quem nã tenho desculpa que dar, e nam peça Nosso Senhor comta a quem tem a culpa de trazer isto tantas vezes á memoria a Vossa Alteza e a Sua Alteza, pois tão mal me gardaram, e compriram as Provizoens e mandados de Sua Alteza para me tirarem meus merecimentos, e vida, e dala a outrem, de quem não receberiam mais enterece, do que de mim puderam receber; porque venho, muito prove e nã sei se me abastará pera pagar o que trago; porque bem sabe Vossa Alteza quem são. Mercadores, e o gasto, que averia mister em tres annos pera os negocios, que tive, que só os de Malaqua abastaõ pera me destroirem, e eu não levei mais que a licença e trabalhos de Capita sem nenhũa ajuda, nem favor de cousa de Sua Alteza; mas ainda a Provedoria dos Defuntos, (33) que os outros sempre levaram, me tiraram ha mim, e sómente a licença me deram, que dão a quantos la querem ir assy os Governadores, como Capitães de Malaqua, he á China quem uma leva cabedal, não no tras porque nam tem, se nam vender, e comprar.

«Lembro a Vossa Alteza, que pera diante nã tenho, se nam a Deos e sua grandeza, e vertudes, com que ha de ver minha justiça, e merecimentos, e fazer-me prover de cousa em que nã tenha duuida, ou ma mandem cumprir espressamente; porque me nã digaõ como dixe Dom Affomso, que Sua Alteza nã me mandava dar Náo, que se o mandara, que ma dera, e nam abastou mãdarme ordenar as viagens pera me dar o favor, que levaram os que lá são Dom Francisco Mascarennhas (34), e António Pyreira (35), que prazerá a Deos que acabaram d'asantar a China, poys he tudo serviço de Deos, he de Sua Alteza; porque alem dos proveitos ja nam avera tantas mortes, e perdas de Navios todolos annos como havia; porque hera hua das partes, aonde se gastava muita gente, e cabedal; porque como a terra he muito fria, e tempestoza, e na costa sempre amdam grandes Armadas em garda, e se nã podiam aquolher aos Portos do Mar ou de os tomarem nam esquapavão, ou de se perderem.

«Tiram tamto pela China os Governadores pera seus chegados, que descomfio tirar ja de láa proveito, se Sua Alteza nam prove como peço a Vossa Alteza que me faça merce, e faça com Sua Alteza, que me faça tres Viagens do Porto Pequeno (36) em Navio de Sua Alteza, que per minha idade, e trabalhos pouquo ma basta, e dezejo ter conta com minha alma, e digo Porto Pequeno de Bengala, porque são na China dous Capitaens Mores, e dizem-me que haa ja outro e nam he serviço de Vossa Alteza hirem tamtos, huns sobre os outros, e os que la ouverem d'ir, am-se daver muito sezudamente.

«Das cousas destas partes nã faço lembrança a Vossa Alteza, porque ha muito que sou fóra, sómente Malaqua he cousa, que tem muito nome amtre todos os Reis do Sul e China, e que satisfaz ao Estado de Vossa Alteza, e Terra haomde he muito grande desserviço de Sua Alteza aver numqua Guerra, se nam muito comservada, e os Merca-dores, que pagam seus Direitos franqueados, e bem agasalhados, porque he gramde cargo de conciencia tomarem-lhe Calioym, nem outras mercadorias a menos preços, pois pagam seus Direitos pera Sua Alteza, nem Capitam, nem outros ofeciaes; porque ha y algũas tiranias, alembro a Vossa Alteza que o d'Achem se faz muito poderozo de Navios e Artelharias, Espingardaria, e sospira por Malaqua, e ela nã tem nenhũa força. Dias de vida, e Estado de Vossa Alteza Nosso Senhor acrecente por muitos annos. Amen. Desta Barra de Cochim aos quinze de Janeiro de 556.-Lionel de Sousa.

Sobrescripto: «Ao Jmfante nosso Señor»

Até aqui, a carta de Leonel de Sousa. O assentamento iniciado por Leonel de Sousa constitui seguramente um dos actos mais notáveis da história quinhentista das relações comerciais e, por assim dizer, diplomáticas, entre os portuguêses e chineses.

A notícia dêste facto, realmente de magna importância, foi levada a Malaca quando a se achavam os jesuitas, padre Belchior Nunes Barreto e Fernão Mendes Pinto. A capitania de Malaca era então governada por D. António de Noronha (1554-1556), sucessor de D. Alvaro de Atayde (1552-1554).

NOTAS

(1)«Sino-Portuguese Trade from 1514 to 1644», Leiden. 1934.

(2)O têrmo próprio em cantonês para a cidade de Can-tão.

(3)Cêrca de 3 lis chineses fazem uma milha: assim o T'un Moon da história chinesa fica a 60 milhas sudeste de Cantão.

(4)Isto d, no ano 743 A. D.

(5)O distrito onde fica Cantão.

(6)Isto d, no ano de 1506, A. D.

(7)[佛郎機] Feringis, isto é Francos, nome dado aos primeiros europeus na Ásia pelos comerciantes árabes e adoptado pelos chineses.

(8)sto no ano 1486 A. D.

(9)Vid. o artigo do autor em T'ien Hsia, Xangai, vol. III. 1939, pág. 420-432, e em Boletim Eclesiástico. Macau, Ano XXXVII, Julho, 1939, pág. 945,957.

(10)Publicação da «Portucalense Editora», Barcelos, 1937.

(11)Uma mensagem do Leal Senado ao vice-rei do Kuangtung cm 1746. diz inter alia «Na Província de Fóquien chamada vulgarmente Chincheu.... (Vid. Arquivo das Colónias. Vol. III, No. 13, Lisboa, 1918, p.22.)

(12)Em 1547 (12 de Fev.) foi-lhe concedido o direito de fazer duas viagens China. Serviu-se certamente desta oportu neidade para beneficiar o seu país(Tôrre do Tombo - Chancelaria de I). João Hl liv. 15 o, fl. 23 V).

(13)«Tractado... das Cousas da China, etc. » Capítulo XXIII.

(14)É êrro; deve ler-se Simão (o furioso irmão do pacíco, meigo, e aprazível Fernão).

(15)番鬼

(16)番人

(17)Encontra-se uma transcrição contemporânia na Bi-blioteca da Ajuda, no Vol.49-IV-49 das Cartas da Asia, f. 252 e segs.

(18)Esta carta termina: «de Ama Cuão seruo dos seruos da Cõp. a, a fernão medes, vinte de Novembro de 1555 - Ame». Esta variante de Ama Cuao para a mais comum Amaquao é um importante argumento a favor da crença de que o nome do novo es-tabelecimento era tomado do termo «abrigo de A--ma» (A-ma-gao).

(19)Nenhumas negociações dêste género teriam sido possíveis a não ser que se tivessem então estabelecido relações de amizade, como certamente as houve, um ano antes, por meio de Leonel de Souza.

(20)Deve ser «Estevam de Gois»

(21)Isto é copiado do trabalho do investigador Cristovam Ayres no seu Fernão Mendes Pinto: subsídios para a sua hiographia, publicado sob os auspícios da Academia Real das Ciências de Lisboa, em 1904.

(22)Era datada de 23 de Nov. de 1555 - Biblioteca da Ajuda, Cod. 49 - IV - 49 ti. 240 v.

(23)Citada por Jordão de Freitas, no Archivo Historico Portuguez. Vol. VIII, Lisboa, 1910.

(24)Esta carta está arquivada na Tôrre do Tombo. Gaveta 2. a' maço 10. n. o 15 transcrita no liv. 6 o da reforma, a lis. 160-160, e publicada pela 1 a vez. pelo Dr. Jordão de Freitas, no Archivo Historico Portuguez. vol. VIII, 1910. Note-se que Leonel de Sousa não tivera ainda notícia do falecimento do Infante D. Luiz, ocorrido em 27 de Novembro de 1555.

(25)D. Afonso de Noronha, filho do 2o. marquês de Vila Real. Foi o 5" Vice-reida Índia (1550- 1554).

(26)Refere-se ao príncipe D. João, sobrinho do infante D. Luiz e filho de D. João III. Era pai de D. Sebastião.

(27)1552-1554.

(28)Francos, i. é. europeus, nome dado pelos árabes.

(29)Deve ser a cidade de Kwanghai, que aparece nos mapas actuais do Almirantado.

(30)Não pude identificar Simão d'Almeida: a não ser que seja um êrro por Luiz d'Almeida, cuja generosidade e patriotismo nesse tempo fizeram dêle um proeminente e distinto comerciante portu-guês e que, mais tarde, dando de mão a todos os negócios mundanos, entrou na Companhia de Jesus e realizou obras admiráveis no Japão.

(31)Veja as cartas de Fernão Mendes Pinto e Padre Belchior Nunes Barreto, já citadas.

(32)Não consta de qualquer recompensa recebida por Leonel de Sousa, que serviu na expedição do Vice-rei, D. Constantino de Bragança a Jafanapatão (de 17 de Setembro de 1560 a Março de 1561) e mais tarde tomou parte no cêrco do Chaúl em 1571 (Diogo de Couto, Década VII, Liv. 9 Capa e Déc. VIII, Cap. XXXVII.

(33)É interessante notar que o provedor dos defuntos não ficava em terra. É provável que Luiz de Camões estivesse na China nestas condições, dando alguns passeios em Macau de quando em quando.

(34)Serviu muitos anos no Oriente e foi mais tarde nomeado Vice-rei da Índia (1581-1584).

(35)D. António Pereira, cunhado do Vice-rei, D. António de Noronha, (1571-1573), foi um valente soldado.

(36)Sãtgãon, no rio Saraswati, era, depois de Chittagon, o pôrto mais importante no rio Hooghy, e já era afamado no tempo de Ptolemeu.

desde a p. 114
até a p.