Ensaios

O transporte do Sândalo para Macau e para a China durante a dinastia Ming

Roderik Ptak

" O sândalo, embora bem menos importante do que a pimenta, a seda ou a prata no panorama geral do comércio do Orients ou, mais especificamente, do comércio do século XVI e início do século XVII centrado em Macau, tinha grande procura em muitas zonas da Europa e da Ásia, incluindo o Japáo" •

INTRODUÇÁO: O COMÉRCIO DO SÂNDALO ANTES DE 1400

O sândalo provém de uma pequena árvore que se encontra especialmente nas ilhas inferiores do arquipélago de Sonda e também em certas regiões do sul da Ásia, o santalum a/bum. Textos chineses antigos designam a madeira pelos nomes de chan-t'an, chen-t'an ou t'an-hsiang (os dois primeiros derivam dosânscrito candana). Tal como Schafer e ou-tros autores referiram, estes nomes são distintos da palavra simples t'an (pau-rosa), designação aplicada a váries tipos de madeiras duras e por vezes também a "sanderswood" (normalmente designada por tzu--t'an). O santalum album, também chamado pai-t'an, por oposição a "sanderswood", uma madeira cas-tanho-avermelhada, e a uma série de outras varie-dades, incluindo o sândalo amarelo (huang-t'an), era considerado o mais precioso de entre todos estes tipos de madeira de sândalo. Tinha procura em grandes zonas da Ásia e era usada para inúmeros fins: em cerimónias religiosas, para perfumes e banhos, como unguento, para essências e tratamentos medicinais, para produção de cosméticos, escultura, fabrico de caixões, etc. A utilização das outras variedades seria talvez até mais vasta, em especial na manufactura de pequenos objectos de madeira e na indústria de mobiliário. (1)

Portugaliae Monumenta Cartographica, A. Cortesão e A. Teixeira da Mota, vol.1., pág. 83, Picter

O sândalo era transportado de barco do sul da Ásia ou das ilhas inferiores do arquipélago de Sonda para a China, normalmente pelo estreito de Singa-pura. Eram pequenas as quantidades de sândalo que chegavam ao Oriente pela rota terrestre. Daremos, neste trabalho, especial atenção ao santalum album que durante a dinastia Ming era levado de Timor para a China.

A mais antiga descrição de Timor em chinês ainda existente, que faz parte do Tao-i chih-lüeh (de cerca de 1350), refere: (2)

Nas montanhas [de Timor] não há outra árvore que não seja o sândalo, o qual existe em grande abun-dância. É vendido em troca de prata, ferro, chávenas [de porcelana], tecidos de países ocidentais e tafetás coloridos. Existem ao todo doze localidades que se chamam portos... Em tempos passados, [um certo] Wu Chai, de Ch üan [-chou] enviou para lá um junco para fazer comércio, com mais de cem homens a bordo. (3)No final [da viagem], oito ou nove em cada dez morreram e a maioria dos outros ficou fraca e definhada. Regressaram a casa navegando [simples-mente] à bolina... Que coisa terrível! Embora os lucros do comércio nestas terras fossem a multiplicar por mil, que vantagem há?

O texto contém três aspectos interessantes: (a) alguns mercadores chineses negociavam directamente com Timor - é esta a referência mais antiga a esse comércio. (b) Timor fazia as suas exportações de sân-dalo através de vários portos e importava diversos produtos do estrangeiro. É, portanto, óbvio que tam-bém tenha havido comerciantes de outras nações -- javaneses, talvez árabes, malaios e indianos - que aportavam a Timor. (4)(c) Os lucros provenientes do comércio do sândalo eram avultados, embora a expressão"a multiplicar por mil" deva ser entendida como uma hipérbole.

Uma vez que os lucros eram efectivamente avul-tados, é curioso que nenhuma outra fonte Yüan ou do início da época Ming se refira à continuação do comércio directo entre Timor e a China. (5)A ausência de outras referências a essas relações co-merciais directas poderá ser acidental, ou dever-se ao facto de Java, e em especial o famoso reino de Majapahit, ter surgido como um grande poder naquela área na segunda metade do século XIV. Não é, portanto, impossível que as rotas comerciais da zona de Samatra - Java - Timor fossem periodicamente interrompidas por guerras e que o risco de perder um carregamento de sândalo numa contenda com os cor-sários da área tenha aumentado ao ponto de provocar o declínio da actividade chinesa relativamente àquele comércio. Há, no entanto, notícia de pequenas comu-nidades de chineses de Java e de outras ilhas que poderão ter continuado a participar naquela actividade comercial durante todo o período. (6)

A ERA CHENG HO E A ERA POST CHENG HO

No início do século XV, a situação altera-se dramaticamente: na sequência das célebres expedições de Cheng Ho, os chineses começaram a dominar grandes áreas do Arquipélago. Simultanea-mente, o poderio de Java decrescia e, o que é mais importante, Malaca surgia como novo centro de co-mércio naquela zona. No entanto, nenhum dos relatos geográficos "em primeira mão" referentes a este período de grande actividade marítima por parte da China contém qualquer informação sobre co-mércio directo com Timor. (7) Este facto levanta a dúvida sobre se as frotas de Cheng Ho alguma vez terão chegado a Timor. Não há uma resposta segura para esta questão, embora seja bastante pro-vável que um dos chefes da armada de Cheng Ho tenha ido a Timor numa missão secundária, enquanto o grosso da frota aportava a vários locais de Java e da Samatra. (8)

As expedições de Cheng Ho - incluindo as mis-sões secundárias sob o seu comando - tinham carácter oficial, não sendo necessariamente o comércio o seu objectivo principal. (9)Se houve comércio directo entre a China e Timor nessa época, terá sido organi-zado por comerciantes individuais que operavam a partir do sul da China ou de portos do arquipélago da Indonésia. (10) Embora esses comerciantes possam ter negociado do modo como Wang Ta-Yüan descrevia em relação ao período Yüan, o volume das suas tran-sacções terá muito provavelmente diminuido pelas razões seguintes: a importância de Malaca aumentava e, porque o porto gozava da protecção da armada Ming, os comerciantes particulares, chineses ou outros, desviavam a sua atenção para a "rota comercial principal" que ligava o Oriente ao Oceano Índico. Daí que não seja impossível que os investimentos tivessem circulado em abundância no comércio de outros pro-dutos ou que os mercadores javaneses ou muçul-manos, talvez como intermediários, tenham exportado o sândalo de Timor para Malaca, de onde era então levado por barcos indianos e chineses, os quais navegavam somente no sector mais lucrativo da rota, transportando o sândalo, apenas um entre inúmeros outros produtos, de Malaca para Chüan-chou e outros locais. (11)

Há poucas referências às importações chinesas de sân-dalo relativas ao período entre 1435 (a morte de Cheng Ho) e 1511 (a conquista de Malaca por Portugal), durante o qual o poder da armada Ming decresceu. Os documentos geográficos chineses relativos a este período, como por exemplo o Ta-Ming i-t'ung chih (1461), o Ta Ming hui-tien (1503) ou o Hsi-yang ch 'ao--kung tien-lu (1520), parecem apoiar a ideia de que os carregamentos de sândalo foram sendo progres-sivamente canalizados pela região da Indo-China (12), em especial Malaca, cuja importância comercial au-mentou mais ainda depois do fim das expedições de Cheng Ho (sem a protecção chinesa, Malaca começou a atrair comerciantes muçulmanos do sul e do sudoeste da Ásia). O envolvimento da China nesta actividade comercial (quer através de mercadores autorizados, quer por contrabando) estagnou ou, inclusivamente, decresceu, em especial na secção da rota entre Timor e Java; pelo menos este facto explicaria a desconcer-tante afirmação de Tomé Pires (início do século XVI), segundo a qual não houvera chineses em Java durante a última "centena de anos". Esta afirmação não pode ser lida literalmente, é óbvio, mas poderá ser tomada como indício de que as frotas chinesas mais impor-tantes não navegavam naquela zona entre, digamos, 1435 e 1515.(13)

Ao resumir-se o período anterior ao apareci-mento de Portugal no Oriente, é certamente correcto concluir que o sândalo era levado para a China por comerciantes chineses e de outros países, talvez do sudoeste da Ásia ou de origem indo-árabe, e que, antes de 1400, a rota comercial principal passaria talvez por Celebes, Ilhas Malucas e Sulus, até à China e, depois de 1400, por Java e Malaca.

DO INÍCIO DO PERÍODO PORTUGUÊS ATÉ À FUNDAÇÃO DE MACAU E DA COLÓNIA DE SÓLOR

Com a participação portuguesa neste comércio surgem outros pormenores de interesse relativos à existência de sândalo na região de Timor e à natureza do seu comércio. Uma das referências mais antigas encontra-se numa carta escrita a Afonso de Al-buquerque, datada de 6 de Fevereiro de 1510. Este documento relata a riqueza de Malaca e refere a enorme quantidade de mil bahar (cerca de cinco mil piculs) de sândalo em relação a mercadores Gujarati que ali exerciam a sua actividade. (14) Quando Malaca foi tomada por Afonso de Albuquerque, em 1511, é muito provável que os portugueses não só tivessem encontrado grandes reservas daquele produto no seu novo território, como também já tivessem sido informados da sua origem. Ainda no mesmo ano, Afonso de Albuquerque enviou António Abreu às Molucas. Na viagem, António Abreu passou por Sólor e por outras ilhas da região timorense. (15) Em 1512, encontramos, assim, num mapa de Rodriguez, re-ferência a "uma ilha do arquipélago de Sonda onde cresce o sândalo". (16) Por volta de 1513-1514, Tomé Pires refere também a abundância daquele produto em Timor. E agora, escreve, "[os nossos navios] vão a Timor buscar o sândalo." E ainda, "de Malaca, en-viam [ao imperador chinês] pimenta e sândalo branco." (17) Rui de Brito confirma também a impor-tância de Timor como ilha produtora de sândalo na sua célebre carta de 6 de Janeiro de 1514 ao Rei D. Manuel. (18)

É evidente que os portugueses não demoraram a utilizar a posição de Malaca como entreposto entre a região Timor-Java e os seus territórios no Oceano Índico, pois que já em 1515 Afonso de Albuquerque envia um quintal e meio de sândalo e várias outras mercadorias ao feitor de Ormuz. (19) Há outras re-ferências a Timor nos relatos de Duarte Barbosa e em outras obras (20) e todas apontam para o facto de que os comerciantes portugueses tinham muito interesse na exploração, em termos comerciais, das ilhas a leste de Java, embora as suas actividades nesta região não devam ter sido muito intensas durante os anos que imediatamente se seguiram à conquista de Malaca.

Em 1522, encontramos um descrição por-menorizada de Timor no relatório de Pigafetta, se bem que este pertença, efectivamente, mais à esfera es-panhola. (21) No que se refere aos anos de 1513--1514, 1518 e 1525, há números relativos a preços na obra de Tomé Pires, numa carta de Pedro de Faria e em Lembranças das Cousas da Índia. O primeiro documento refere que o bahar de sândalo custava um cruzado e meio. O segundo dá o preço referente a Timor, dois cruzados, e o de Malaca, trinta cruzados, (o que, a ser verdade, implicaria lucros avultadíssimos e um aumento de preço com o decorrer do tempo) O terceiro documento refere que o sândalo branco dava 4000 fedeas por bahar e o amarelo 2000. Estes preços são talvez mais altos do que em 1513-1514 e certamente bastante mais elevados do que os da pimenta, artigo que, segundo o mesmo texto, daria apenas 1000 fedeas por bahar. (22)

É difícil avaliar as proporções reais do comércio do sândalo. Pedro de Faria refere 30 a 200 bahar (cerca de 150 e 1000 piculs, respectivamente). Tomé Pires escreve "haverá cerca de dez navios por ano se for necessário" a partir para a Índia com carregamentos de sândalo. (23) Segundo a estimativa de Meilink Roelofsz, o número total de aportagens a Malaca era, em média, de cerca de cem navios por ano. (24) De entre estes, apenas alguns transportavam sândalo, enquanto que a maioria levava outros artigos - pimenta, nós-moscada, etc.; o sândalo, embora de grande valor, era certamente considerado um artigo de importância secundária em Malaca.

A actividade chinesa relativa ao comércio do sândalo poderá não ter aumentado durante a primeira metade do século XVI, pois, como Meilink Roelofsz sublinha, Tomé Pires relata a chegada anual a Malaca de apenas cerca de oito a dez juncos vindos da China. E mais ainda, segundo a afirmação de Duarte Barbosa, eram sobretudo os navios de Malaca e de Java (e não os da China, teremos que acrescentar) que transpor-tavam o sândalo para a Malásia. (25) Parece não haver qualquer notícia de barcos chineses terem navegado a leste de Java ou entre Timor e Java, nem em documentos portugueses, nem chineses datados do período anterior à fundação de Macau (cerca de 1555-1557 ). Talvez que o comércio do sândalo entre a China e Timor estivesse ainda organizado do mesmo modo: por Java e Malaca, principalmente feito por comerciantes de nacionalidade não-chinesa, nor-malmente malaios ou javaneses - os "senhores" da navegação no Arquipélago, segundo a opinião de Bar-ros. (26)

O PERÍODO APÓS A FUND A ÇÃ O DE MA CA U, DESDE CERCA DE 1550/60 A 1600

Entre 1555 e 1557, os portugueses es-tabeleceram-se na península de Macau. Aproxi-madamente na mesma altura, alguns frades dominicanos aportaram a Sólor, uma pequena e famosa ilha convenientemente situada perto de Timor e de outras regiões produtoras de sândalo, como, por exemplo, Sumba, a maior parte das quais se encon-trava então sob a influência da ilha islâmica de Celebes. (27) Sólor iria então tornar-se na base de comércio dos negociantes de sândalo portugueses. Esses negociantes iam até Timor, que distava apenas um ou dois dias no sentido leste de Sólor, durante a época de abate de árvores, voltando depois à base de Sólor. Só muito mais tarde é que os negociantes e os missionários portuguesess se fixaram em Timor. (28).

Ocorreram ainda outras alterações que viriam a afectar toda a situação comercial: já no primeiro quar-tel do século XVI, Malaca viu-se envolvida em vários conflitos locais. Esses conflitos continuaram até depois de 1550, em especial as guerras entre Achin e Johore. (29)Daí que o atractivo de Malaca como porto comer-cial tivesse diminuído. Ao que parece, os chineses souberam adaptar-se a estas circunstâncias: prefcriam agora fazer o seu comércio pela Samatra ou por Java, onde tinham já estabelecido algumas colónias. É igual-mente possível que os mcrcadorcs chineses tenham perdido o intcrcssc nas Malucas como resultado do aumento do comércio na área da Samatra e de Java, embora seja errado concluir que as actividades chinesas nas Especiarias tenha cessado com-pletamente. (30)

Há uma série de fontes documentais geográficas de origem chinesa do período posterior a 1550 ou 1560 que referem os carregamentos de sândalo a partir de vários países do sudeste asiático ou a sua produção em Timor, Java, Sião e outros locais. (31) O Tung-hsi--yang k'ao, que data de 1617 ou de 1618 mas que se reporta ao período anterior a 1600, contém uma breve descrição das actividades comerciais em Timor: (32)

(...) os impostos têm que ser pagos diariamente, mas não são pesados. Os nativos cortam o sândalo e continuamente o trazem para negociar com os merca-dores [estrangeiros] (...)

Se tudo isto implica que devemos incluir os co-merciantes chineses no número dos que seguiam de Java para Timor, não pode concluir-se destes textos, embora o Tung-hsi-yang k'ao contenha novas infor-mações que são, muito provavelmente, baseadas em relatos orais de marinheiros chineses que viajavam na área. Há outras indicações, segundo as quais alguns chineses teriam ido até Timor para negociar. Encon-tram-se essas referências no Shun-feng hsiang-sung, uma lista de navegação elaborada entre o último quar-tel do século XVI e o primeiro quartel do século XVII, mas que, sem dúvida, reflecte conhecimentos de navegação anteriores. O texto menciona vários locais de ancoragem na ilha de Timor, incluindo Kupang, um importante porto na parte sudoeste de Timor. Dá também notícia da presença portuguesa em Sólor e explica como se chega a Timor, por Patani ou Bantem (é interessante que não haja qualquer referência à rota das ilhas Sulu ou das Malucas). (33) Este facto sugere claramente que os mercadores chineses teriam co-nhecimento da região de Timor, embora não tenhamos encontrado qualquer referência chinesa explícita ao comércio naquelas terras.

No que se refere às fontes documentais por-tuguesas, há provas mais concludentes de que os mercadores chineses negociavam em sândalo tanto em Malaca como em Timor. No entanto, as provas relativas a Malaca são escassas, reflectindo decerto o já referido desinteresse crescente naquele porto, sugerindo talvez também que, com o agravamento da situação em Malaca, os chineses tivessem procurado outros portos da zona. (34) Quanto a Timor, parece que os chineses eram considerados adversários perigosos por alguns portugueses, já que um documento de 1595 refere que estes tentaram im-pedir os primeiros de ir a Sólor buscar sândalo. (35)

No entanto, a ideia que podemos formar do en-volvimento chinês no comércio do sândalo durante a segunda metade do século XVI é pouco clara, uma vezquese desconhecem asquantidadestransportadas pelos navios chineses até Kuang-tung ou Fukien. Van Leur é de opinião que "o sândalo era o artigo mais importante do comércio chinês, à excepção da pimenta, e a quantidade de sândalo transportada pode ser estimada em entre três e quatro mil picul, duzen-tas e quarenta a trezentas toneladas, por ano." (36) Não poderemos concluir com exactidão se isto significa que as importações de sândalo para a China foram progressivamente aumentando. Também não se co-nhece a relação entre os carregamentos chineses e os portugueses, embora nos queira parecer que os por-tugueses foram aumentando até 1600, em especial se se compararem as quantidades referidas por Pedro de Faria e as que existem relativamente ao período após 1600, que adiante discutiremos. (37)

Enquanto que estas conjecturas ainda neces-sitam de uma investigação mais profunda, há alguns aspectos interessantes relacionados com o comércio português do sândalo que surgem muito claramente durante a segunda metade do século XVI. Assim, é óbvio que os portugueses transferiram grande parte das suas actividades para a rota directa Sólor/Timor -- Macau, em vez de navegarem por Malaca. Daí que Macassar (nas Celebes) tenha adquirido progressiva importância como entreposto na rota Timor-Macau. (38) Em segundo lugar, os portugueses tornaram-se, segundo parece, mais exigentes nas suas aquisições de sândalo. A melhor variedade daquela madeira podia obter-se no porto de Mena, em Timor, como refere Garcia da Horta em 1563 e Cristóvão da Costa em 1578. Matomea, Camanase e Serviago produziam tam-bém sândalo de boa qualidade. (39) É interessante que nenhum destes nomes coincida com os nomes dados no Shun-feng-hsiang-sung. Será que isso implica que os mercadores chineses usavam pontos de an-coragem diferentes dos portugueses para evitar con-frontos? E será ainda que havia competição entre eles no que se refere à qualidade do produto? Seriam os chineses obrigados a comprar nas zonas de variedades mais baratas? Todas estas questões ficam sem resposta.

Existem alguns números relativos aos pesos usados no negócio do sândalo, recolhidos por Nunes, Linschoten e Falcão em 1554, 1596 e 1607, mas que não avançam muito na tentativa de entender a natureza deste comércio. (40) Há também números relativos a lucros numa carta do bispo de Cochim, F. Pedro da Silva, que, referindo-se à venda de sândalo à China, por Macau, afirmava em 1590: (41)

[O sândalo] era tão estimado na China que, apesar de o seu preço normal ser de 20 patacas por picul, foi vendido por 150 patacas em Macau durante alguns anos em que houve um decréscimo do número de barcos [que chegavam] de Timor.

A taxa de lucro neste negócio era de 100%, segundo o mesmo bispo. De facto, os lucros poderão ter aumentado com o decorrer dos anos, pois em 1630 o bispo Rangel estimava que os ganhos iam de 150 a 200%. (42) Parece, assim, que o comércio do sândalo se tornou num dos negócios mais lucrativos de Macau nos finais do século.

DO APARECIMENTO DOS HOLANDESES AO FINAL DA DINASTIA MING, C. 1600 - 1644

Durante os primeiros anos do século XVII, os holandeses estabeleceram-se no arquipélago da In-donésia e no Extremo Oriente. Os portugueses -- detentores de uma posição vantajosa no comércio do sândalo devido às bases de comércio e à superioridade técnica relativamente a todos os con-correntes asiáticos viam-se agora confrontados com um adversário europeu de estatuto e poder paralelos. A competição e a agressão dos holandeses teve graves consequências: o aumento do risco da perda de navios por parte de Portugal, a subida dos custos e despesas, a quase impossibilidade de passagem pelo estreito de Malaca, que quase impedia o acesso à Índia por parte dos mercadores de Macau, pelo que o Japão se tornou para eles o mercado mais importante. Na medida em que a importância da função de entreposto de Malaca diminuia, aumentava a de um outro porto: Macassar. De facto, vários mercadores portugueses deixaram Malaca e passaram a usar o porto de Macassar, que se tornou no mais importante em tamanho e posição a seguir a Macau em todo o Oriente português. (43)

Estas alterações deram origem a um aumento da importância do comércio do sândalo. Assim, uma obra holandesa de 1646 refere que eram levados anual-mente para Macau 1000 bahar (cerca de 5000 piculs) de sândalo. (44) Lains e Silva cita igualmente algumas fontes de 1609, 1610 e 1622, que ilustram o grande significado deste comércio. (45) António Bocarro confirma-o, escrevendo em 1635: (46)

"As viagens de Macau a Sólor, em busca do sândalo, são hoje em dia de grande importância (...) "

O comércio Macau-Timor por Macassar era favorecido pelas relativas facilidades no que se re-feria a impostos e direitos - os que se pagavam an-teriormente em Malaca e outros portos não vigoravam em Macassar - e não era feito numa base monopolista, como as viagens ao Japão. (47) No final do século, quando o comércio de Timor era ainda quase exclu-sivamente feito por Malaca, a maior parte das viagens - normalmente organizadas numa base anual - es-tavam sujeitas a um estatuto quase-monopolista, em-bora os direitos de monopólio pudessem ser vendidos. (48).

A ausência de barreiras institucionais deu cer-tamente um grande ímpeto ao comércio do sândalo, numa altura em que a pressão holandesa começou a fazer-se sentir muito intensamente em todo o Oriente. Talvez que os efeitos conjuntos das alterações po-líticas, a liberdade institucional, o declínio da com-petição chinesa e o aumento dos lucros em Macau neutralizassem e ultrapassassem os efeitos negativos provindos dos holandeses. (49)

Há muito poucas fontes documentais chinesas que se refiram às importações de Timor, embora se possa partir do princípio de que os mercadores chineses continuassem a navegar até às ilhas inferiores do arquipélago de Sonda a partir de Java e talvez novamente das Malucas. Alguns chineses colabo-ravam de perto, outros competiam com os holandeses, que - negociando principalmente a partir da Batávia e de uma fortaleza periodicamente tomada do Sólor português - compravam também sândalo em Timor na época do abate das árvores. No entanto, e ao contrário de Portugal, a Holanda nunca se mostrou capaz de fornecer o produto à China por via directa. A Companhia Holandesa das Índias Orientais tinha que contar com os intermediários chineses entre a costa da China e a Batávia. E, de acordo com o Dagh-Register, os holandeses conseguiam apenas pequenas quantidades de sândalo em comparação com os portugueses. (50)

O sândalo, embora bem menos importante do que a pimenta, a seda ou a prata no panorama geral do comércio do Oriente ou, mais especificamente, do comércio do século XVI e início do século XVII centrado em Macau, tinha grande procura em muitas zonas da Europa e da Ásia, incluindo o Japão. (51) Timor, de outro modo demasiado desconhecido e longínquo para merecer a atenção da maioria dos historiadores, obteve assim a reputação de “ilha do sândalo”. Até Camões lhe teceu elogio:

“Ali também Timor, que o lenho manda Sândalo, salutífero e cheiroso”.

(Os Lusíadas. Canto X: 134)

Ilustração de Carlos Marreiros © Copyright

Notas

(1) Há muitos estudos sobre a biologia, a distribuição geográfica e os fins a que se destina o sândalo e “san-derswood”. Seguem-se apenas algumas referências: Edward H. Schafer, “Rosewood, Dragon's Blood, and Lac”, Journal of the American Oriental Society, 77(1957), 129-130; do mesmo autor, The Golden Peaches of Samarkand (Ber-keley, Los Angeles: University of California Press, 1963), 134-135, 157-159, 233, 267; Paul Wheatley, “Geo-graphical Notes on Some Commodities Involved in Sung Maritime Trade”. Journal of the Malayan Branch of the Royal Asiatic Society, 32;2 (1959), 65-67; Humberto José de Santos Leitão, Os Portugueses em Sólor e Timor de 1515 a 1702 (Lisboa, Tip. da Liga dos Combatentes da Grande Guerra, 1948), 173-174; Ruy Cinatti Vaz Monteiro Gomes, Esboço histórico do sândalo no Timor português (Lisboa, 1950), especialmente 5-7; Yamado Kentaro, Tozai koyaku shi (Tokyo: Fukumura shoten, 1964), 404-405; Hélder Lains e Silva, Timor e a cultura do café (Porto: Imprensa Por-tuguesa, 1956; Memórias, Série de Agronomia Tropical 1), especialmente 8, 16-17; J. Paulus et al. (ed.), Encyclopaedie van Nederlandscch Indië (The Hague: Nijhoff; Leiden: Brill, 1917-39), vol. 3,687-688; P. Risseeuw, “Sandelhout”, in C. J. J. van Hall e C. van de Koppel (eds.), De Landbouw in de Indische Archipel. Deel III: Industrielle Gewassen-Regis-ter (The Hague: N. V. Uitgeverij W. van Hoeve, 1950), 686--705; Isaac Henry Burkill, A Dictionary of the Economic Products of the Malay Peninsula, with contributions by Wil-liam Birtwistle et al. (Repr. Kuala Lumpur: Ministry of Agriculture and Cooperatives, 1966), vol. 2, 1987-90; Elmer D. Merill e Egbert H. Walker, A Bibliography of Eastern Asiatic Botany (Jamaica Plain, Mass.: The Arnold Ar-boretum of Harvard Univ., 1938), 703; Egbert H. Walker, Suppl. 1 do anterior (Washington: American Insti-tute of Biological Sciences, 1960), 539 (ambos os volumes dão várias referências); Gabrel Ferrand (trad. e ed.), Rela-tion de voyages et textes géographiques arabs, persans et turks relatifs à l'Extrême-Oriente du VIIIe. au XVIII. siècles. (Paris: Ernest Leroux, 1913-14; Documents historiques et géographiques relatifs à l'Indochine) vol. 1, 279-80, vol.2, 605-606.

(2)Wang Ta-yüan (autor), Su Chi-ch'ing (ed. e com.) Tao-i chih-lüeh chiao-shih (Pequim: Chung-hua shu-chü, 1981; Chung-wai chiao-t'ung shih-chi ts'ung-k'an), 209-13; também o meu artigo “Some References to Timor in Old Chinese Records”, Ming Studies, 17 (Fall 1983), 37; Ronald Bishop Smith, The First Age of the Portuguese Embassies, Naviga-tions and Peregrinations to the Kingdoms and Island of Southeast Asia (1509-1512) (Bethesda, Md.: Decatur Press, 1968), 113; W. W. Rockhill, “Notes on the Relations and Trade of China with the Eastern Archipelago and the Coasts of the Indian Ocean During the Fourteenth Century”, T'oung Pao, 15 (1914), 257-59. Há muitas referênci-as a Timor e ao sândalo em fontes documentais mais antigas. Ver, por exemplo, Friedrich Hirth e W. W. Rockhill (trad.), Chau Ju-Kua: His Work on the Chinese and Arab Trade in the Twelfth and Thirteenth Centuries, entitled Chu-fan-chї (Repr. Taipé: Ch'eng-wen Publ. Co., 1970), especialmente 83-84, 111, 156, 208; Lin Tian-Wai, Sung-tai hsiang-yao mao-i shih-kao, (Hong-Kong: Chu-kuo huüe-she, 1960), especialmente 41-43, 174 et seq. O. W. Wolters, Early Indonesian Commerce. A study of the Origins of Srivijaya (Ithaca: Cornell Univ. Press, 1967), 65-66, 150, 179, 204-205; Ferrand, Relations, vol. 1, 28, 152,186, vol. 2, 305, 312, 422, 464 (estas são apenas algumas referências na obra de Ferrand, especialmente a Salaht, na zona de Atchin e a uma "ilha de sândalo"); H. A. R. Gibb (trad. e ed.), Ibn Battúta: Travels in Asia and Africa, 1325--1354 (London: George Routledge, 1929; The Broadway Travellers), 302; Wheatley, "George Routledge, 1929; The Broadway Travellers), 302; Wheatley, "Geographical Notes", 65, do mesmo autor, The Golden Khersones. Studies in the historical Geography of the Malay Peninsula Before A. D. 1500 (Kuala Lumpur: Univ. of Malaya Press, 1961), 51-52, 68.

(3) Não é possível identificar Wu Chai.

(4) Esses comerciantes vinham certamente do ocidente, en-quanto que os chineses se devem ter aproximado de Timor pelo norte, navegando pelas ilhas Sulu e pelas Molucas. Assim, O Tao-i chih-lüeh, 175-81,204-09, contém referências a essas ilhas. João de Barros, Da Ásia, Dec. 3, Liv.5, Cap. (Lisboa: Na Régia Officina Typográfica, 1778), vol. 5, 577-79, indica que os chineses foram os primeiros es-trangeiros a visitar as Especiarias. Bartolomé Leonardo de Argensola, Conquista de las Islas Malucas (Repr. ed. 1608, Saragossa: Imprenta del Hospicio Pro-vincial, 1891; Bibioteca de escritores aragoneses), especial-mente 12, é da mesma opinião. De igual modo, Galvao; ver Hubert Th. Th. Jaccobs (ed. e trad.), A Treatise on the Moluccas (c. 1554), Probably the Preliminary Version of António Galvao 's Lost Historia das Molucas (Roma: Jesuit Historical Institute, 1971; Sources and Studies for the His-tory of the Jesuits, 3), 20, 78-79. A circulação de moedas e de sedas chinesas indica também a presença chinesa nas Molucas. Ver, por exemplo, Jacobs, Treatise, 107-09,138-39, 271-72.

(5) O Yüan shih, de Sung Lien et al. (Pequim: Chung-hua shu-chü, 1976), vol. 8 cap. 209, 11635, refere que Annam enviou sândalo para a China, o Ming shih-lu (na secção re-ferente a Hung-wu), apresenta um lista de delegações de Java (She-p'o), Pahang, Champa, Lampung (Lan-pang) e Tan-pa (talvez no Sião) que, entre outras coisas, apresen-taram t'an ou t'an-hsiang à corte, em Nanquim. Ver Hiroshi Watandabe, "An Index of Embassies and Tribute Missions from islamic Countries to Ming China (1368-1466) as re-corded in the Ming Shih-lu classified acccordig to Geographic Area, "Memoirs of the Research Department of the Toyo Bunko, 33 (1975), 40, 56, 59 (onde se encontram referências ao Ming shih-lu).

(6)Ver, por exemplo, M. A. P. Meilink-Roelofsz, Asian Trade and European Influence in the Indonesian Archipelago Between 1500 and about 1630 (The Hague: Nijoff, 1962), 22-26; O. W. Wolters, The Fall ofSrivijaya in Malay History (London: Asia Major Library, Lund Humphries, 1970), 157. Parece que o declínio do comércio chinês abriu novas perspectivas para os javaneses, apesar da interrupção periódica das rotas marítimas. Quando o poder de Majapahit se extinguiu depois do final do século XIV, os portos de Java desenvolveram as suas actividades comerciais no sentido de reforçarem a sua posição relativamente a Majapahit.

(7)Com a expressão "relatos em primeira mão ", quero re-ferir-me a obras como o Ying-yai sheng-lan, ou as várias inscrições em que figura o nome de Cheng Ho. O único relato "em primeira mão" que dá notícia de Timor é o Hsing-ch'a sheng-lan. No entanto, num sentido mais preciso, o capítulo sobre Timor incluido nesta obra não pode ser considerado como sendo uma descrição original. Baseia-se inteiramente no Tao-i chih-lüeh, ao qual não a-crescenta quaisquer elementos novos. Ver Fei Hsin (autor), Feng Ch'eng-Chün shu-chü, 1954), hou-chi, 6-7. Vertambém o meu artigo "Some References",38.

(8) Relativamente a esta questão, ver o meu artigo "Some References", 38, 43-44 n. 16 e 17.

(9)A corte Ming poderá ter tido interesse no domínio de Java durante os primeiros trinta anos do século XV por motivos puramentepolíticos. Ver, por exemplo, ChouYü-sen, Cheng Ho hang-lu k'ao (Taipé: Hai-yün ch'u-pan-she, 1959), 62 et seq.; G. Coèdes, Les États hinduisés d'Indochine et d'In-donesie (Paris: E. de Boccard, 1948; Histoire du Monde, 8), 402-03. Como é evidente, as expedições de Cheng Ho poderão ter tido muitos outros objectivos.

(10)Surpreendentemente, Timor não figura na célebre carta Mao K'un, que segundo se crê, pertence ao período de Cheng Ho. Existem muitos estudos sobre esse mapa, por exemplo, ChuYü-sen, Cheng Ho hang-lu k'ao; HsiangTa, Cheng Ho hang-hai-t'u (Pequim: Chung-hua shu-chü, 1961); Hsü, Ming-tai Cheng Ho hang-hai-t'u chih yen-chiu (Taipé: Taiwan hsüeh-sheng shu-chü, 1976).

(11)Ver, por exemplo, Meilink-Roelofsz, Asian Trade,36 et seq., 99-100, 156.

(12) O sândalo e o "sanderswood" estão registados como pro-dutos primários ou tributos de um série de localidades na Índia, no continente sudeste asiático, em Java, Bornéu, Ormuz, Aden e no arquipélago das Léquias(não há quaisquer referências a carregamentos de sândalo feitos a partir das (ou pelas)Celebes, Malucas, Sùlu ou Filipinas). Ver Li Hsien et al., Ta Ming i-t'ung chih, (Taipé: Wen-hai ch'u--pan-she, 1965), vol. 10, 5540, 5547, 5551, 5564; Li Tung--yang et al. (autores), Shen Ming-hsing et al. (eds.), Ta Ming hui-tien,, (Taipé: Chung-wen shu-chü, 163B, vol. 3, cap. 105, 1558-95, cap. 106, 1597, 1598; Huang Sheng-tseng (autor), Hsieh Fand (ed. e com.), Hsi-yang ch'ao-kung tien--lu (Pequim: Chung-huaq shu-chü, 1982; Chung-wai chiao-t'ung shih-chi. ts'ung-k'an), 12, 26, 29, 41, 45, 49, 60, 84, 102, 104, 114.

(13)Ver citação em Armando Cortesão (trad. e ed.), The Suma Oriental of Tomé Pires... and the Book of Francisco Rodrigues... (London: Hakluyt Society, 1944; Hakluyt Society Publications, 2nd. ser., 89-90), vol. 1, 179 (cf. tam-bém 192 do mesmo); Meilink-Roelofsz, Asian trade, 26, 36 et seq. p. 158 da mesma obra: "No século XV, o aparecimento do centro de comércio de Malaca significava que os mercadores vindos da China tinham à sua disposição fornecimentos de especiarias tão abundantes através do co-mércio intermediáriode Java, que nunca mais se deslocaram aos próprios portos javaneses. " Barros, Da Ásia, Dec. 3, Liv. 5, Cap. 5, isto é: vol. 5, 577-80, parece também indicar que o comércio chinês em Java decresceu, ao sublinhar o facto de serem os javaneses e os malaios quem controlava todas as actividades comerciais do arquipélago aquando da chegada dos portugueses. Manuel de Faria y Sousa, The Portuguese Asia: or, the History of the Discovery and Conquest of India by the Portuguese... (trad. inglesa do original espanhol, de John Stevens) Repr. Westmead, Farnborough, Hantss., England: Gregg International Publ.,1971, vol. 1, pt. 2, cap. 9, 197, é da mesma opinião. Re-lativamente à política de' Malaca em relação ao mundo muçulmano depois do final das expedições de Cheng Ho, ver Wolters, The Fall. 158 et seq.

(14) Citado por Lains e Silva, Timor e a cultura do café, 9.

(15) Ibid., 10. Abreu refere que as ilhasalestede Java tinham influências chinesas. Ver Luna de Oliveira, Timor na história de Portugal (Lisboa: Agência Geral das Co-lónias. Divisão de Publicações e Bibliotecas, 1949-52), vol. 1, 79.

(16) Armando Cortesão, The Suma Oriental, vol. 1, gravura 27, verso p. 209; A. Cortesão e Avelino Teixeira da Mota, Portugaliae Monumenta Cartographica (Lisboa: Co-memorações do V. Centenário da Morte do Infante D. Henrique, 1960-62), vol. 1, 19-20; A. Faria e Morais, Sólor e Timor (Lisboa: Divisão de Publicações e Bibliotecas. Agência Geral das Colónias, 1944), 77; Lains e Silva, Timor e a cultura do café, 10; A. A. Mendes Corrêa, Timor por-tuguês. Contribuição para o seu estudo antropológico (Lis-boa: Imprensa Nacional, 1946; Memórias, Série An-tropológica e Etnológica, 1), 11.

(17) Armando Cortesão, The Suma Oriental, vol. 1, 118, 123, 203-04 vol. 2, 283. Smith, The First Age, 113. Os gujaratis obtinham o sândalo de Grisé e de Java, ver A. Cortesão, vol. 1, 159.

(18) Citado, por exemplo, por Lains e Silva, Timor e a cultura do café, 11; Gomes, Esboço, 3; Hélio Esteves Felgas, Timor português (Lisboa: Agência Geral do Ultramar. Divisão de Publicações e Bibliotecas, 1956; Monografias dos Terri-tórios no Ultramar), 221; Faria e Morais, Sólore Timor, 81.

(19)Apud Lains e Silva, Timor e a cultura do café, 12. Numa carta datada de Janeiro do mesmo ano, Afonso de Albuquer-que refere também a importância de Timor. Ver Faria e Morais, Sólor e Timor,81.

(20) Ver Mansel Longworth Dames (trad. e ed.), The Book of Duarte Barbosa. An Account of the Countries Bordering on the Indian Ocean ad their Inhabitantss, Written by Duarte Barbosa, and Completed About the Year 15 18 A. D. Lon-don: Hakluyt Society, 1921; Works Issued by the Hakluyt Society, 2nd ser., 43, 49), vol. 2, 195-96; Lains e Silva, Timor e a cultura do café, 12. Smith, The First Age, 56, cita uma carta de 1517 (1518).

(21) Ver Carlos Quirino (ed.), First Voyage Around the World by Antonio Pigafetta and De Moluccis Insulis by Maximilianus Transylvanus (Manila: Filipiniana Book Guild, 1969; Publications of the Filipiniana Book Guild, 14), 92-93; Lord Stanley of Alderley (ed.), The First Voyage Round the World by Magellan. Translated from the Account of Pigafetta, and other Contemporary Writers (New York: Burt Franklin, ca. 1964; Works Issued by the Hakluyt Society, 1st ser., 52), 151-153, 232. Ver também, por exemplo, Lains e Silva, Timor e a cultura do café, 12; Mendes Corrêa, Timor português, 13: Oliveira, Timor na história de Portugal, vol. 1, 84-85; Juan Perez de Tudela Buesco (ed.), Fernandez do Oviedo: Historia general e natural de las Indias (Madrid: Ediciones Atlas, 1959; Biblioteca de autores españoles desde la formacion del lenguaje hasta nuestros dias (Continuacion), 117-21), vol.2, 236; Jacobs, A Treatise on the Moluccas. 204-205; James A. Burney, A Chronological History of the Discoveries in the South Sea or Pacific Ocean (Repr. Amsterdam: N. Israel; New York: Da Capo Press; London: Frank Cass & CY LTd, 1967), vol. 1, 110.

(22) Cortesão, The Suma Oriental, vol.2, 272; Smith, The First Age,56 (carta de Pedro de Faria); Lains e Silva, Timor e a cultura do café, 14 (cita a obra Lembranças).

(23) Para Pedro de Faria, ver Smith, op. cit. nota 22. Tomé Pires afirma que o sândalo era um dos artigos comerciais mais importantes levados de Malaca para a Índia, Sião e outras terras. De Pegu e do Sião, poderá o sândalo ter sido depois levado para a China. Ver Cortesão, The Suma Orien-tal, vol. 1, 16, 43, 93, 108, 111, vol. 2, 270, 272. O bahar foi definido de maneiras diferentes em várias obras. Sigo a de C. R. Boxer, Francisco Vieira Figueiredo: A Portuguese Merchant-Advanturer in South East Asia, 1624--1667 (The Hague: Nijhoff, 1967; Verhandelingen van het Koninklijk Instituut voor Taal-, Land- en Volkenkunde, 52), 107, que cita uma fonte documental holandesa de 1646. Outras definições, por exemplo, em The Suma Oriental.

(24) Meilink-Roelofsz, Asian Trade. 87-88, baseia o cálculo nas contas de Tomé Pires e de Perestrello, mas não dá quais-quer pormenores sobre o mesmo cálculo. Para o comércio de Malaca, cf. especialmente Cortesão, The Suma Oriental, vol. 2, 301. Andrés de Urdaneta registou mais do que 30 aportagens a Malaca no espaço de três ou quatro meses, o que estaria mais de acordo com as estimativas de Meilink-Roelofsz. Fernão Lopez de Castanheda, História do descobrimento e conqvista da India pelos Portugueses (Nova ed. Lisboa: Na Typographia Rollandiana, 1833), Liv. 2, Cap. 113 (isto é: vol. 1, 358), afirma que os portugueses encon-traram quatro navios chineses em Malaca em 1509.

(25)Meilink-Roelofsz, Asian trade, 88; Dames, The Book of Duarte Barbosa, vol. 2, 195-96. Castanheda, História, Liv. 3, Cap.52 (isto é: vol. 2, 179), menciona a presença de cinco navios chineses em Malaca (cf. também nota 24). Chineses das Filipinas e marinheiros de Luzon poderão ter transpor-tado sândalo de Malaca, pelas Filipinas, até à China, ou até directamente de Timor, pelas Celebes e as Filipinas. Pelo menos, Pigafetta refere a presença de um junco de Luzon em Timor (ver Quirino, First Voyage, 93; Stanley of Alderley, The First Voyuage, 153) e Tomé Pires fala de "Luções" em Malaca em vários passos da sua obra (ver Cortesão, The Suma Oriental, vol. 2, 268, 283). O mercado chinês poderá também ter sido abastecido por mercadores japoneses (talvez como contrabando ou pelas Filipinas), especialmente depois de 1600; todavia, esta hipótese não foi confirmada.

(26)Barros, Da Ásia, Dec.3, Liv.5, Cap.5 (isto é: vol.5, 579); Smith, The First Age, 111. Deve, no entanto, acrescentar--se que um número razoável de navios chineses aportava em Java para se abastecer de pimenta e de outras mercadorias. Ver, por exemplo, a carta de Rui de Brito citada em Smith, The First Age, 58, ou Oviedo, Historia general, vol.2, 301. Valerá também a pena notar que as Malucas não possuíam navios adequados para participarem no comércio. Quanto a este assunto, ver, por exemplo, Castanheda, História, Liv.6, Cap. 11 (isto é: vol.3, 26).

Alguns chineses (talvez muito poucos) poderão ter chegado até às Especiarias na primeira metade do século XVI. Re-lativamente a este assunto, ver, por exemplo, Oviedo, His-toria General, vol.2,297, onde se refere o facto de as Malucas receberem porcelanas a partir da China. Por fim, teremos que considerar o argumento de Meilink-Roelofsz (em Asian Trade, 153), segundo o qual " apenas os chineses podiam fornecer aos timorenses as mercadorias que estes apre-ciavam. " Por outras palavras, embora os javaneses e os malaios fossem os "senhores" do arquipélago, os chineses tinham ainda actividades naquela área.

(27) Artur Teodoro de Matos, Timor português, 1515-1769. Contribuição para a sua história (Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Instituto Histórico Infante D. Henrique, 1974; Série Ultramarina, 2), 24 (Sumba); José de Martinho, Quatro séculos de colonização portuguesa (Porto: Livraria Progredior, 1943), 4 (influência islâmica). Embora sob influência islâmica, os marinheiros muçulmanos não se fixaram em Timor numa base permanente (ver Matos, 33). Affonso de Castro, As possessões portuguezas na Oceania (Lisboa Imprensa Nacional,1867), 15 et seq., é da mesma opinião. J. L. van Leur, Indonesian Trade and Soci-ety. Essays in Asian Social and Economic History (The Hague, Bandung: W. van Hoeve Ltd., 1955; Selected Studies on Indonesia, 1), 100, refere que poderá ter havido colónias malaias em Timor. As fontes documentais portuguesas não confirmam aquela hipótese.

(28) Breves relatos dos inícios do estabelecimento dos por-tugueses em Sólor e Timor: ver, por exemplo, C. R. Boxer, Fidalgos in the Far East, 1550-1770 (Repr. Hong-Kong: Ox-ford Univ. Press, 1968), cap. 11: do mesmo autor, The To-passes of Timor (Amsterdam 1947; offprint de Koninklijke Vereeniging Indisch Instituut, Mededling No. LXXIII, Af-deling Volkenkunde No. 24); do mesmo autor, " Portuguese Timor: A Rough Island Story, 1515-1960", History Today, 10:5 (May 1960), 349-55; C. Wessels, "Portugueesen en Sapanjaarden in den Indischen Archipel tot aan de komst van de O. I. Compagnie, 1515-1606", in F. W. Stapel et al. (ed.), Geschiedenis van Nederlandsch Indië (Amsterdam: N. V. Uitgeversmaatschappij "Joost van den Vondel", 1938-40), vol.2, 162-63; James J. Fox, Hervest ofthe palm. Ecological Change in Eastern Indonesia (Cambridge, Mass., and London, Engl.: Harvard Univ. Press, 1977), 61 et seq.: resumo da minha autoria em Roderich Ptak (ed.), Portugals Wirken in Übersee: Atlantik, Afrika, Asien. Beiträge zur Geschichte, Geographie und Landeskunde (Bammental, Heidelberg: Klemmerberg-Verlag, 1985; Portugal-Reihe, 12) 197-214.

(29)Existe grande quantidade de obras sobre este assunto. Uma listagem recente daqueles conflitos foi feita por Malcom Dunn, Kampf um Malakka. Eine wirtschaftsges-chichtliche Studie über den portugiesischen und nioederlän-dischen Kolonialismus in Sündostasien (Wiesbaden: Seteiner, 1984; Beiträge zur Südasien-Forschung, Südasien--Institut, Univ. Heidelberg, 91) 98-100.

(30) Van Leur, Indonesian Trade, 174 (os chineses deixam Malaca e fazem o seu comércio por Bantem e Java); Meilink-Roelofsz, Asian Trade, 99-100, 152 (Os chineses em Sonda em meados do século XVI), 158. Tal como muitas outras obras, as fontes documentais chinesas referem in-clusivamente a presença de colonos chineses em Java; ver por exemplo, Shen Mao-shang, Hai-kua kuang-chi (1579 ou anterior), in Cheng Hao-sheng e Cheng I-chün (ed. e comp), Cheng Ho hsia Hsi-yang tzu-liao hui-pien (chi-nan: ch'i Lus shu-she, 1980-), vol. 1,314. Algunstextosholandeses referem que o comércio entre Timor e a China passava por portos da região de Samatra-Java. Ver, por exemplo, J. C. Mollema (ed.), De eerste shipvaart der Hollanders naar Oost-Indië, 1595-97(The Hague: Nijhoff, 1936), 224-6 (como é óbvio, a obra refere que o sândalo era também negociado através de Malaca).

(31)Ver, por exemplo, Ven Ts'ung-chien, Shu-yü chou tzu lu (Taipé: Hun-wen shu-chü, 1968; Chung-huawen-shihts'ung-shu), cap. 7, 16b, 17aq, cap. 8, 12a 15a 19a-b, 22a 24b, 27a; Mao Jui-cheng, Huang Ming hsiang-hsü lu (Taipé: Hua-wen chu-shü 1968; Chung-hua wen-shih ts'ung-shu), 206, 238, 294.

(32)Ver Chang Hiseh, Tung-hsi-yang k'ao (Pai-pu ts'ung-shu chich'eng ed., t'ao 58:2), cap.4, 16a-b. Ver também W. P. Groeneveldt, Notes on the Malay Archipelago and Malacca, Compiled from Chinese Sources (Batavia: W. Bruining, 1876), 116-17, e o artigo de minha autoria "Some References", 40-41.

(33)O Shun-feng hsiang-sung encontra-se in Hisiang Ta (ed. e com.) Liang chung hai-tao chen-ching (Pequim: Chung-hua shu-chü, 1982; Chung-wai chiao-t'ung shih-chi ts'ung--k'an). Ver pp. 66, 67, 70. Cf. também J. V. G. Mills, "Chinese Navigators in Insulinde About 1500 A. D." Ar-chipel, 18 (1979), 81-82, 84-85. Quanto à data deste texto, ver Mills, 71, and Joseph Needham, Science and Civilisation in China, vol. IV:3 (Cambridge: At the Univ. Press, 1971), 581 (onde são também referidas fontes documentais). Certos elementos do Shung-feng hsiang-sung poderão remontar a 1430. Contudo, a referênccia que é feita aos portugueses torna mais provável a hipótese de a maior parte da obra ter sido escrita bastante mais tarde.- É interessante que Timor figure igualmente num mapa contido no T'u-shu pien, compilado por Chang Huang et al. sob influência europeia.. Ver vol. 11 cap..51, 19b e 23a de edição Taipé: Cheng-wen, 1971.

(34)Ver Meilimk Roelofsz, Asian Trade, 169-70; Groeneveldt, Notes 134; Lains e Silva, Timor e a cultura do café, 16 (que cita uma carta do rei Filipe, datada de Fevereiro de 1595, na qual se mencionam mercadores chineses em referência a uma violenta sublevação); Faria e Morais, Sólor e Timor, 96; Diogo de Couto, Da Ásia, Dec.7, Liv.2 (apud Meilink-Roelofsz).

(35) Apud Meilink-Roelofsz, Asian Trade, 170

(36) Van Leur, Indonesian Trade, 125, 209.

(37) Não correspondem necessariamente às relações de to-nelagem (navios). Uma discussão desta questão encontra-se em Van Leur, Indonesian Trade, 129 et seq., onde se citam várias fontes documentais. Algumas estimativas re-ferentes ao número de navios que aportavam a Malaca por volta do ano de 1615 (ver Van Leur, 128, 209), sugerem que o comércio de Malaca aumentou com o decorrer do tempo. Mais uma vez, esta hipótese pode ou não ser ver-dadeira.

(38) Meilink-Roelofsz, Asian Trade, 163. Lains e Silva, Timor e a cultura do café, 15, cita Garcia da Horta, que, em 1563, chamou a atenção para o facto de que Java possuia algum sândalo e de que havia em Macassar algumas florestas de sândalos. No entanto, essas florestas ou se esgotaram rapidamente ou seriam de má qualidade e, consequen-temente, poucos ou nenhuns comerciantes se deslocavam àqueles lugares para aproveitar a madeira. Ver a célebre tradução latina da obra de Garcia da Horta: M. de Jong e D. A. Wittop Koning, Carolus Clusius: Aromatum, Et Simplicium Aliquot Medicamentorum Apud Indos Nascen-tium Historia, 1567, étant la traduction altine des Coloquios dos simples e drogas e cousas medicinais da India (Nieu-wkoop: B. de Graaf, 1963), introdução 54, texto 86-90. Faria y Sousa, Portuguese Asia, vol.2, gravura 1, cap.13, 81, refere também que Macassar possuía sândalo. Argen-sola, Conquista de las Islas Malucas, 9, diz que as Malucas possuíam sândalo também. Uma vez que alguns chineses e filipinos participavam no comércio entre as Especiarias e Manila nos finais do século XVI, alguma quantidade de sân-dalo poderá ter chegado a Kuangtung ou a Fukien através das Filipinas. Cf. também nota 25.

(39)Lains e Silva, Timor e a cultura do café, 15 Jong e Wittop Koning, Carolus Clusius, 87. Matos, Timor por-tuguês 145-61, contém uma tabela referente à produção de sândalo em diferentes regiões de Timor. Esta tabela é relativa ao período entre 1703 e 1760. Não existem dados referentes ao período anterior a 1700.

(40)Relativamente aNunes e Falcão, ver Lains e Silva, Timor e a cultura do café, 14, 16. Em relação a Linschoten, ver Arthur Coke Burnell e P. A. Tiele (eds.), The Voyage of John Huyghen van Linschoten to the East Indies: From the Old English Translation of 1598 (London: Hakluyt Society, 1885; Works of the Hakluyt Society, 70,71), vol.1, 149-50. Existem muitas outras fontes documentais ocidentais escritas entre 1550/60 e 1600 ou relativas a este período que se referem à participação portuguesa no comércio do sân-dalo. No entanto, estas obras normalmente não contêm material de tipo quantitativo. Ver, por exemplo, Richard Hakluyt (ed.) Principal navigations, Voyages, Traffiques & Disccoveries of the English Nation... Made by Sea or Over-land to the Remote and Farthest Distant Quarters of the Earth at any Time Within the Compasse of these 1600 Yeeres (Glasgow: James Maclehose and Sons, 1903-05), vol. 5, 407, 498, 504, vol. 6, 25.

(41)Citado em Gomes, Esboço, 9; Leitão, Os Portugueses em Sólor e Timor, 175; Lains e Silva, Timor e a cultura do café, 15.

(42)Ver, por exemplo, Castro, As possessões portuguezas na Oceania, 8; Matos, Timor português, 183; Leitão, Os Por-tugueses em Sólor e Timor, 175; Lains e Silva, Timor e a cultura do café, 22. Há também notícia de Frei Miguel Rangel ter comprado sândalo em Timor em 1614. Ver Faria eMorais, Sólor e Timor, 101; Lains e Silva, 17.

(43)Relativamente às consequências da agressão holandesa no estreito de Malaca e em Macau, ver, por exemplo, A. R. Disney, Twilight of the Pepper Empire. Portuguese Trade in Southwest India in the Early Seventeenth Century (Cambridge, Maqs.: Harvard Univ. Press, 1978; Harvard Historical Studies, 95), 26-27, ou o artigo de minha autoria "An Outline of Macao's Economic Development, 1555--1640", comunicação apresentada na Conferência EACS em Tübingen, 1984. Relativamente à importância de Macassar, ver Boxer, Fidalgos, 175, ou J. E. Heeres et al., Dagh-Register, genhouden in Castel Batavia vant passerende daer te plaetse als over geheel Nederlandts--India... (The Hague: Nijuhoff; Batavia: Landsdrukerij, 1887-1931), vol. 1, 78 (32-33, alguns juncos dirigiram-se a Macassar numa ocasião durante o período de monção 1630--31),124-26 (o sândalo como artigo de comércio em Macas-sar), 256 (alguns navios ingleses em actividades de comércio de sândalo na zona de Macassar).

(44)Ver Meilink-Roelofsz, Asian trade, 153. Segundo Matos, Timor português, 178, eram cortados aproximadamente 10000 a 12000 piculs de sândalo por ano nos finais do século XVII ou início do século XVIII, mas apenas 2000 ou 3000 piculs seguiam para Macau. Assim, o transporte de sândalo para Macau diminui por volta do final do século.

(45)Lains e Silva, Timor e a cultura do café, 16-19. Na História de S. Domingos o sândalo é referido como sendo um dos produtos comerciais de maior importância em Malaca depois da conquista portuguesa. Ver também Gomes, Esboço, 4, ou Faria e Morais, Sólor e Timor, 81.

(46) Apud C. R. Boxer (ed e trad.). Seventeenth Century Mac-cau in Contemporary Documents and Illustrations (Hong-Kong: Heinemann Educational Books (Asia) Ltd., 1984), 35-36.

(47)Ibid, 35-36, 77-78. As duas últimas páginas referem a opinião de Marco d'Avalo, que escrevia mais ou menos na mesma época: "Da dita cidade de Macau partem anualmente naves, juncos, fragatas e barcos mais pequenos para Tonquim Quinam, Chiampa, Cambodja, Macassar, Sólor, Timor e outros locais onde podem fazer comércio vantajosamente. Essas viagens são gratuitas para todos os que queiram par-ticipar, apesar de haver grande perigo de serem atacados pelos barcos dos holandeses. No ano de 1631, um certo An-tónio Lobo conseguiu obter do Vice-rei o monopólio destas viagens a Macassar, Sólor e Timor, através do que pensava alcançar grandes lucros. Mas os cidadãos [de Macau] re-cusaram-se a participar, pelo que ele foi forçado a empreen-der a viagem sozinho, com resultados muito desvantajosos. Deste modo, o monopólio nunca foi imposto·e o comércio mantém-se livre e aberto como dantes, e nem o Rei exige nenhum tributo, nem na viagem de ida, nem no regresso." Para mais informações, ver Boxer, Fidalgos, 178.

(48)Matos, Timor português, 175, refere que o preço seria de cerca de 500 cruzados. Até o Czar Frederico sabia das viagens anuais Malaca-Timor. Ver Hakluyt, Principal naviga-tions, vol. 5, 407.

(49)Relativamente aos holandeses, ver, por exemplo, o relato de Bocarro in Boxer, Seventeenth Century Macau, 36.

(50)Ch'ü Ta-chün refere no seu Kuang-tung hsin-yü de 1662 (Hong-Kong: Chun-hua shu-chü, 1975), cap. 26, 680, que o sândalo vinha do lado de lá do mar. Ho Ch'iao-yüan. Ming shan tsang (Taipé: Ch'eng wen, 1971), vol. 20,6215-16, Shen Mao-shang, Ssu-i kuang-chi (Xangai, 1947; Hsüan-lan-t'ang' ts'ung-shu, 87-102), 873a, 891b, e Ch'a Chi-tso, Tsui wei lu (Xangai, 1936; Ssu-pu ts'ung-k'an ed.), vol.60 wai--kuo lieh-chuan 36, 50b, 5 la, contêm breves capítulos sobre Timor mas não fornecem novas informações relativamente às fontes anteriores. No que se refere aos holandeses, ver, por exemplo, Meilink-Roelofsz, Asian trade, 231. Também cf. o Dagh-Register, vol.1, 295, 300, 317, 348, 355, vol.2, 76, 157, vol.3, 180, vol.5, 282 (apenas algumas referências no Dagh-Register).

(51) Ver, por exemplo, C. R. Boxer, The Great Ship from Amacaon. Annals of Macao and the Old Japan trade,1555--1640 (Lisboa: Centro de Estudos Históricos Ultramarinos, 1959), 195, onde se refere o sândalo como um produto levado para o Japão pelos portugueses, em 1637.

desde a p. 36
até a p.