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"E, finalmente, a adopção de uma política cultural que valorize a especificidade de Macau como ponto de encontro de culturas e como uma cidade em que a convivência de duas civiliações se faz há séculos em ambiente de perfeita harmonia e de respeito mútuo".

Do discurso do Presidente da República, Mário Soares, no acto de posse do Governador de Macau - Lisboa e Palácio de Belém, 15 de Maio de 1986

"E porque cultura é todo o produto da actividade criadora do Homem, uma política humanista - uma política para os homens, para que os homens sejam homens - é, necessariamente, uma política de cultura quer quanto ao resultado quer quanto à concepção de que parte. O futuro de qualquer comunidade está nas mãos dos que a cons-tituem. Preciso é que eles tenham capacidade, coragem, determinação e fé. Se assim for, o futuro não será mais "qualquer coisa que cai sobre o homem (...), aquilo que é sofrido (...), mas antes (...) algo que é as-sumido enquanto e à maneira do que deve ser feito em liberdade cria-dora", como magistralmente disse Karl Rahner. É a isto que chamo um PROJECTO POLÍTICO CULTURAL, duma CULTURA com todas as le-tras maiúsculas, alimentada e percorrida pela carne e pelo sangue dos homens que estão e dos que já partiram, duma cultura para a geração, formação e realização dos homens que hão-de vir e não uma cultura académica de eruditos para si próprios".

"Macau é em si mesma, uma malha multicolor tecida por fios de diferentes culturas entrecruzados de mil maneiras. Por outro lado, pela sua localização geográfica, Macau é uma interface com variados povos, etnias e civilizações. Macau é pois, um território com potencialidades enormes no que respeita a todos os projectos que pressuponham e até tenham em vista um vasto pluralismo cultural. Desses projectos, o maior de todos é o da paz mundial. Ora a paz entre os povos tem como laboratório a convivência entre as culturas - pois a cultura, enquanto produto de criação, é a obra humana por excelência -, convivência essa que conduz, pela descoberta dos valores ontológicos comuns e da complementaridade das diferenças, ao reconhecimento objectivo da existência de uma família humana universal, sem quaisquer fronteiras. Sendo assim, Macau pode - e, portanto, deve - vir a ser um espaço exemplar e enzimático em prol da paz, essa aspiração magna da humanidade, que se consubstancia no desenvolvimento todo de todos os homens, na solidariedade toda de todos, como proclamou Paulo VI, o arauto da "civilização do amor".

Todo este projecto - para Macau e de Macau para o Mundo - é, insisto, um projecto CULTURAL.

Palavras do Governador de Macau, Professor Pinto Machado, no acto de posse — Palácio de Belém, 15 de Maio de 1986

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