Antropologia

O SIGNIFICADO DOS TÍTULOS DA "PRINCESA CELESTIAL" NO SISTEMA DE CULTO DO ESTADO CHINÊS1

Gerd Wädow*

INTRODUÇÃO

No sistema de culto do Estado chinês, a concessão de títulos e postos a entidades, admitidas e integradas no panteão do culto de Estado, era uma forma de expressão essencial da comunicação entre este mundo e o outro, entre as esferas do humano e do divino. Estas concessões, através das quais o Estado podia diferenciar as entidades, no que dizia respeito às suas capacidades, importância e poder, estão registadas, por exemplo, nos textos dos decretos imperiais oficiais e proclamações em cerimónias especiais. Estas e outras medidas do Estado eram conjuntamente caracterizadas por princípios de recompensa e encorajamento.2

A diversidade destes títulos e postos dá-nos uma vívida impressão das carreiras do culto de Estado das divindades chinesas. Neste contexto, torna-se evidente que os conteúdos dos títulos nem sempre descrevem valores marcadamente abstractos e virtudes em geral; em vez disso, alguns parecem estar também relacionados com realidades mais concretas. E aí põe-se a questão de o desenvolvimento histórico de tais títulos ser estereotipado e mecânico ou de as conexões entre as partes mais "individualizadas" dos títulos mais extensos (Titulaturen) poderem ser relacionadas com os acontecimentos históricos, dos quais dependeram as suas concessões.

Esta questão será posta em consideração mais abaixo, dando como exemplo os títulos da divindade feminina chinesa 媽祖 (Mazu). No contexto do culto de Estado, Mazu ébem conhecida sob vários outros nomes mais "oficiais"; por exemplo, 天妃 (Tianfei, Princesa Celestial), 天后 (Tianhou, Imperatriz Celestial), ou 天上聖母 (Tianshang Shengmu, Santa Mãe do Céu).3

Como ponto de partida, usarei a obra intitulada 天妃顯聖錄 (Tianfei Xiansheng Lu, Os Registos da Manifesta Santidade da Princesa Celestial; daqui em diante, TF). Esta compilação oficial contém a bem conhecida lenda desta famosa divindade, bem como uma representativa colecção de documentos referentes a Tianfei.4 Estes documentos estão guardados nos seguintes cadernos do TF: "Os Vinte e Quatro Decretos Completos das Cerimónias de Concessão de Títulos Honoríficos Devidos a Manifestações no Decorrer das Sucessivas Dinastias" (TF, pp. 1-2) e "Proclamações Imperiais de Concessões Honoríficas e Sacrifícios Mandados Executar no Decorrer das Sucessivas Dinastias" (TF, pp. 3-16). Foram também feitas comparações com outras fontes relevantes, por exemplo, histórias dinásticas, mas, devido a limitações de espaço, não serão aqui tratadas.

I. O ESTADO E O REINO DOS DEUSES: O DIÁLOGO RELIGIOSO

No politeísmo chinês, as personae divinas do panteão são particularizadas de acordo com as suas capacidades e poderes sobrenaturais (靈, ling), mas isto não exclui totalmente as sobreposições. Representam um sistema paralelo, hierarquicamente estruturado. Um deslocamento relativo e individual das divindades, dentro da estrutura, parece obviamente indicar um subjacente desenvolvimento específico, que pode ser expresso em termos de ganho ou perda, de importância e de significado.

O conhecimento da capacidade sobre-natural da divindade é de importância vital para o suplicante humano, ao ter que decidir a que divindade recorrer, a fim de receber uma ajuda ou resposta efectiva a um determinado pedido.

Contudo, dentro do sistema de culto chinês, não é o indivíduo, mas sim o Estado — ou seja, os seus representantes — que actua em relação à divindade. E a resposta da divindade não se aplica ao problema individual de um devoto, mas sim à necessidade do Estado.

O antropomorfismo das divindades é útil ao efectivo funcionamento deste modelo de comunicação com o reino divino. E, no caso da China, podemos acrescentar a isto a estrutura do reino das divindades como uma hierarquia paralela ao mundo terreno, com os seus departamentos e funcionários. Desse modo, a conexão entre Estado e panteão ~- bem como o do representante do requerente, isto é, o funcionário, com as respectivas divindades responsáveis — podia ser conceptualizada de uma forma que, em princípio, transformava e transferia a estrutura imanente para a esfera do transcendental.

O Estado transferiu os métodos da comunicação burocrática material para o mundo divino. Em analogia, também podia promover ou rebaixar as divindades, alargar as suas competências a nível oficial, através da concessão de títulos e posições, e assim por diante, como bem se sabe.5 Esta forma de comunicação foi interpretada como um diálogo e cooperação recíproca, de acordo com o princípio de Xuyuan, comparável ao princípio romano antigo Do ut des.

No sistema de culto de Estado (isto é, nos exemplos de maior interesse para os compiladores do TF, e por isso incluídos no texto), em vez do indivíduo, é o Estado que actua. A respectiva competência e utilidade sobrenatural de uma divindade, a sua capacidade e poder, bem como a já anteriormente provada e portanto esperada resposta, são as coordenadas para uma deliberação cuidada. Embora muitas das fórmulas e frases das proclamações imperiais nos deixem a impressão de que o autor dos sacrifícios, ofertas e proclamações, tinha perfeita consciência da sua imprescindibilidade, para que a divindade as pudesse receber.6

O Imperador, sendo Filho do Céu, ocupa a mais alta posição na representação do Estado, no desempenho de actividades de culto, oferta de oferendas, etc. Como mediador supremo, na verdade, a sua posição é hierarquicamente abaixo do Céu, mas mesmo assim muito acima dos homens — e da divindade.7 A concessão de títulos e honras às divindades liga-as ao Estado e, ao mesmo tempo, realça e ajuda a expressar a sua lealdade e divina devoção em relação aos interesses e necessidades do Estado. A "cooperação" duma divindade com o Estado obriga — consequentemente confirma — o seu estatuto ortodoxo de reconhecimento e legalidade oficial. Ao mesmo tempo, isto diminui o perigo potencial que o Estado tradicionalmente atribuía (e muitas vezes com razão), e que ainda hoje em certa medida atribui, a todos os cultos religiosos heterodoxos não reconhecidos oficialmente.8

Uma integração poderia pôr fim a esta insegurança do Estado, enquanto que um determinado culto deixaria de ser proibido, atacado e reprimido.9 Além disso, os funcionários promotores do reconhecimento oficial de cultos locais, através de apresentação de memorandos ao trono, etc., podiam fazer as suas próprias ofertas, para além da sua área de influência, demonstrando lealdade e credibilidade. Apoiar os cultos dos templos era vantajoso para os funcionários, não só em termos abstractos, mas em termos de benefícios mais concretos.

II. OS TÍTULOS: CONCEPÇÃO E FUNÇÃO

Os componentes essenciais dos títulos individuais (isto é, dois caracteres chineses cada um), conjuntamente com a posição de uma divindade, formam o que aqui se apelidará de "títulos" (Titulatur). Estes elementos podem ser diferenciados de acordo com a quantidade (títulos, isto é, componentes do título) e qualidade (posições). Os títulos são um símbolo de distinção de uma divindade e o seu desenvolvimento e aumento descrevem a sua carreira no culto de Estado. São testemunho da continuidade histórica, bem como da qualidade de uma divindade dentro do sistema de culto de Estado, e são uma expressão da pública integração ortodoxa do seu culto.

Os títulos, cujas partes desempenham a função de epithetae ornantiae, exprimem a divindade, isto é, suas capacidades e competências divinas, naquilo que é designável e impressionável para o adorador; ao mesmo tempo a definem, limitando-a.10 De acordo com o antropomorfismo da religião chinesa, a divindade, em certa medida, torna-se limitada, "finita", uma vez que até a maior acumulação de títulos é uma enumeração limitada de atributos.11 Tomando como exemplo o crescimento e desenvolvimento dos títulos de Tianfei, levanta-se a questão se seria possível, neste contexto, falar de "limitação por meio da extensão".

Todas as partes dos títulos podem ser distinguidas pelos seus caracteres chineses mas, quanto ao seu conteúdo, muitos deles são semelhantes e redundantes. Mas também há títulos que aludem a capacidades e competências específicas atribuídas a uma certa divindade, títulos que realçam características. Mas a interrogação mantém-se: se o conteúdo associado dos títulos individuais também individualiza ou não, "inequivocamente", uma divindade.

O culto de Estado foi construído como expressão de uma espécie de relação entre duas partes voluntariamente activas. Insinuava que a divindade também tinha um papel actuante, independente e activo. Ao mesmo tempo, esta construção dava ao Estado a oportunidade de se imiscuir, sempre que considerasse necessário, nos cultos religiosos populares vigentes. Contudo, ao fazê-lo, o Estado parecia menos preocupado numa integração de valores heterodoxos, relativamente ao conteúdo cúltico ou a uma reformulação do conteúdo, do que numa absorção formal,12 o que pode ser denominado "absorção por via de integração".

Considerar estes factores de acordo com a quantidade e qualidade, ao apresentar os títulos de Tianfei como exemplo, está consequentemente intimamente ligado com uma avaliação da "carreira" desta divindade específica, que por sua vez se relaciona com a capacidade de devotamento de Tianfei ao Estado e aos seus interesses. A extensão dos seus títulos demonstra o seu extraordinário significado dentro do sistema de culto de Estado. Seguindo-os através do curso da história, podemos começar a aperceber-nos do desenvolvimento e das mudanças na relação entre Estado e divindade, entre este mundo e o outro.

III. OS TÍTULOS — TIANFEI

Levantamento

Nos finais do século xix, antes do fim do império chinês e por sua vez do sistema de culto de Estado, os títulos acumulados da deusa Tianfei eram: "Deusa Imperatriz Celestial, Que Protege o País e Trata do Povo, Que é de um Poder Miraculoso e de Luminosa Compreensão, Grande Humanidade e de Envolvente Assistência e Auspiciosa Ajuda para com as Massas, Cujos Sentimentos Sinceros são Absolutamente Credíveis, Que é de uma Divindade Manifesta, de Complacente Protecção, Concedendo Clemência e Bênçãos Magnânimas, Que Acalma as Vagas, Servindo Portanto os Transportes, Cujos Poderes se Estendem sobre Todas as Regiões Marítimas, Que Acalma as Ondas e Assim Mostra a Sua Piedade, Que Dirige as Correntes e Portanto Espalha a Boa Fortuna, Que Pacifica o Oceano e Portanto Confere Alegria, Cujos Favores e Afabili-dade são Vastamente Disseminados, Que Salvaguarda os Transportes por Mar e Assegura a Paz, Que Incita à Combatividade e Pacifica o Território Soberano e Providencia uma Excelente Assistência".13

Estes títulos compreendem 66 caracteres chineses, dos quais 62 são elementos indi-viduais de títulos. No seu conjunto (Titulatur) representam o clímax de uma evolução que já começara no início do século XII (1122), com o início da carreira da deusa no culto de Estado. Mas, ainda antes do Estado dar atenção a Tianfei, já ela tinha ganho uma substancial popularidade como a deusa protectora dos habitantes das regiões costeiras do Sul da China e as suas actividades sobrenaturais mostravam uma íntima ligação ao meio marítimo dessas áreas.14

O primeiro caderno do TF, "Os Vinte e Quatro Decretos Completos das Cerimónias de Concessão de Títulos Honoríficos Devidos a Manifestações no Decorrer das Sucessivas Dinastias" (pp. 1-2), dá a dimensão do início e do desenvolvimento dos títulos de Tianfei. Aqui encontramos registadas honras conferidas à divindade entre os anos de 1122 e 1684; destas, sete estão registadas sem mencionar cerimónias individualizadas, mas com alusões generalizadas à ajuda divina e ao desempenho de Tianfei. Quanto às outras honras podemos atestar as seguintes razões para a sua conferência: protecção numa viagem de um representante (emissário) do Estado (três vezes); protecção e luta contra bandidos e piratas (seis vezes); socorro durante a seca e a fome (três vezes); protecção do país em geral e do povo (uma vez); protecção ao transporte de grãos/arroz por água (cinco vezes, todas na dinastia Yuan). É oito vezes mencionado o nome concreto do local onde as honras foram prestadas, num templo da deusa; o nome do protagonista, em todas as ocasiões um representante do Estado, é mencionado quatro vezes.

O segundo caderno do TF, "Proclamações Imperiais de Concessões Honoríficas e Sacrifícios Mandados Executar no Decorrer das Sucessivas Dinastias" (TF, pp. 3-16), começa o seu relato 68 anos depois do primeiro caderno, mas é mais pormenorizado e cobre um período mais longo, os anos entre 1190 e 1727.

A última parte do TF (pp. 17-46) conta a lenda de Tianfei em 54 episódios, começando por apresentar os pais e a família dela, conta a história do seu nascimento milagroso e dos seus poderes sobrenaturais, primeiro como ser humano, a rapariga 林默娘 (Lin Moniang) e, depois da sua apoteose, como divindade.

Song

Na época Song (960-1279) a taumaturgia da jovem deusa, pouco tempo depois da apoteose de Lin Moniang (presumivelmente entre 960 e 987), ainda é pouco clara; são descritas nos lendários episódios do TF (pp. 17-46) muitas revelações da deusa a gente vulgar, através de sonhos, bem como "magias menores", mas também se pode ler sobre a extinção de secas ou o cessar de chuva em excesso.

Foi de vital importância para a admissão de Tianfei no sistema de culto de Estado que as pessoas que acreditavam nela e que, através de informações oficiais, levavam ao conhecimento do Imperador as suas milagrosas experiências pessoais — por exemplo, terem sido salvas de uma tempestade, ou as suas divinas respostas aos rogos em alto mar em momentos de grande aflição —, fossem do Estado, funcionários, políticos, eunucos, embaixadores, etc. Ao receber tal informação através das vias oficiais normais, o Imperador podia conceder honras à divindade. Era necessário acreditar em Tianfei e, simultaneamente, ter uma posição oficial, uma missão, para o requerente poder comunicar oficialmente ao Imperador os actos milagrosos.15

No início, estas formas de "testemunho" eram relativamente escassas, e o TF reflecte claramente esta situação: oficiais estatais, beneficiários da sua assistência, são apenas mencionados nos episódios 10, 14 e 16. Neste contexto, os camponeses, pescadores ou negociantes não faziam parte dos representantes da ortodoxia estatal.16

Em geral, nos episódios da época Song não há nenhum perfil específico da deusa que demonstre a sua utilidade no contexto do Estado e as honras registadas no texto são também relativamente generalizadas. Em primeiro lugar, a lenda ilustra os feitos da deusa ainda na sua forma humana, pré-apoteótica, enquanto ainda não existe uma deusa Tianfei e o sistema de culto de Estado ainda não lhe começara a prestar atenção. O seu significado durante este período ainda era apenas limitado ao âmbito popular e regional.17

No caso de Tianfei, tal como o TF nos narra, o primeiro comunicado da sua divina ajuda levado ao trono foi feito em 1122, depois do funcionário Lu Yundi, ao ter estado em perigo no mar, quando viajava em missão diplomática à Coreia, ter atribuído a sua sobrevivência exclusivamente à sua divina intercepção.18 A deusa tornara-se elegível para ser recomendada oficialmente ao trono e para uma recompensa pública, exactamente por que tinha, em primeiro lugar, salvo o funcionário do Estado, Lu Yundi e, apenas numa extensão um pouco menor, o cavalheiro Lu.19

O primeiro caderno do TF enumera treze honras na época Song, entre elas a doação de uma lápide, a concessão da categoria de "Senhora" (Furen) e de "Princesa"(Fei), além de títulos honorários a membros da família de Lin Moniang (1 200).

Em 1259, Tianfei é promovida a "Princesa de Manifesta Assistência"; depois disso, há uma lacuna no texto até à dinastia Yuan.20

Dinastia Song

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Dinastia Song

DATA

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CAP., PÁG.

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TÍTULO

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1122

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l, 27...s

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style="mso-spacerun: yes">   Shunji (Complacente

Protecção)

1155

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1,28

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Chongfu Furen

(Senhora de Felicidade Superior)

1156

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l,28

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Linghui Furen

(Senhora de Graça Divina)

1157

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1,28

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Linghui Zhaoying

Furen (Senhora de Graça Divina e Clara Compreensão)

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1183

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1,29

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Lingci Zhaoying

Chongshan Fuli Furen (Senhora de

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style="mso-spacerun: yes">   Misericórdia Divina e Clara

Compreensão, Graça Superior e

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style="mso-spacerun: yes"> Prosperidade Afortunada)

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1190

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l,3,29

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Linghui Fei

(Princesa de Graça Divina)

1198

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l,30

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Zhushun

(Complacente Protecção)

1205

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1,31

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Xianwei

(Protecção Manifesta)

1208

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l,31... s

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Huguo Zhushun

Jiaying Yinglie Fei (Princesa que Protege o

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País e que Dá

Complacente Ajuda, Excelente Compreensão

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e Castidade

Superior)

1253

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l, 32...s

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Linghui Zhunshun

Jiaying Yinglie Xiezheng Fei (Princesa de

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Misericórdia

Divina, Excelente Compreensão, Complacente

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Ajuda, Castidade

Superior e Excelente Integridade)

1255

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l,33

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Linghui Zhunshun

Jiaying Ciji Fei (Princesa de Misericórdia

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Divina,

Complacente Ajuda, Excelente Compreensão

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e Ajuda Piedosa)

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1256

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l, 33

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Linghui Xiezheng

Jiaying Shanqing Fei (Princesa de

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Misericórdia

Divina, Grande Integridade, Excelente

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Compreensão e

Bênçãos Magnânimas)

1259

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1,33

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Xianji Fei (Princesa

de Assistência Manifesta)

 

Os Títulos da "Princesa Celestial" no Sistema de Culto do Estado Chinês Yan Jinhua. A-Má, Deusa do Mar [Tianfei].

Yuan

Na dinastia Yuan (1279-1368) as coisas mantiveram-se relativamente calmas à volta da deusa que, durante este período, continua -- devido à sua origem — fortemente ligada ao contexto marítimo do Sueste Chinês. A localização mais interior da corte mongol pode ter contribuído para esta situação. Todas as honras mencionadas no TF, em relação a esta dinastia, foram conotadas com transportes de grãos/arroz através de carregamento por barco, ao longo da costa e para o interior do país, do Sul para a capital, que fora transferida para o Norte.

Durante a dinastia Yuan, ao todo, vinte notas informam-nos que os transportes chegaram ao seu destino "inteiros e sem estragos" e que a deusa assegurara assim alimento à população — uma constante preocupação do Estado. Neste contexto foram feitas cerimónias especiais de oferta (entre 25 de Agosto de 1329 e 20 de Janeiro de 1330) ao longo de toda a costa do Sul da China, em quinze templos que são identificados pelos seus nomes; os textos destas oferendas evocam usualmente a importância dos transportes marítimos para o Estado, bem como os perigos de "ventos e vagas", que eram moderados com a ajuda da deusa.

O primeiro caderno do TF (p. 2) numera cinco concessões de títulos honoríficos: o relatório continua com o ano de 1281, isto é, 22 anos depois do último registo do TF de 1259, com a nomeação da deusa a "Princesa Celestial que Protege o País e de Manifesta Iluminação" (TF, pp. 2-3). Aqui, pela primeira vez, é dada à deusa a posição de Tianfei (Princesa Celestial). Esta reinvestidura (a parte do título Huguo, "Que Protege o País", já tinha sido dada em 1208) contém a seguinte passagem absolutória: "Desde a unificação do Império não tivemos tempo e calma para te outorgar títulos nobiliárquicos. As autoridades civis apresentaram-nos agora o facto..." (TF, p. 3).

Pela primeira vez desde o ano de 1324, encontramos aqui a combinação de três partes de títulos dadas anteriormente em diferentes ocasiões e que mostram o significado crescente da deusa para o Estado: Huguo (Que Protege o País, 1208), Fusheng (Apoiante do Imperador, 1299) e Bimin (Que Trata do Povo, 1299).

DATA

DATA

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CAP., PÁG.

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style="mso-spacerun: yes"> TÍTULO

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1281

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2, 3

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Huguo Mingzhu

Tianfei (Princesa Celestial que Protege o

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yes">         

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yes">           

País e de

Manifesta Iluminação)

1289

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2,3

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Xianyou (Ajuda

Manifesta)

1299

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2,4

style="mso-spacerun: yes">        

Fusheng Bimin

(Apoiante do Imperador e Amante do Povo)

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1314

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2,4

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Guangji (Ajuda

Plena)

1329<HZ21>

lang=EN-US style='font-size:12.0pt;font-family:宋体;mso-bidi-font-family:"Arial Unicode MS"'>

2, 4-5, 34

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Huguo Fusheng

Bimin Xianyou Guangji Linggan Zhushun

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Fuhui Huilie

Mingzhu Tianfei (Princesa Celestial, Que

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Protege o País,

Apoia o Imperador, Amante do Povo, De

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Apoio Complacente,

Misericórdia Abençoada, Honorável

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Castidade e de

Luminosa Manifestação)

 

Ming

Durante a dinastia Ming as actividades de Tianfei são caracterizadas por temas que, embora sendo novos, são poucos, enquanto que as anteriores não se encontram registadas no TF. As actividades da deusa correspondem à orientação e política visada para o exterior, deste período da dinastia Ming. Passaram do contexto nacional para o internacional. A construção de um templo perto da capital (isto é, longe da costa de Fuquiém), dedicado a Tianfei, reflecte a sua nova influência.

A crença em Tianfei como protectora e deusa padroeira dos mares é o testemunho da necessidade psicológica dos marinheiros, pescadores e negociantes de compensarem a deficiente tecnologia existente na época, com a assistência divina a um nível sobrenatural, sobretudo no enfrentar dos perigos iminentes no mar.22 Mas também na época Ming, quando a navegação e a tecnologia náutica chinesa atingiram o seu apogeu e grandes armadas de "navios-tesouro", sob as ordens do eunuco do palácio, Zheng He, faziam expedições navais ao Sueste da Ásia — Bornéu, Bengala, e "todo o tipo de países estrangeiros" (TF, p. 9), até à costa africana —, Tianfei ia a bordo como protecção adicional para os navios, onde as suas estátuas eram veneradas em pequenos altares.23

A internacionalização do domínio de actividades de Tianfei tornou-se possível através desta mobilização: sendo portáteis os altares instalados a bordo dos navios, a esfera de influência de Tianfei expandiu-se muito mais depressa do que se tivesse sido através de um desenvolvimento mais convencional de culto. As habituais barreiras de limitações locais, regionais, territoriais, etc., desapareceram abruptamente.24

O TF nomeia dez expedições marítimas no período entre 1409 e 1431.25 Zheng He é mencionado duas vezes em pessoa, e Tianfei é sempre realçada, através da sua protecção e ajuda, durante as tempestades no mar, encontros perigosos com "bárbaros" do Sueste da Ásia, etc.

Também o primeiro caderno do TF (p. 2) regista duas concessões de honras; uma em 1372 e outra em 1409. Nesta segunda data, em simultâneo, dá-se a construção de um templo para ela perto da capital e a instalação de uma lápide, bem como sete oferendas especiais de sacrifício — todas conotadas com expedições ao estrangeiro e viagens de embaixadas — e a renovação de um templo (1430-1431). O segundo caderno (TF, pp. 7-9) nomeia no mesmo período dois dos textos das proclamações de títulos. O caderno que contém a lenda de Tianfei tem onze episódios da época Ming.

O TF data a primeira anotação da época Ming, no quinto ano do Imperador Hongwu (1372) que, num decreto similar ao de Yuan Shizu (Kubilai) em 1281, apolegeticamente, faz notar: "Desde que Nós ascendemos ao trono, não tivemos oportunidade de a glorificar" (TF, p. 8).

Os conteúdos dos títulos voltam a ser mais generalizados e semelhantes aos anteriores. A novidade é a promoção a Shengfei (Princesa Santa) na época do Imperador Hongwu (que reinou de 1368 a 1398), em 1372. Yongle (que reinou de 1403 a 1424) alterou esta posição para "Princesa Celestial", em 1409. A partir de 1407, na capital, no décimo quinto dia do primeiro mês lunar (no Festival das Lanternas) e no vigésimo terceiro dia do terceiro mês lunar (o aniversário da deusa),26 faziam-se regularmente oblações.

Pela primeira vez encontramos o topos do fenómeno de "Divina Luminosidade"27— a sua forma favorita de manifestação no mar — bem como manipulações divinas do tempo, manifestações através do sonho, como forma de comunicação com o ser humano, etc.

A seguir ao ano de 1431, há uma lacuna no TF que só é interrompida no início da dinastia Qing.

DATA

DATA

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CAP., PÁG.

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TÍTULO

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1372

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2,7-8

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Zhaoxiao Chunzheng

Fuji Ganying Shengfei (Princesa

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Santa que é de

Misericórdia Luminosa, Absoluta

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Integridade, Fiel Ajuda

e Comovente Compreensão)

1409

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2, 8, 37

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Huguo Bimin

Miaoling Zhaoying Hongren Puji Tianfei

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(Princesa

Celestial que Protege o País e Trata do Povo,

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Que é de Poder Misterioso,

Clara Compreensão, Grande

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Benevolência e

Envolvente Ajuda)

1415-1431

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2, 8-9, 39

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Sacrifícios,

outros prémios monetários para a família

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dela e

renovação do templo.

 

Qing

Entre as dinastias Ming e Qing (1644-1912) no TF, temos uma lacuna que se estende por quase 250 anos.

No caderno sobre a dinastia Qing, entre o 19. ° ano de Kangxi (1680) e o 4. ° de Yongzheng (1727), encontramos vários episódios pormenorizados cujas tramas se encontram interligadas. Aqui pode observar-se que há um maior cuidado em relação à credibilidade histórica. Além disso, é provável que a distância temporal dos acontecimentos relatados no TF e o seu registo e compilação tenham contribuído para esta verbosidade, tanto mais que um dos protagonistas, Lin Linchang, é o autor do terceiro prefácio do nosso texto.

Mais uma vez, a esfera de actividades da deusa muda. Termina a época das espectaculares expedições marítimas de Zheng He e a sua ajuda é agora apenas mencionada uma vez, ligada à viagem por mar de uma embaixada — desta vez às ilhas Léquias (Liuqiu). Em vez disso, encontramos militares e funcionários de alta posição, atacados por bandidos e piratas, rebeldes e fiéis à dinastia Ming, tal como o famoso Zheng Chenggong (Koxinga).

Durante este período, concentrando todos os seus recursos e talentos já provados, Tianfei demonstra estar no apogeu dos seus poderes e capacidades. Os grandes êxitos conquistados pela deusa, neste contexto beligerante, e os seus grandes méritos, reflectem-se na quantidade e qualidade de recompensas públicas. Além de ofertas de incenso e seda imperial, cerimónias de oferendas, renovações de templos, bem como construção de novos templos, recompensas monetárias, placas horizontais e estelas com inscrições comemorativas, a concessão de títulos é apenas uma das muitas formas de honras e recompensa pública.28

No TF podemos diferenciar a narração nos três principais episódios que se seguem e cujas tramas são, como acima se menciona, parcialmente interligadas:

1 — 19. ° ano de Kangxi (1680): O almirante Wan Zhengsi luta com êxito contra bandidos/ piratas perto de Xiamen e Jinmen e recebe apoio divino de Tianfei (TF, pp. 9-10).

2 — 22. ° ano de Kangxi (1683): Os embai-xadores Wang Ji e Lin Linchang são enviados às Léquias. Seguindo um registo da travessia pelas ilhas, no regresso, apanham uma tempestade à qual apenas sobrevivem com a ajuda da deusa (TF, pp. 10-1).

3 — 21. °-23. ° ano de Kangxi (1682-1684): O almirante Shi Lang leva a cabo a pacificação das ilhas dos Pescadores (Penghu) e Formosa. Durante a campanha, a deusa, miraculosamente, fornece água da fonte às suas tropas (TF, pp. 11-3). Em 1684, um director do Ministério dos Ritos, Ya Hu, efectua no Templo de Tianfei, na ilha de Meizhou, uma cerimónia de agradeci-mento com oferendas e sacrifícios (TF, pp. 12-3).4 — Este episódio tem lugar entre o sexagé-simo ano de Kangxi (1721) e o quarto ano de Yongzheng(1727):

· 1721: Início da campanha de pacificação com o almirante Lan Tingzhen como protagonista.

· 18 de Fevereiro de 1726: O almirante Lan pede ao trono a concessão de honras para Tianfei. A deusa dera o seu apoio a uma rápida travessia para Formosa e à procriação de água potável, em locais áridos, para os marinheiros; para facilitar a navegação da armada, faz subir o nível da água, empregando tropa celestial fantasma; dá assistência nas batalhas (TF, pp. 13-6). Como recompensa, é instalada uma placa horizontal com uma inscrição de quatro caracteres em caligrafia imperial, nos três templos (de Meizhou, Xiamen e Formosa). Estes factos são descritos com algum pormenor no TF.

· A carta de confirmação de Lan é datada de 11 de Janeiro de 1727 (vigésimo dia do décimo segundo mês do quarto ano do Imperador Yongzheng), e marca ao mesmo tempo a última data mencionada no TF (cf. acima se menciona).

Nesta altura a esfera de actividades e de poder sobrenatural de Tianfei tinha — começando pelas províncias costeiras do Sul (Fuquiém e Cantão) — continuado a estender-se até à Formosa, às ilhas Léquias e dos Pescadores, à ilha de Meizhou (sua terra natal) até ao Sueste Asiático e à África Oriental (com a expedição de Zheng He). A deusa local tinha-se tomado numa poderosa deusa internacional.

O primeiro caderno do TF (p. 2) regista uma doação de títulos (1680), sacrifícios de Outono e Primavera (1684) e sacrifícios especiais, bem como a concessão de uma lápide (1727). O relato pormenorizado desta última ocorrência é dado no segundo caderno do TF (pp. 9-16). Os últimos oito episódios que tratam da parte lendária do TF também relatam a época Qing.

    DATA             CAP., PÁG.       TÍTULO
    1680            2, 9-10, 41          Huguo Bimin Miaoling Zhaoying Hongren Puji Tianfei 
                                           (Princesa Celestial que Protege o País e Trata do Povo, 
                                           Que é de Poder Miraculoso e de Luminosa Compreensão, 
                                           Grande Benevolência, Grande Humanidade e de Envolvente
                                           Assistência e Auspiciosa Ajuda para com as Massas)
    (1683-)1684     2, 10-1, 41... ss       Sacrifício de Primavera e Outono
    (1682-)1684     2, 11-3, 41... ss       Cerimónias de sacrifício
    (1721-)1727     2, 13-4, 16            Placa horizontal: Shenzhao Haibiao (Divina Iluminação
                                           sobre os Oceanos)

IV. RECAPITULAÇÃO

O tema principal dos trabalhos divinos de Tianfei no TF é, como vimos, a sua assistência sobrenatural ao Estado, a sua protecção aos funcionários e embaixadores em exercício de funções oficiais. O que significava, basicamente, o apoio ao Imperador e à ortodoxia estatal por ele representada.

A deusa "especializou-se" funcional-mente, de acordo com as diferentes dinastias, e adaptou as suas actividades às suas respectivas "necessidades", isto é, a deusa foi "ajustada" pelo Estado, através de múltiplas funções que, de facto, significavam uma contínua reinterpretação da deusa. Durante a época Qing, os títulos que lhe foram concedidos reflectiam (pelo menos um pouco) estas mudanças, tendo presente a relação entre o conteúdo dos títulos e a causa histórica que contribuiu para as concessões dos mesmos.

Seria então possível deduzir, a partir deste dado acima mencionado, "limitação por meio da extensão"? E até onde é objectiva a conexão entre o conteúdo das partes dos títulos e a sua realidade histórica? Com excepção das partes que realçam o poder ling, a ortodoxa lealdade ao Estado e as virtudes pró-confucianas da deusa, também foram certamente concedidos títulos com conteúdos mais concretos à deusa. Quanto mais os títulos (Titulatur) de Tianfei aumentavam e quanto maior a relação entre a razão da concessão e o conteúdo dos títulos, mais fortemente estes limitavam a deusa e a amarravam aos seus conteúdos. Mas eu consideraria isso, com as limitadas provas por mim aqui citadas, demasiado audacioso para falar de uma real "individualização". 〈HZ29〉

No entanto, era realmente inibitório o desenvolver de características omnipotentes, comparáveis às das religiões universais monoteístas da concepção de Deus. No que diz respeito a isto, a "jovem" deusa tinha, na época Song, um poder mais indefinido — quase ainda "indefinido" ling — do que o que veio posteriormente a ter. O seu ling ainda não se tinha manifestado em diversos aspectos, formando antes um manancial de poder divino ainda por exercitar.

As partes de título são semelhantes a elementos separados de um grande e complexo sistema de unidade de construção (ou, se preferir, uma caixa de tijolos) que incluía as supracitadas numerosas possibilidades de honras públicas e medidas de culto de Estado. Isto dava aos funcionários, cujo dever era fazer as oferendas, etc., em nome do Imperador, a hipótese de uma grande versatilidade, aplicada com considerável subtileza a todo o tipo de situações. Isto não responde à questão: se um título era apenas concedido a uma determinada divindade, ou se poderíamos identificar as partes do título pelo seu conteúdo, com uma e apenas uma determinada divindade. Mais uma vez não podemos confirmar isto. O conteúdo dos títulos raramente é suficientemente inequívoco para garantir a sua identificação com um determinado acontecimento histórico em particular, que poderia ter sido a causa da sua concessão, ou com uma determinada divindade.

A outro nível, podemos relacionar alguns dos títulos a topoi mais generalizados, tal como "transporte", "batalha", "acompanhar", "protecção para mercadoria", "pacificação de fronteiras". Mas mesmo esta observação evidente não se aplica a uma parte dos títulos concedidos posteriormente.

A supracitada "absorção através da integração" parece ser mais fácil de confirmar, já que descreve um fenómeno formal e quantitativo. Qualquer concessão, isto é, adição de uma parte de um título, tinha exactamente a função de integrar formalmente a divindade no sistema de culto de Estado e no contexto ortodoxo. Neste contexto, a razão para as concessões, ou do conteúdo das partes do título, não era relevante.

Se as partes dos títulos não são suficientes para uma fácil identificação, seria admissível identificar e individualizar uma determinada divindade através talvez da soma total e da concreta combinação de todas as partes dos títulos? Entretanto, no seu conjunto, serviria o Titulatur este propósito? Para responder a esta pergunta interessante, teríamos contudo e em primeiro lugar que ir mais longe na nossa pesquisa e comparar, por exemplo, os diferentes títulos (Titulaturen) de outras divindades importantes do panteão do culto de Estado. No entanto, tal pesquisa tem de aguardar outra oportunidade.

Tradução da versão inglesa por Maria da Graça Sampaio Nunes; revisão de Júlio Nogueira.

NOTAS

1. Esta é uma versão inglesa do meu trabalho intitulado 論天妃稱號在國嘉崇拜中的意義 (Lun Tianfei Chengchao Zai Guojia Chongbai Zhong De Yiyi), apresentado pela primeira vez na Conferência Internacional "Estudos sobre a Deusa A-Má", realizada em Macau, de 21 a 25 de Abril de 1995. Para uma discussão mais detalhada, ver o meu estudo T'ien-fei Hsien-sheng Lu. "Die Aufzeichnungen von der manifestierten Heiligkeit der Himmelsprizessin. " Einleitung, Übersetz. ung, Kommentar, Sankt Augustin, Institut Monumenta Serica, und Nettetal, Steyler Verlag, 1992 (Monumenta Serica Monograph Series, 29). Este estudo também contém o texto completo de Tianfei Xiansheng Lu.

2. O castigo e coerção eram, em regra, empregados com maior relutância.

3. Nos documentos aqui mencionados não aparece o nome popular Mazu.

4. Referir-me-ei à reedição do TF de 1960, que aparece como o volume 77 na série Taiwan Wenxian Congkan, publicada pelo Banco da Formosa (Taiwan Yinhang Jingji Yanjiu Shi). Nesta edição a história textual do TF é contada com algum pormenor num prefácio de um dos editores, Bai Ji (pp. 79-85). Segundo ele, o textus receptus do TF foi compilado em três fases e é pós-datado de 1727(cf. TF. loc. cit.).

5. Contudo, o indivíduo requerente e devoto apenas podia assegurar indirectamente a benevolência e ajuda de uma divindade, seguindo mais ou menos o procedimento usado em relação ao representante do Estado: ele pedia a ajuda da divindade e fazia o pedido; ele oferecia à divindade os presentes apropriados (o suborno não devia ser muito grande) e prometia fazer mais ofertas, se a divindade tratasse dos seus problemas de uma forma satisfatória.

6. Assim, por exemplo: "Se Nós [isto é, o Imperador] não te tivéssemos concedido [isto é, à divindade] a graça de te louvar, como se tornariam conhecidas as tuas características divinas?!" (TF, p. 4); ou: "Se não fossem os louvores, elogiando-te, como poderiam conhecer a tua extraordinária superioridade?!" (TF, p. 9); "E se Nós, por esta razão especial, não conferíssemos um título de crédito, não haveria forma de elogiar a sua admirável e secreta ajuda ou de promulgar o seu espantoso poder" (TF, p. 12). Aqui, o sentido parece indicar que depende da própria deusa assegurar a sua fama, as oferendas, o seu bem-estar e, por último, mas não menos importante, a sua existência na consciência dos seus devotos.

7. Razão pela qual ele pode conceder-lhes honras.

8. Na história religiosa da China, estes cultos não oficiais ou heterodoxos foram mais de uma vez o ponto de partida para movimentos "messiânicos" ou subversivos. Ainda hoje, por exemplo, na República Popular da China, práticas e costumes religiosos populares são definidos como "actividades supersticiosas" (mixin huodong) e portanto excluídas da protecção da liberdade religiosa, Artigo 36 da Constituição chinesa de 1982. Esta exclusio per definitionem dá um exemplo eloquente da inalterável tradicional desconfiança do Estado contra as formas "heterodoxas" de religião. Cf. também o meu Neues zum Thema 'Religion heute' aus der Volksrepublik China, "China Heute. Informationen über Christentum und Religion im chinesischen Raum", 6 (76) 13 Jg. 1994, pp. 186-8, especialmente p. 187; e Shi Youxin: Bei abergläubischen Aktivitäten darf man die Dinge nicht gleichgültig laufen lassen, "China Heute. Informationen über Christentum und Religion im chinesischen Raum", 2 (30) 6 Jg. 1987, pp. 24-8.

9. C. K. Yang, no seu Religion in Chinese Society (University of California, 1970; reimpresso, Taipei, Southern Materials Center, 1978), pp. 145-6, passim, dá maior atenção à distinção entre "ortodoxo" e "heterodoxo". Realça que a diferenciação entre ofertas oficiais (guansi) e religiosas populares (minsi) tem menos a ver com o seu conteúdo do que com o seu "apadrinhamento" (p. 145). Sobre ortodoxia, cf. LIU Kuang Ching, ed., Orthodoxy in Late Imperial China, Berkeley, Los Angeles, Oxford, University of California, 1990.

10. Isto revela uma diferença essencial entre o politeísmo e a sua multidão de divindades, deuses e deusas de um lado, e o monoteísmo com um único e todo poderoso deus (cujo nome até pode ser tabu), de outro. Versões de um único e todo poderoso deus e uma camada de mediadores entre a sua esfera e a do homem comum podem ser encontradas em diferentes graus, em diferentes religiões.

11. Isto significa que a divindade encarna tudo e é capaz de fazer o que quer que lhe seja atribuído ou confirmado nos seus títulos; no entanto, tudo o que não esteja expressamente determinado, pelo contrário, a divindade não pode concretizar, não pode fazer (ou ainda não pode).

12. WATSON, James L., "Standardizing the Gods: The Promotion of T'ien Hou ('Empress of Heaven') Along the South China Coast, 960-1960", in JOHNSON, David, NATHAN, Andrew J., RAWSKI, Evelyn S., eds., Popular Culture in Late Imperial China, University of California, 1985, pp. 292-324, investigou esta questão no contexto do culto de Tianfei.

13. "Huguo bimin miaoling zhaoying hongren puji fuyou qunsheng chenggan xianfu xianshen zanshun chuici duhu anlan liyun zetan haiyu tianpo xuanhui daoliu yanqing jingyang xizhi enzhou depu weicao baotai zhenwu suijiang jiayou Tianhou zhi shen. " Tianfei já tinha sido promovida a Tianhou (Princesa Celestial) nessa altura. O último título mencionado, Jiayou, foi-lhe presumivelmente atribuído no décimo primeiro ano de Tongzhi (1872) pelo sistema de culto de Estado, e foi ao mesmo tempo o último título que lhe foi concedido. Cf. KUN Gang, comp., Da Qing Huidian Shili, Pequim, Huidian Guan, 1899, 卷 (juan) 445, p. 21; juan 446, p. 9. O Qing Shi Gao, compilado por Zhao Ergang, Pequim, Zhonghua, 1977, apresenta uma data diferente: 27. ° ano do reinado de Guangxu (1901); ver ce 10, juan 84, pp. 2549... s.

14. Os seus nomes religiosos populares, bem como a dimensão do culto popular religioso de Mazu, não podem ser aqui tratados, uma vez que ultrapassaria o objectivo deste estudo.

15. WATSON, James L., op. cit., p. 293, salienta que este procedimento foi um método muito adoptado para provar a lealdade dos funcionários ao Estado. Esta parece ser uma das razões para que, a meio da dinastia Qing e através do apadrinhamento de tais cultos, oficialmente aprovados no Sul da China, um número relativamente pequeno de divindades "aprovadas" tenha excedido o número de divindades locais.

16. Os comerciantes também são apenas uma vez explicitamente citados nos primeiros dezanove episódios. Isto certamente não reflecte a sua importância histórica; é muito provável que membros da classe comerciante tenham rezado à deusa muito mais vezes do que sugere o seu negligente tratamento no TF. Isto mostra mais uma vez a supracitada intenção oficiosa e selectiva dos compiladores do TF.

17. Em relação aos diferentes níveis de desenvolvimento — desde o início, expansão regional e nacional, até ter alcance internacional — isto marca um estágio muito inicial. Apesar da continuidade e duração de existência de um culto, é claro que nem todos os cultos locais sobreviveram e se desenvolveram de forma a experimentar uma tal extensão territorial.

18. TF, p. 1 e pp. 27... s, episódio 24, "Zhuyi Zhuling".

19. Tais relatórios feitos ao trono e os decretos emanados em resposta, recompensando as divindades, levaram à promulgação de um culto "ortodoxizado", bem como à aprovação de uma visão global confuciana ortodoxa, à estabilidade bem ordenada do império e à estabilização e consolidação do poder e da esfera de influência imperial. Já em 禮記 (Liji), juan 20, 祭法 (Ji Fa), encontramos mencionados o critério e as condições necessárias para concessões cúlticas: "D 'après les règlements des sages souverains de l'antiquité, on faisait des offrandes aux grands hommes qui avaient donné des lois au peuple, à ceux qui avaient porté leur dévouement jusqu 'au sacrifice de leur vie, à ceux qui par leurs travaux avaient affermi l'État, à ceux qui avaient pu détourner un châtiment du ciel, à ceux qui avaient pu éloigner un grand malheur causé par les hommes " [Segundo as regras dos sábios soberanos da Antiguidade, fazíamos ofertas aos grandes homens que tinham dado as leis ao povo, àqueles que levaram a sua devoção até ao sacrifício das suas próprias vidas, que pelos seus trabalhos dignificaram o Estado, àqueles que conseguiram desviar um castigo, e que conseguiram esquecer um grande mal causado pelos homens] (禮記 Li Ki ou Mémoires sur les Biensséances et les Cérémonies, texto chinês com dupla tradução em francês e latim de S. Couvreur, S. J., 2.a ed., Ho Kien Fou, Imprimerie de la Mission Catholique, 1913, vol. 2, p. 268). Nesta cerimónia, Tianfei foi honrada com a atribuição de uma lápide, uma redução de taxa e um sacrifício no Templo de Putian.

20. Para uma apresentação pormenorizada dos títulos de Tianfei, cf. WIETHOFF, B., Der staatliche Ma-tsu Kult, "Zeitschrift der Deutschen Morgenländischen Gesellschaft", 116 (2) 1966, pp.311-57.

. Em associação com as concessões de títulos do ano de 1329, têm sido aconselhadas as seguintes datas e templos como locais de sacrifícios (cf. TF, pp. 4-7): 25 de Agosto, Templo de Zhigu; 9 de de Setembro, Templo de Huayan; 22 de Setembro, Templo de Pingjiang; 24 de Setembro, Templo de Kunshan; 26 de Setembro, Templo de Lucao; 3 de Outubro, Templo de Hangzhou; 6 de Outubro, Templo de Yue; 11 de Outubro, Templo de Qingyuan; 28 de Outubro, Templo de Taizhou; 2 de Novembro, Templo de Yongjia; 9 de Novembro, Templo de Yanping; e 7 de Dezembro de 1329, Templo de Lingci Zhi / Min Gong; 14 de Janeiro, Templo de Baihu; 15 de Janeiro, Templo de Meizhou; e 20 de Janeiro de 1330, Templo de Quanzhou.

22. Um caso semelhante é o da divindade protectora Cristovão, que no Ocidente fazia parte dos Catorze Auxiliares em Dificuldades (Nothelfer) desde os últimos anos da Idade Média.

23. O relatório de Ma Huan, companheiro de muitas viagens de Zeng He, foi traduzido e editado por: MILLS, J. V. C., Ma Huan Ying-yai Sheng-lan, 'The Overral Survey of the Ocean' Shores' [1433], traduzido do texto chinês editado por Feng Ch'eng-Chun, com introdução, notas e apêndices, Cambridge, University Press for the Hakluyt Society, 1970 (Hakluyt Society Extra Series, 42).

24. Cf. HANSEN, Valerie Lynn, Changing Gods in Medieval China, 1227-1276, Princeton, University Press, 1990, passim. Em analogia, o seu crescente renome no interior da China, em barcos mercantes e como divindade religiosa protectora dos pescadores, ela manteve com êxito, até hoje, o seu lugar a bordo dos barcos de pesca.

25. Quanto às expedições de Zheng He, cf., por exemplo, DUYVENDAK, J. Y. L., The True Dates of the Chinese Maritime Expeditions and the Early Fifteenth Century, "Toung Pao", (34) 1939, pp. 341-412.

26. Cf. WIETHOFF, B., op. cit., pp. 327-38.

27. Conjuntamente com um odor especialmente perfumado, este fenómeno bem conhecido pertence aos topoi que acompanham manifestações divinas, como por exemplo no Budismo. Na navegação marítima é bem conhecido como um fenómeno electroestático apelidado de fogo-de-Santelmo, que encontramos descrito por Plínio, o Antigo (23-79 d. C.), no seu Naturalis Historia.

28. Devido de certo à sua perspectiva oficiosa e à intenção dos compiladores, não vem mencionado no TF que, em tais confrontações, os piratas também lhe imploravam que os assistisse na batalha. Em relação a esta ambivalência das divindades, que podiam representar coisas diferentes para diferentes grupos e diferentes indivíduos, ao mesmo tempo, e para a mesma ocasião, ver WATSON, James L., op. cit., pp. 292-324. Este antagonismo também clarifica, na prática, uma distinção por vezes pouco definida entre heterodoxo e ortodoxo — neste caso a posição relativa de grupos diferentes de adoradores de Tianfei e a sua relação com a deusa.

. Isto faz com que a minha afirmação, tirada de outro lado (WÄDOW, Gerd, op. cit., passim), mude de perspectiva.

* Mestre e doutor em Sinologia, Ciência da Religião Comparada e História da Arte Oriental, pela Universidade de Bona. Membro e colaborador científico da "Monumenta Serica", Sankt Augustin, Alemanha.

desde a p. 191
até a p.