"Ó cores virtuais que jazeis subterrâneas,
— Fulgurações azuis, vermelhos de hemoptise,
Represados clarões, cromáticas vesânias —,
No limbo onde esperais a luz que vos baptize. "
(Camilo Pessanha, in Clepsidra)
Alados mastros,
Flores lacustres.
Nos alabastros,
Brilhos de lustres.
Ao largo, ao longe,
Velas de cores.
E os argonautas
E os astronautas
(Anacronismos
Nos voos dos astros?)
Trocando flores,
Fruindo flautas.
Sob holofotes
Cálido claustro:
Nos bastidores,
Barões ilustres;
Nos balaústres,
Inês de Castro.
Macau: chinês?
Durante lustros,
Ópio de versos,
Guizos de rimas,
Em português.
Trémulos rastros:
Astros lacustres?
Lastros dos astros?
Águas ou lustres?
Chorai, Pessanha,
Sob as arcadas
Do violoncelo.
Sem pleonasmos
Nos seus espasmos.
Despedaçados,
Claros cintilam
Seus alabastros.
Não mais rimeis. Nem suspireis. Adormecei.
* Escritor espanhol que viveu no Brasil, onde obteve o "Prémio APESUL" de poesia, antes de radicar-se em Portugal.
desde a p. 157
até a p.