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CONTRIBUTOS PARA UMA ABORDAGEM GLOBAL

Tereza Sena*

Retomando algumas das ideias que tive a oportunidade de trazer a público há já alguns anos, aqui em Macau, numa iniciativa algo semelhante — refiro-me ao Encontro Sobre a História de Macau, realizado nas instalações da Universidade da Ásia Oriental em Junho de 1990 —,proponho-me apresentar algumas reflexões, notas de estudo e experiências que, a partir daquele texto, fui desenvolvendo e aprofundando°, neste I Seminário Internacional de História e Cultura de Macau.

Importante iniciativa esta, integralmente dedicada à problemática da História de Macau, que há muitos anos se projecta, mas só agora tende a concretizar-se a tal nível de participação.

Tal como em 1990, friso que as minhas palavras não constituem uma critica destrutiva para o muito trabalho desenvolvido por todos aqueles que ao estudo da História de Macau se têm dedicado, legando-nos trabalhos e registos de inegável valor e utilidade, mas saliento, mais uma vez, que, neste domínio, como em tantos outros, a questão deve ser abordada de uma forma global e de acordo com critérios, conceitos, metodologias e meios cientifica e tecnicamente actualizados.

Uma outra ressalva. O meu trabalho considera apenas as obras de síntese produzidas em (ou traduzidas para) línguas ocidentais, não obstante a consciência da limitação que esta atitude provoca. A isso me obrigam, contudo, questões muito práticas, que se prendem quer com a dificuldade de acesso às fontes chinesas, quer com, e sobretudo, a muito escassa disponibilidade que tenho para me dedicar à investigação.

A partir de reflexões que a questão da História de Macau, nas suas diversas vertentes, me tem suscitado, proponho-me fazer um balanço — naturalmente não exaustivo — no que respeita aos seis aspectos seguintes:

I — Historiografia

II — Metodologia

III — Investigação Histórica e Produção Historiográfica

IV — Documentação

V — Ensino

VI — Divulgação

HISTORIOGRAFIA

Evidentemente que não englobo nesta análise da historiografia as inúmeras obras — repositórios de factos, descrições, relatos, testemunhos das diversas épocas — e relembro que o âmbito desta comunicação se restringe às obras de síntese produzidas em línguas ocidentais. A minha abordagem reporta-se àquelas obras em cuja estrutura sejam já aplicadas categorias e conceitos operatórios, quer aos níveis espacio-temporal, quer ao causal, o que condiciona e objectiviza, — ainda que de forma relativa e diferenciada naturalmente — os domínios da descrição, da explicação e da proble-matização. Aí reside precisamente a distinção entre a crónica e a ciência, parafraseando (simplis-ticamente) o conhecido historiador português, Joaquim Barradas de Carvalho1.

Neste sentido, a realidade é que a mais recente síntese de que dispomos sobre a História de Macau é a conhecida Historic Macao, de Montalto de Jesus2, inicialmente publicada em 19023, reeditada em 1926 e 19844, e só recentemente traduzida para português5. Obra de leitura obrigatória ainda, não obstante a sua desactualização, as limitações conceptuais e formais de que enferma, e apesar de todos os erros, incorrecções e defeitos que possui.

Do ponto de vista metodológico, e à luz da historiografia da época — como tem necessariamente de ser analisado —,apresenta-se este livro — que pretende corrigir os erros de Ljungstedt —,como um estudo no qual o autor procede ao confronto de fontes (ainda que na sua maioria secundárias e incorrectamente citadas), incluindo algumas chinesas. Mostra-se dotado de espírito crítico, não obstante recorrer, por vezes, a argumentação demasiado linear e subjectiva. Por outro lado, enferma da limitação, que aliás lhe não é exclusiva, de desligar a análise e a descrição do passado de Macau da conjuntura do contexto mundial das épocas sobre as quais se debruça.

Anders Ljungstedt, o "primeiro" historiador de Macau. Pintura de George Chinnery, Peabody Museum, Salem, USA.

Mas afastei-me de Ljungstedt e da sua síntese sobre Macau que, — não obstante integrar-se ela também na conjuntura da corrida imperialista das potências europeias que ao longo do século XIX pre-tendiam penetrar na China —,beneficia já de alguma inserção histórica, onde se dão os primeiros passos ao nível da classificação, da quantificação, da problemati-zação e do confronto de fontes. Bem ao gosto da época, engloba a descrição histórica e topográfica da cidade, bem como as da sua população; formas de governo -municipal, político, administrativo, judicial, civil e militar, para além dos económico e religioso -; e da instrução; assistência; relações externas e diplomáticas.

Não se abalançaram a tal os autores nacionais, excepção feita a José Manuel de Carvalho e Souza16, cuja incompleta História de Macao, [...]17, editada em 1845, e reimpressa em 197318, é muito mais uma recompilação, actualizada, de autores antigos — o que aliás não esconde —,do que uma tentativa de sistematização e interpretação próprias.

José Maria Braga, um dos maiores historiadores de Macau de sempre. Foto na biblioteca da sua casa de Chatham Road. Hong Kong.1951.

É curioso salientar, no entanto, que as motivações que levaram este oficial a dedicar-se ao estudo da História de Macau — para além da inexistência de obra similar saída da pena de um português —,contêem já o germen da autonomia, a defesa da qual, embora mais tarde e noutro contexto, desgraçará Montalto de Jesus.

Voltando à abordagem historiográfica. A partir de Lujungstedt, a primeira síntese que será editada em língua portuguesa — o que constitui a sua principal inovação —,ficou igualmente a dever-se a um autor estrangeiro, o Pe. Régis Gervaix19 que, sob o pseudónimo de Eudore de Colomban, redigiu, em 1923, o único texto20 apresentado no concurso promovido pelo governador (1923 - 1925) Rodrigo Rodrigues, com o intuito de dotar as escolas do Território de um manual da sua própria História. Jacinto José do Nascimento Moura editará, com algumas alterações, esse Resumo da História de Macau [...]21, quatro anos mais tarde.

Fizeram-se, posteriormente, em Macau, duas outras edições, datando a mais recente de 198022.

Trabalho igualmente ultrapassado e desactualizado que, não obstante ter vocação essencialmente pedagógica, e de constituir um apanhado algo sincopado dos factos — perspectivados e posicionados de forma demasiado centrada e não totalmente isenta, porquanto incorre23, aqui e acolá, nalguns juízos de valor e em posicionamentos algo reducionistas —,e apesar de algumas incorrecções factuais, possui os seus méritos.

Ainda que enferme de algumas lacunas formais (por exemplo na identificação das fontes e da bibliografia), rege-se por uma periodização, se bem que nalguns pontos discutível, de alguma forma adaptada à realidade político-institucional de Macau sob administração portuguesa, que constitui uma forma clara de equacionar o problema numa obra do tipo, desde que devidamente enquadrada, dialéctica e dinamicamente, nas conjunturas que lhe estão subjacentes.

Uma exposição sintética e clara, adequada à função da obra e a introdução de fontes e citações num manual escolar, bem como a adopção de uma periodização, parecem-nos os principais aspectos a destacar.

A dimensão desta comunicação não me permite enumerar tanto as obras parcelares como os apanhados24, muitas vezes insuficientes, por demasiado genéricos, descritivos ou acríticos, que se têm produzido sobre a História de Macau, situação para a qual alertava, em 1943, José Maria Braga num pequeno artigo intitulado "Precisamos de Historiadores!"25. Apesar do muito trabalho desenvolvido, algum dele posterior, — e cito apenas os nomes de Charles Boxer, José Maria Braga, Luis Gonzaga Gomes, Jordão de Freitas, Artur Levy Gomes, Benjamim Videira Pires, Manuel Teixeira e os mais antigos António e João Feliciano Marques Pereira,para além de Bento da França —,parece reinar o consenso quanto à necessidade de se reescrever a História de Macau de forma científica e metodologicamente actualizada, não obstante o reconhecimento da dificuldade de tal tarefa, como já referia António da Silva Rego em 194626.

METODOLOGIA

Esta breve análise da historiografia existente sobre Macau, a que se prendem problemas conceptuais e metodológicos, aponta-nos para a existência de muitíssima produção valiosa, — sobretudo do ponto de vista documental —,mas extremamente dispersa, pouco problematizadora e explicativa, como referimos. Salvo raras excepções, têm vingado na produção historiográfica local as visões positivas e descritivas — onde se privilegia a pesquisa factual — sem recurso à interpenetração e à relativização do dado histórico face a categorias e a conceitos operatórios teoricamente sustentados. É dela quase totalmente ausente a problemática dos ciclos; da estrutura e da conjuntura; da história social e quantitativa; da história global e, ainda, da mais recente petite histoire, quer nos domínios institucional, político e económico, quer na abordagem das mentalidades e do quotidiano.

Também ao nível da síntese, como vimos, a perspectiva não é das mais entusiásticas e se, em todas elas, o recurso às fontes e, sobretudo à historiografia, chinesas não é ausente, é, pelo menos, escasso. Problematizar e explicar as grandes questões estruturais e conjunturais do que se determina ser o objecto da análise; suscitar o confronto de opiniões e de pistas; o desenvolvimento de ideias; a adopção de conceitos; a investigação; o debate, em suma, seriam, precisamente, as suas principais funções.

Por outro lado, vive-se, no presente, em Macau, um interesse pela escrita da sua História, surgindo, aqui e além, propostas diversas para a elaboração de sínteses e para a colecção de dados.

Dentro em breve o Território passará, ainda que em condições especiais, para a administração da República Popular da China, com o que Macau fechará um longo ciclo da sua História. Se é óbvio que o facto de Portugal deixar de administrar este pequeno Território em 1999 gera uma maior vontade de registar, e de fixar, a sua memória e de explicar o que foi um Macau que se irá transformar a breve prazo, é preciso agir-se na consciência de que Macau não acabará em 1999. Também o estudo da sua História, a reflexão e o registo da respectiva memória poderão perdurar ao longo dos tempos, se assim o quisermos.

Não quero com isto dizer que não se empreendam estudos de vulto, devidamente fundamentados, concebidos e estruturados, sobre a História de Macau. É nossa obrigação fazê-lo, de forma serena e científica.

Como se sabe, nem há História definitiva, nem as análises deixam de conter alguma subjectividade e, por isso mesmo, nunca haverá em História o perigo da concorrência jornalística da notícia em primeira mão. Porque os temas não se esgotam; porque o fluir dos acontecimentos, do conhecimento e de nós próprios o determinam; porque, em última instância, a dimensão da análise histórica é tão ampla que assim o permite e condiciona. Mesmo a produção de uma obra de referência básica, a tal síntese da História de Macau — de que se tem apontado a inexistência e a necessidade —,não se confina a uma obra única. Ela mesma, por muito completa e exaustiva que fosse, — ou talvez por isso mesmo —,abriria sempre as portas à elaboração de outros estudos e reflexões, mais profundos e detalhados, sobre as problemáticas nela contidas, como já salientei.

Por isso, se considero da máxima utilidade a elaboração de uma síntese actualizada da História de Macau, partindo dos esforços e dos trabalhos produzidos ao longo dos últimos anos e reunindo, naturalmente, o produto de novas investigações, continuo a defender que é prioritária a tarefa de recolher, preservar e salvaguardar a sua documentação e a sua memória.

Se este entusiasmo é, sem dúvida, útil e benéfico, talvez seja a altura de reflectir um pouco sobre as razões que o originam, de redefinir estratégias e repensar situações eventualmente concorrenciais e desgastantes.

Nesta perspectiva, penso que a problemática concernente à História de Macau deverá contemplar outras vertentes, para além daquelas que são frequentemente equacionadas, como a da investigação histórica e produção historiográfica; a da documentação; a do ensino e a da divulgação.

Ainda que naturalmente interligadas, correspondem a perspectivas diferentes de abordagem, não obrigatoriamente diacrónicas, com aspectos e problemáticas distintos, que será de toda a utilidade delimitar.

INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA E PRODUÇÃO HISTORIOGRÁFICA

Ao nível da produção historiográfica e da investigação, um dos principais caminhos a percorrer situa-se ao nível da metodologia e dos conceitos, como apontei. Necessita a História de Macau de se libertar das concepções antropomórficas e atomísticas, que a têm caracterizado, e de se integrar definitivamente na conjuntura do processo histórico mundial, sem pôr de lado, naturalmente, as correntes cada vez mais fortes, em termos historiográficos, da história local, regional e das vastas zonas geográficas27 e, neste caso concreto, na inserção do contexto global da presença portuguesa no Oriente.

Só assim se chegará a uma aproximação do que tem sido a globalidade da realidade de Macau ao longo dos séculos, contribuindo para o conhecimento — e consequentemente para o reforço — da sua identidade própria e decorrente reconhecimento internacional. Objectivos políticos meritórios, sem dúvida, mas que implicam um profundo conhecimento de base para que se tornem exequíveis e reais. Contudo, de quase nada servirão os esforços neste domínio se não chegarmos, de forma prática e actuante (através do ensino e da divulgação), junto não só da população do Território, como dos países e regiões com os quais pretendemos cimentar laços de amizade e cooperação, como adiante veremos.

No campo da produção historiográfica e da investigação aponto duas das vias possíveis:

— A problematização, à luz de novos conceitos historiográficos, geradora de hipóteses, a que se seguirá a demonstração, por via de pequenos estudos monográficos pontuais;

— A tentativa de levantamento das questões estruturais e, consequentemente, das principais problemáticas inerentes à que foi sendo a realidade de Macau ao longo dos tempos, a fim de se proceder à sua articulação num todo heterogéneo, devidamente inserido na conjuntura internacional/regional, que será a tal síntese necessária, problematizadora e devidamente periodizada.

Esta abordagem, de grande oportunidade política, deverá ter como objectivo dotar o grande público duma visão de conjunto, diacrónica e relativizada — através da introdução do maior número possível de referências/interpretações de origens distintas do mesmo acontecimento —,preparando-o para o confronto de opiniões e para uma visão descentrada, contemplando a inter-relação das diferentes problemáticas e acontecimentos.

Deverá privilegiar, assim, a inserção conjuntural e inter-regional da questão da permanência portuguesa em Macau, se bem que necessariamente baseada28 na História da Europa e da Ásia, e mais detalhadamente na de Portugal e dos seus domínios, as quais precisam, em meu entender, de ser mediatizadas e relativizadas, tão profundamente quanto o possível, e no mínimo, com os pontos de vista ou as interpretações veiculadas pela historiografia chinesa sobre os principais destes assuntos.

Foi nesta perspectiva que dei já um modesto contributo para o levantamento do que seriam os principais temas a debater numa primeira reunião que tivesse como tema a História de Macau29, ligando-a às da Índia, China e Portugal, e que só agora parcialmente se concretiza. Esse plano, bastante genérico30 e que não pretendia ser mais do que uma base de trabalho, resultou, sobretudo, da verificação das principais controvérsias relativas à historiografia de Macau, tais como: a questão das teses sobre a fixação dos portugueses em Macau; as coexistência e convivência institucionais, políticas, económicas, sociais, culturais, mentais e raciais neste Território; tratados e acordos, rejeições e conflitos entre Portugal e a China; xenofobia chinesa e monopólio do comércio português na Insulíndia, entre outras; que nunca deverão ser desligadas da interpenetração com múltiplas problemáticas estruturais — para além das inerentes à própria conjuntura mundial em cada uma das épocas —,como sejam:

1. Alterações e vicissitudes da política externa chinesa, ela própria perpassada por antagonismos internos e conjunturas regionais, em que Cantão tem um papel predominante, tal como pela permeabilidade a grupos de influência (por ex. os Jesuítas) ou à penetração de outras nações no Império (por ex. aos Holandeses e Ingleses nos séculos XVIII e XIX).

Quando em 1685 Cantão se abre ao comércio externo, depois generalizado a toda a China, e, três anos depois, se instala a primeira alfândega chinesa em Macau, atitude a que se seguirá, em 1691, o aumento do foro do chão, para além da imposição do pagamento dos direitos de ancoragem pelos portugueses de Macau, é preciso não esquecer que Malaca já era holandesa (1641), as Filipinas espanholas, e que se inaugurara, há umas boas cinco décadas, o comércio sino-britânico em Cantão. Portugal, depois do domínio filipino, não voltará a ser o detentor do monopólio do comércio com a China. Por outro lado, como nos diz Pierre Chaunu31, a conquista de Malaca pelos holandeses, para além de corresponder à sua política de controlo das passagens marítimas, terá muito menos a ver com o comércio das especiarias do que com a hegemonia de Macau nas relações com a China.

2. Necessidades e ritmos produtivos da mesma China — devidamente equacionados no contexto do comércio internacional, e nomeadamente do português —,que através de Macau sempre escoou, ainda que de forma não exclusiva, é certo, os seus produtos comerciais, industriais e mesmo agrícolas. As rotas do Japão, da Índia, de Timor e de Manila, sobretudo, merecem especial inserção neste contexto. Numa fase posterior, a História de Macau nunca se poderá desligar da relação com as outras metrópoles europeias no Extremo Oriente, com natural destaque para Hong Kong.

3. Coexistência e conciliação de jurisdições paralelas no Território de Macau, tendo em conta não apenas a realidade das duas nações em presença, como os reflexos dos esquemas pluralistas de poder vigentes em cada uma delas até à época contemporânea, que também não deverão aparecer desligados do próprio contexto da política ultramarina portuguesa e da acção interventora e mediadora do Estado da Índia32.

Nesta problemática integrar-se-ão questões com as da institucionalização das Portas do Cerco; da tributação — foro do chão, tributo anual ao mandarinato de Cantão, direitos de ancoragem e pescado; estabelecimento da alfândega chinesa em Macau e da legislação própria, de acordo com a etnicidade das comunidades a que se destinava, etc..

4. Equilíbrios e desequilíbrios culturais, religiosos, mentais e políticos entre comunidades — questão dos ritos; "1,2,3"; a emigração chinesa dos portos de Macau, os coolies, entre tantos outros, que não poderão ser encarados como factos específicos de Macau. Correspondem, muito pelo contrário, a lógicas, interesses, posicionamentos e mentalidades dominantes, de que apenas são a expressão local.

Trabalhos mais recentes — para além do já clássico33 de T'ien-Tsê Chang e da sobejamente conhecida produção de Charles Boxer —,revelam-se importantes contribuições para o estudo de alguns domínios, de entre os quais destaco as obras de Manguin, Roderich Ptak, Bryan de Souza, Huang Quichen, Deng Kaisung e dos já referidos K. C. Fok, Benjamim Videira Pires e Jorge Flores.

Outros aspectos haveria certamente a apontar, para além do domínio da abordagem histórica, de entre os quais apenas sublinho o da inexistência de centros produtores que, de forma integrada e numa perspectiva interdisciplinar e intercultural, produzam investigação, de forma sistematizada e continuada, sobre Macau.

DOCUMENTAÇÃO

No contexto da já citada transferência de Macau, será sem dúvida mais difícil, — pela simples circunstância da transformação do que constitui actualmente a sua comunidade e a sua vivência —,dispôr das fontes materiais e documentais para que as possamos estudar, englobando nesta designação as fontes escritas, impressas, orais, audio-visuais e iconográficas. Deixo de lado a bibliografia existente em Macau, a qual está a ser publicada de forma sistemática34 pela Biblioteca Central de Macau através do Boletim Bibliográfico de Macau, na esteira do trabalho pioneiro de Luís Gonzaga Gomes35.

Mas refiro a necessidade de criação de arquivos duplos, da aquisição de espécies, que se encontram espalhadas pelo mundo, da inventariação da documentação (mesmo da corrente) existente em Macau e do acesso às fontes chinesas.

Empreendeu-se já um esforço no sentido de compilar — problematizando e classificando naturalmente —,os documentos (fontes primárias e secundárias); de sistematizar e registar dados que viessem a servir de suporte aos estudos a realizar sobre Macau, uma vez identificado e preservado o seu património histórico. Foi essa uma tarefa que em boa hora o Instituto Cultural de Macau chamou a si. A partir da sistematização do designado Projecto de Pesquisa e Publicação de Fontes Comparadas Para a História de Macau, que tive a honra de elaborar em 1988, e a que me dediquei exclusivamente durante quase dois anos, deram-se já dentro do Instituto Cultural de Macau e, nalguns casos em colaboração com outras instituições, alguns passos importantes, como veremos adiante.

Se, do ponto de vista historiográfico, não será esta a opção mais desejável, não tenho dúvidas em afirmar que ela é fundamental — embora não exclusiva —,de acordo com o que é, hoje, a realidade de Macau.

Contudo, e independentemente de todos os levantamentos e recolhas que se possam efectuar, considero prioritário, e mesmo imprescindível, o seguinte:

a) Inventariação e incorporação no Arquivo Histórico de Macau de toda a documentação, pública e privada, independentemente do idioma em que se encontre redigida, produzida em Macau ao longo dos tempos, naturalmente que de acordo com as normas internacionais que o regulamentam e por intermédio de legislação adequada.

Apenas alguns exemplos, para além da documentação produzida pela própria administração (e nos quais incluo os arquivos do Governo): as da Misericórdia; da diocese; das casas comerciais; dos tabeliães e notários; das famílias; dos registos paroquiais, civil e predial; das escolas, etc..

Dispomos em Macau de legislação adequada, mas receio que o processo de incorporação não decorra a bom ritmo. Seria, talvez, oportuno lançar uma ofensiva junto da opinião pública nesse sentido, sensibilizando-a para a importância e utilidade da perservação dessa documentação para a posteridade, não apenas com base na perspectiva académica, como na da necessidade.

b) Microfilmagem de segurança de toda a documentação existente no Arquivo Histórico de Macau — ou em quaisquer outros —,tanto para consulta, como para depósito em Portugal, em sede própria, de forma a garantir outra acessibilidade aos interessados, académicos ou não.

Celebrou-se já um protocolo tripartido entre o Instituto Cultural de Macau, a Fundação Oriente e o Instituto de Investigação Científica Tropical, mas é preciso garantir a implementação destas acções, no real cumprimento do disposto e do acordado.

c) Localização de toda a documentação respeitante a Macau existente no exterior.

Tarefa árdua e morosa, sempre inacabada, mas de que resultou a obtenção de uma boa colecção de microfilmes, que se encontram depositados no Arquivo Histórico de Macau36, e a colecção de grande quantidade de referências bibliográficas, incorporadas na Base de Dados de Apoio à Investigação, ao dispôr dos estudiosos no Gabinete de Estudos e Investigação do Instituto Cultural de Macau.

d) Levantamento, recolha, tratamento, preservação e divulgação da memória de Macau, por recurso às fontes orais, iconográficas e audio-visuais.

Contemplado na minha proposta inicial para um levantamento total das fontes para a História de Macau, e que o Instituto Cultural de Macau pretende desenvolver a breve trecho.

ENSINO

Como já referi, de muito pouco servirá, —para além do círculo restrito dos investigadores, estudiosos e interessados —,o esforço de elaborar uma História de Macau se esses resultados não constituirem parte integrante da formação curricular da população do Território.

Introduzir fortes componentes sobre a História de Macau nos curricula do ensino — que, como se sabe, é ministrado em Macau nas línguas portuguesa, chinesa e inglesa — é, quanto a mim37, tarefa fundamental e prioritária, a única, na realidade, de ampla difusão. Neste domínio apenas conheço o trabalho pioneiro, mas incompleto38 de Beatriz Basto da Silva, Elementos de História de Macau39.

Sendo a situação praticamente idêntica no ensino em qualquer das línguas, em boa hora se anuncia a saída para breve de um manual escolar sobre a História de Macau, ideia não concretizada desde pelo menos 1923, como referi.

Ao nível da divulgação juvenil merece referência a obra de Alice Vieira, Macau: Da Lenda à História40 que, não obstante não constituir um manual escolar, poderia ser usado, na ausência daquele, para a formação complementar dos alunos.

DIVULGAÇÃO

Têm surgido em Macau, nos últimos anos, inúmeros trabalhos de divulgação do património construído e do património móvel, devidos a meritórios e empenhados esforços públicos e privados, que me é impossível enumerar, mas que são do conhecimento geral.

Por outro lado, a prolixa e fecunda imprensa do Território e o papel desempenhado no domínio da divulgação por revistas como a Ta-Ssi-Yang-Kuo; Renascimento; Boletim Eclesisástico da Diocese de Macau; Arquivos de Macau; Boletim do Instituto Luís de Camões; a mais recente Revista de Cultura, e, por vezes até, a revista Macau, entre outras, são dignas de registo, constituindo uma excelente base de trabalho para investigadores e estudiosos, muitas vezes subestimada.

Para um melhor acesso a esse material dispõe--se já de uma Base de dados Sobre a Imprensa Perió-dica41, com recolha completa sobre o século XIX.

Em resumo, se não nos faltam obras dedicadas às perspectivas iconográficas, arquitectónicas e de divulgação da imagem de Macau, os seus aspectos etnográficos, antropológicos e sociológicos, para além do histórico, naturalmente, não têm merecido uma divulgação devidamente sistematizada e, nalguns casos, suficientemente trabalhada.

Em conclusão, a investigação ou a inovação sobre a História de Macau não se esgotarão em nenhuma das tarefas referidas. Admiti-lo seria não só negar o próprio processo histórico, como os atributos da História enquanto ciência. Antes pelo contrário, a cada momento se gerarão novas pistas de abordagem para estudos mais profundos, tanto mais frutuosos se conseguirmos acertar o passo com todo o abundante e rico manancial disperso e sincopado de que dispomos e dotar Macau de meios que lhe permitam, realmente, a produção de investigação de forma concertada, científica, actualizada e continuada.

Poster RC-Vista da Península de Macau.

Óleo sobre tela, William Andersen(escola escocesa—1757-1872)

NOTAS

° De que esta comunicação é apenas uma versão resumida.

1 Da História Crónica à História Ciência, Lisboa, Livros Horizonte,3.ḁ ed.,1979.

2 Nascido em Hong Kong, onde viria a falecer na miséria, Montalto de Jesus (1863-1927), era originário de uma família macaense radicada naquela cidade e em Xangai, e foi o único autor de ascendência portuguesa que chamou a si a execução duma obra desta envergadura sobre a História de Macau.

Fez a sua carreira profissional ao serviço de companhias comerciais estrangeiras implantadas nas referidas capitais financeiras, às quais certamente seriam de extrema utilidade os bons conhecimentos de línguas — pelo menos de inglês, português, espanhol e francês — que fizeram de Montalto um tradutor profissional. Foi também um publicista com alguma repecursão internacional (Grã-Bretanha, E. U. A., Portugal, Brasil, para além de Hong Kong e Xangai, naturalmente), com colaboração em diversos jornais.

Republicano por convicção, de carácter frontal, algo tempestuoso, temperamental e excêntrico, Montalto de Jesus foi sócio-correspondente da Sociedade de Geografia de Lisboa, manteve ligações com a Secção da China da prestigiada Royal Asiatic Society e pertenceu à Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro.

3 Hong Kong, Kelly & Walsh Printers and Publishers.

4 Com o título de Historic Macao. International Traits in China Old and New, by [...], Macau, Salesian Printing Press and Tipografia Mercantil e reeditada em fac-simile pela Oxford University Press em 1984.

5 Macau, Livros do Oriente,1990. Tradução de Maria Alice Morais Jorge.

Por ocasião do lançamento deste livro foi-me confiada a tarefa da sua apresentação. Publiquei, depois, um pequeno artigo "Montalto de Jesus: Da Polémica à História", in Macau, Macau, (28), Outubro de 1990, pp.54 - 58, a partir do texto inicial desta comunicação, a qual não havia naturalmente beneficiado da leitura da interessante introdução de Carlos Estorninho à versão portuguesa.

6 Cf. n.5.

7 Natural de Linkoping, onde nasceu em 23 de Março de 1759, Anders Ljungstedt chegou a Cantão em 1798 a bordo do navio Drotninged, da Companhia Sueca das Índias Orientais (1731-1813), para a qual trabalhava há cerca de um ano, e de que se viria a tomar um sobrecargo residente, depois de ter vivido e ensinado durante perto de uma década na Rússia (1784-1794).

Vem pela primeira vez a Macau, na qualidade de membro da referida Companhia, em 1802. Após a abolição da mesma, em 1813, estabeleceu-se por conta própria em Macau, dedicando-se ao comércio do ópio, com o que enriqueceu. Doará mais tarde parte da sua fortuna para fins de benemerência. Em 1820 toma-se o primeiro consul-geral honorário da Suécia na China, quando já havia recebido (1815) o grau de cavaleiro da Ordem Real de Wasa do seu país.

Em Macau habitou, segundo Monsenhor Teixeira (in Gazeta Macaense, 09.03.93, p.4) na Rua da Praia Grande, onde morreu a 10 de Novembro de 1835, estando os seus restos mortais depositados no Cemitério Protestante desta cidade.

8 By Sir Andrew Ljungstedt,/Knight of the Swedish Royal Order Waza./ A supplementary chapter,/Description of The City of Canton,/ republished from the Chinese Repository, with the editor's permission, Boston, James Munroe & Co.,1836.

9 Como ele mesmo afirma, grande parte do material que utilizou fora coligido e preservado pelo bispo de Pequim, D. Joaquim de Sousa Saraiva (1765 - 1818), e também, segundo Monsenhor Manuel Teixeira, pelo professor régio de gramática latina e portuguesa, o escritor macaense José Baptista de Miranda e Lima, que lho cederam. Ao que devemos acrescentar a consulta das obras que compunham a rica biblioteca que a Companhia das Índias Orientais instalara em Macau a partir de 1806.

10 O único que se lhe aproxima— para além do trabalho de notável importância, ainda inultrapassado embora necessariamente desactualizado, do Pe. Silva Rego, A Presença Portuguesa em Macau (Lisboa, Agência Geral das Colónias,1946) —,é a obra de Usellis, The Origin of Macao, Chicago, University of Chicago,1958, polc. (Tese para a obtenção de M. A., Dept. of History, Thesis n. ō4343). Segundo me informaram a tese de doutoramento de K. C. Fok, The Macao Formula: A Study of Chinese Management of Westerners from the Mid-sixteenth Century to the Opium War Period, datada de 1978, mas infelizmente também ainda não publicada, é um excelente e marcante contributo para esta questão.

11 A necessidade de se proceder à apontada diferenciação entre teoriae praxis foi bem salientada por K. C. Fok durante as sessões de debate do I Seminário Internacional de História e Cultura de Macau.

12 Dispomos, creio, que de três edições da versão portuguesa desta obra, aliás considerada bastante deficiente, inicialmente publicada em folhetins, entre 1 de Agosto de 1893 e 13 de Dezembro de 1896, no periódico Echo Macaense com o título: "Esboço Historico dos Estabelecimentos Portuguezes na China, por Sir [...], publicada em Boston no anno de 1836. Vertido do inglez".

13 Macau, Imprensa Nacional, Junho de 1909, pp.131 - 224.

14 Lisboa, Imprensa Nacional,1921, pp.377 - 481.

15 Cf. Montalto de Jesus, op. cit., pp.293-4.

16 Dele apenas sabemos o que nos diz Inocêncio e que Luís Gonzaga Gomes transcreve, cf. n. 18, e que passo a resumir. José Manuel de Carvalho e Souza (1807-1860) seria natural de Goa e filho de um algarvio, capitão-de-mar-e-guerra da armada portuguesa. Tal como o pai, José Joaquim de Souza, seguiu a carreira das armas, assentando praça em Damão em 1824 e chegando a atingir o posto de tenente-coronel em 1859.

Desempenhou inúmeros cargos civis e militares, o primeiro dos quais como ajudante de ordens do governador-geral (1836-1838) da Índia, barão de Sabroso, em 1838. Será colocado, nesse mesmo ano, na 2.ḁ Companhia de Infantaria do Batalhão do Príncipe Regente de Macau. Em 1841 é secretário do conselheiro e governador de Macau (1837 - 1843), Adrião Acácio da Silveira Pinto, na sua missão especial à China, e, no ano seguinte, em Macau. Nomeado comandante da Fortaleza da Barra em 1846, desempenhou o cargo até cerca de 1851, altura em que, cremos, terá regressado definitivamente à Índia.

17 "Recopilada de Authores Nacionais, e Estrangeiros, com acrescentamento de varias noticias collegiadas de Documentos Officiaes, e manuscriptos antigos. Perspectivas, e Plantas de todos os seus Edificios publicos. Varias Pinturas curiosas sobre o costume Chinez. Por [...], Capitão d'Infantaria do Batalhão Principe Regente, Macau, Typographia de Silva e Souza,1845. A obra, que Carvalho e Souza pretendia publicar mensalmente e por subscrição pública, ficou incompleta, por não ter tido suficiente aceitação.

18 No Boletim do Instituto Luis de Camões, Macau, vol. VII, (4), Inverno de 1973, p.333 - 393.

19 De nacionalidade francesa, o Pe. Régis Gervaix (1873 - 1940) pertenceu à Sociedade das Missões Estrangeiras de Paris — que viria a abandonar posteriormente —,ao serviço da qual foi para Cantão em 1898. Entre 1919 e 1925 viveu em Macau, onde leccionou francês e grego, elaborou o seu Resumo da História de Macau e colaborou assiduamente no Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau, escrevendo, com igual afinco e vigor, para a imprensa estrangeira do Território. Em 1925 deixou Macau a fim de ensinar literatura francesa na Universidade de Pequim, donde saiu cerca de 1931, com destino a Paris, onde viria a falecer em 1940.

20 Publicado na versão francesa no Boletim Eclesisástico daDiocese de Macau, Macau, entre Novembro de 1922, A.21, (245) e Setembro/Outubro de 1925, A.23, (264 - 267).

21 Refundido e aumentado pelo editor Jacinto José do Nascimento Moura, Macau, Tipografia do Orfanato da Imaculada Conceição,1927.

22 Macau, Tipografia Mandarim.

23 A apreciação que mereceu do governo da altura indica já alguns destes aspectos: "(...) não há no trabalho o nexo e a relação natural entre os factos referidos na história de Macau e a história nacional... não há um mapa de Macau... Há afirmações que não podem tomar-se como verídicas... a parte eclesisástica é excessiva... não há na história de Macau uma palavra de referência à origem das Comunidades Portuguesas do extremo oriente... Todo o significado e essência histórica do governo de Amaral estão adulterados...", sem, no entanto, deixar de acrescentar: "enfim, fácil é a crítica, difícil a arte"... e de reconhecer o mérito do trabalho. Apud Gazeta Macaense, 10-02-1993, p.2.

24 Não posso deixar de referir, para além das obras mais explicativas e abrangentes, todos os estudos pontuais, as úteis compilações de documentos e listagens: de efemérides; de cargos e ofícios; bibliografias, etc.; — que obviamente não poderei aqui nomear —,a que devemos acrescentar a publicação da Cronologia da História de Macau, compilada por Beatriz Basto da Silva, que já vai no 2. ō vol. (Macau, Direcção dos Serviços de Educação,1992 e 1993).

25 In Renascimento, Macau, vol. II,1943, pp.72 - 75.

26 "A história de Macau é das mais difíceis de escrever em todo o ultramar português. Além de difícil, é tarefa ingrata. Macau foi durante muito tempo o ponto de encontro entre duas civilizações distintas. Mais: entre dois mundos diversos. As fricções entre um e o outro tinham que se dar em Macau. As arestas tinham de se limar em Macau. As duas concepções de vida tinham que se harmonizar em Macau. (...), op. cit., pp.107 - 108.

27 De que possuímos um bom exemplo no número da Revista de Cultura dedicado aos Mares da Ásia. 1500 - 1800, sob a coordenação de Jorge Flores, Macau, (13-14), Janeiro - Junho de 1991.

28 Sem correr o risco de se entrar num comparativismo excessivo, que tomaria a análise demasiado genérica, mas privilegiando as tecituras locais e regionais pré-existentes, como muito bem foi sublinhado durante o I Seminário de História e Cultura de Macau.

29 Proposta apresentada em Cochim durante a realização do V Seminário de História Indo-Portuguesa, em Fevereiro de 1989, e reforçada durante a minha participação na I.ḁ Reunião de Arqueologia e História Pré-Colonial em Outubro de 1989.

Ainda que partindo de uma postura inversa, devemos assinalar a realização em Macau, entre 22 e 26 de Outubro de 1991, do VI Seminário Internacional de História Indo-Portuguesa, — de alguma forma viabilizada pelos contactos estabelecidos em Cochim —,o qual congregou alguns estudos importantes considerando aspectos respeitantes a Macau.

30 Pistas muito concretas e interessantes são-nos propostas por Jorge Flores na sua comunicação ao I Seminário Internacional de História e Cultura de Macau, intitulada A História de Macau, séculos XVI-XVII: Alguns inquéritos em aberto.

31 A Civilização da Europa das Luzes, Lisboa, Ed. Estampa,1985, vol. I, p.74.

32 Era a designação dada ao conjunto dos poderes político, económico, financeiro, administrativo, judicial, militar e religioso dos territórios, feitorias, fortalezas ou simples entrepostos comerciais sob o domínio português, que se estendiam desde o Cabo da Boa Esperança até ao Extremo Oriente, delegados, a partir de 1505, pelo rei de Portugal nos vice-reis e governadores da Índia.

33 Sino-Portuguese Trade from 1514 to 1644 —A Synthesis of Portuguese and Chinese Sources, Leiden,1934.

34 Úteis publicações são ainda os já bastantes catálogos bibliográficos de exposições realizadas em Macau, normalmente também da iniciativa da mesma Biblioteca Central. Veja-se a comunicação do respectivo director, Jorge de Abreu Arrimar, ao I Seminário de História e Cultura de Macau, intitulada "Fontes Para a História de Macau".

35 Bibliografia Macaense, Macau, Instituto Cultural de Macau,1987.

36 Veja-se a comunicação de Isaú Santos ao I Seminário de História e Cultura de Macau, intitulada "Fontes Para a História de Macau Existentes no Exterior".

37 Esta questão foi publicamente debatida na sessão promovida no dia 16 de Janeiro de 1991, pela Direcção dos Serviços de Educação sobre o O Ensino da História de Macau, a pretexto do lançamento do livro de Alice Vieira, Macau: Da Lenda à História, Macau, Livros do Oriente,1990.

38 De que apenas saíu o 1. ō volume, sendo, no entanto, os motivos que levaram à suspensão deste trabalho alheios à vontade da autora.

39 Macau, Direcção dos Serviços de Educação,1986.

40 Cf. n.37.

41 Decorrente de um protocolo celebrado entre o Instituto Cultural de Macau, através da Biblioteca Central de Macau, e o Instituto Português do Oriente.

* Responsável pelo Gabinete de Estudos e Investigação do Instituto Cultural de Macau. Coordenadora do Projecto de Pesquisa e Publicação de Fontes Comparadas para a História de Macau, do mesmo Gabinete. Licenciada em História (F. L. Lx., Universidade Clássica). Mestre em História de Portugal dos Sécs. XIX e XX (F. C. S. H., Universidade Nova de Lisboa). Autora da tese "Casa(A) de Oeiras e Pombal: Estado, Senhorio e Património". Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian e membro da direcção da Sociedade Portuguesa de Estudos do Séc. XVIII.

desde a p. 102
até a p.