Na longa história do relacionamento nipo-chi-nês, a permuta das espadas e sabres, e das técnicas do manejo dessas armas, entre os dois países constitui um tema que merece investigação profunda. Tendo apresentado um trabalho específico sobre o assunto,1 descobri recentemente que Macau desempenhara um importante papel de intermediário no comércio de espadas e sabres entre a China e o Japão durante as dinastias Ming e Qing. Por outras palavras, a espada e o sabre japoneses foram vendidos à China através de Macau. Quanto aos pormenores, não temos conseguido até agora informações suficientes e o nosso conhecimento inicial do assunto resultou da análise de alguns dados indirectos, pelo que, obviamente, a investigação precisa de ser aprofundada. Neste pequeno trabalho, faço algumas considerações a tal respeito e espero que os especialistas apresentem as suas valiosas críticas.
Em primeiro lugar, façamos uma exposição sobre a origem do comércio de espadas e sabres na história do Japão e da China.
A troca e o comércio de armas como a espada e o sabre entre os dois países tinham uma história muito antiga, passando por um longo processo dividido em duas fases principais: primeira, das dinastias Zhou e Qin aos princípios da dinastia Song do Norte; segunda, desta dinastia às Ming e Qing. Na primeira fase, havia principalmente a exportação de espadas e sabres chineses para o Japão, e na segunda, a exportação de espadas e sabres japoneses para a China; o que gerou, afinal, um grande comércio dessas armas entre os dois países, durante as dinastias Ming e Qing.
Na China, a melhor tecnologia de fabrico da espada e do sabre encontra-se entre a época da Primavera e Outono e a dos Reinos Combatentes, e entre as dinastias Han (Han do Oeste e Han do Leste). Nessa altura, a espada e o sabre chineses entraram em grandes quantidades no Japão, despertando o interesse dos samurais. Sobretudo o sabre de ferro com copos redondos da dinastia Han, fruto da evolução da espada comprida da época dos Reinos Combatentes e feito com requintada tecnologia, era leve mas afiado, e muito eficaz no campo de batalha. Introduzido no Japão, esse tipo de sabre exerceu profundas influências na tecnologia de fabrico e na forma do sabre japonês, assim como na arte e técnica de usá-lo na luta. Os japoneses deram ao manejo do sabre a designação de "Jiandao" (a arte da espada), a qual provinha das dinastias Han. Das dinastias Han até às Sui e Tang, os sabres chineses e outras armas brancas continuaram a chegar sucessivamente ao Japão. Durante a época dos Três Reinos, a rainha Himiko, dum reino japonês (Yamatai), mandou enviados seus ao reino Wei, para estabelecer relações amistosas. Entre as prendas retribuídas pelo reino Wei encontrava-se o "wu chi dao" (sabre de cinco chis; chi é uma unidade de medida de comprimento).2 Foram desenterrados sabres chineses da dinastia do Sul e Norte num túmulo de Koudasenzan, distrito de Kumamoto, Kyushu, Japão.3 Os sabres originais da dinastia Tang e os títulos de "sabres tipo Tang","sabres Tang" e outros, registados no Livro de Registo de Oferendas, guardados em Shosoin do Japão,4 provam que o predomínio da espada e do sabre chinês se manteve até à dinastia Tang. A situação alterou-se só nos princípios da dinastia Song.
Segundo A História de Song — Capítulo sobre o Japão, no 2. ō ano do reinado Yongxi do imperador Song Tai Zong (ano de 985), o famoso monge japonês Tatezen enviou à China o seu discípulo Kankoku, para exprimir os seus agradecimentos. Entre os presentes de Kankoku à dinastia Song, encontrava-se "o sabre de ferro", fabricado no Japão, o que é um sinal importante, e a prova de que nessa altura, na tecnologia de fabrico da espada e do sabre, o Japão não só alcançou mas ultrapassou a China, começando a converter a importação em exportação. De facto, na dinastia Song do Norte, a espada e o sabre japoneses entraram na China por canais comerciais não oficiais. Os amadores chineses não poupavam dinheiro para adquiri-los e rivalizavam em ostentá-los, trazendo-os sempre consigo; isto chamou a atenção de Ou Yang Xiu, inspirando-lhe o famoso e excelente poema intitulado Ri Ben Dao Ge (Poema do Sabre Japonês),5 pioneiro de dezenas de outros com o mesmo título, a partir da dinastia Song. Como refere o livro japonês intitulado U Ji Ju I Mono Gatari, "deixando dez sabres como penhor, podia-se pedir aos chineses um empréstimo de seis ou sete mil peças de pano.6 Pode-se verificar assim, que a partir da dinastia Song o sabre e a espada se tornaram em importante mercadoria no comércio do Japão com a China.
Na dinastia Ming, o fabrico do sabre japonês tornou-se cada vez mais requintado e, através do intercâmbio e das actividades dos piratas japoneses, essa arma chegou à China, onde conquistou amplo apreço dos militares e civis; por isso, no comércio nipo-chinês dessa dinastia, a parte japonesa mantinha sempre a espada e o sabre como uma das principais mercadorias. Na altura, existiam duas vias de entrada:
Primeira via: por oferta da casa real japonesa à corte Ming. Começou no terceiro ano de reinado do imperador Jian Wen (ano de 1401). A primeira oferta incluía "dez espadas e um sabre" mas, a partir daí, desenvolveu-se ao ponto de atingir, todas as vezes, mais de cem unidades. Na realidade, tratava-se de um comércio dissimulado.
Segunda via: por actividades comerciais. Desde o reinado do imperador Ming Chen Zu que muitas vezes, a títlo de "tributo à corte", os comerciantes japoneses "traziam mercadorias de contrabando" para comerciar na China; e, entre elas, as espadas e os sabres constituíam a maior parte. O governo da dinastia Ming impôs repetidas vezes interdições e limitações, estipulando que em cada "viagem de tributo" as espadas e os sabres trazidos não podiam "ultrapassar as três mil unidades"; além de criar o sistema, fixava-se "um tributo por cada dez anos".7 Apesar disso, devido aos grandes lucros retirados da exportação — "um sabre japonês custava oitocentas ou mil sapecas mas, levado para o território Ming, o preço subia para as cinco mil"8 — os comerciantes não respeitavam o sistema da viagem de tributo, e traziam cada vez mais espadas e sabres. Conforme os registos, os navios mercantes da quarta viagem de tributo transportaram trinta mil sabres, e, na sexta, trinta e seis mil. Em apenas onze viagens de tributo registadas, os navios trouxeram para a China mais de duzentas mil espadas e sabres,9 o que não incluía as grandes quantidades do contrabando!
Em resumo, o comércio nipo-chinês da espada e do sabre atingiu o apogeu em meados e finais da dinastia Ming, e somente começou a decair, pouco a pouco, na dinastia Qing. A entrada de tão grandes quantidades exerceu enorme influência nas tropas e no povo da dinastia Ming, nomeadamente sobre o armamento, o fabrico de armas e a arte de manejar a espada e o sabre. Na história das armas da China, o sistema de armas brancas da dinastia Ming caracterizava-se por introduzir e reproduzir a espada e o sabre japonês, o que constituía um fenómeno histórico-cultural que chamou muito a atenção.
II
A espada e o sabre do Japão entraram em grandes quantidades na China. Além disso, durante a guerra contra os piratas japoneses, que incomodou por longos anos o governo da dinastia Ming, os militares e os civis chineses foram muito vítimas porque eles, além de terem sabres de excelente qualidade, possuíam excelente técnica do seu manejo. Assim, na dinastia Ming, tanto o sabre japonês como o manejo à sua maneira tornaram-se não só objectos de estudo e investigação dos militares, que tentavam introduzi-los na China, como também temas frequentemente escolhidos pelos letrados e literatos para os seus poemas e escritos. Segundo as informações incompletas que tenho, os reinados de Jia Jing e de Wan Li surgiram vários poemas e textos sobre o sabre japonês, dos quais os mais notáveis são: Ri Ben Gao Ge (Poema do Sabre Japonês),10 de autoria de Tang Shun Zhi que, além de participar na guerra contra os piratas japoneses, era versado nas artes marciais; Ri Ben Dao Ji (Registo do Sabre Japonês),11 escrito por Song Mao Cheng, pouco depois da época de Tang Shun Zhi; Tang Xianzu, famoso dramaturgo chinês que esteve em Macau, também escreveu um poema com o título de Wo Wang Dao Zi Ge (Poema do Sabre do Rei Japonês). Além disso, em finais da dinastia Ming e princípios da Qing, os três poetas de Cantão, Qu Da Jun, Chen Gong Yin e Liang Pei Lan, designados como "os três grandes especialistas de Lingnan" (a região leste e sul da província de Cantão), deixaram-nos todos eles poemas ou textos ligados ao sabre japonês, os quais nos permitem descobrir a relação de Macau com a espada e o sabre japonês e, daí, pensar no papel que Macau desempenhou no comércio respectivo.
Qu Da Jun era famoso pelos seus vastos conhecimentos. Em Quang Dong Xiu Yu (Palavras Novas de Cantão), Tomo X, Capítulo "Sobre os Objectos", anotou o que sabia do sabre japonês. De entre os textos que os chineses produziram sobre o assunto, a sua descrição é a mais minuciosa e dela transcrevemos o seguinte parágrafo:
"Em Cantão há muitos sabres estrangeiros e alguns são chamados de sabre japonês. Dizem que naquele país, quando nasce tanto um chefe de tribo como um homem simples, logo temperam num riacho cem hus (hu é uma unidade de volume) de ferro refinado e, todos os anos, voltam a fundi-lo dezenas de vezes. Assim, quando o homem chega à maioridade, o ferro dá para fazer apenas três espadas, cujo comprimento se decide conforme a altura da pessoa. O ferro mais comprido tem 5 ou 6 chis e chama-se Jou Ko, o médio é o sabre, que se leva à cintura, e o mais curto é um punhal. Quando pretendem começar a forjar as espadas, matam boi e cavalo para que o espadeiro coma. Este escolhe então um dia para forjar as espadas com veneno lá dentro. Quando ficam prontas as espadas, são enterradas no chão e regadas mensalmente com sangue humano e cavalar, daí as espadas ganham espírito e o seu aspecto depende do clima. Nos dias de vento e chuva, fazem barulho na bainha, querendo sair dela. As espadas em que estão gravados os caracteres Jou Ko são proibidas de sair do país. Em Macau há muitas espadas com gravuras de caracteres chineses e budas, e com uma ou duas calhas. Algumas espadas são flexíveis. São feitas de aço puro misturado com ouro e prata. Podem-se dobrar, como se fosse um dragão em movimento, com os dois extremos unidos. Quando se desdobram ficam rectas, capazes de furar uma armadura. O cabo da espada tem duas faces, numa está colocada uma bússola de ouro e na outra um óculo. Os estrangeiros em Macau costumam trazê-la consigo".
Deve salientar-se que, além de Qu Da Jun, também Tan Rui Ang e Li Tiao Yuan, ambos da dinastia Qing, fizeram descrições iguais ou semelhantes, respectivamente em Yue Zhong Jian Wen (O que se vê e ouve em Cantão), Tomo XXIV e em Nan Yue Bi Ji (Apontamentos sobre Nan Yue), Tomo VI. Mas o texto de Tan Rui Ang é uma adaptação do de Qu Da Jun, com algumas alterações; por exemplo muda a frase "os estrangeiros em Macau costumam trazê-la consigo"para "os estrangeiros em Macau frequentemente a trazem" sem acrescentar nada de novo. E o texto de Li TiaoYuan é a mera cópia de Qu Da Jun.
Qu Da Jun era um estudioso que sabia observar e descrever bem as coisas. A sua descrição pormenorizada do sabre japonês, desde o seu fabrico e tipo, até à técnica de manejo (desta técnica nada transcrevemos aqui), baseava-se, obviamente, na sua longa observação da realidade, o que explica que, em finais da dinastia Ming e princípios da Qing, o sabre japonês fosse vulgar em Cantão. Além disso, através de muitas alusões a Macau em Palavras Novas de Cantão, ficámos a saber claramente que Qu Da Jun tinha lá estado quando afirmou que "em Macau há muitas espadas..." e que "os estrangeiros em Macau costumam trazer consigo" a espada flexível e dobrável. Estas afirmações resultam da sua observação, feita com os próprios olhos; portanto, além de serem fidedignas, explicam que foi adquirida em Macau uma parte dos conhecimentos de Qu Da Jun sobre a espada japonesa, como resultado da sua observção.
Chen Gong Yin, grande amigo de Qu, escreveu Ri Ben Dao Ge (Poema do Sabre Japonês), cujo conteúdo, porém, não tinha nada de especial. Mas vale a pena mencionar que quando Yin Guang Ren e Zhang Ru Lin escreveram sobre o Japão em Ao Men Ji Lue (Registos Resumidos de Macau), Tomo III, transcreveram em especial este poema de Chen Gong Yin. Será que Ren e Zhang repararam na relação entre o sabre japonês e Macau? Eles não puseram nenhuma nota, pelo que não podemos adivinhar, mas o facto em si parece explicar que o sabre japonês deixou em ambos uma impressão relativamente profunda. Se não foi assim, porque é que, entre tantos poemas sobre o Japão, escritos nas dinastias Ming e Qing, os dois escolheram para as suas obras este poema e não outro?
Liang Pei Lan, também grande amigo de Qu Da Jun, escreveu Ri Ben Dao Ge (Poema do Sabre Japonês), cujo conteúdo merece ser analisado. Publicado em Liu Ying Tang Ji (Colecção da Sala de Liu Ying), Tomo III, é um poema bastante grande, do qual transcrevemos apenas os seguintes versos:
No mercado há um sabre de cinco chis
E os mercadores explicam-me
Que os diabos de cabelo vermelho
Adquiriram o sabre do rei japonês
…
Os Cabelos Vermelhos vieram a Guangzhou com o sabre
O navio em que viajavam passou por Hai Ruo Chou
Expõem o sabre no mercado, sem que ninguém saiba
Pedem mil taéis de ouro, sem conseguir vendê-lo.
Este poema revela um fenómeno muito importante: no mercado de Guangzhou (cidade de Cantão) havia "diabos de cabelo vermelho" a vender o sabre japonês. É verdade que foi adquirido do rei japonês, tal como disseram os vendedores? É verdade que valia mil taéis de ouro? Isso podia ser invenção do poeta e não precisamos de acreditar. Mas o que chama atenção é que o sabre japonês, uma mercadoria especial e dispendiosa, foi posto à venda não só pelos japoneses mas também pelos ocidentais. Nas dinastias Ming e Qing, a designação de "diabos de cabelo vermelho" ("hong mao gui zi" em chinês), refere-se normalmente aos holandeses, mas às vezes, genericamente, abrangia todos os ocidentais. A Holanda também produzia espadas de boa qualidade e vendia-as à China durante a dinastia Ming, o que é registado por Zhang Xie, dessa dinastia, no livro Dong Xi Yang Kao — Hong Mao Fan Pian (Verificações sobre Países Estrangeiros do Leste e Oeste — Capítulo sobre Estrangeiros de Cabelo Vermelho). Em Palavras Novas de Cantão — Capítulo sobre Objectos, Qu Da Jun também usou a frase "espada dos estrangeiros ocidentais de cabelo vermelho". Desconfio que "os diabos de cabelo vermelho" que vendiam o sabre japonês, no poema de Liang Pei Lan, não fossem holandeses, mas sim comerciantes portugueses que vinham de Macau a Cantão para vender essas mercadorias. Os poetas não são historiadores, não precisam de usar designações exactas nos seus poemas.
Na dinastia Ming, a calamidade dos piratas japoneses prejudicou gravemente o comércio nipo-chinês, por meio da viagem de tributo, pelo que a grande exportação da espada e do sabre japoneses para a China, a título de "tributo", registou-se principalmente no seu primeiro período, altura em que os piratas japoneses não eram ainda uma grande calamidade. Nos reinados de Jia Jing e Long Qing, eles estavam na sua fase mais ofensiva, provocando sucessivas batalhas, pelo que parou o comércio em forma de viagem de tributo e deixaram de aparecer nos documentos históricos os respectivos registos a esse título. Mas, na minha opinião, tal comércio não parou, pois nessa altura, as tropas da dinastia Ming, aumentaram a procura dessas armas japonesas, em comparação com o primeiro período da dinastia. Pode-se citar o exemplo de Qi Ji Guang, o principal general que lutou contra os piratas japoneses. Por volta do ano 40 do reinado de Jia Jing (1561), quando comandou "as tropas da família Qi" para enfrentar os piratas japoneses no litoral sueste e escreveu o livro Ji Xiao Xin Shu, apesar de ter visto as vantagens do sabre japonês e da sua técnica de esgrima, ainda as suas tropas não estavam armadas, de maneira sistemática, de espadas ou sabres japoneses. Mas no quinto ano do reinado de Long Qing (1571), altura em que acabou a sua outra obra militar Lian Bing Shi Ji (Registos Verdadeiros do Treinamento) e foi nomeado governador de Jizhen para enfrentar os mongóis, as suas tropas com várias dezenas de milhares de efectivos, já estavam apetrechadas com o sabre comprido e outros tipos de espadas japonesas. Isso foi clara e minuciosamente lavrado nos Registos Verdadeiros do Treinarnento e reflecte que nessa ocasião cresceu, em vez de diminuir, a procura por parte das tropas Ming daquelas armas japonesas. Claro que uma boa parte da "espada ou sabre japonês" usados pelas tropas foi imitação feita pelo Departamento de Armas brancas da dinastia Ming. Como a qualidade dos produtos de imitação era ruim, de nível muito inferior comparado com o dos produtos japoneses — que eram leves, afiados, resistentes e flexíveis — a grande procura, tanto por parte do governo como do povo, continuou a trazer lucros para o negócio de espadas e sabres. Então, além do contrabando, a venda também se fazia através de Macau. Se não foi assim, como é que em Macau, um território pequenino, podia haver tantas espadas japonesas? É muito difícil tentar explicar esse fenómeno dizendo apenas que "os estrangeiros de Macau" gostavam de trazer consigo a espada ou o sabre japonês.
Na realidade, nas dinastias Ming e Qing, não só em Macau como em Guangzhou (cidade de Cantão), viam-se muitas espadas ou sabres japoneses e, como prova, temos os poemas e textos escritos pelos "três grandes especialistas de Lingnan". Além deles, outro poeta chamado Wang Bang Ji, natural de Fanyu, na província de Cantão, e homem fiel à dinastia Ming, escreveu também um Ri Ben Dao Ge (Poema do Sabre Japonês), que diz:
"Com o vento Norte o sabre exala o cheiro do sangue
Com o vento Sul o sabre muda de cor para azul
Ajudou os filhos dos imperadores e reis
A matar pessoas e a apoderar-se das cidades alheias
Nenhum herói da matança foi tão meritório como o sabre
Mas o sabre apenas prestou um serviço, sem recompensa,
Secados ao vento cinquenta quilos de orelhas humanas
Agradeço por vocês aos japoneses!"
Conforme a interpretação de Huang Hai Zhang,"os filhos dos imperadores e reis" referem-se às tropas Qing, as vítimas da matança são os cidadãos inocentes. O poeta pretendia "agradecer por vocês (tropas Qing) aos japoneses pelo fabrico de sabres tão bons que ajudaram a matar tanta gente inocente!" Devemos dizer que esta interpretação corresponde fundamentalmente à ideia do poeta. Achamos que até ao começo da dinastia Qing, altura em que as suas tropas estiveram em Cantão para eliminar as forças remanescentes da dinastia Ming, continuava a existir nessa região uma grande quantidade de espadas ou sabres japoneses, os quais passaram a ficar nas mãos das tropas vencedoras. O facto de haver muitas dessas armas japonesas em Cantão deve estar relacionado com o facto, revelado por Qu Da Jun, quando diz que "em Macau há muitas espadas japonesas", pois "quem fica perto sempre adquire primeiro".
(Traduzido do Chinês)
NOTAS
1 O meu trabalho Intercâmbio de Esgrima entre a China e o Japão, na História, Revista Ciência e Tecnologia do Desporto, n. ō 5,1980.
2 Crónica dos Três Reinos — Crónica do Reino Wei — Capítulo sobre Países Estrangeiros do Leste.
3 Ver Uma História Remota da Amizade entre os Povos da China e do Japão.
4 Arqueologia, n. ō 12,1964, Discurso de Ono Katsutoshi.
5 Colecção do Senhor Ou Yang, tomo XV.
6 Ver Registos de Tratar Bem os Países Vizinhos, de Zuikei Shuuhou do Japão; e ver Verificações sobre o Capítulo do Japão da História de Ming, de Wang Xiang Rong.
7 Ver Verificações sobre o Capítulo do Japão da História de Ming, de Wang Xiang Rong.
8 Espada e Tubarão, do inglês Shelley e japonês Inada, transcrito de História das Armas Chinesas de Zhou Wei.
9 Ver Uma História Remota da Amizade entre os Povos da China e do Japão, Verificações sobre os Piratas Japoneses na Dinastia Ming, História da Comunicação e Transporte China-Japão, etc.
10 Ver Colecção de Jingzhou, Tomo II.
11 Jiu Yu Ji, Tomo II.
Colecção de Tang Xian Zu, Tomo VII.
Colecção da Sala de Du Lu — Colecção Posterior de Zeng Jiang.
Ver Comentários sobre os Poetas Anti-Qing em Cantão nos Finais da Dinastia Ming.
Ver Comentários sobre os Poetas Anti-Qing em Cantão nos Finais da Dinastia Ming.
* Professor do Departamento de História da Universidade de Jinan, Cantão.
desde a p. 33
até a p.