Artes

A PINTURA CHINESA DO MUSEU LUÍS DE CAMÕES

Regozija-se a RC com a sequente revelação ao público de pinturas da colecção de pintura chinesa do Museu Luís de Camões. E tanto mais, quanto poderíamos (quase) dizer que se trata de um inédito. De facto, das gerações mais novas às últimas gerações que passaram em Macau, ninguém teve a privilegiada oportunidade de visionar as obras da valiosa colecção de pintura chinesa do Museu. Razão, sobretudo, das atribuladas condições logísticas do Museu: da romântica Casa Garden ao futuro Centro Cultural, estiveram as colecções sujeitas às mais minguadas condições de espaço e de conveniente preservação.

O seu rápido restauro, recuperação e exposição ao público, constituirão um factor de alta valorização do acervo artístico do Museu, e a consagração do seu interesse como unidade museológica, não só para Macau e para a China, como para os interessados meios internacionais. É que, se a colecção de barros de Shek Wan é considerada a maior e mais valiosa de toda a China, a colecção de pintura chinesa da província de Cantão é tida como a segunda em importância, depois da Art Gallery da Universidade Chinesa de Hong Kong.

[Sou-Lôk-P'âng] Su Liupeng 蘇六朋仿趙松雪雪景人物 - "Cena na Neve com Figura [Humana] ao Estilo de Chao Meng-fu" Tinta e cor sobre leques/ventarolas circulares de seda (álbum), 36 x 32 cm.

Trata-se de mais de duzentas pinturas, de quarenta e três pintores da Província de Cantão, das Dinastias Ming e Qing, amorosa e competentemente reunidas pelo filósofo e sinólogo Manuel da Silva Mendes, e ingressas no património do Museu em 1934, ano da morte daquela prestigiada figura da cultura macaense dos começos do século. Basta dizer que mais de metade dos autores representados são nomes relevantes no panorama da pintura chinesa da dinastia Qing, a que se juntam significativas representações dos "lealistas" de tardia Ming e da oitocentista escola de Xangai.

Como valiosa introdução à reprodução de algumas pinturas da colecção, as mais rápida e facilmente desencaixotáveis e manuse áveis, publicamos os autorizados textos dos especialistas em arte chinesa da Universidade de Hong Kong, Helen Chan e Chuang Shen.

Textos publicados no catálogo editado pela Universidade de Hong Kong em 1977, feito ainda com a colaboração do conservador do Museu, Luís Gonzaga Gomes, antes do seu falecimento, que pela densidade e quantidade de informação são ainda hoje insuperáveis e a última grande "intervenção", acontecida na segunda metade deste século, à colecção do Museu.

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