Música na China

A MUSICA NO CURRÍCULO ESCOLAR E ACTIVIDADES MUSICAIS

Liu Jing Zhi*

Peter Daulsberg (violoncelo) e Ingrid Haebler (piano).

Em Setembro de 1993, o Instituto Cultural de Macau (I. C. M.) incumbiu-me da tarefa de fazer um estudo sobre as actividades musicais em Macau no período que medeia entre 1949 e 1995. De Setembro de 1993 a Setembro de 1995, fiz visitas frequentes aos organismos doGoverno de Macau, instituições educativas e instituições musicais; assisti também a festivais de música e espectáculos em Macau; entrevistei autoridades do círculo musical de Macau. Tirei notas minuciosas durante estas visitas e entrevistas, e escrevi artigos sobre os concertos a que assisti, os quais foram publicados nos jornais de maior tiragem de Hong Kong.

O director da "Revista de Cultura", Luís Sá Cunha, considerou que os leitores da revista poderiam estar interessados nos dados do meu projecto de investigação sobre "Música em Macau no período de 1949-1995" e, consequentemente, solicitou-me um artigo sobre as actividades musicais em Macau, e que me concentrasse no período de 1980 até aos nossos dias. Tornar-se-ia demasiado extenso registar todos os pormenores da minha investigação feita ao longo destes últimos dois anos e, por isso, limito-me a registar, de uma forma resumida, os seguintes aspectos: (i) organismos do Governo envolvidos na educação musical e em actividades musicais; (ii) a música no currículo escolar; e (iii) festivais de música.

Organismos do Governo Envolvidos na Educação Musical e em Actividades Musicais

Os organismos do Governo de Macau com os quais entrei em contacto incluem o Departamento de Ensino da D. S. E. J., o Leal Senado de Macau, a Teledifusão de Macau, S. A. R. L., e o Instituto Cultural de Macau.

Departamento de Ensino

O Departamento de Ensino é responsável pela educação musical nas escolas primárias e secundárias. Neste âmbito, fui apresentado a Sou Chio Fai (蘇朝輝), Chefe do Departamento de Ensino, para falarmos sobre a política e outros temas sobre o ensino/aprendizagem da música nas escolas primárias e secundárias de Macau. Numa breve sessão, Sou Chio Fai apresentou-me os seus colegas, nos quais se incluem Chan Kai Chun (陳繼春), Chefe da Divisão de Extensão Educativa; Catarina Lopes da Silva (鮑羅嘉連), Chefe da Divisão de Educação Pré-Escolar e Ensino Primário e May Lam Wan Mei (林韻微 ), Técnica Superior da Divisão do Ensino Secundário e Técnico Profissional.

Segundo Sou Chio Fai, a educação musical em Macau e as suas características mais relevantes podem resumir-se da seguinte forma:

i. O Governo e as Escolas: anteriormente, não existia uma relação de dependência entre a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude e as diferentes escolas, tal como se verifica em Hong Kong em que todas as escolas têm de seguir as directrizes do Departamento de Ensino do Governo de Hong Kong. A falta de intervenção do Governo de Macau nas escolas privadas durou até aos anos 80.

ii. Não Uniformização dos Exames: nunca houve, em Macau, exames uniformizados.

iii. Escolas Privadas: a partir do início dos anos 80, o Governo de Macau começou a subsidiar as escolas privadas, as quais constituem 93% das escolas de Macau. Depois de ter sido introduzido o sistema de atribuição de subsídios às escolas, o relacionamento entre o Governo de Macau e as escolas tornou-se mais estreito o que permitiu impôr algumas linhas de orientação.

iv. Lei n° 11/91/M: paralelamente, o Governo de Macau começou a traçar uma política de educação e em 1991 foi aplicada a Lei n° 11/91/M em 29 de Agosto (Lei Base do Sistema Educativo de Macau).

A referida lei inclui 10 artigos, os quais cobrem uma larga escala de tópicos tais como termos de referência, a estrutura do sistema educativo, distribuição de recursos, classificação de organizações educativas e a gestão do sistema educativo. A Lei 81/92/M foi revista em 1992 e aprovada tal como tinha sido determinado na lei supra-mencionada. A 18 de Julho de 1994 a lei foi novamente sujeita a alterações e é actualmente a Lei 38/94/M.

v. Autonomia Pedagógica e Financeira: apesar da publicação da Lei n° 11/91/M, as escolas continuam a preservar a sua autonomia na administração financeira e na orientação pedagógica. No entanto, o Governo de Macau criou comissões consultivas na área do desenvolvimento curricular a fim de manter a qualidade do ensino/aprendizagem.

vi. Manuais Escolares: há três tipos de manuais escolares nas escolas de Macau: (a) Manuais publicados em Hong Kong para as escolas de Hong Kong, para exames de nível avançado e superior; (b) Manuais publicados na República Popular da China; e (c) Manuais publicados em Taiwan.

vii. Ensino Superior: em Macau, cerca de 80% dos alunos do ensino secundário continuam os seus estudos no Ensino Superior. Dos 80%, 50% vão para a Universidade de Macau, 25% vão para as universidades de Taiwan e os restantes 25% vão para universidades na China.

viii. Educação Musical: dado que não existe departamento ou quaisquer cursos de música na Universidade de Macau, os finalistas do ensino secundário não têm hipóteses de continuar os seus estudos a nível superior nesta área. Não existem estatísticas relativamente aos 25% dos alunos que vão estudar para universidades na China e, como tal, desconhece-se o número de alunos que escolheram estudar música. Relativamente aos alunos que vão para Taiwan, sabe-se que poucos são os que optaram por música.

Com a ajuda de Sou Chio Fai e dos seus colegas, pude visitar algumas escolas nas quais se incluem as escolas secundárias Pui Ching e Kao Yip, a Escola Primária Luso-Chinesa do Bairro Norte, a Escola Básica e Secundária Infante D. Henrique, e o Jardim de Infância Luso-chinês Tamagnini Barbosa. Visitei também alguns "Centros Musicais" para adultos tais como o Instituto de Macau de Ópera Cantonense, o Instituto de Música Fortuna e o Centro de Música Lok Lam. A impressão que retive destas visitas está resumida nas secções mais relevantes deste artigo.

Leal Senado de Macau

Em Hong Kong, o Conselho Urbano (Urban Council) e o Instituto Regional (Regional Council) têm desmpenhado um papel central na vida cultural da população de Hong Kong. A fim de averiguar se o mesmo acontecia em Macau, fui falar com Maria Alice Fonseca de Castro Fernandes, Chefe de Sector de Exposições e Serviços Recreativos e Culturais do Leal Senado de Macau e com o seu colega Henry Ma Kam Keong, Chefe do Sector de Artes Gráficas dos Serviços Recreativos e Culturais.

À semelhança dos dois conselhos de Hong Kong, o Leal Senado de Macau zela pela qualidade de vida da população de Macau, tendo a seu cargo serviços municipais, neles se incluindo serviços culturais. Contudo, especialmente nestes assuntos, é o Instituto Cultural de Macau (I. C. M.) que tem a maior responsabilidade, enquanto o Leal Senado se concentra mais nos serviços municipais, mais directamente relacionados com a vida quotidiana dos cidadãos.

Wong On Yuen, executante de erhu.

Segundo Alice Castro e Henry Ma, o envolvimento do Leal Senado de Macau em actividades culturais tem-se circunscrito a (i) exposições — artes visuais; (ii) etnografia — antropologia; (iii) actividades municipais — atletismo e ciclismo, aeromodelismo, dança, concursos de desenho para crianças e Da Hei (ópera cantonense). O I. C. M. encarrega-se de actividades anuais de maior nível e dimensão tais como o Festival Internacional de Música de Macau, o Festival de Artes de Macau, da formação musical no Conservatório de Macau, da Orquestra Sinfónica de Macau, da Orquestra Chinesa de Macau, etc.

Além das actividades supra-men-cionadas, o Leal Senado também tem a seu cargo a administração de dois fóruns — Fórum I e Fórum II — que consistem em um complexo desportivo e outro cultural, integrado na futura zona urbana do Porto Exterior. Na sua primeira fase, o Fórum de Macau é composto por dois pavilhões, ambos com ar condicionado. O primeiro pavilhão, considerado o maior espaço metálico na Ásia, tem capacidade para 4.000 pessoas, numa área de 7.280 metros quadrados. Apesar de ter sido inicialmente concebido para actividades desportivas, tem também funcionado como local para actividades musicais, como por exemplo, óperas, espectáculos de dança, etc.

O segundo pavilhão tem uma área de 755 metros quadrados com 350 lugares sentados. Este pavilhão, além de ter condições para actividades desportivas, pode também ser usado para exposições e conferências, com sistema de tradução simultânea.

Estes dois pavilhões abriram ao público em 27 de Maio de 1985. Enquanto o Centro Cultural não estiver pronto, algumas das actividades musicais continuarão a ser realizadas nos dois fóruns.

Existe ainda uma organização cultural e recreativa, que é considerada um departamento do Leal Senado responsável pelos assuntos culturais. Como departamento tem vindo a expandir as suas actividades, incluindo (i) museus; (ii) galerias; (iii) grafismo para exposições; e (iv) actividades recreativas.

O papel do Leal Senado de Macau na área cultural é muito diferente do papel cultural do Conselho Urbano de Hong Kong. No entanto, o Instituto Cultural de Macau tem um portfolio muito mais vasto e diversificado o qual não só inclui a música, a dança e outras formas de expressão artística, como também se ocupa de bibliotecas, publicações, traduções e antiguidades. É pelo facto de existirem estas diferenças que o Leal Senado de Macau desempenha um papel menor nas actividades culturais.

Teledifusão de Macau, S. A. R. L.

A radiodifusão é uma componente bastante importante na vida musical de qualquer sociedade. Assim, decidi incluir a Teledifusão de Macau na minha lista de instituições a visitar. A Teledifusão de Macau (T. D. M.) fica no Edifício Nam Kwong na Av. Rodrigo Rodrigues, ocupando aí dois andares. Em meados de Outubro de 1995, entrevistei a Directora de Programas e Directora da Rádio Comercial da T. D. M., Rina Tay.

Rina Tay informou-me, na altura, que há duas estações de rádio: a estação em chinês chamada "Ou Mun Tin Toi" (O. M. T. T.), uma transliteração do som em cantonense de "Rádio Macau"; e a estação em português que se chama "Teledifusão de Macau" (T. D. M.). A partir de 1995, tanto a O. M. T. T. como a T. D. M. acabaram com as transmissões A. M. e, hoje, ambos transmitem apenas em F. M.. No que diz respeito à Rádio Vila-Verde tem estado inactiva desde há bastante tempo. Especula-se que há um consórcio interessado nesta rádio e que se encontra em negociações com as partes interessadas. Dado que a Rádio Vila-Verde é uma estação privada, as negociações de venda não serão levadas a cabo, principalmente porque haverá a tranferência de soberania em 1999. A partir do gráfico de programas fornecido por Rina Tay, é possível ver claramente que a Rádio Macau 2 atrai um largo número de ouvintes, um número muito maior do que a Rádio Macau 1, a Rádio Vila-Verde e a Rádio Comercial Chinesa. É interessante saber que existe muita gente em Macau que sintoniza a R. T. H. K. e as emissões de rádio da Zona Económica do Rio das Pérolas, embora o número não seja significativo.

Segundo Rina Tay, a música clássica europeia foi introduzida muito recentemente em Macau e talvez por isso haja apenas um número reduzido de pessoas que ouvem a R. T. H. K.. De realçar é ainda o facto de os rádio-ouvintes de Macau pertencerem a uma camada juvenil.

Instituto Cultural de Macau

Tal como referi na secção intitulada "Leal Senado de Macau", o Instituto Cultural de Macau (I. C. M.) tem desempenhado um papel vital na vida cultural de Macau e desempenhará um papel ainda mais importante no próximo ano. Eu não poderia concluir o meu trabalho de investigação sobre música de Macau se não escrevesse um capítulo sobre o trabalho do I. C. M.. Por este motivo, entrevistei a Presidente do I. C. M., Gabriela Pombas Cabelo, em Outubro de 1995, através do contacto com Teresa Sena, Chefe da Divisão de Estudos, Investigação e Publicações.

Na entrevista estiveram também presentes Gary Ngai Mei Cheong, Vice-Presidente do I. C. M. e Teresa Sena.

É importante ter uma perspectiva generalizada da política e iniciativas culturais oficiais do Governo de Macau, assim como possuir os pormenores e estatísticas necessários para a análise das diferentes actividades culturais organizadas ao longo do período que esta investigação abrange. Para tal tornava-se absolutamente necessário entrevistar a Presidente do I. C. M. e foi essa a razão que me levou a ter uma conversa com a referida entidade.

Gabriela Cabelo já tinha falado comigo, em 1991, a propósito da minha proposta de investigação, desempenhando na altura o cargo de Vice-Presidente. Daí conhecer a base do projecto, o que veio tornar a nossa conversa mais fácil.

A Presidente recordou que, quando chegou pela primeira vez a Macau, não existia o Festival nem qualquer outro acontecimento musical. Em 1982, o Governo começou a subsidiar actividades artísticas. Por exemplo a Academia do Padre Áureo começou a receber um subsídio do Governo. Em Setembro do mesmo ano, foi criado o I. C. M. e começaram a ser organizadas actividades musicais tais como concertos ao domingo com maestros vindos de Hong Kong. Os artistas convidados que iam a Hong Kong começaram também a vir dar recitais e concertos a Macau. De acordo com estatísticas, em 1983, foram organizados pelo I. C. M. 58 espectáculos e concertos.

"Les Ballets Jazz de Montreal".

A partir de 1984, o I. C. M. vem desenvolvendo um projecto muito mais ambicioso de actividades musicais para a população de Macau assim como o Governo começou a investir mais na área da cultura. Em 1984, o I. C. M. criou a Orquestra Sinfónica de Macau, que começou a dar uma série de concertos instrumentais; em 1986, foi formada pelo I. C. M. a Orquestra Chinesa e Macau passou a ter mais concertos instrumentais. A luz destas inovações, a população de Macau passou a poder disfrutar de mais actividades musicais deixando assim de ter necessidade de se deslocar a Hong Kong para assistirem a concertos.

A partir daí, o desenvolvimento foi acelerado: o Festival de Música de Macau foi montado em 1987, foi fundada a Academia das Artes de Macau para formar futuros músicos, e foram ainda organizadas muitas outras actividades musicais, como por exemplo o Festival de Artes de Macau, etc.

Quando perguntei à Presidente do I. C. M. aquilo que ela gostaria de fazer no âmbito da música a partir de aquele momento até 1999, ela respondeu-me que gostaria de fazer algo mais para melhorar a vida musical da população de Macau, por exemplo, organizar mais concertose recitais, expandir a Orquestra Sinfónica de Macau e a Orquestra Chinesa de Macau, etc.

Seria de facto importante escrever sobre a filosofia subjacente ao funcionamento do I. C. M., sobre a estrutura e as funções desta organização. No entanto, tal tarefa revela-se demasiado extensa para incluir neste artigo.

Nos próximos capítulos irei abordar alguns pormenores sobre o Festival Internacional de Música de Macau e por isso dedicarei também algumas palavras a uma importante Divisão do I. C. M. e à única divisão académica que é a Divisão de Estudos Investigação e Publicações, sob a direcção de Teresa Sena.

Segundo Teresa Sena, a sua divisão orienta em média 16 projectos de investigação por ano. Destes, seis a sete estarão concluídos entre 1990 e 1994. A Chefe de Divisão revelou-me que, entre todos os projectos subsidiados pelo I. C. M., o meu era o único projecto sobre música. Isto indica claramente que, até ao momento presente, existe uma tendência para as pessoas dirigirem o seu interesse para as artes dramáticas e musicais — é o caso de Macau, assim como o caso de Hong Kong, de Taiwan, da China, dos Estados Unidos e da Europa.

Maestro Silva Pereira.

A segunda função desta Divisão é a administração de bolsas de estudo nas seguintes áreas:

(i) História

(ii) Artes

(iii) Literatura

(iv) Património Cultural

(v) Antropologia; e

(vi) Sociologia.

Em 1988, o primeiro grupo de quatro bolseiros completou os seus trabalhos de investigação; em 1993, o número era de cinco; em 1995, onze. Num total foram atribuídas 20 bolsas de estudo, cujos trabalhos de investigação já estão concluídos. A terceira função desta Divisão é organizar conferências e simpósios. De 1990 a 1994, organizaram quatro grandes conferências à escala internacional. O Simpósio Internacional sobre Religião e Cultura, que se realizou de 28 de Novembro a l de Dezembro de 1994, e o simpósio internacional intitulado "Encontro de Culturas: Macau e a Diversidade Étnica na Ásia", que teve lugar de 3 a 7 de Novembro de 1993, foram extraordinariamente dispendiosos. Outros de menor escala tal como o "Encontro Internacional de Literatura Comparada: Dialogo Cultural e Dificuldades de Entendimento", que se realizou de 13 a 14 de Outubro de 1995 são importantes na medida em que fortalecem o intercâmbio de culturas. Lamentavelmente a minha proposta original de organização de uma conferência sobre "A Música em Macau de 1949 a 1995" após a conclusão do meu trabalho de investigação, prevista para 1996, não poderá concretizar-se devido à falta de verbas. No entanto, sendo o meu projecto o único sobre música em Macau, sou de opinião que este deveria ter um tratamento prioritário.

Ileana Cotrubas, soprano.

Fui também informado por Teresa Sena que o seu departamento subsidia estudantes de artes dramáticas e musicais dos quais se destacam um doutoramento em piano na Universidade de Cansas, uma pós-graduação em violino no Conservatório de Xinhai em Cantão e uma bailarina que estudou em Hong Kong e na Suíça. Estes candidatos que beneficiaram de bolsas de estudo do I. C. M. terão de trabalhar em Macau durante um período correspondente à duração dos seus estudos. O orçamento deste departamento, no ano de de 1995, foi de 3.8 milhões de patacas.

A Música no Currículo Escolar: Um Estudo Comparativo

De acordo com a brochura Estabelecimentos de Ensino de Macau: Sua Caracterização, publicado pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude de Macau, em 1994, existem mais de 104 escolas, cuja classificação é a seguinte:

Jardins de infância oficiais

Jardins de infância oficiais

lang=EN-US style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

7

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Escolas primárias oficiais

style="mso-spacerun: yes">  

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

7

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Escolas secundárias oficiais

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style='font-family:宋体;mso-ascii-font-family:"Times New Roman";mso-hansi-font-family:

"Times New Roman"'> 

Educação especial oficial

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style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

2

lang=EN-US style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

Jardins de infância privados

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style="mso-spacerun: yes"> 8(1)

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Escolas primárias e escolas

style="mso-spacerun: yes"> 

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style='font-family:宋体;mso-ascii-font-family:"Times New Roman";mso-hansi-font-family:

"Times New Roman"'> 

      secundárias privadas

style="mso-spacerun: yes">  

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

style="mso-spacerun: yes"> 57 (2)

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Educação especial privada

style="mso-spacerun: yes"> 

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

3

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Total                         

84

(3)

 

(1) Dos sete jardins de infância, existem três independentes (Centro de Educação Infantil Santo António, Escola Song of Grace e Jardim Infantil D. Arquimínio da Costa), e cinco estão ligados a escolas secundárias.

(2) É difícil separar as escolas primárias das escolas secundárias e, por isso, agrupámo-las.

(3) Este quadro está de acordo com os dados da edição de 1994 Estabelecimentos de Ensino de Macau: Sua Caracterização: 1992-1993. Os dados fornecidos pelo Departamento de Ensino em Novembro de 1995 são os seguintes:

Escolas primárias oficiais

Escolas primárias oficiais

style="mso-spacerun: yes">   

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

 

7

Escolas secundárias oficiais

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style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

 

2

Escolas privadas com paralelismo

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style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

pedagógico (sistema oficial)

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2

Escolas primárias privadas

style="mso-spacerun: yes">   

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

 62

Escolas secundárias privadas

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style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

 31

Total                          

104

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As discrepâncias estarão provavelmente relacionadas com o facto de algumas destas escolas se encontrarem ainda em construção na altura da compilação dos dados para a edição de 1994, relativa aos anos de 1992 e 1993.

Ao observarmos Características do Sistema de Ensino de Macau: Currículo para 1993-1994, publicado pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude em 1994, podemos encontrar uma variedade de combinações de música como disciplina tanto nas escolas primárias como nas escolas secundárias e que passaremos a explicitar.

Currículo do Ensino Secundário

i. Escolas Oficiais Portuguesas: opcional apenas para o 7°, 8° e 9° anos, mas não há aulas de música; para o 10°, 11° e 12° anos não é nem opcional nem há aulas de música, por exemplo na Escola Secundária Infante D. Henrique.

ii. Escolas Secundárias Privadas (Ensino Geral): a partir do 7° e 8° anos existe uma aula de música por semana na maior parte das escolas; existem, contudo, escolas que oferecem aulas de música uma vez por semana apenas ao 7° e 8° anos; a escola Choi Kou tem no currículo duas aulas de música por semana para o 7°, 8° e 9° anos e uma aula para o 10°ano; a escola D. Bosco tem educação musical como uma entre três disciplinas de opção. Se o aluno (do 7°, 8° ou 9° anos) escolher a disciplina de música, terá então de frequentar as aulas três vezes por semana.

iii. Escolas Secundárias Privadas (Ensino Complementar): normalmente não há aulas de música para o 10°, 11° e 12° anos, à excepção de algumas escolas como por exemplo o Instituto D. Melchior Carneiro que tem uma aula de música por semana para todos os anos, do 7° ao 12°, o que é de facto raro.

iv. Escolas Primárias Privadas: normalmente as escolas primárias têm uma aula de música por semana, contudo, algumas delas têm esquemas diferentes: por exemplo a Escola das Nações e a Escola Choi Kou têm duas aulas de música por semana desde o 1° até ao 6° ano; a Escola Primária Central Luso-Chinesa tem uma aula de música por semana do 1° ao 4° ano e duas horas por semana do 5° ao 6° ano; a Escola Caritas de Macau tem duas aulas de música por semana para o 1°, 2° e 3° anos e uma aula para o 4° e 5° anos; o Instituto D. Melchior Carneiro tem duas aulas de música por semana do 1° ao 3° ano e uma aula por semana do 4° ao 6° ano.

v. Jardins de Infância: nos jardins de infância, há normalmente três a quatro aulas de canto por semana. Por exemplo, na Escola Choi Kou existem quatro aulas de canto por semana para cada um dos três anos (três níveis de ensino) e a Escola Cham Sou de Macau tem três lições por semana.

Conclusões

É importante ter em conta as duas publicações da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude e analisá-las, uma vez que são extremamente úteis. A partir da análise supra-mencionada e das aulas de música a que eu assisti nas diferentes escolas, poderei fazer as seguintes observações:

(i) E lamentável que não haja aulas de música na maior parte das escolas secundárias (senior). Se o curriculum não puder suportar a disciplina de Educação Musical, devem ser então promovidas actividades extracurriculares na área da música. Principalmente porque é impossível viver sem música.

(ii) Retive a sensação de que as escolas privadas estão a desenvolver um trabalho melhor na área da Educação Musical do que as escolas portuguesas oficiais. Contudo, assisti apenas a uma aula de música na Escola Infante D. Henrique e achei-a mais interessante do que aquelas que presenciei nas outras escolas privadas.

Maestro Sándor Végh.

(iii) O número de aulas de música para os diferentes níveis varia de uma a três aulas por semana tanto nas escolas primárias como nas escolas secundárias; e nos jardins de infância varia de duas aulas para quatro.

(iv) O número de aulas não é tão importante como a qualidade do ensino/ aprendizagem da música, e um ensino/ aprendizagem satisfatório requer (i) professores qualificados; (ii) manuais bem concebidos; e (iii) condições adequadas.

(v) O nível de qualidade do ensino da música numa escola não depende inteiramente das aulas em si. As actividades extra-curriculares também são extremamente úteis para complementar o ensino/aprendizagem regular da música.

Festivais de Música: A Filosofia do Festival Internacional de Música de Macau: Uma entrevista com António Duarte de Almeida e Carmo, organizador do I Festival

Fui aconselhado a entrevistar António Duarte de Almeida e Carmo, o organizador do I Festival Internacional de Música de Macau em1987. Existem sempre factores importantes subjacentes a grandes acontecimentos como é o Festival Internacional de Música de Macau e, como tal, considerei interessante descobrir, através do seu primeiro organizador, qual a filosofia de organização de um festival deste tipo.

António Carmo revelou-me que, na altura, o Governador de Macau, o Professor Doutor Pinto Machado, Governador de Macau de 1986 a 1987, era professor na Faculdade de Medicina do Porto, cargo que ainda hoje exerce, e era também um homem de cultura. Ele foi a pessoa que veementemente defendeu a necessidade de se realizar um festival de música para a população de Macau, uma cidade apenas conhecida pelo jogo. E possível que as corridas de automóveis também fossem conhecidas do mundo exterior, contudo, a imagem internacional de Macau é a de uma cidade de jogos de fortuna e de azar. Realizar um festival de música em Macau não só iria promover o intercâmbio de culturas entre o Ocidente e o Oriente, como também contribuiria para dar uma imagem positiva de Macau e para cultivar na sua população um gosto mais saudável pela cultura.

O intercâmbio de culturas entre o Ocidente e o Oriente não se resume apenas ao intercâmbio entre a China e os países ocidentais. Tem, pelo contrário, conotações muito mais vastas, incluindo todas as culturas da Ásia. António Carmo salientou que o Professor Pinto Machado e os seus colaboradores tinham inicialmente planeado convidar artistas de toda a Ásia: da Malásia, da Indonésia, da Índia, da Coreia, etc. Infelizmente, na altura, isso não se concretizou. No entanto, o Festival Internacional de Música tem-se vindo a desenvolver na direcção correcta ao longo destes últimos nove anos. Artistas, orquestras sinfónicas e coros de Xangai, Pequim, Cantão e Hong Kong têm feito um excelente trabalho. António Carmo recordou que tinha sido extraordinariamente difícil preparar o I Festival de Música, essencialmente devido à impossibilidade de concessão de vistos o que tomava todos os projectos impossíveis. Agora, nove anos depois, a situação é consideravelmente melhor.

Sequeira Costa, pianista.

António Carmo acrescentou também que o I Festival de Música lhes tinha custado quatromilhões de patacas. Este ano (1995) foi estimado em dez milhões. Disse também que o acontecimento mais memorável do I Festival de Música foi a presença da famosa estrela de cinema e Embaixadora da UNICEF, Audrey Hepburn, que atraiu 130 milhões de pessoas de todo o mundo, uma vez que a ocasião foi transmitida pela televisão via satélite. Este acontecimento fez história em Macau.

Em 1987, recordou ainda A. Carmo, não houve um bom concerto de piano em Macau, e os artistas que vieram actuar não eram exactamente os ideais. Daqui a dois anos, a população de Macau poderá dispor de um Centro Cultural e as actividades musicais irão, com certeza, ter um considerável desenvolvimento. Actualmente, as pessoas parecem ter aceitado definitivamente o Festival Internacional de Música.

No seu artigo intitulado Macau, Capital da Música: Uma Razão para o Festival, António Carmo escreveu:

"Todos sabemos que Macau é muito importante — atrever-me-ia a dizer, único — exemplo de como é possível que pessoas de raças diferentes vivam lado a lado. O visitante aberto e observador poderá ver reflexos desta mistura por todo o lado: na arquitectura, no dialecto local de raiz portuguesa, nos traços das pessoas, na cozinha, etc. Contudo, as diferenças superficiais saltam à vista.

Assim, deveriam ser proporcionadas outras atracções, e não apenas o jogo, a todos os turistas que se deslocam a Macau para aqui ficarem durante algum tempo. Em suma, devemos desenvolver outro tipo de atracção."

O artigo, que foi publicado no terceiro número da "Revista de Cultura" (1987), delineou claramente a filosofia para organizar um festival internacional de música.

António Carmo, actualmente Director do Centro de Documentação e Informação e Relações Públicas da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude de Macau, deixará este Território em 1996. Irá doutorar-se pela Universidade em Portugal e passará a leccionar no seu país a partir do próximo ano.

Festival Internacional de Música de Macau

O I Festival Internacional de Música de Macau realizou-se em 1987, e agora tornou-se um acontecimento anual em Macau. O Festival não é tão só um importante acontecimento cultural, como também goza de prestígio em Hong Kong e noutras regiões da Ásia. A fim de reunir os pormenores mais importantes sobre o Festival, entrevistei Enio José de Souza, assessor da Presidente do Instituto Cultural de Macau (I. C. M.) e Maria Helena Vale, Chefe do Gabinete de Formação e Animação Cultural do I. C. M., respectivamente a 29 e 30 de Setembro de 1994.

O Início do Festival

Enio de Souza, português de origem brasileira, em 1974, foi do Brasil para Portugal para estudar piano no Conservatório de Lisboa mas, mais tarde, decidiu mudar para História de Arte. Formou-se em História de Arte e começou a dar aulas numa escola secundária em Portugal.

Chegou a Macau em Julho de 1983 e, em Agosto, começou a organizar concertos aos domingos, os quais duraram até Dezembro de 1983. No princípio poucas eram as pessoas que assistiam aos concertos, apesar de estes serem gratuitos.

De 1984 a 1987, Enio de Souza substituiu os concertos de domingo pelos concertos do Ano Novo Chinês. Durante estes anos começou a sentir-se a necessidade de organizar um verdadeiro festival de música em Macau, um festival que pudesse integrar as culturas da China e de Portugal e que pudesse dar oportunidade à população de Macau de participar e apreciar esse festival. Efinalmente, em Outubro de 1987, realizou-se o I Festival Internacional de Música de Macau.

Em 1984, Enio de Souza ajudou a formar a Orquestra Sinfónica de Macau. Em 1986, Wong Kim Wai (黃健偉) fundou a Orquestra Chinesa. Após cerca de uma década, estas duas orquestras foram-se aperfeiçoando e hoje desempenham um papel relevante na vida musical de Macau. Também em 1986, Enio de Souza foi nomeado Director da então recentemente criada Academia das Artes Dramáticas e Musicais. Com a ajuda do maestro Simão Barreto e de Doming Lam ( 林樂培 ), um compositor de Hong Kong, originário de Macau, Enio de Souza deixou à Academia uma sólida fundação.

Enio de Souza acrescentou ainda que, depois da Revolução de 25 de Abril de 1974 em Portugal, houve muitas mudanças entre as quais a criação de centros culturais em todo o país. A revolução em Portugal não só democratizou Portugal como também veio promover as artes e enriquecer a vida cultural de Portugal. Talvez estes factores tenham tido influência na promoção das actividades culturais em Macau no início dos anos 80.

Elmar de Oliveira, violinista.

Após uma década de trabalho árduo, as pessoas em Macau começaram a dar valor ao trabalho do I. C. M. e a apreciar mais a música, incluindo o Festival Internacional de Música. O I Festival foi organizado por António Carmo, em 1987, através do Gabinete do Governador. Contudo, o II (1988) e o III (1989) foram organizados pela Direcção de Serviços de Turismo de Macau. A partir do V Festival (1991) o I. C. M. tomou a seu cargo a total responsabilidade da organização do Festival.

Directamente associados ao Festival Internacional de Música, existem hoje a Orquestra Sinfónica de Macau, a Orquestra Chinesa de Macau, o Conservatório de Macau, sendo o I. C. M. o cerne de todos eles, uma vez que sem o Instituto seria praticamente impossível pôr a funcionar todas estas actividades tal como também não seria viável fundar tantas instituições musicais num tão curto espaço de tempo.

Organização do Festival Internacional de Música

Maria Helena Mota Vale, Chefe do Gabinete de Formação e Animação Cultural, éresponsável pela organização anual do Festival de Música, entre outras actividades da responsabilidade do I. C. M., incluindo óperas, concertos, exposições, conferências, etc.

Segundo as palavras de Helena Vale, no início dos anos 80 era muito difícil organizar concertos e outras actividades musicais em Macau porque (i) não havia audiência; (ii) havia falta de locais adequados para os espectáculos e concertos, os quais tinham de ser realizados nas igrejas, escolas ou até mesmo em hotéis; (iii) os participantes não eram artistas profissionais; e (iv) não havia verbas específicas para a organização de actividades musicais. Helena Vale mencionou que uma vez num concerto a audiência era apenas composta por funcionários do I. C. M.. Contudo, em 1986, no salão de bailes do Hotel Hyatt, houve um concerto que esgotou. O progresso era óbvio e extremamente encorajador.

Hoje em dia, o I. C. M. está de facto a organizar um largo número de actividades musicais, em que se incluem as actividades do Conservatório de Música, a Orquestra Sinfónica de Macau, a Orquestra Chinesa de Macau, o Festival Internacional de Música de Macau, o Festival de Artes de Macau, e muitos outros espectáculos, exposições e seminários.

No ano económico de 1994, o I. C. M. teve um orçamento de MOP 1.200.000 para o Festival Internacional de Música, e em 1995 estimaram gastar MOP 2.360.000.

Helena Vale mencionou ainda que o futuro Centro Cultural está projectado para poder comportar 1.200 lugares na sala de concertos, 400 lugares na sala de recitais, terá ainda uma galeria e um centro de exposições. Está previsto que as obras do Centro Cultural estejam concluídas em 1996. Nessa altura a Orquestra Sinfónica de Macau, a Orquestra Chinesa de Macau e outros grupos, como por exemplo o Grupo de Dança, terão um espaço para ensaiar.

Max Van Egmond, barítono.

Os Festivais

Com a ajuda de Teresa Sena e de Heidi Ho Lai Chung (何麗鑽), Chefe do Gabinete de Cooperação e Relações Externas e Tradução do I. C. M., foi-me possível reunir os oito programas do Festival Internacional de Música de Macau, de 1987a 1994.

O I Festival Internacional de Música de Macau teve lugar de 24 a 31 de Outubro, oito dias em que se realizaram oito concertos, cujas principais composições e respectivos compositores passamos a referir:

Joly Braga Santos, Abertura Sinfónica n° 3, Concerto de Ravel em sol maior para piano e orquestra, Abertura de Carnaval de Dvorak, Concerto para violino e orquestra "The Butterfly Lovers" de Ho Zhanhao e Cheng Gang, Sonata de Rossini n°3 para cordas em dó maior, "Pequena Serenata Nocturna", K 525 de Mozart, Serenatas para cordas em dó maior, Op 48 de Tchaikovsky; obras de piano de Schubert, Schumann, Scriabin e de Ravel; obras de violoncelo de Beethoven; árias de ópera para soprano e meio-soprano, "Ensemble" de Haendel, Vivaldi e Mendelssohn; e Cantata para a Festa da Purificação de Maio, BMW 82, de Bach.

Os artistas incluiam Chineses, Portugueses, Romenos, Italianos, Holandeses, etc. A Orquestra Sinfónica da Rádio da República Popular da China e "The Goldberg Ensemble" foram os dois principais grupos instrumentais no I Festival.

Para princípio, o Festival de oito dias foi um modesto começo. A escolha do repertório foi tradicional, contudo equilibrada no sentido europeu — houve concertos, sinfonias, grupos instrumentais e música de câmara, solos de piano e de violoncelo, árias de ópera e um coro: Cantata de Bach.

O II Festival Internacional de Música de Macau começou no dia 22 e terminou no dia 30 de Outubro de 1988, um dia a mais do que o I Festival e consequentemente mais um concerto. Contudo, a principal diferença não foi esta, mas sim o facto de ter sido levada a palco uma ópera neste II Festival, o que o tornou mais substancial e mais colorido.

No II Festival houve: um recital de piano; dois concertos sinfónicos; três recitais de violino; um concerto de música coral; um grupo instrumental; uma ópera de Verdi: "La Traviata".

Os artistas vieram de Portugal, da China, da Alemanha, da Roménia, da Bulgária, da Inglaterra, etc. Participaram ainda a Camerata Académica de Mozart de Salzburg, a Orquestra Filarmónica Sinfónica Central de Pequim, o Coro da Rádio da China e a "Manchester Camerata".

O repertório do II Festival foi bastante académico: houve dois recitais de violino de Beethoven, dois concertos sinfónicos, e ainda um grupo instrumental e recitais de piano — uma equipa razoavelmente convencional. Para Macau, o repertório era um pouco pesado.

Maestro Yuan Fang.

Maestro Michel Corboz.

O III Festival Internacional de Música de Macau começou em 14 de Outubro de 1989 e acabou em 22 de Outubro de 1989. O concerto de abertura do Festival de Música foi o Requiem de Verdi com o soprano Cecília Gasdia, o meio-soprano Lucia Valentini-Terrani, o tenor Liu Wei Wei e o baixo Ferrucio Furlanetto. A Orquestra Filarmónica Central de Pequim e o Coro da Gulbenkian foram dirigidos por Michel Corboz.

Fizeram também parte deste Festival três concertos pela Nova Filarmónica Portuguesa; um concerto de guitarra em que foram interpretadas peças de Sanz, Sor, Albeniz, Falla, Piazzolla e Savio; uma Gala de Ópera; um concerto pela Macau Sinfonieta; um recital de obras de Chopin, Debussy, Ravel e Rachmaninov. Não houve ópera.

O IV Festival Internacional de Música de Macau realizou-se de 20 a 28 de Outubro de 1990. Em nove dias realizaram-se 17 concertos.

Os dezassete concertos resumem-se no seguinte: 1 recital com árias de ópera; 1 recital de tenor; 3 recitais de soprano; 1 concerto de música de câmara; 1 lieder de Schubert; 2 concertos de música de Portugal e da China; 1 apresentação de canto coral; 1 recital com trechos de ópera cantonense; 1 concerto de orquestra. Neste Festival também não houve ópera.

Tocaram a Orquestra Sinfónica da Rádio, a Macau Sinfonieta e a Deutsche Kammerphilharmonik, e cantou o Coro da Gulbenkian.

O V Festival teve lugar de 26 a 3 de Novembro de 1991. Durante os nove dias realizaram-se nove espectáculos. O programa era o seguinte:

Compositores: J. S. Bach, Dvorak, Joly Braga Santos, Villa-Lobos, Manuel Machado, Juan del Encina, Joaquin Garcia, P. Avondano, E. F. Leal, Cima, Gabriel, Viviani, Frescobaldi, Lappi, Locke, Purcell, Bibber, Speer, Fantini, Marulo, Sweelink, Merrula, Scarlatti, Vivaldi, Colista, Uccellini, Marin, Carlos Paredes, Haendel, Beatles, Janácek, Massenet, Gounod, Bizet, Verdi, Rossini e Boccherini; e ainda compositores chineses como Xian Xinghai (洗星海), Guan Naizhong (關迺忠), Cu Xiaocun ( 瞿小松) e Xu Jingxin (徐景新).

Meios: Obras para instrumentos e vozes incluindo composições para piano, cordas, ehru, guitarra, pipa e percussão, sopranos a solo e coro de vozes mistas com acompanhamento de orquestra.

Artistas: da Europa, China, Hong Kong e Macau, etc.

Após observação do programa supra-mencionado, podemos concluir que o V Festival se concentrou mais em pequenas composições do que em trabalhos de fôlego. Não houve nem sinfonias nem óperas. Também é óbvio que o organizador incluiu, conscientemente, composições de compositores europeus e de compositores chineses, tornando assim o Festival um verdadeiro intercâmbio das culturas do Oriente (Macau) e do Ocidente (Portugal).

O VI Festival realizou-se de 25 de Outubro a 8 de Novembro de 1992. Durante os quinze dias realizaram-se 16 concertos, i. e., mais cinco dias e mais sete concertos do que no ano anterior. O programa incluía o seguinte:

Compositores: J. S. Bach, G. F. Haendel, Carlos Seixas, Luigi Boccherini, Giaocchino Rossini, Joseph Hayden, W. A. Mozart, M. Ravel, S. Barber, S. Joplin, M. Laginha, L. F. Branco, A. Delgado, R. Schumann, J. D. Bomtempo, E. Chausson, W. Egk, F. Lehár, Strauss, G. Gershwin, R. Rodgers, C. Porter, L. Bernstein, I. Berlin, J. Kern, R. Wagner, G. Verdi, U. Giordano, C. Saint Saens e L. van Beethoven; os compositores chineses incluíam Xu Jingxin ( 徐景新), Wang Huiran (王惠然), Guan Naizhong (關迺忠), He Zhanhao (何占豪 ), Liu Wenjin (劉文金) e Chen Yonghua (陳永華).

Meios: Solos e grupos vocais e instrumentais tanto de orquestras europeias como chinesas, a ópera em dois actos de Rossini "O Barbeiro de Sevilha", um concerto de violoncelo de C. Saint-Saens, a Sinfonia n° 2 de Beethoven, a Sinfonia n° 27 de Mozart, um concerto de erhu de Liu Wenjin (劉文金), árias de ópera, etc.

Artistas: da Europa, da China, de Hong Kong e Macau, e ainda as seguintes orquestras: Macau Sinfonieta, Orquestra Sinfónica da Ópera Central, a Orquestra Chinesa de Macau e a Filarmónica de Hong Kong.

O VI Festival de Música apresentou uma maior variedade de actuações comparado com o anterior Festival. Este apresentava mais música de câmara, solos vocais e coros, enquanto o último era muito mais abrangente em termos de dimensão e variedade de formas musicais. As composições de grande escala eram peças tanto de compositores chineses como europeus.

O VII Festival realizou-se de 23 de Outubro a 7 de Novembro de 1993, durante 14 dias, com um programa mais sofisticado onde figuravam lieder alemãs, música de câmara, etc. A selecção das composições para este Festival parece ter sido mais sistemática: houve dois concertos de quintetos de música de câmara, dois grandes intérpretes russos, dois concertos sinfónicos, dois concertos pela Macau Sinfonieta, dois concertos para a juventude, um recital de lieder alemã, duas óperas, um concerto de oratória e um concerto com a Orquestra Chinesa de Macau. Ao observarmos o programa, podemos verificar que o organizador teve em consideração o gosto da audiência em Macau.

Elsa Saque, soprano.

Os pormenores do programa do VII Festival são os seguintes:

Compositores: Bizet, Keil, Verdi, Wagner, Borodin, Tchaikowsky, Rachmaninov, Massenet, Saint Saens, Puccini, Mascagni, Grieg, Boccherini, Haydn, Nielson, Berio, Braga Santos, Ligeti, Schumann, Mendelssohn, Wolf, Richard Strauss, Muczynski, John Cage, Carter, Barber, Dahl, Schruller, Benjamin Britten, Poulenc, Simão Barreto, Bernstein, Chopin, Lehar, Gilbert and Sullivan, Young Shui Ting (揚瑞侹), He Zhanhao (何占豪), Yu Xunfa (俞遜發), etc.

Meios: Solos vocais, grupos instrumentais, ópera, coros de vozes mistas, orquestras sinfónicas europeias, etc.

Composições: Árias leves de ópera, quartetos, ópera, lieder, sinfonias, etc.

O VIII Festival, como habitualmente, realizou-se de 15 de Outubro a 3 de Novembro de 1994. Assisti à sessão de abertura com a exposição "Maia: Sob o Fascínio da China", ao concerto de abertura em frente do Leal Senado, à Sinfonia n° 2 de Mahler — em comemoração ao IV Centenário do Colégio de S. Paulo, e à ópera em três actos "Falstaff" de Verdi. Fiquei deveras impressionado pela espontaneidade, atmosfera e atitude musical das pessoas e das actividades, e por isso apreciei cada momento do Festival. Escrevi artigos sobre todos os espectáculos a que assisti.

Liliana Bizineche, mezzo-soprano.

Compositores: L. de Freitas Branco, O. Nicolai, E. Chabrier, Hector Berlioz, Rimsky-Korsakov, A. Vitorino de Almeida, Simão Barreto, Mahler, Edward Elgar, Mozart, R. Vaughan-Williams, R. Rodgers, B. Britten, A. Piazzolla, D. Tiomkun, A. Zarzuela, P. Moncayo, A. Salieri, A. Keil, F. Martin, Johanes Brahms, E. Satie, D. Milhaud, H. Genzmer, J. M. Damase, V. Martins, M. Constant, I. Stravinsky, M. Bruch, A. Dvorak, I. Albeniz, M. Falla, M. Ravel, J. Haydn, Samuel Barber, I. Tchaikovsky, Yuli Turovsky, Telemann, Leclair, Sphor, Wieniawski, Sarasate, Donizetti, e os compositores chineses Li Min Xiung (李民雄), Li Hui (李慧), Lo Leung Fai (盧亮輝), Chan Chung Sheng (陳中 ), Wang Zhenping (王正平), Liu Wenjin (劉文金), etc.

Meios: Semelhantes aos dos dois primeiros anos, com mais ênfase nos grupos instrumentais. Os concertos para a juventude e os concertos da Orquestra Chinesa parece terem passado a ser características permanentes dos festivais.

Tanto quanto pude observar, o Festival atraiu um largo público, incluindo pessoas vindas de Hong Kong.

Artistas: Além daqueles que já tinham estado presentes no anterior Festival, vieram também artistas de Xangai — a Orquestra Sinfónica de Xangai e o Coro da Orquestra Filarmónica de Xangai — e ainda a Orquestra Sinfónica da Ópera Central de Pequim e a Orquestra Municipal Chinesa de Taipé.

O IX Festival começou em 14 de Outubro com uma cerimónia de abertura que consistia numa exposição de cartazes originais de espectáculos de ópera de vários períodos sob o título, "O Fantástico Mundo da Ópera" e acabou em 29 de Outubro de 1995 com o quarto e último concerto de Beethoven no Fórum II. Este ano a ópera foi "O Trovador" de Verdi que se realizou nos dias 26 e 28 de Outubro, tendo eu assistido ao primeiro espectáculo. Tal como é habitual, o nível da qualidade de produção foi excelente, comparável aos das boas óperas europeias, e definitivamente melhor do que os espectáculos montados por produtores de Hong Kong. Outra característica especial foram os quatro concertos de Beethoven, em que foram tocados os cinco grandes concertos para piano do compositor, o concerto para violino, as aberturas (Leonore n°3, Coriolano e Egmont) e o triplo concerto. "The Sixteen" interpretaram "Te Deum" de A. Teixeira e "Messias" de Haendel.

Compositores: H. Hanson, A. Copland, G. Gershwin, António Saiote, R. Schumann, Beethoven, Mendelssohn, F. Lehar, Haendel, A. Teixeira, Mozart, Rossini, Peng Xiuween ( 彭修女), Zhang Xiaofeng (張曉峰), He Zhanhao (何占豪), etc.

Artistas: Maria Schneider, Yuan Fang ( 袁方), Chen Yuan (陳允), Chen Xiyang (陳燮陽), António Saiote, Aníbal Lima, Paulo Gaio Lima, Jorge Moyano, Renato Palumbo, Sequeira Costa, Cao Ding, Manuel Ivo Cruz, João Pereira Bastos, José Manuel Mendes, Ana Paula Russo, Donald Maxwell, Teresa Menezes, Frederico Félix António, Luís Castanheira, Luís Rodrigues, António Silva, Lúcia Lemos, Luísa Brandão, Manuela Teves, José Manuel Coelho da Silva, José Manuel Russo, Inês Calazans, Ana Cosme, Cláudia Pereira Pinto, José Manuel de Sousa, Margarida Rosa Rodrigues, Min Huifen (閔惠芬), Yu Xunfa (俞遜發), Sergey Stadler, Harry Christopher, Elizabeth Matos, Elena Obraztsova, Vincenzo Bello, Mauro Augustini.

Orquestras e coros: "The Sixteen", a Orquestra de Câmara de Macau, a Orquestra Sinfónica de Xangai, o Coro de Xangai, a Orquestra Sinfónica da Ópera Central de Pequim, a Orquestra Chinesa de Macau, e a Orquestra Filarmónica de Hong Kong.

João Pereira Bastos: Uma entrevista com o Director Artístico do Festival Internacional de Música de Macau

Se não tivesse sido apresentado a João Pereira Bastos, o Director Artístico do Festival Internacional de Música de Macau, no dia em que fui recebido pela Presidente Gabriela Cabelo, 19 de Outubro de 1995, teria provavelmente perdido esta oportunidade, uma vez que ele partia para Lisboa em 30 de Outubro de 1995, um dia após o Festival ter terminado. O director artístico de um festival é tão importante que seria criminoso não o entrevistar.

João P. Bastos é um homem generoso e afável, desembaraçado e cheio de vitalidade. Aparentemente tem uma postura descontraída, contudo, não conheço de facto o seu comportamento no trabalho — duvido que seja tão descontraído quando trabalha. Não existe nenhum director artístico que possa ser descontraído na organização de um festival internacional de música como o de Macau.

Fiz-lhe uma entrevista no dia 26 de Outubro no café do seu hotel, entrevista essa que durou duas horas e meia.

Alfredo Kraus, tenor.

O currículo de João Pereira Basto foi apresentado de uma forma muito clara no programa trilingue do Festival de 1995 (pp. 255-257). Obviamente que a sua experiência em jornalismo, rádio e televisão, na escrita e produção teatral valorizaram a sua carreira como director artístico de festivais de música. Embora a experiência profissional seja muito importante, também o temperamento, a facilidade de movimentação e a perseverança desempenham um papel primordial no sucesso de um projecto de larga escala. No caso de J. P. Basto, julgo que a sua personalidade tem muito a ver com a sua carreira.

J. P. Basto começou por me dizer que vem a Macau, para o Festival, três semanas por ano e durante o resto do tempo trabalha para o Teatro Nacional de S. Carlos em Lisboa, i. e., a ópera nacional em Lisboa, como director técnico de produção. Em Setembro de 1995, foi promovido a Director Artístico da Ópera de Lisboa. A Ópera de Lisboa, com mil lugares, foi construída em 1793 e possui agora uma história de mais de dois séculos. J. P. Bastos começou a sua carreira em 1981 como técnico assistente de produção. Em 1993, foi promovido a director técnico de produção. Julgo que J. P. Bastos se tornou mais experiente no fim dos anos 80, início dos anos 90, como se pode depreender das suas sucessivas promoções, uma em 1993 e a segunda em 1995. E é quase evidente que terá outras promoções num curto espaço de tempo.

Em 1991, J. P. Bastos foi convidado para vir a Macau a fim de assistir ao V Festival Internacional de Música e aqui permaneceu durante todo o Festival. Um dia antes da sua partida para Lisboa, escreveu um artigo para um dos jornais mais lidos em Portugal, em que elogiava o Festival na sua generalidade, embora também tenha apresentado algumas sugestões para o seu melhoramento. Três horas antes da sua partida no jactoplanador para Hong Kong, foi-lhe oferecida a Direcção Artística do VI Festival de Música. Foi dramático. Depois de ter analisado cuidadosamente a proposta, aceitou a oferta e este foi o seu IV Festival (1995).

No âmbito da organização do Festival Internacional, J. P. Bastos, além do trabalho habitual da organização, tem de viajar para Xangai, Pequim e outras cidades da China para fazer audições de músicos, orquestras sinfónicas, coros, etc. Ele tem uma excelente opinião do Coro Filarmónico de Xangai, afirmando mesmo que este é o melhor coro em toda a China. Frisou também que a Orquestra Sinfónica de Xangai tem boas cordas, apesar de a secção de instrumentos de sopro ser um pouco fraca. Quando lhe perguntei o que é que ele pensava da ópera "O Trovador", respondeu-me que gostaria que tivesse havido mais tempo para ensaiar os cantores e a orquestra, uma vez que dispuseram apenas de uma semana para o fazer. Em Lisboa, têm normalmente três semanas a um mês para ensaiarem. Disse também que a acústica do Fórum I não era muito má e que tinha podido usar um sistema P. A. na acústica do Fórum I. Acrescentou ainda que em Pequim em 1994 "O Trovador" tinha sido interpretado em chinês, e o resultado tinha sido bastante bom.

Min Hui Fen, executante de erhu.

Para concluir a entrevista, perguntei-lhe o que é que ele tinha a dizer sobre o Festival deste ano (1995) e ele respondeu-me que havia três aspectos que valia a pena mencionar;

(i) O recentemente adquirido piano Steinway, que custou 550.000 dólares de Hong Kong, e esta foi a primeira vez que houve um piano Steinway no Festival Internacional de Macau;

(ii) O grupo "The Sixteen" e a sua interpretação de "Messias" com grande audiência de Hong Kong; e

(iii) A ópera de Verdi "O Trovador" no Fórum I.

E espera ansiosamente a conclusão da obra do Centro Cultural de Macau que deverá estar pronto em 1997.

Segundo J. P. Bastos, os custos dos últimos Festivais Internacionais de Música de Macau foram os seguintes:

O IV Festival em 1990: $ 20 milhões

O V Festival em 1991: $ 13 milhões

O VI Festival em 1992: $ 6 milhões

O VII Festival em 1993: $ 7 milhões

O VIII Festival em 1994: $ 9 milhões

O IX Festival em 1995: $ 10 milhões

Consciente das diferenças existentes entre a audiência em Portugal e a audiência em Macau, ele afirma preferir esta última por ser mais "pura" em termos de gosto e de comportamento, ao contrário do público em Lisboa que é muito mais snob.

Por falta de tempo, foi necessário interromper a entrevista. Faltava apenas uma hora e meia para o começo da ópera. Manifestei o desejo de voltar a entrevistar J. P. Bastos no ano seguinte por ocasião do X Festival.

Festival de Artes de Macau

O I Festival de Artes de Macau realizou-se de 19 de Março a 2 de Abril de 1988. Transcrevo as palavras do Governador de Macau na ocasião:

"Durante os últimos séculos, a população de Macau tem sido conhecida pela sua diligência e pelo seu espírito incansável no trabalho, cujo resultado está bem visível no desenvolvimento do Território. Contudo, devido a inúmeros factores, o nosso desenvolvimento económico não se reflecte na vida quotidiana dos trabalhadores. Tal falha tem impedido o desenvolvimento da vida cultural de Macau.

Pelos motivos anteriormente referidos, o Instituto Cultural de Macau (ICM), com o apoio de cerca de 40 organizações artísticas e culturais, organizou o I Festival de Artes de Macau."

O Governador referiu posteriormente que o Festival iria certamente fortalecer o relacionamento entre o Governo e as organizações artísticas, estreitar a coordenação entre as próprias organizações e cultivar o gosto pelas artes na população de Macau.

No prefácio do programa do I Festival, a Comissão Organizadora agradecia às 38 organizações que entravam no Festival, explicando também quais eram os objectivos do mesmo:

Jennifer Smith, soprano.

i. O I. C. M. é o orgão responsável por delinear e implementar a política cultural do Governo; e com a ajuda de organizações de carácter artístico, o I. C. M. poderá promover e desenvolver as actividades culturais e artísticas em Macau;

ii. O Festival irá estreitar a troca de pontos de vista e de coordenação entre as próprias organizações culturais e artísticas de Macau.

iii. Através das actividades do Festival, a população de Macau terá a oportunidade de avaliar o seu nível de conhecimentos cultural e artístico. A realização do Festival poderá também encorajá-los a participar nas actividades do mesmo.

Das 38 organizações envolvidas no I Festival faziam parte grupos de música, dança, teatro, fotografia, caligrafia e pintura.

A Comissão Organizadora do Festival era composta por membros das organizações culturais e artísticas, por membros do I. C. M. com uma comissão executiva e um secretariado de apoio.

Do programa que durou quinze dias, faziam parte as seguintes actividades:

    i.    Exposições de fotografia
    ii.   Canções e ópera cantonense
    iii.  Teatro
    iv.   Dança 
    v.    Canções populares 
    vi.   Exposições de artesanato 
    vii.  Concertos de orquestras chinesas 
    viii. Exposições de caligrafia e pintura chinesas 
    ix.   Concertos de música coral 

Este tipo de festival de diferentes artes tem como objectivo principal agradar ao público em geral. A variedade e a popularidade são tratadas com a mesma importância, i. e., a música, o teatro, as óperas cantonenses, a fotografia, etc são consideradas de igual importância. E à medida que os níveis de apreciação artística vão aumentando, existe então o Festival Internacional de Música para suprir as necessidades da população.

O IV Festival realizou-se de 26 a 21 de Março de 1993, em que tiveram lugar 27 espectáculos e exposições durante 18 dias. O Secretário Adjunto para a Comunicação, o Turismo e a Cultura fez a seguinte afirmação que figura no programa do Festival: "As actividades criativas devem reflectir as características da cultura local." Este é de facto um príncipio essencial nas actividades artísticas criativas. Disse também que: "O Festival de Artes de Macau eleva as actividades culturais ao seu expoente máximo — essas actividades nascem da população e consequentemente devem retornar à população."

O programa incluía exposições de fotografia e pintura; canções e dança, concertos de bandas, a Macau Sinfonieta, erhu, ópera cantonense e canções do folclore português.

Participaram neste Festival 47 organizações. Existe um número bastante razoável de organizações sólidas a participarem neste Festival, incluindo a Associação de Arquitectos de Macau, a Associação de Economia de Macau, etc.

O V Festival de Artes de Macau realizou-se de 3 a 20 de Março de 1994. O Governador, o General Vasco Rocha Vieira, realçou na sua mensagem um dos seus principais objectivos dizendo que: "O Festival de Artes de Macau anual é uma excelente oportunidade para a população de Macau expandir a sua criatividade." Disse também que: "Agora, Macau mergulhou numa atmosfera de festas, transmitindo uma atmosfera de paz e harmonia em que as pessoas se sentem mais unidas; o objectivo principal do Festival é atrair um espectro mais alargado de participantes, especialmente as Academias."

Este Festival caracterizou-se por exposições de pintura, caligrafia e fotografia, actuações de bandas de música, concertos de orquestras, coros, dança, óperas regionais incluindo óperas cantonenses e óperas "Yue", recitais de pipa e violino, teatro e ballet. Os artistas vieram da China e outros eram de Macau, entre os quais destacamos Liu Dehai (pipa), o Grupo Yueju de Xangai, o Coro da Zona Económica Especial de Zhuhai, o Grupo Coral e de Dança da Mongólia Interior, a Sinfonieta de Cantão, a Orquestra Chinesa de Macau, etc.

O VI Festival de Artes de Macau realizou-se de 4 a 26 de Março de 1995, durante 18 dias em que o programa de 14 de Março foi repetido no dia 15 e o de 21 no dia 22. O programa era semelhante ao dos anos anteriores com as seguintes inovações:

(i) "Cântico a Macau" (澳門吟唱) de "Cheong Hong" (長虹音樂會), Min-Koi Máscara (面具劇社) e Doci Papiaçam di Macau (澳門土生土語演藝會), no dia 10 de Março de 1995.

(ii) A peça de Teatro "As Bodas de Fígaro".

Foi uma excelente ideia terem escolhido o Grupo de Gongos e Tambores de Jiang Zhou da província de Shanxi (山西降州教樂藝術團 ) para o concerto de abertura — foi o espectáculo mais adequado para este tipo de ocasião. Eu tive a oportunidade de assistir a um espectáculo deste grupo em Hong Kong e é de facto impressionante.

O Festival de Artes de Macau, o qual complementa o Festival Internacional de Música de Macau, é um projecto cultural bem pensado que serve objectivos múltiplos tais como cultivar o gosto pela arte na população de Macau, melhorar a qualidade de vida, incentivar as pessoas a participarem nas actividades sociais e culturais, etc, etc.

Os festivais têm tido bastante sucesso.

O Festival de Música para a Juventude de Macau

Todos os anos em Maio, existe um festival de música para a juventude de Macau. Segundo os programas do XII e XIII Festivais de Música, em 1994 e 1995 respectivamente, os jovens até aos 25 anos inclusive podem participar no Festival de Música.

O Festival consta de duas partes, uma de música instrumental ocidental e a outra de música instrumental chinesa, cujos instrumentos passamos a discriminar:

Música Instrumental Ocidental: piano, violino, viola, violoncelo, flauta, oboé, clarinete, fagote, corneta francesa, trompete, trombone, tuba, barítono, saxofone, instrumentos de percussão e guitarra clássica.

Música Instrumental Chinesa: gaohu, ehru, zhonghu, pipa, liuqin, ruan, yangqin, guzheng, dizi, suona, sheng, guan e instrumentos de percussão.

Os prémios foram atribuídos da seguinte forma:

Prémio de Honra: para aqueles que tivessem obtido 90 pontos ou mais.

Prémio de Distinção: para aqueles que tivessem obtido entre 80 e 89 pontos.

Prémio de Mérito: para aqueles que tivessem obtido entre 70 e 79 pontos.

Lucia Valentini-Terrani, mezzo-soprano.

Ferrucio Furlanetto, baixo.

(Os troféus seriam atribuídos aos primeiros três candidatos que tivessem obtido 80 pontos ou mais.)

Prémio do ICM: os três primeiros candidatos que tivessem obtido 85 pontos ou mais seriam premiados com o "Prémio do Instituto Cultural de Macau" no valor de MOP 300,00 até MOP 1.700,00.

O Festival de Artes da Primavera de Macau

Entre todos os festivais de artes de Macau, aquele que reúne o maior número de organizações é o Festival de Artes da Primavera de Macau, i. e., um festival que se realiza durante o Ano Novo Chinês.

O Festival da Primavera é o mais importante de todos os festivais da China e mesmo entre todas as comunidades chinesas fora da China. É por esta razão que a maior parte das organizações deseja participar nas actividades que se celebram durante o Ano Novo Chinês. Como é compreensível, as actividades não se restringem apenas a espectáculos musicais. Organizam-se outras actividades tais como exposições de caligrafia, pintura e fotografia, teatro, festivais de cinema, dança, óperas regionais, etc. Por exemplo, no II Festival da Primavera de Macau, em Fevereiro de 1991, participaram muitas organizações e mais de 30 artistas. No III Festival, em 1992, participaram 51 organizações.

O II Festival realizou-se de 21 de Fevereiro a 9 de Março de 1991. Durante este Festival realizaram-se recitais, concertos, exposições de filmes, exposições de caligrafia e pintura, dança, mímica, num total de 19 concertos. Não foi um festival de grande dimensão, contudo imprimiu suficiente estímulo artístico na sociedade de Macau.

O III Festival realizou-se de 20 de Fevereiro a 16 de Março de 1992. O programa deste Festival foi semelhante ao do II Festival.

Na lista de organizações que participaram incluem-se sociedades de largo espectro, como por exemplo a Sociedade de Filosofia, a Sociedade de Economia, etc.

Observações Finais

Como mencionei no início deste artigo, tendo em conta a amplitude da minha investigação, não teria sido possível incluir aqui os dados que obtive sobre as escolas e instituições musicais que visitei e todas as personalidades que entrevistei. Contudo, espero que os pormenores a que me referi anteriormente, respeitantes aos Serviços do governo envolvidos na educação musical nas escolas, às Academias de música, à música no currículo das escolas e aos festivais de música, possam dar aos leitores algumas ideias sobre o desenvolvimento da vida musical da população de Macau.

Tradução do original inglês por Ana Paula Cleto; revisão da versão portuguesa por Fernando Lima.

*Membro do Centro de Estudos Asiáticos da Universidade de Hong Kong.

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