Urbanismo

CLEPSIDRA

Simão Barreto*

NOTAS INTRODUTÓRIAS

Nas celebrações do 25ō Aniversário da Academia de Música S. Pio X, dedicou-se um dia especial à música e aos compositores portugueses. Neste concerto, por curiosa coincidência, apareceram três obras de três compositores portugueses de gerações diferentes e de orientação estética ainda mais ímpar -- Lopes Graça, Filipe de Sousa e Simão Barreto -- baseadas no mesmo tema poético: a Clepsidra de Camilo Pessanha. Confrontos éticos e estéticos se os houve não se ressalvou. Houve, sim, um maior enriquecimento da cultura portuguesa.

Duas das peças que compõem o ciclo da Clepsidra I ("Viola Chinesa" e "Ao Longe os Barcos de Flores") foram nesse dia executadas, por sinal, com grande aceitação do público, mesmo do sector antimodernista ou antivangardista. Pode ser que as tenham aceitado por cortesia. Também pode ser que as tenham apreciado porque gostaram. Estas mesmas peças foram posteriormente publicadas em fac-símile na "Revista de Cultura", nō 3, por amável insistência do seu eficiente e incansável Director, Luís Sá Cunha, a quem muito agradeço pela oportunidade oferecida.

A poesia de Camilo Pessanha é a maior expressão da poesia simbolista portuguesa, talvez menos esoterista que a de Mário de Sá-Cameiro, mas sem dúvida que é mais hermética e mais difícil que a do introdutor do modernismo em Portugal. Todos estes aspectos vêm dificultar, como é óbvio, as tentativas de interpretação do seu conteúdo. Já houve, como atrás disse, e haverá outras interpretações musicais da obra poética de Pessanha.

Nestes dois ciclos, as ideias musicais não desempenham a tarefa dificí ima de interpretar o sentido poético pessanhista. Por isso, aqui a música não interpreta, mas apenas sugere, segue em paralelo como arte independente que se junta à poesia não para a varolizar ou completar, mas para criar uma nova dimensão de arte: a sublimação de união dos sons musicais com o som e a ideia das palavras. De um lado a música, de outro a poesia que se juntam para formar um todo novo; sem, no entanto, uma absorver ou assimilar a outra.

Outra ideia que procurei aqui esboçar muito fugazmente, infelicidade ou incapacidade minha, é a ideia de duas culturas -- a portuguesa e a chinesa -- que nem antes, nem agora, nem, de certeza, depois, se fundiram, se fundem ou se fundirão, mas que durante muitos séculos coabitaram em perfeita harmonia e consonância no mesmo espaço sócio-geográfico. Esta foi a razão que me levou a acrescentar textos de alguns capítulos do Dao De Jing de Lao Zi aos três sonetos "Caminho I, II, III", uma melodia de carácter oriental sobre o poema "Degraus de Jade" de Li Bai à música da poesia "Interrogação", e a ideia de indicar um erhu (violino chinês) de executar uma melodia construída em escala pentatónica na "Viola Chinesa", enquanto o violoncelo toca a mesma música em ritmos diferentes, por movimento retrógrado.

Uma outra característica que aqui gostaria de mencionar é a de que oito das doze peças que compõem o ciclo da Clepsidra II estarem construídas com o mesmo tema musical, ou melhor, com a mesma cédula melódica nascida do nome de Bach, escrito em notação musical alemã (sib-B, lá-A, dó-C, sib-B). Aliás o próprio Bach já a tinha usado na sua última e monumental fuga, com quatro temas, da sua imorredoura obra A Arte da Fuga (Die Kuns der Fuge) que, infelizmente, deixou incompleta. Esta cédula é tratada e desenvolvida em linguagem serial não no sistema rigoroso dos mestres de Viena, mas numa adaptação livre e cómoda, baseada numa maior flexibilidade e liberdade de processos, de acção e interpreta玮o. Note-se, por outro lado, que a maioria dos poemas destes dois ciclos foi contemporânea da nova linguagem musical.

Creio que são desnecessárias notas explicativas para cada uma das peças. Por isso, limitar-me-ei a sugerir por algumas palavras, quase todas elas tiradas do texto poético, a intenção do sentido musical de cada peça correspondente.

CLEPSIDRA Ⅰ

1 -- VOZ DÉBIL QUE PASSAS

A voz recusa-se a cantar perante a forç musical e melódica deste pequenino grande poem cheio de vida e ritmo. Por isso, a parte do canto quase um recitativo Sprechgesang, baseada numa escala cromática ascendente, apoiada no ritmo das palavras, que naturalmente cresce à medida que vai crescendo a força do poema:

Voz débil que passas,

Que humílima gemes

Não sei que desgraças...

Dir-se-ia que pedes.

Dir-se-ia que tremes,

Unida às paredes,

Se vens, às escuras,

Confiar-me ao ouvido

Não sei que amarguras...

Suspiras ou falas?

Porque é o gemido,

O sopro que exalas?

Dir-se-ia que rezas.

Murmuras baixinho

Não sei que tristezas...

-- Ser teu companheiro? --

Não sei o caminho.

Eu sou estrangeiro.

-- Passados amores? --

Animas-te, dizes

Não sei que terrores...

Fraquinha, deliras.

-- Projectos felizes?

-- Suspiras. Expiras.

2- VIOLA CHINESA

Foi estreada em 1987 durante as celebrações do 25ō Aniversário da Academia de Música S. Pio X, com Filomena Amaro e Fernando Serafim, e posteriormente publicada em fac-símile na "Revista da Cultura", nō 3:

Ao longo da viola morosa

Vai adormecendo a parlenda

Sem que amadornado eu atenda

A lenga-lenga fastidiosa.

Sem que o meu coração se prenda,

Enquanto nasal, minuciosa,

Ao longo da viola morosa,

Vai adormecendo a parlenda.

Mas que cicatriz melindrosa

Há nele que essa viola ofenda

E faz que as asitas distenda

Numa agitação dolorosa?

Ao longo da viola, morosa...

3 — AO LONGE OS BARCOS DE FLORES

Peça, como a anterior, estreada no 25° Aniversário da Academia de Música S. Pio X, igualmente publicada na "RC", n° 3:

Só, incessante, um som de flauta chora,

Viúva, grácil, na escuridão tranquila,

— Perdida voz que de entre as mais se exila,

— Festões de som dissimulando a hora.

Na orgia, ao longe, que em clarões cintila

E os lábios, branca, do carmim desflora...

Só, incessante, um som de flauta chora,

Viúva, grácil, na escuridão tranquila.

E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora

Cauta, detém. Só modulada trila

A flauta flébil... Quem há-de remi-la?

Quem sabe a dor que sem razão deplora?

Só, incessante, um som de flauta chora...

4-CREPUSCULAR

É a última das peças que compõem o ciclo da Clepsidra I. Um pôr-do-sol oriental, numa tarde de Verão, do S. Tiago da Barra, olhando a crista sul do cume da ilha da Lapa. Na quietude do matagal fronteiriço, os pássaros dão os seus últimos gorjeios. Barcos que regressam, outros que saem para a pesca nocturna:

Há no ambiente um murmúrio de queixume,

De desejos d'amor, d'ais comprimidos...

Uma ternura esparsa de balidos

Sente-se esmorecer como um perfume.

Às madressilvas murcham nos silvados

E o aroma que exalam pelo espaço

Tem delíquios de gozo e de cansaço,

Nervosos, femininos, delicados.

Sentem-se espasmos, agonias d'ave,

Inapreensíveis, mínimas, serenas...

Tenho entre as mãos as tuas mãos pequenas,

O meu olhar no teu olhar suave.

As tuas mãos tão brancas d'anemia,

Os teus olhos tão meigos de tristeza...

É este enlanguescer da natureza,

Este vago sofrer do fim do dia.

CLEPSIDRA Ⅱ

1 — INTERROGAÇÃO

"Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço, que adoecia talvez de te saber doente". Amada deixada no continente? Amada chinesa? E porque não? Eis o porquê do "bilinguismo" musical:

Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,

Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;

E apesar disso, crê! nunca pensei num lar

Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.

Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.

E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.

Nem depois de acordar te procurei no leito

Como a esposa sensual do Cântico dos Cânticos.

Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo

A tua cor sadia, o teu sorriso terno...

Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso

Que me penetra bem, como este Sol de Inverno.

Passo contigo a tarde e sempre sem receio

Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.

Eu não demoro o olhar na curva do teu seio

Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.

Eu não sei se é amor. Será talvez começo...

Eu não sei que mudança a minha alma pressente...

Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,

Que adoecia talvez de te saber doente.

2 -- RUFANDO APRESSADO

Rufando apressado,

E bamboleado,

Boné posto ao lado,

Garboso, o tambor

Avança em redor

Do campo de amor...

Com força, soldado!

A passo dobrado!

Bem bamboleado!

Amores te bafejem.

Que as moças te beijem.

Que os moços te invejem.

Mas ai, ó soldado!

Ó triste alienado!

Por mais exaltado

Que o toque reclame,

Ninguém que te chame...

Ninguém que te ame...

3 — Á G UA MORRENTE

Meus olhos apagados,

Vede a água cair.

Das beiras dos telhados,

Cair, sempre cair.

Das beiras dos telhados,

Cair, quase morrer...

Meus olhos apagados,

E: cansados de ver.

Meus olhos, afogai-vos

Na vã tristeza ambiente.

Caí e derramai-vos

Como a água morrente.

4 — VIOLONCELO

Chorai arcadas

Do violoncelo!

Convulsionadas,

Pontes aladas

De pesadelo...

De que esvoaçam,

Brancos, os arcos...

Por baixo passam,

Se despedaçam,

No rio, os barcos.

Fundas, soluçam

Caudais de choro...

Que ruínas (ouçam)!

Se se debruçam,

Que sorvedouro!...

Trémulos astros...

Soidões lacustres...

— Lemos e mastros...

E os alabastros

Dos balaústres!

Urnas quebradas!

Blocos de gelo...

— Chorai arcadas,

Despedaçadas,

Do violoncelo.

5 — CAMINHO

Três sonetos maravilhosos. Três sonetos difíceis, enigmáticos. Por isso a razão de juntar a cada um deles um capítulo do Dao De Jing (A Via e a Virtude) de Lao Zi, a ser dito em chinês:

Caminho I

"Vou a medo na aresta do futuro" (Clepsidra). "A via e a virtude, este dois-um é mistério dos mistérios, porta de todas as maravilhas" (Dao De Jing).

Tenho sonhos cruéis; n'alma doente

Sinto um vago receio prematuro.

Vou a medo na aresta do futuro,

Embebido em saudades do presente...

Saudades desta dor que em vão procuro

Do peito afugentar bem rudemente,

Devendo, ao desmaiar sobre o poente,

Cobrir-me o coração dum véu escuro!...

Porque a dor, esta falta d' harmonia,

Toda a luz desgrenhada que alumia

As almas doidamente, o céu d'agora,

Sem ela o coração é quase nada:

Um sol onde expirasse a madrugada,

Porque é só madrugada quando chora.

Caminho Ⅱ

"Bom dia, companheiro.... a jornada é maior

indo sozinho" (Clepsidra).

"Quem conhece os outros é esclarecido

Quem conhece a si próprio é sábio" (Dao De Jing).

Encontraste-me um dia no caminho

Em procura de quê, nem eu o sei.

— Bom dia, companheiro — te saudei,

Que a jornada é maior indo sozinho.

É longe, é muito longe, há muito espinho!

Paraste a repousar eu descansei...

Na venda em que poisaste, onde poisei,

Bebemos cada um do mesmo vinho.

É no monte escabroso, solitário.

Corta os pés como a rocha dum calvário,

E queima como a areia!... Foi no entanto

Que chorámos a dor de cada um...

E o vinho em que choraste era comum:

Tivemos que beber do mesmo pranto.

Caminho Ⅲ

"Vou sozinho, quero estar só todo o caminho"(Clepsidra).

"Eterna, sem nome, a via, pequena na sua simplicidade primeira, está acima de todas as coisas do mundo" (Dao De Jing).

Fez-nos bem, muito bem, esta demora:

Enrijou a coragem fatigada...

Eis os nossos bordões da caminhada,

Vai já rompendo o sol: vamos embora.

Este vinho, mais virgem do que a aurora,

Tão virgem não o temos na jornada...

Enchamos as cabaças: pela estrada,

Daqui inda este néctar avigorai...

Cada um por seu lado!... Eu vou sozinho,

Eu quero arrostar só todo o caminho,

Eu posso resistir à grande calma!...

Deixai-me chorar mais e beber mais,

Perseguir doidamente os meus ideais,

E ter fé e sonhar — encher a alma.

6 — ESTÁTUA

Estátua de mármore gelado, discreto, "Severo como um túmulo fechado, Sereno como um pélago quieto".

A música aqui é quase estática, imposta pela imobilidade da estátua de mármore gelado:

Cansei-me de tentar o teu segredo:

No teu olhar sem cor — frio escalpelo,

O meu olhar quebrei, a debatê-lo,

Como a onda na crista dum rochedo.

Segredo dessa alma e meu degredo

E minha obsessão! Para bebê-lo

Fui teu lábio oscular, num pesadelo,

Por noites de pavor, cheio de medo.

E o meu ósculo ardente, alucinado,

Esfriou sobre o mármore correcto

Desse entreaberto lábio gelado...

Desse lábio de mármore, discreto,

Severo como um túmulo fechado,

Sereno como um pélago quieto.

7— ESVELTA SURGE

Um flash da Vénus saindo do mar, "esvelta" e sedutora:

Esvelta surge! Vem das águas, nua,

Timonando uma concha alvinitente!

Os rins flexíveis e o seio fremente...

Morre-me a boca por beijar a tua.

Sem vil pudor! Do que há que ter vergonha?

Eis-me formoso, moço e casto, forte.

Tão branco o peito! — para o expor à Morte...

Mas que ora — a infame! não se te anteponha.

A hidra torpe!... Que a estrangulo... Esmago-a

De encontro à rocha onde a cabeça te há-de,

Com os cabelos escorrendo água,

Ir inclinar-se, desmaiar de amor,

Sob o fervor da minha virgindade

E o meu pulso de jovem gladiador.

8— NO CLAUSTRO DE CELAS

Um convento abandonado... As paredes vazias, no entanto reflectem ainda o ambiente claustral, o templo de oração. Esta peça foi estreada no encontro do Elos Clube, no dia 18 de Janeiro de 1989, numa versão para declamador, flauta, violino e duas violetas:

Eis quanto resta do idflio acabado,

— Primavera que durou um momento...

Como vão longe as manhãs do convento!

— Do alegre conventinho abandonado...

Tudo acabou... Anémonas, hidrângeas,

Silindras —flores tão nossas amigas!

No claustro agora viçam as ortigas,

Rojam-se cobras pelas velhas lájeas.

Sobre a inscrição do teu nome delido!

— Que os meus olhos mal podem soletrar,

Cansados... E o aroma fenecido

Que se evola do teu nome vulgar!

Enobreceu-o aquietação do olvido,

Ó doce, ingénua, inscrição tumular.

9— IMAGENS QUE PASSAIS PELA RETINA

Salpicos de som, sugerindo imagens que passam, aparecem e desaparecem:

Imagens que passais pela retina

Dos meus olhos, porque não vos fixais?

Que passais como a água cristalina

Por uma fonte para nunca mais!...

Ou para o lago escuro onde termina

Vosso curso, silente de juncais,

E o vago medo angustioso domina,

— Porque ides sem mim, não me levais?

Sem vós o que são os meus olhos abertos?

— O espelho inútil, meus olhos pagãos!

Aridez de sucessivos desertos...

Fica sequer, sombra das minhas mãos,

Flexão casual de meus dedos incertos,

— Estranha sombra em movimentos vãos.

10 — DEPOIS DA LUTA E DEPOIS DA CONQ UISTA

Depois da luta e depois da conquista

Fiquei só! Fora um acto antipático!

Deserta a Ilha, e no lençol aquático

Tudo verde, verde — a perder de vista.

Porque vos fostes, minhas caravelas,

Carregadas de todo o meu tesoiro?

— Longas teias de luar de lhama de oiro.

Legendas a diamantes das estrelas!

Quem vos desfez, formas inconsistentes

Por cujo amor escalei a muralha,

— Leão armado, uma espada nos dentes?

Felizes vós, ó mortos da batalha!

Sonhais, de costas, nos olhos abertos

Reflectindo as estrelas, boquiabertos...

11 — FLORIRAM POR ENGANO AS ROSAS BRA VAS

Floriram por engano as rosas bravas

No Inverno: veio o vento desfolhá-las...

Em que cismas, meu bem? Porque me calas

As vozes com que há pouco me enganavas?

Castelos doidos! Tão cedo caístes!...

Onde vamos, alheio o pensamento,

De mãos dadas? Teus olhos, que um momento

Perscrutaram nos meus, como vão tristes!

E sobre nós cai nupcial a neve,

Surda, em triunfo, pétalas, de leve

Juncando o chão, na acrópole de gelos...

Em redor do teu vulto é como um véu!

Quem as esparze — quanta flor! — do céu,

Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?

12 — QUEM POLUIU, QUEM RASGOU OS MEUS LENÇÓIS DE LINHO

"Quem poluiu, quem rasgou os meus lençóis de linho..."

O piano a rasgar as cordas, o pano de fundo, ou melhor, o lençol de linho:

Quem poluiu, quem rasgou os meus lençóis de linho,

Onde esperei morrer — meus tão castos lençóis

Do meu jardim exíguo os altos girassóis

Quem foi que os arrancou e lançou no caminho?

Quem quebrou (que furor cruel e simiesco!)

A mesa de eu cear — tábua tosca de pinho?

E me espalhou a lenha? E me entomou o vinho?

— Da minha vinha o vinho acidulado e fresco...

Ó minha pobre mãe!... Não te ergas mais da cova.

Olha a noite, olha o vento. Em ruína a casa nova...

Dos meus ossos o lume a extinguir-se breve.

Não venhas mais ao lar. Não vagabundes mais.

Alma da minha mãe... Não andes mais à neve,

De noite a mendigar às portas dos casais.

*Maestro, compositor, conferencista e crítico musical. Responsável pela Secção de Música do Conservatório de Macau.

desde a p. 77
até a p.