Historiografia

LEITURAS DE DIOGO DO COUTO: APONTAMENTOS SOBRE AS FONTES DAS DÉCADAS DA ÁSIA

Rui Manuel Loureiro*

Olevantamento sistemático, e tão exaustivo quanto possível, dos indícios intertextuais existentes nas Décadas da Ásia permite estabelecer com algum rigor uma lista das fontes que Diogo do Couto utilizou na composição das suas crónicas orientais. Essas fontes são evidentemente da mais diversa natureza, incluindo, por um lado, um alargado grupo de informadores orais e, por outro lado, um diversificado leque de materiais escritos da mais diversa proveniência. A enumeração que de seguida se apresenta será dividida em cinco partes distintas.

a) Informadores orais

b) Documentação avulsa

c) Autores citados

d) Títulos hipotéticos

e) Títulos consultados

Valerá a pena, em primeiro lugar, elaborar uma listagem de todos aqueles informadores que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a composição da obra coutiana e cuja participação é explicitamente reconhecida pelo nosso autor, já que de outra forma seria quase impossível detectar a respectiva presença nas páginas das Décadas. Só depois se passará à análise das fontes escritas propriamente ditas. Esta listagem é tanto mais pertinente quanto em muitos casos não está completamente esclarecida a natureza da contribuição prestada pelos diferentes informadores, que poderia ter sido informal e oral, mas que também poderia ter assumido formas mais elaboradas, resultando na produção de um texto hoje desconhecido. Os nomes deste primeiro apartado são apresentados por ordem alfabética do primeiro nome.

Retrato de Diogo do Couto que figura na 1a edição da sua Década Quinta da Ásia (Lisboa, 1612).

Depois de fixado o rol dos informadores orais de Diogo do Couto, dar-se-á um primeiro passo no estabelecimento da biblioteca coutiana, através da apresentação de uma nova listagem, desta vez com a enumeração possível da documentação avulsa utilizada pelo nosso homem no decorrer do seu labor cronístico. Muitas vezes, ao correr das páginas das Décadas, aparecem referências explícitas a materiais de arquivo; outras vezes, a natureza da informação consignada permite adivinhar o recurso a documentos conservados na Torre do Tombo de Goa. Raramente o cronista disporia na sua colecção pessoal dos documentos citados e/ou utilizados; porém, o facto de a eles ter tido acesso legitima, de certa forma, a sua inclusão numa primeira secção da nossa biblioteca. Estes documentos são ordenados alfabeticamente, em função do título que lhes foi ou pode ser atribuído.

Uma terceira parte registará a extensa relação dos autores citados por Diogo do Couto em alguma parte das suas Décadas. A sondagem realizada permite concluir que muitos destes nomes são referidos pelo nosso cronista em segunda ou em terceira mão, não implicando a respectiva citação o conhecimento ou a utilização dos títulos a eles atribuídos. Mas esta listagem é de qualquer maneira fundamental, uma vez que permite esboçar os contornos do mundo cultural onde Couto se movimenta. Adopta-se também aqui uma ordem alfabética do primeiro nome.

De seguida, uma quarta secção tentará arrolar os títulos hipotéticos da biblioteca coutiana. Algumas vezes, com efeito, o nosso cronista parece fazer uso de determinadas lembranças ou relações escritas, de variável dimensão, que não foi possível localizar nos reportórios bibliográficos conhecidos. Estamos perante fontes definitivamente desaparecidas? Ou conservar-se-ão algumas delas nas nossas bibliotecas e arquivos? Julgou-se importante avançar aqui outras tantas sugestões a respeito de unidades autónomas localizadas no interior da prosa coutiana, hipóteses essas que poderão vir a servir, em futuras investigações, para a identificação de fontes eventualmente compulsadas, e utilizadas, por Diogo do Couto. Adoptou-se nesta secção uma ordem bibliográfica mais convencional, também alfabética, mas por apelido, no caso de se conhecer o provável autor, ou por título, no caso de obras anónimas.

Finalmente, a quinta parte apresentará a longa lista dos títulos consultados, ou seja, as obras hoje conhecidas, ou referidas nos reportórios bibliográficos, que foram de facto utilizadas nas Décadas, independentemente do cronista reconhecer ou não a respectiva utilização. Esta secção contém ainda alguns, poucos, títulos que talvez tivessem sido compulsados pelo nosso autor, embora seja impossível comprovar essa utilização. Mas esse facto é sempre assinalado com um ponto de interrogação (?). Esta última listagem, assim, pode ser encarada como o verdadeiro catálogo da biblioteca de Diogo do Couto, para o qual, tal como na secção anterior, se seguiu uma ordem alfabética de apelidos de autor ou de títulos de obra.

Armas de D. Vasco da Gama no Livro do Armeiro-Mor de João du Cros. Arquivo Nacional - Torre do Tombo, Lisboa.

A verdadeira biblioteca do cronista não incluiria certamente todas as obras referenciadas. Pelo contrário, muitos dos títulos poderiam ter sido consultados em livrarias alheias, em distintas épocas da vida, e nomeadamente junto de instituições religiosas lisboetas ou goesas. Alguns outros títulos, sobretudo relações manuscritas, fariam parte do espólio da Torre do Tombo goesa. Mas o nosso cronista possuía decerto uma larga colecção de obras manuscritas e impressas sobre temáticas orientais.

Carta incluída numa das primeiras edições impressas da Cosmographia de Cláudio Ptolomeu (1477).

a) Informadores orais

Abadaxem - 12, 5, 6.

António Cornejo - 6, 6, 1-6.

António da Fonseca - 7, 9, 16 (?).

António da Madalena, Fr. - 5, 6, 1.

António Toscano - 8, 12-13; 12, 5, 3-5.

António Vaz, Pe. - 7, 4, 7.

Arménio - 10, 5, 6.

Baneanes de Cambaia - 7, 3, 10-11.

Bebi Acila- 10,4,4-11.

Benaoder, mouro árabe - 4, 3, 6.

Capitão de Moçambique - 10, 10, 6.

Caracen - cf. Qara Hasan.

Chinale- 12,2,3-9.

Chingalá cristão - 6, 9, 14-19.

CidAli- 10,4,4-11.

Cofuchão- 10,4,4-11 (?).

Coge Abraão - 6, 10, 17-20.

Cosme Ferreira - 5, 8, 11.

Cristãos indianos - 7, 3, 10-11.

Cunhale- 12,2,3-9.

Custódio Mendes de Vasconcelos - 9, 2.

Diogo de Sousa - 7, 4, 5.

Diogo Dias do Prestes - 5, 10, 4.

Diogo Pereira - 6, 7, 8-9 (?).

Diogo Reinoso - 5, 8, 13-14.

Diogo Rodrigues Caldeira - 10, 7, 1-3 (?).

Embaixadores de Bijapur - 10, 1, 2.

Embaixadores de Johore - 4, 2, 2-3.

Embaixadores decanis - 4, 10,4.

Embaixadores mogores - 4, 10, 1; 4, 10, 3; 5,8, 11; 9, 28.

Embaixadores persas - 4, 10, 2.

Estevão Gonçalves, capitão dos inhames - 8, 3.

Fernão Nunes - 5, 7, 5-8.

Fernão Rodrigues - 7, 2, 5-6.

Fidalgos - 6, 7, 7.

Fidalgos na Índia - 4,4, 1; 4,9,7-9; 10,7,4-7; 10,10,19.

Fidalgos velhos na corte de D. João III - 4, 3, 7-9.

Fernando de Monroy, D. - 7, 1,9-11.

Francisco da Costa - 7, 9, 1-7; 8, 30.

Francisco de Macedo - 8, 3.

Francisco Pais - 7, 9, 16 (?); 8, 21-24.

Francisco Rodrigues - 10, 4, 4-11.

Francisco Rodrigues, D. - 12, 3, 1-3.

Francisco Sardinha - 8, 40.

Gabriel Polaco - 5, 8, 11.

Gabriel Rebelo - 4, 7, 10; 4, 9, 4 (?); 6, 9, 10-13; 6, 9, 20; 6, 10, 11; 7, 5, 3; 8, 25-26; 9, 8-10.

Gaspar de Cáceres - 6, 1, 4-5.

Gaspar de Montarroio - 7, 3, 13-14 (?).

Gaspar Dias de Reboredo - 10, 3, 2-3 (?).

Gentios antigos - 7, 3, 10-11.

Gentios de Diu - 5, 1,9-10.

Giambattista Britti - 10, 7, 4-7.

Guzerates - 4, 9, 3; 4, 9, 6.

Henrique de Melo - 7, 7, 7-11 (?).

Homem antigo de Salsete e Baçaim - 5, 6, 2.

Homens antigos de Cochim - 7, 8, 14.

Homens casados de Diu - 4, 7, 2-4.

Homens de Cananor - 8, 6-10.

Homens de crédito - 8, 37-39.

Homens de Diu - 5, 4, 1-10.

Homens de Goa - 4, 8, 3-4.

Homens velhos - 7, 5, 4-8; 7, 8, 10-11.

Homens velhos de Malaca - 4, 8, 11-12.

Homens velhos em Portugal - 4, 7, 14.

Indianos doutos - 10, 1, 11-13.

Jaus práticos - 4, 3, 1.

Javavelha-9,30-31.

Jerónimo Lima - 10, 1, 11-13.

João Gil-5,4, 1-10.

João Rodrigues Panelas de Pólvora - 5, 5, 1-3.

Jorge Fernandes - 4, 10, 7-8.

Jorge Nunes - 6, 4, 1-4 (?).

Josefo de Salonica - 5, 7, 9.

Judeu douto - 5, 8, 13-14.

Lourenço Feio - 6, 9, 14-19.

Luísa Coutinho, D. - 8, 36.

Manuel Cristóvão - 10, 8, 5-11.

Manuel Nogueira - 10, 4, 4-11.

Mar Abraão- 12,3, 1-3.

Marcos Rodrigues -5,2, 4-5.

Mealecão - cf. Mia Ali Khan.

Mercadores portugueses - 10, 3, 15-17.

Mia Ali Khan - 4, 10, 4; 5, 9, 8-11; 7, 1, 9-11(?);7,2,7-11(?);10,1,2(?).

Mouros de Cambaia - 5, 3, 5.

Mouros de Diu - 5, 1, 9-10.

Mouros práticos - 10, 6, 14.

Mulheres portuguesas - 7, 8, 10-11.

Pêro Braga - 12, 2, 3-9.

Pêro Fernandes - 6, 4, 5.

Pêro Teles - 5, 10, 2.

Pessoa da casa de Caliche Mahamede - 10, 2,4-5.

Pessoas - 6, 9, 1-4; 7, 5, 3; 9, 3; 9, 14; 9, 23; 10, 5, 7-11; 10, 10, 7-17; 12, 2, 3-9.

Pessoas antigas - 5, 9, 7; 6, 4, 1-4.

Pessoas de crédito - 5, 7, 1; 5, 8, 9; 5, 8, 13-14; 7, 8, 12-13; 8, 25-26; 10, 1, 9.

Portugueses de Maluco - 4, 9, 4.

Portugueses de Moçambique - 10, 6, 14.

Portugueses do Pegu - 12, 5, 3-5.

Qara Hasan, eslavónio - 4, 3, 6; 5, 1, 11; 5, 5,4; 5, 10, 9; 6,5, 6-8; 6, 10,16 (?); 7, 1, 3-7; 7, 9, 8-9; 7, 9, 12-14; 10,2,6-8.

Religioso dominicano - 7, 1, 1; 10, 10, 19.

Sapateiro galego - 8, 37-39.

Simão da Costa - 8, 5 (?).

Simão da Nazaré, Fr. - 7, 10, 14-15 (?); 8, 3 (?).

Simão de Morais, Fr. - 10, 5, 6.

Simão Fernandes do Prestes - 5, 10, 4.

Soldados portugueses - 5,7, 5-8; 8, 11; 8, 36.

Vicente Pais - 5, 1, 9-10; 5, 5, 5.

Yusuf Adil Khan, filhos de - 4, 10, 4.

Zinguircan - cf. Qara Hasan.

Como podemos constatar, os informadores coutianos são da mais variada proveniência: tanto portugueses como orientais, originários de todos os estratos sociais e ligados a todo o tipo de actividades. A história oral, parece evidente, ocupa um lugar de relevo na composição das Décadas, complementando e confirmando a documentação escrita, ou mesmo substituindo-a de todo, sempre que necessário.

Carta do Industão num Atlas de c. 1519, atribuído a Pedro e Jorge Reinel. Bibliotèque Nationale, Paris.
Vista da cidade de Goa (século XVI). Biblioteca Nacional, Lisboa.

b)Documentação avulsa

Alvarás:

— de D. Estevão da Gama - 5, 7, 5-8;

—de D. João III-8, 31;

— de Martim Afonso de Sousa - 5, 2, 4-5;

— do rei de Cananor - 12, 3, 1-3;

— dos governadores de Portugal - 10, 1, 4-6.

Apontamentos de um embaixador mogor - 9,28.

Caderno da armada de Manuel de Albuquerque - 4, 8, 5.

Cadernos de receita e despesa:

—?-6,3, 1-10.

— de Bastião da Fonseca - 5,10,2; 5,10,6-8;

— de Duarte do Soveral - 7, 3, 12;

— de Fabião da Mota - 5, 9, 8-11;

— de Manuel de Sá - 4, 7, 2-4;

— de Simão Botelho - 6, 9, 14-19;

— de Simão Vaz Telo - 7, 8, 3-8;

— do feitor de Colombo - 5, 2, 4-5;

— do feitor de Ormuz - 5, 9, 1.

Cartas:

— da cidade de Chaul - 8, 8, 11-13;

— de António Moniz Barreto - 9, 18-19;

— de Cristóvão de Couto - 9, 32;

— de Diogo de Azambuja - 10, 3, 6-7;

—de D. Filipe II-9, 23;

— de D. Francisco Rodrigues - 7, 1,8;

— de Francisco Barreto - 9, 20;

— de Rodrigues Eanes Lucas - 9, 18-19;

— do governador das Filipinas- 10, 3, 6-7;

— do imperador da Abissínia - 4, 1,5.

Certidões:

—?- 12, 1, 3;

— de D. Gil Eanes de Mascarenhas - 10, 3, 8-10;

— de Vasco Fernandes Pimentel - 9, 2;

— sobre Francisco Sardinha - 8, 40.

Contrato das naus - 10, 10, 6.

Contratos de pazes:

— com Banguel - 8, 19-20;

— com Bijapur - 6, 7, 1-6; 7, 1, 9-11; 9, 4-5;

— com Bisnagar - 6, 5, 3-4;

— com Calicute - 10, 4, 4-11; 12, 4, 1-11;

— com Cambaia - 4, 9, 1-2; 5, 1, 12; 5, 5, 7;

— com Ceilão - 12, 1,6;

— com Cochim - 10, 4, 13;

— com o Grão-Mogor - 9, 13;

— com Ormuz - 4, 6, 1-4;

— com reis indianos - 12, 3, 1-3;

— com Sanguicer - 10, 6, 1-5;

— com Travancor - 12, 4, 12-13;

— com Ujantana - 4, 10, 6;

— com Vichantar - 8, 28.

Falas:

— de Coge Çofar - 5, 2, 9; 5, 10, 9;

— de Lopo Vaz de Sampaio - 4, 6, 7-8;

— de mestre Teófilo Napolitano - 5, 1, 2;

— do vice-rei D. João de Castro - 6, 6, 7-9;

— de Pêro de Faria - 5, 9, 8-11.

Juramento dos vice-reis - 9, 15-16

Livros de feitores:

— da armada de Heitor da Silveira - 4, 6, 10;

— de Ormuz - 4, 6, 10.

Livros de armadas - 4, 4, 10; 4, 5, 1-2; 4, 6, 6;

4,7, 11; 4, 7, 13; 4, 8, 2-6; 4, 8, 10; 5, 2, 3; 5,

5,6; 5, 10,6-8; 6, 5,6-8; 6,6,7-9; 6,7, 1-6; 6,

8, 1-9; 6, 9, 1-4; 6, 10, 6-10; 6, 10, 17-20; 7,

1, 3-7; 7, 2, 7-11; 7, 3, 6-9; 7, 5, 4-8; 7, 6, 1-7;

7,9, 1-7; 7,9, 10-11; 7, 10, 7-9; 7, 10,16-17;

8,1; 8, 6-10; 8, 16-18; 8,28-30; 8,32; 8,34-35;

9,3; 9, 11; 9,13-14; 9, 18-19; 9,26;10, 1,8-9;

10,2, 1; 10,4,4-11; 10,5,7-11; 10,6, 1-5;

10,6, 15-16; 10,8,5-11; 10, 10,6; 10,10,18;

11,14; 11,27; 11,34-35; 12,1,1-2; 12,1,7-14;

12,4, 12-13.

Frontispício da Década Sexta da Ásia de Diogo do Couto (Lisboa, 1614).

Procuração de D. Filipe II - 10, 1, 4-6.

Protesto de Pêro de Mascarenhas - 4, 2, 2-3.

Provisões de António Moniz Barreto - 9, 18-19

Regimento de Nuno da Cunha - 4, 5, 1-2.

Requerimentos:

— de Lopo Vaz de Sampaio - 4, 2, 9-10;

— de Pêro Vaz de Mascarenhas - 4, 2, 9-10.

Rol de culpas de Lopo Vaz de Sampaio -4,6, 7-8.

Sentença dos governadores de Portugal - 10, 1,4-6.

Termos do conselho:

— sobre o dente de Buda - 7, 9, 17;

— sobre o trato de cavalos - 8, 29;

— sobre os mogores - 9, 28.

Testamento de Tabajira - 5, 10, 10.

Tratado de Saraçoça - 4, 7, 1.

Via de sucessão - 9, 15-16.

Representação da fortaleza de Tarapor no Livro das plantas de todas as fortalezas, cidades e povoações do Estado da Índia Oriental de António Bocarro e Pedro Barreto de Resende (1635). Biblioteca Pública de Évora.

A lista menciona apenas os documentos de arquivo explicitamente citados pelo cronista. Contudo, fica bem patente o sistemático recurso de Diogo do Couto a estes materiais, muitos dos quais se conservariam na Torre do Tombo goesa. As Décadas, portanto, apoiam-se também numa extensiva pesquisa documental, para além do recurso regular a substanciais depoimentos orais. Em muitos momentos de escrita, o nosso homem utilizou outra documentação que não se dá ao trabalho de referenciar. Talvez uma pesquisa mais exaustiva permita identificar esses materiais arquivísticos. De qualquer forma, sabemos que Couto desde cedo procurou reunir elementos relevantes para o seu projecto historiográfico.

A partir de 1595, a sua posição de cronista oficial e de guarda-mor do Tombo de Goa abriu-lhe as portas a um novo mundo documental, pois passou a ter acesso a muitos materiais oficiais, ao mesmo tempo que dispunha da possibilidade de procurar obter documentos complementares. Das suas atribuições regulares constava a emissão de certidões comprovativas de serviços prestados aos soldados e capitães portugueses que pretendiam reclamar junto do poder real a devida compensação. O processo normal implicava que o interessado fizesse um relato circunstanciado dos feitos militares que queria ver atestados, os quais eram posteriormente confirmados na documentação existente em arquivo, mormente nos livros da matrícula.1 Através deste trabalho burocrático, o nosso cronista tinha assim acesso directo a notícias em primeiro mão sobre muitos dos sucessos que pretendia registar na sua obra cronística. Por outro lado, os arquivos conservavam cadernos de receitas e despesas, contratos da mais diversa natureza, regimentos, provisões, cartas, e sobretudo "os alardes das armadas",2 com as listas de gente do mar e de guerra que embarcavam nos navios despachadas de Goa.

Tábua do porto de Maçuá, no Mar Vermelho, do Roteiro do Mar Roxo de D. João de Castro (1541). Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra.

A título de exemplo, valerá a pena mencionar que o nosso cronista, nalgumas das suas cartas, faz referência a vários textos que conseguira obter no desempenho do seu cargo: uma "relação" feita pelo "padre da companhia que Rezide em calecut"; uma "carta muj comprida de todo o suçesso de sua jornada", enviada por um tal Tomé Grego, capitão de Masulipatão; uma "lista da armada que o Viso Rej Dom Marty Afonso de Castro levou a malaca"; vários "sumarios dua imquirição que o bispo de Cochim Dom frej Andre" mandara a seu pedido tirar em Bengala sobre "hum homem que lá esta de mais de trecentos Annos"; e, finalmente, uma "fala" que ele próprio fizera ao vice-rei D. Martim Afonso de Castro.3 Na posse desta vasta e diversificada documentação, não seria difícil a Diogo do Couto lançar-se na composição da sua obra cronística, que segue frequentemente de muito perto as fontes utilizadas. Vejamos agora, em terceiro lugar, as autoridades citadas nas Décadas coutianas.

c) Autores citados

Abraham Ortelius - 4, 9, 6; 5, 8, 12; 6, 7, 8-9;7,3, 13-14.

Abulfeda-4, 10, 1.

Afonso Brás de Albuquerque - 4, 2, 1.

Afonso o Sábio - 4, 10, 2.

Américo Vespúcio - 12, 1, 15.

Andreas Cambinus - 4, 10, 2.

Anselmo da Lombardia - 4, 10, 1.

Antonino de Florença - 4, 10, 1; 12, 3, 1-3.

Antonio Schipano - 12, 1, 16-18.

António Pinto Pereira - 8, 34-36.

António Tenreiro - 4, 5, 7.

Apiano Alexandrino - 5, 1, 13.

Apolodoro de Atenas - 7, 1, 8.

Arriano de Nicomédia - 4, 1, 7; 4, 9, 6; 5, 7, 5-8; 6, 4, 1-4.

Avicena - 4, 7, 9.

Bartolomé Leonardo de Argensola - 8, 25-26.

Bartolomeo Sacchi - 4, 8, 9; 4, 10, 2.

Battista Campofregoso - 4, 10, 2.

Belchior da Silva, Pe. - 7, 1, 8.

Bento de Góis - 12, 5, 7.

Beroso-4, 10, 1-2.

Caterino Zeno - 5, 1, 13.

Cedreno (?) - 7, 1,8.

Comitre veneziano - 5, 2, 7; 5, 3, 5; 5, 5, 4.

Cristóvão Falcão - 8, 34-35.

Carta do Japão incluída numa das edições do Theatrum Orbis Terrarum, compilado por Abraham Ortelius (Antuérpia, 1612). Biblioteca Nacional, Lisboa.

Damião de Góis - 4, 1, 1; 4, 2, 1; 6, 5, 5; 7, 10, 10-12; 10,6, 14.

Dante-5, 1, 11; 7, 9, 12-14.

Diodoro Sículo - 4, 10, 2.

Diogo do Couto (excepto as Décadas) -4, 8, 1; 8, 1.

Doroteu, bispo de Tiro (?) - 5, 6, 2.

Duarte Gomes de Solis - 10, 7, 1-3.

Eneas Silvio Piccolomini - 4, 10, 2.

Escritores espanhóis (Gonzalo Fernández

de Oviedo?) - 4, 3, 2-4.

Esteban de Garibay y Zamalloa - 7, 10, 10-12.

Estrabão - 5, 7, 9; 10,7, 15-18.

Fernão Lopes de Castanheda - 4, 1, 2; 4, 3, 2-6; 4, 4, 1; 4, 4, 5-7; 4, 4, 10; 4, 6, 1-4; 4, 6, 10; 4, 7, 2-4; 4, 9, 3; 5, 9, 8-11; 6, 5, 5.

Filippo Sassetti - 10, 7, 4-7.

Flávio Biondo - 4, 10, 2.

Flávio Josefo - 4, 10, 1;7, 1,8.

Frades dominicanos - 4, 5, 7.

Francesco Petrarca - 5, 1, 11; 7, 9, 12-14.

Francisco Álvares - 5, 7, 10-11; 7, 1, 1; 7, 1, 8.

Francisco de Andrade - 4, 1, 10 (?); 4, 6, 7-8 (?).

Francisco Gali - 10, 5, 3.

Francisco López de Gomara -4,6, 11.

Francisco Vásquez de Coronado - 10, 5, 3.

Gabriel Rebelo - 4, 7, 10; 6, 9, 10-13; 6, 9, 20; 6, 10, 11; 7, 9, 15;8,16;8,25-26; 9, 8-10.

Galeno-4, 8, 11-12.

Garcia de Orta - 4, 8, 11-12.

Garcia de Resende - 8, 32.

Gaspar Pires de Matos - 4, 9, 3.

Giovanni Annio de Viterbo - 4, 10, 2.

Giovanni Battista Egnazio - 4, 10, 2.

Giovanni Battista Ramusio - 5, 3, 5; 5, 5, 4; 10,5,3; 12,5,7.

Giovanni Camotius - 4, 9, 6; 7, 3, 13-14.

Giovanni Maria Angiolello - 5, 1, 13.

Giovanni Pico della Mirandola - 10, 7, 15-18.

Giovanni Pietro Maffei - 4,2,2-3; 4,3,6; 4,4, 1; 4,9,3; 5,6,2; 5,7,10-11; 5,9,8-11; 6,7,1-6.

Girolamo Ruscelli - 4, 9, 6; 7, 3, 13-14; 10, 3,1; 10, 7,15-18.

Gonçalo Fernandes Cardim - 7, 4, 4; 7, 7, 12; 7, 10,4.

Gonzalo de Illescas - 7, 10, 10-12.

Guilherme de Tiro - 4, 10, 2.

Haitão Arménio - 4, 10, 2; 5, 10, 1; 7, 3, 13-14; 12,5,7.

Henrique Alangerem (?) - 12, 5, 7.

Heródoto-7, 1, 8.

Hipócrates - 10, 6, 14.

Homero - 6, 3, 1-10.

Isidoro de Sevilha - 4, 10, 1-2.

Jerónimo Corte-Real - 6, 2, 1-10.

Jeronimo Román y Zamora - 7, 10, 10-12.

João Bermudes - 7, 1, 1.

João de Barros - 4, 1, 1-2; 4, 1, 4; 4, 1, 7; 4, 2, 1;4,4, 1;4,7,6;4,7,8;4, 10,2;4, 10, 4; 5, 1, 1; 5, 1, 13; 5, 4, 1-10; 5, 9, 2-3; 6, 5, 5; 6,9,14-19; 7, 10, 5;8,17-18; 10, 7, 4-7.

João de Castro, D. - 5, 7, 5-8; 6, 6, 7-9.

Josefo Moletius - 4, 9, 6; 7, 3, 13-14.

Juan de Mena - 5, 1, 13.

Carta da África Oriental num anónimo Atlas de c. 1565, que tem sido atribuído a Sebastião Lopes. The Newberry Library. Chicago.

Júlio César - 4, 7, 11; 6, 2, 1-10; 10, 7, 4-7.

Lopo de Sousa Coutinho - 5, 3, 1-4; 5, 4, 1-10.

Lúcio Floro - 6, 2,1-10.

Ludovico Ariosto - 5, 1, 11.

Ludovico de varthema - 10, 7, 15-18.

Luís de Camões - 7, 10, 10-12; 8, 28.

Marco António Sabélico - 4, 7, 14; 5, 10, 1; 7,3, 13-14.

Marco Júnio Bruto - 5, 4, 1-10.

Marco Polo - 4, 3, 1; 4, 3, 2-4; 4, 9, 6; 4, 10, 1; 5, 6, 2; 5, 8, 12;5,10,1;7,3,13-14; 10,6, 11-12; 12, 5, 7.

Marco Túlio Cícero - 5, 4, 1-10; 5, 7, 9; 6, 2, 1-10.

Marcus Annaeus Lucano - 5, 1, 13; 5, 2, 3.

el-Meshudi - 10, 6, 14.

Matthaeus Palmerius - 4, 10, 2.

Miguel de Castanhoso - 5, 8, 7-8; 5, 10, 4.

Nauclero (?) - 7, 1,8.

Nicolo di Conti - 4, 3, 1; 4, 9, 6; 5, 6, 2.

Odorico de Pordenone - 4, 10, 1.

Pantaleão de Aveiro, Fr. - 5, 6, 2.

Paolo Giovio - 4, 10, 2; 5, 1, 13; 10, 5, 3; 10, 6, 11-12; 10,7, 15-18.

Pêro de Andrade Caminha - 8, 28.

Pedro de Mariz - 4, 10, 1.

Pietro Bembo - 5, 1, 11; 7, 9, 12-14.

Pio II - cf. Eneas Silvio Piccolomini.

Platina - cf. Bartolomeo Sacchi.

Plínio o Antigo - 4, 7, 9; 4, 8, 11-12; 4, 9, 6; 5, 3, 6-7; 5, 6, 2; 5, 7, 9; 6,4, 1-4; 7, 5, 2; 10, 3, 15-17; 10,5,3.

Plutarco - 5, 1, 13; 5, 4, 1-10; 8, 40.

Possidónio - 7, 4, 5.

Ptolomeu - 4, 9, 6; 6, 7, 8-9; 7, 4, 5; 10, 3, 1; 10,6, 11-12; 10,7, 15-18.

Quinto Cúrcio - 4, 9, 6.

Rábano Mauro - 7, 1,8.

Rasis - 4, 7, 9.

Rodrigo Ximenes, D. - 4, 10, 2.

Ruy González de Clavijo - 4, 10, 2; 5, 1, 13; 6,5,5.

Sebastian Münster - 4, 10, 1.

Séneca - 4, 8, 10.

Sócrates- 10, 1, 14.

Solmo(?)-7, 1,8.

Teófilo Napolitano - 5, 1, 2.

Tito Lívio - 4, 5, 6; 5, 1, 8; 6, 4, 8; 12, 4, 1-11.

Tomé Dias Caiado - 6, 4, 6.

Valério Máximo - 5, 1, 8.

Virgílio - 6, 3, 1-10.

ZagâZaAb-7, 1,8.

Frontispício de uma das mais antigas edições dos Historiarum Indicarum Libri XVI de Giovanni Pietro Maffei (Florença, 1588).
lLFrontispício da 1a edição da Verdadeira Informação das Terras do Preste João do Padre Francisco Álvares (Lisboa, 1540).

Esta lista de autoridades, verdadeiramente impressionante, terá contribuído para a consolidação da reputação literária de Diogo do Couto, não só entre os seus contemporâneos, mas sobretudo entre os estudiosos mais tardios da nossa literatura.4 Contudo, uma análise mais detalhada não permite comprovar a consulta efectiva de obras de todos os autores citados no texto das Décadas. Se é verdade que determinados nomes, como João de Barros, Fernão Lopes de Castanheda ou Gabriel Rebelo, correspondem na verdade a leituras reais e mesmo à posse de determinadas obras, outros haverá, como Avicena, Beroso ou Possidónio, que aparecem por meras razões de exibição de erudição livresca. O confronto entre esta longa lista e o também extenso rol, a seguir incluído, de obras provável ou seguramente compulsadas pelo nosso cronista permitirá delimitar a verdadeira extensão da cultura coutiana. Mas o assunto voltará a ser abordado adiante.

d) Títulos hipotéticos

Caiado, Tomé Dias

— Fala em louvor de D. João de Castro - 6,4,6.

Catálogo dos reis de Cochim - 7, 10, 10-12.

Chanoca, Pe. Duarte

— Relação da estela de Meliapor - 7, 10, 5.

Descrições:

— do reino de Bramá - 5, 6, 1;

— do reino do Pegu - 5, 5, 9.

Elogios:

— de António da Silveira - 5, 6, 7-8;

— de D. Constantino de Bragança - 7, 9, 17;

— de D. Diogo de Noronha - 7, 9, 8-9;

— de D. Duarte de Meneses - 10, 10, 19;

— de D. Estevão da Gama - 5, 9, 2-3;

— de D. Francisco Coutinho - 7, 10, 16-17;

— de D. Garcia de Noronha - 5, 6, 7-8;

— de D. Garcia de Sá - 6, 7, 10;

— de D. Pedro de Mascarenhas - 7, 1, 12;

— de Martim Afonso de Sousa - 5, 10, 11.

Ferreira, Cosme

— Relação das coisas dos mogores - 5, 8, 11.

Instrumento sobre D. André de Oviedo 7, 4, 4 (?).

Itinerário da viagem de Manacinga - 12, 1, 4-5.

Pais, Francisco

— Relação do cerco dos achéns a Malaca - 8, 21-24.

Reinoso, Diogo

— Relação da jornada de D. Cristóvão da Gama-5, 8, 13-14.

Relações:

— da jornada da ilha do Bétele - 4, 7, 2-4;

— da jornada de Damão - 7, 6, 2-7;

— da jornada de Diogo da Silveira - 4, 8, 5-6;

— da jornada de D. António da Silveira - 7, 3, 1-4;

— da jornada de D. Gonçalo de Meneses - 10, 2, 10-14;

— da jornada de D. Jorge de Castro - 6, 8, 1-9; 6, 9,14-19;

— da jornada de Gonçalo Vaz Camões - 10, 1, 10;

— da jornada de João Peixoto - 7, 3, 1-4;

— da jornada de Jorge de Moura - 7, 10, 2-3;

— da jornada de Luís da Silva - 12, 1, 7-14;

— da jornada de Martim Afonso de Melo - 10, 9, 1-2;

— da jornada de Martim Afonso de Sousa - 4, 9, 7-9;

— da jornada de Mateus Mendes de

Vasconcelos- 11, 5-12;

— da jornada de Pêro Barreto - 7, 3, 13-14; 7,4,1-3;

Frontispício da la edição do lo. volume da grande colectânea Delle Navigationi et Viaggi compilada por Giovanni Battista Ramusio (Veneza, 1550).

— da jornada de Sarzeta - 10, 2, 15;

— da jornada de Tristão de Paiva - 7, 3, 1-4;

— da jornada do Monomotapa - 9, 23-24;

— da jornada do rei de Bisnagá - 7,7, 1;

— da viagem de D. Garcia de Noronha - 5,3,8-9;

— das coisas de Cambaia - 4, 1,7;

— das coisas de Ceilão - 12, 23, 1-3;

— das coisas de Mascate - 10, 1, 11-13;

— das coisas do Malabar - 7, 10, 10-12;

— das coisas de Maluco - 10, 6,6-9; 10, 8,2-4;

— das coisas da Pérsia - 10, 3, 1; 10, 4, 1-2; 10, 5, 2; 10,6, 11-12; 10,8, 1; 10,9,3;

— das guerras do Pegu - 7, 2, 5-6; 12, 5, 3-5;

— do cerco de Colombo - 10, 7, 13-14; 10, 8, 12; 10,9,4-5; 10, 10, 1-5; 10, 10,7-17;

— do cerco de Malaca - 6, 9, 5-9;

— do islamismo - 7, 4, 8;

— do naufrágio da nau da China -10, 3, 13-14;

— do naufrágio de D. João da Gama - 10, 3, 13-14;

— dos feitos de António Galvão -5,7,2;

— dos feitos de D. Roque Telo - 4, 7, 11;

— dos feitos de Miguel Ferreira - 5, 5, 8.

Romance em honra de D. João de Castro - 6, 5,9-11.

Trovas aos oficiais da Índia - 6, 9, 1-4.

Os títulos incluídos nesta listagem referem-se, como foi adiantado, a obras hipoteticamente existentes, que teriam sido utilizadas por Diogo do Couto na preparação das suas Décadas asiáticas. É provável que algumas delas já tenham sido identificadas em estudos ou reportórios bibliográficos que, por uma ou outra razão, escaparam a esta investigação. Contudo, talvez a simples enumeração destes títulos possa vir a contribuir, eventualmente, para a respectiva localização em bibliotecas e arquivos portugueses e estrangeiros. Com efeito, as indicações contidas nos textos coutianos apenas permitem suspeitar da existência de todos estes títulos, que poderão até já nem existir. Mas aí está um dos grandes méritos da obra cronística de Couto: ter conservado para a posteridade muitos textos que de outro modo teriam desaparecido definitivamente, sem deixarem qualquer rasto.

e) Títulos consultados

1. Abu-'l-Fazl 'Allâmi — Akbar-nâma (manuscrito; tradução portuguesa desconhecida)

Referência: 4, 10, 1.

2. Aguiar, António de — Lembrança das coisas do Decão (manuscrito; séc. XVI; obra desconhecida)

Referência: 7, 4, 9.

3. Albuquerque, Afonso Brás de— Commentarios de Afonso Dalboquerque, Lisboa, 1557 (2a edição: Lisboa, 1576)

Referência: 4, 2, 1.

4. Álvares, Francisco — "Viaggio fatto nella Etiopia", in Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol. l, Veneza, 1550, fls.204v-274v [1a edição: Verdadeira Informação das Terras do Preste João, Lisboa, 1540]

Referências: 4, l, 4-5; 4, l, 10; 5, 7, 10-11; 7,1, 1;7, 1,8.

Frontispício da 1a edição da História da Índia no tempo em que a governou D. Luís de Ataíde de António Pinto Pereira (Lisboa, 1616).

5. Amaral, Melchior Estácio do — Tratado das batalhas e sucessos do galeão Santiago, Lisboa, 1604

Referência: 11,28-31.

6. Anania, Giovanni Lorenzo d'— L'universale fabrica del mondo, Nápoles, 1573

Referência: 4, 10, 1 (?).

7. Andrade, Francisco — Chronica do muito alto e muito poderoso rey d'estes reinos de Portugal D. João o III d'este nome, Lisboa, 1613

Referências: 4, 1, 10 (?); 4, 6, 7-8 (?).

8. Angiolello, Giovanni Maria — "Breve narratione della Vita et Fatti del Signor Ussuncassano", in Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol.2, Veneza, 1559, fls.66-78

Referências: 5, 1, 13; 7, 8, 15 (?).

9. Anselmo da Lombardia — "Due Viaggi in Tartaria, per alcuni frati", in Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol.2, 2a edição, Veneza, 1574, fls.225v-237v

Referência: 4, 10, 1.

10. Ariosto, Ludovico — Orlando Furioso (alguma edição italiana)

Referência: 5, 1, 11.

11. Arriano de Nicomédia — "Navigatione di Nearcho", in Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol. 1, Veneza, 1550, fls.290v-295v

Referência: 4, 9, 6.

12. Arriano de Nicomédia — "Navigatione del Mar Rosso", in Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol. 1, Veneza, 1550, fls.305-309v

Referências: 4, 1, 7; 5, 7, 5-8; 6, 4, 1-4.

13. Ataíde, D. António de — História de D. Paulo de Lima (manuscrito; séc. XVI)

Referência: 8, 30.

14. Aveiro, Fr. Pantaleão — Itinerario da Terra Sancta, Lisboa, 1593

Referência: 5, 6, 2 (?).

15. Azevedo, Fr. Agostinho de — Relação do Estado da Índia (manuscrito; Goa?, 1603)

Referências: 5, 1, 5; 5, 2, 10; 5, 6, 2-4; 5, 9, 1; 5,9,5; 5,10,1; 5,10,3; 7,1,8; 7,3,10-11 (?); 10,5,7-11.

16. Barreiros, Gaspar — Chorographia de alguns lugares, Coimbra, 1561

Referências: 4, 10, 1 (?); 4, 10, 2; 5, 6, 2 (?).

17. Barreiros, Gaspar — Comentarius de Ophyre Regione, Coimbra, 1561

Referência: 7, 1,8(?).

18. Barros, João — Asia - Décadas 1-3, Lisboa, 1552-1563

Referências: 4, 2, 1; 4, 4, 2-4; 4, 7, 6; 4, 10, 1; 6, 5, 5; 6, 9, 14-19; 7, 10,5.

19. Barros, João — Asia - Década 4, Madrid, 1615

Referências: 4, 4, 1 (?); 5, 1, 2 (?); 5, 4, 1-10; 5,7,2(?).

20. Bermudes, D. João — Breve relação da embaixada que o Patriarcha dom Ioão Bermudez trouxe do Emperador da Ethiopia, chamado vulgarmente Preste João, Lisboa, 1565

Referências: 5, 7, 10-11 (?); 7, 1, 1.

Manuscrito da segunda versão do Diálogo do Soldado Prático de Diogo do Couto (1611). Biblioteca Pública de Évora.

21. Bíblia

Referências: 4, 10, 1-2; 5, 7, 9; 12, 3, 1-3.

22. Botelho, Simão — Tombo do Estado da Índia (manuscrito; Goa, 1554)

Referências: 4, 9, 1-2 (?); 5, 9, 2-3.

23. Burroughs, Stephen — "Navigatione di Sebastiano Cabota", in Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol.2, 3a edição, Veneza, 1583, fls.211v-219

Referência: 10, 5, 3.

24. Camões, Luís de — Os Lusíadas, Lisboa, 1572 (ou outra edição)

Referências: 6, 3, 1-10; 7, 10, 10-12.

25. Cancionero de romances, Lisboa, 1581

Referências: 7, 9, 12-14; 8, 32.

26. Cardim, Gonçalo Soares — Relação da jornada de D. André de Oviedo à Abissínia (obra desconhecida)

Referências: 7, 4,4; 7, 4, 6; 7, 7, 4-6; 7, 7, 12; 7, 8, 9; 7, 10, 4; 7, 10,6.

27. Cardoso, Manuel Godinho — Relaçam do naufragio da nao Santiago, Lisboa, 1602

Referências: 10, 7, 1-3 (?); 10, 8, 5-11 (?).

28. Cartas que o Padre Nicolau Pimenta da Companhia de Iesu, Visitador nas partes do Oriente da mesma Companhia, escreveo ao Geral della, Lisboa, 1602

Referência: 12,4, 1-11.

29. Cartas que os Padres e Irmãos da Companhia de Iesus escreverão dos Reynos de Japão e China, 2 vols., Évora,1598

Referência: 12, 1, 19(?).

30. Castanheda, Fernão Lopes de — História do descobrimento e conquista da India pelos portugueses, 8 vols., Coimbra, 1551-1561

Referências: 4, 1, 1-10; 4, 2, 1-8; 4, 2, 11; 4, 3, 1-9; 4,4, 1-10; 4,5, 1-9; 4,6, 1-6; 4,6,9-11; 4, 7, 2-7; 4, 7, 11-14; 4, 8, 2-5; 4, 8, 6 (?); 4, 8, 8-9; 4, 8, 11-13; 4, 9, 1-5; 4, 9, 7-9; 4, 10, 3 (?); 4, 10, 5-9; 5, 1, 1;5, 1,4; 5, 1,9-10; 5,2,2-6; 5,3,1-4 (?); 5,3, 6-7; 5,5,6; 5,6,5; 5,7,2 (?); 5,7,3; 6,5,5.

31. Castanhoso, Miguel de — Historia das cousas que o muy esforçado capitão Dom Christovão da Gama fez nos Reynos do Preste João, Lisboa (?), 1564

Referências: 5, 7, 10-11;8, 5, 7-8; 5, 8, 13-14; 5, 9, 4; 5, 10,4.

32. Castilho, António de — Comentario do cerco de Goa e Chaul no anno de MLXX. Viso Rey Dom Luis de Ataide, Lisboa, 1573 8, 33 (?)

33. Castro, D. Femando de — Crónica do Vice-Rei D. João de Castro (manuscrito; c. 1596)

Referências: 6, 1, 6-9; 6, 2, 1-10; 6, 3, 1-10; 6,4, 1-9; 6, 5, 3-4; 6, 5, 6-11; 6, 6, 1-9.

34. Castro, D. João de — Roteiro de Goa a Diu (manuscrito; 1539)

Referência: 7, 3, 10-11 (?).

35. Castro, D. João de — Roteiro do Mar Roxo (manuscrito; 1540)

Referências: 5, 7, 5-9; 6, 6, 7-9.

36. César, Júlio — Commentarii de bello Gallico

Referências: 4, 7, 14 (?); 6, 2, 1-10.

Frontispício da História dos cercos de Malaca de Jorge de Lemos (Lisboa, 1585).

37. Comestor, Petrus — Historia scholastica

Referência: 4, 10, 2 (?).

38. Conti, Nicolo di — "Viaggio di Nicolo di Conti Venetiano", in Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol.1, Veneza, 1550, fls.365-371v

Referências: 4, 3, 1; 4, 9, 6.

39. Correia, Gaspar — Crónica de D. Manuel e de D. João III (manuscrito; Goa)

Referência: 4, 3, 5 (?).

40. Correia, Gaspar — Lenda do Apóstolo São Tomé (manuscrito; Goa)

Referências: 4, 10, 1; 5, 6, 2; 7, 10, 5.

41. Correia, Gaspar — Lendas da Índia (manuscrito; Goa, 1563)

Referências: 4, 2, 9-10 (?); 4,7,2-4 (?); 4,7,11-12(?); 4,8,1 (?); 4,8,6 (?); 4,8,8; 4,9,1-2 (?); 5,1, 1;5, 1,4(?); 5, 1,9-10(?); 5,2,4-6(?); 5,2,8(?); 5,3,8-9; 5,5,1-3; 5,5,6; 5,5,7 (?); 5,6,6-8 (?); 5,7, 1 (?); 5,7,4; 5,7,5-8 (?); 5,7,10-11; 5,8,1 (?); 5,8, 9; 5,9,7-11 (?); 5,10,2(?);5,10,4(?); 6,1,1-2(?); 6, 3,1-10(?); 6,4,8; 6,6,1-6 (?); 6,7,1-6; 6,8,1-9 (?).

42. Corte-Real, Jerónimo — Sucesso do segundo cerco de Diu, Lisboa, 1574

Referências: 6, 1,6-9 (?); 6, 2, 1-10.

43. Coutinho, Lopo de Sousa — Livro primeyro do cerco de Diu que os Turcos poseram á fortaleza de Diu, Coimbra, 1556

Referências: 4, 7, 2-4; 4, 9, 5; 4, 9, 7-9; 5, 1, 3; 5, 1,8-12; 5, 2, 1; 5, 2, 7; 5, 2, 9; 5, 3, 1-7; 5,3, 10; 5, 4, 1-10; 5, 5, 1-4.

44. Couto, Diogo do — Diálogo do soldado pratico (manuscrito; Goa?, 1569)

Referência: 4, 8, 1.

45. Couto, Diogo do — Comentário aos Lusíadas (manuscrito; Goa, 1569-1595; obra desconhecida)

Referência: 8, 28.

46. Couto, Diogo do — Epílogo (obra desconhecida)

Referências: 8, 1; 10, 1, 15-16 (?).

47. Couto, Diogo do — Oração em louvor de D. Francisco da Gama (manuscrito; 1597)

Referência: 12, 1, 15.

48. Dante — Divina Comédia (alguma edição italiana)

Referência: 5, 1, 11.

49. Escalante de Alvarado, Garcia — Relación (manuscrito; Lisboa, 1548)

Referência: 5, 10, 5 (?).

50. Falcão, Cristóvão — Trouas de Chrisfal, Lisboa, c. 1536

Referência: 8, 34-35.

51. Fernández de Oviedo, Gonzalo —"Della Generale et Naturale Historia delle Indie", in Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol.3, Veneza, 1556, fls.74-224v [1a edição: Historia General de las Indias, Sevilha, 1535]

Referência: 10, 6, 14.

52. Fernández de Oviedo, Gonzalo — Livro XX de la segunda parte de la General Historia de las Indias, Valladolid, 1557

Referência: 4, 3, 2-4 (?).

53. Floro, Lúcio — L. Flori De gestis romanorum, Coimbra, 1576

Referência: 6, 2, 1-10 (?).

54. Flos Sanctorum, Lisboa, 1513

Referência: 5, 6, 2.

Frontispício do primeiro tomo da la edição da História Trágico-Marítima, compilada por Bernardo Gomes de Brito (Lisboa, 1735).
Iluminura do manuscrito do Sucesso do Segundo Cerco de Diu de Jerónimo Corte Real (1574). Arquivo Nacional - Torre do Tombo, Lisboa.

55. Gaetano, Juan — "Relazione de Iuan Gaetan", in Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol.1, Veneza, 1550, fls.403v-405v

Referência: 5, 8, 10.

56. Gali, Francisco — Roteiro (manuscrito; 1584)

Referência: 10, 5, 3.

57. Galvão, António — Tratado dos Descobrimentos, Lisboa, 1563

Referências: 4, 3, 2-4 (?); 4, 4, 2-4; 4, 4, 8; 4, 10, 6; 5, 8, 12 (?).

58. Giovio, Paolo — Historiarum sui temporis, Paris, 1553-1554

Referência: 4, 10, 2 (?).

59. Giovio, Paolo — "Delle cose delle Moscovia", in Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol.2, Veneza, 1559, fls.131v-137

Referência: 5, 1, 13.

60. Góis, Damião de — Legatio Magni Indorum Imperatoris Presbyteri Ioannis, ad Emanuelem Lusitaniae Regem, Antuérpia, 1532

Referência: 7, 1,8.

61. Góis, Damião de — Chronica do felicissimo Rei Dom Emanuel, 2 vols., Lisboa, 1566-1577

Referências: 4, 2, 1; 6, 5, 5; 7, 10, 10-12; 10, 6, 14.

62. González de Clavijo, Ruy — Vida del Gran Tamerlane, Sevilha, 1582

Referências: 4, 10, 2 (?); 5, 1, 13; 6, 5, 5.

63. Gouveia, Fr. António de — Jornada do Arcebispo de Goa Dom Frey Aleixo de Menezes as Serras do Malauar, Coimbra, 1606

Referências: 7, 1, 1 (?); 7, 1, 2; 7, 1, 8; 7, 10, 5(?); 12,3, 1-3.

64. Guerreiro, Pe. Fernão — Relação das cousas que fizeram os padres da Companhia, 5 vols., Lisboa, 1603-1611

Referências: 7, 4, 4 (?); 12, 5, 7.

65. Haitão Arménio — "Dell'Historia del Signor Hayton Armenio", in Giovanni Baptista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol.2, Veneza, 1559, fls.62v-65

Referência: 4, 10, 2; 12, 5, 7.

66. Historia da muy notauel perda do Galeão grande sam João, Lisboa, c. 1555

Referências: 6, 9, 21-22.

67. "Informatione dell'isola novamente scoperta nella parte di settentrione chiamata Giapan", in Giovanni Baptista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol.1, 2a edição, Veneza, 1554, fls.418-425v

Referência: 5, 8, 12.

68. Isidoro de Sevilha— De Ortu & Obitu Sanctorum

Referência: 4, 10, 1 (?).

Frontispício da Relação do naufrágio da nau de S. Tomé preparada por Diogo do Couto, que foi impressa pela primeira vez em Lisboa em 1736.

69. Lavanha, João Baptista — Naufragio da nao S. Alberto, Lisboa, 1597

Referência: 11,22-26;

70. Lavanha, João Baptista — Historia do Cunhale celebre Cossario da India (obra desconhecida)

Referência: 11, 35.

71. Lemos, Jorge de — Hystoria dos cercos que em tempo de Antonio Monis Barreto governador que foi dos estados da India, os Achens, e Iaos puserão â fortaleza de Malaca, sendo Tristão Vaz da Veiga capitão della, Lisboa, 1585

Referências: 9, 17; 9, 27; 9, 29.

72. Leonardo de Argensola, Bartolomé — Conquista de las Islas Malucas, Madrid, 1609

Referência: 8, 25-26.

73. Leone, Giovanni — "Della descrittione dell'Africa et delle cose notabili che ivi sono", in Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol. 1, Veneza, 1550, fls. l-103v

Referência: 10, 6, 14.

74. Lívio, Tito — Historiarum ab Urbe Condita, Lisboa, 1593

Referências: 4, 5, 6 (?); 12, 4, 1-11.

75. Livros das Pazes (manuscrito)

Referências: 4, 6, 1-4; 4, 9, 1-2; 4, 10, 6; 5, 1, 12; 5, 5, 7; 6, 5, 3-4; 6, 7, 1-6; 7, 1, 9-11; 8, 6-10; 8, 19-20; 8, 28; 9, 4-5; 9, 13; 10, 4, 13;12,1,6;12,2,10;12,3,1-3; 12,4,1-13.

76. López de Gomara, Francisco — Historia de las Indias y conquista de México, Saragoça, 1552 (ou outra edição)

Referência: 4,6, 11.

77. Lucano, Marcus Annaeus — La hytoria, que escrivio en latim el poeta Lucano, Lisboa, 1541

Referências: 4, 6, 6; 5, 1, 13; 5, 2, 3.

78. Lucena, Pe. João de — História da Vida do Padre Francisco Xavier, Lisboa, 1600

Referências: 5,8,12; 6,5,1-2 (?); 7,10,5; 7,10,13.

79. Macedo, Francisco de — Relação do cerco de Cota (obra desparecida)

Referência: 8, 3.

80. Maffei, Giovanni Pietro — Historiarum Indicarum libri XVI, Florença, 1588

Referências: 4, 2, 2-3 (?); 4, 3, 6 (?); 4, 4, 1 (?l); 4,9,3 (?); 5,6,2 (?); 5,7,10-11 (?); 6,7,1-6 (?).

81. Mariz, Pedro de — Diálogos de varia historia, Coimbra, 1594

Referência: 4, 10, 1.

82. Matos, Gaspar Pires de — Memória da jornada de Chitor (obra desaparecida)

Referência: 4, 9, 3;

83. Mena, Juan de — Las trecientas, Sevilha, 1512 (ou outra edição)

Referência: 5, 1, 13

84. Naufragio da viagem que fez a nao Santa Maria da Barca, Lisboa, 1566

Referências: 7, 5, 2; 7, 8, 1 (?).

85. Nunes, Fernão — Crónica dos reis de Bisnaga (manuscrito; 1536)

Referência: 6, 5, 5 (?).

Fidalgo português na Índia representado no anónimo Códice Casanatense n. 1889, de 1548. Biblioteca Casanatense, Roma.

86. Odorico de Pordenone — "Viaggio del Beato Odorico da Udine", in Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol.2, 2a edição, Veneza, 1574, fls.237v-245

Referência: 4, 10, 1.

87. Orta, Garcia de — Colóquios dos simples e drogas da Índia, Goa, 1563

Referências: 4,4,10; 4,7,9; 4,8,9; 4,8,11-12; 4, 9, 3; 5, 1, 1 (?); 5, 1, 7 (?); 7, 3, 10-11 (?).

88. Ortelius, Abraham — Theatrum Orbis Terrarum, Antuérpia, 1570 (ou outra edição)

Referências: 4, 9, 6 (?); 5, 8, 12; 6, 7, 8-9.

89. Pereira, António Pinto — Historia da India, no tempo em que a governou o Visorey Dom Luis d'Ataide, Coimbra, 1617

Referências: 4, 10, 3 (?); 8, 16 (?); 8, 21-26; 8,28-30; 8,32-40.

90. Petrarca, Francesco — Trionfi (alguma edição italiana)

Referência: 5, 1, 11.

91. Pinto, Fernão Mendes — Peregrinação, Lisboa, 1614

Referências: 5, 5, 9 (?); 6, 1, 3 (?); 7,2,5-6 (?).

92. Pires, Tomé — Suma Oriental (Cochim-Goa, 1516)

Referências: 4, 2, 1 (?); 7, 4, 8 (?).

93. Plínio, Caio - Historia naturalis

Referências: 4, 9, 6; 5, 3, 6-7; 10, 3, 15-17.

94. Polo, Marco —“Viaggi di Messer Marco Polo", in Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol.2, Veneza, 1559, fls.2-60v [1a edição portuguesa: Marco Paulo, Lisboa, 1502]

Referências: 4, 3, 1-4; 4, 3, 2-4 (?); 4, 10, 1; 12,5,7.

95. Ptolomeu — Geografia, Veneza, 1561 (ou outra edição)

Referências: 4, 9, 6 (?); 6, 7, 8-9; 10, 3, 1 (?); 10,7, 15-18.

96. Quinto Cúrcio — De los hechos del magno Alejandro, Sevilha, 1534 (ou outra edição)

Referências: 4, 9, 6 (?); 6, 2, 1-10 (?).

97. Ramusio, Giovanni Battista — "Discorso sopra la navigazione del mar Rosso", in Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol. 1, Veneza, 1550, fls.302v-305

Referência: 10,7, 13-14.

98. Ramusio, Giovanni Battista — "Discorso sul commercio delle spezie", in Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol.1, Veneza, 1550, fls.398-403v

Referências: 5, 7, 9; 10, 7, 13-14.

99. Rebelo, Gabriel — Informação das cousas de Maluco (manuscrito; Goa, 1569)

Referências: 4, 3, 2-4; 4, 7, 1; 4, 7, 7 (?); 4, 7, 8-10; 4, 8, 13 (?); 4, 9, 4 (?); 5, 6, 5; 5, 8, 10; 5, 9, 6; 5, 10, 5; 5, 10, 10; 6, 1, 4-5; 6, 8, 10; 6, 9, 10-13; 6, 9, 20; 6, 10, 11; 7, 4, 7; 7, 5, 3; 7, 9, 15; 8, 16; 8, 25-26; 9, 8-10 (?).

100. Reimão, Gaspar Ferreira (?) — Relação do naufragio da nau S. Tomé, in Bernardo Gomes de Brito, História Trágico-Marítima, vol.2, Lisboa, 1736 [Obra atribuída a Diogo do Couto.]

Referência: 11, 1-4.

101. Relação do naufrágio da nao Conceição, Lisboa(?), c.1595

Referência: 7, 2, 7-11; 7, 3, 1-4.

Frontispício da Breve relação da Etiópia de João Bermudes (Lisboa, 1565).

102. Relação dos feitos de Sancho de Vasconcelos (manuscrito; 1591-1592)

Referências: 8, 16; 8, 25-26; 8, 31; 9, 8-10; 9, 12;9,29-31.

103. Resende, Duarte de — Marco Tulio Ciceron de Amicicia, Paradoxos e Sonho de Scipião, Coimbra, 1531

Referências: 4, 8, 5 (?); 10, 7, 4-7 (?).

104. Rosário, Fr. Diogo do — Historia das vidas e feitos heroicos e obras insignes dos santos, Braga, 1567

Referência: 5, 6, 2 (?).

105. Sabélico, Marco António — Coronica geral da eneyda segunda, Coimbra, 1553

Referência: 4, 7, 14(?).

106. Sacchi, Bartolomeo — De vitis pontificum historia, Veneza, 1518

Referência: 4, 8, 9 (?).

107. Salústio — De coniuratione Catilina

Referência: 4, 8, 10 (?).

108. Sande, Pe. Duarte de — De Missione Legatorum Japonensium ad Romanam Curiam, Macau, 1590

Referência: 10,4,4-11.

109. Santos, Fr. João dos — Ethiopia Oriental e vária história de cousas notaveis do Oriente, Évora, 1609

Referências: 7, 1, 8; 7,4,5; 9,21-23; 9,25; 10, 6, 14; 11,5-12(?); 11, 15-21; 11,27; 11,32; 12, 4, 12-13.

110. Sejarah Melayu (tradução portuguesa desconhecida)

Referência. 4, 2, 1 (?).

111. Silva, Pe. Belchior da — Relação dos reis da Etiópia (obra desconhecida)

Referência: 7, 1,8(?).

Fusta malabar usada por portugueses numa gravura do Itinerário de Jan Huygen van Linschoten (Amesterdão, 1638).

112. Tenreiro, António — Itinerário, Coimbra, 1560

Referência: 4, 5, 7 (?).

113. Valério Máximo — Notables dichos y hechos d' Romanos y Griegos, Alcalá de Henares, 1529 (ou outra edição)

Referências: 4,5,6 (?); 4,7, 14 (?); 4, 8, 5 (?); 4,8, 10 (?); 5, 1,3-4 (?); 5,4, 1-10; 5, 5, 1-3 (?); 5, 5, 5 (?); 5, 8, 3-6 (?); 5, 8, 13-14 (?); 6, 2, 1-10 (?); 6, 3, 1-10 (?); 6,4,6 (?); 6,6,7-9 (?); 6, 7, 8-9; 7, 1, 8 (?); 7, 5, 4-8; 8, 37-40 (?); 10, 1, 14 (?); 10, 7, 4-7 (?); 10, 7, 13-14; 10, 9,4-5; 12, 1, 15(?); 12,4, 1-11.

114. Valignano, Pe. Alessandro — Relatio de martyribus Salsetanis (1583)

Referências: 10, 4, 3; 10, 5, 5 (?).

115. Varthema, Ludovico — "Itinerario", in Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol.1, Veneza, 1550, fls.159-188v

Referências: 6, 5, 5 (?); 10, 7, 15-18.

116. Vasconcelos, Luís Mendes de — Historia do Cunhale celebre Cossario da India (obra desparecida)

Referência: 12, 4, 1-11.

117. Vásquez de Coronado, Francisco — "Relatione", in Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol.3, Veneza, 1556

Referência: 10, 5, 3.

118. Verissima relacion embiada a Don Fray Andres de S. Maria obispo de Cochin, la qual trata de como en las Indias de Portugal ay un hombre que tiene trezientos y ochenta anos, Salamanca, 1609

Referência: 5, 1, 12 (?).

119. Vespúcio, Américo — "Sommario scritto per Amerigo Vespucci Fiorentino di due sue navigationi", in Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol. 1, Veneza, 1550, fls.140v-143v

Referência: 12, 1, 15.

Desenho de naus da armada da carreira da Índia de 1550 no Livro de Lisuarte de Abreu (c. 1564). Pierpont Morgan Library, Nova Iorque.

120. Viagem e naufragio da Nao sam Paulo, Lisboa, 1565

Referência: 7, 9, 16 (?).

121. "Viaggio scritto per un Comito Venetiano", in Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol. 1, Veneza, 1550, fls.296-302v

Referências: 5, 2, 7; 5, 3, 5; 5, 5, 4.

122. Vida e acções de Mathias de Albuquerque (1600)

Referências: 10, 2, 2-3; 10, 2, 6-8; 10, 3, 8-10; 10, 6, 10; 11, 1-4 (?); 11,13 (?); 11, 32-34 (?).

123. Zeno, Caterino — "Commentarii del Viaggio in Persia", in Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi, vol.2, 2a edição, Veneza, 1574, fls.211v-221v

Referências: 4, 8, 14 (?); 5, 1, 13.

A lista das obras que poderiam existir na biblioteca de Diogo do Couto é extensíssima, como acabámos de constatar. Contudo, apesar de quase todos estes títulos serem mencionados nas páginas das Décadas ou nelas terem deixado algum vestígio, é pouco provável que o nosso cronista possuísse efectivamente exemplares de todos eles. O assunto merece ainda algumas considerações.

Diogo do Couto foi, sem qualquer dúvida, um homem de muitos livros: livros apenas projectados, livros de facto escritos, livros consultados com cuidado, livros superficialmente citados, livros com persistência coleccionados. Por um lado, a leitura das Décadas não deixará de impressionar o leitor mais desprevenido, tal é a frequência com que são convocados outros autores ou outros informadores para caucionarem o discurso coutiano. Por outro lado, uma análise mais aprofundada deste monumento historiográfico confirmará o recurso sistemático a um vasto leque de títulos, com os quais o cronista estabelece uma complicada rede de ligações intertextuais. A biblioteca coutiana, na verdade, tal como acima ficou sistematizada, impõe-se não só pela sua inusitada dimensão, como também pela sua enorme diversidade temática e pela sua ampla variedade cronológica. As reflexões seguintes permitirão perspectivar devidamente o extenso rol bibliográfico que foi relacionado com o nome de Diogo Couto.

Uma primeira observação ligar-se-á com uma curiosa alegação do nosso autor, que na sua Década 7 escreve o seguinte: "eu não hei de ficar em obrigação de restituição a ninguem, porque em todas as minhas Decadas dou o seu a seu dono, como pelo decurso dellas se poderá mui bem ver".5 O levantamento intertextual levado a cabo, porém, permite encarar esta declaração inflamada como mero artifício retórico, uma vez que Couto recorre amiúde a textos alheios, nem sempre se preocupando com a respectiva atribuição. Talvez a sua posição oficial de cronista do Estado da Índia permita justificar uma tal afirmação. O problema não é grave, desde que o encaremos com o devido relativismo. Evidentemente, um cronista oficial, em finais do século XVI, pode e deve recorrer a textos alheios no exercício do seu mester.6 A identificação das fontes utilizadas é uma questão mais subtil, que dependerá sobretudo do estilo de trabalho pessoal e da postura intelectual, mais do que de um então inexistente código deontológico.

Manuscrito do Tratado dos Gama de Diogo do Couto (1599).

Biblioteca Nacional. Lisboa.

Uma segunda observação relaciona-se com os nomes efectivamente citados no texto coutiano. Vimos que a listagem é imensa, englobando 116 autores, oriundos das mais diversas proveniências históricas, geográficas e culturais.7 Muitas destas citações correspondem a um conhecimento efectivo, ou mesmo a uma utilização atestada, das respectivas obras. Mas outras tantas citações são feitas em segunda ou em terceira mão, limitando-se Couto a aproveitar a erudição livresca das fontes que está a consultar, num evidente estratagema de afirmação intelectual. O confronto com a lista de títulos consultados permitirá esboçar algumas anotações.8 Assim, dos 116 autores citados, apenas 52, menos de metade, correspondem a um consulta livresca hipotética ou segura, sinal de que a erudição exibida pelo nosso cronista tem menos profundidade do que à primeira vista se poderia supor.

A maioria absoluta dos autores citados mas certamente não lidos pertence à área das literaturas clássicas e medievais: Abulfeda, Afonso o Sábio, Anselmo da Lombardia, Antonino de Florença, Apiano, Apolodoro, Avicena, Beroso, Diodoro Sículo, Doroteu, Estrabão, Flávio Josefo, Galeno, Guilherme de Tiro, Heródoto, Hipócrates, Homero, Isidoro de Sevilha, Júlio César, Lúcio Floro, Marco Júnio Brutus, el-Meshudi, Plutarco, Possidónio, Quinto Cúrcio, Rasis, D. Rodrigo Ximenes, Séneca, Sócrates e Virgílio. Perante esta longa listagem, podemos deduzir, sem grandes problemas, que a cultura clássica e medieval de Diogo do Couto seria bastante superficial. O nosso homem conhecia bem todos estes nomes, sem dúvida, mas não as respectivas obras. Os textos de autores clássicos teriam sido encontrados, sobretudo, em colecções de anedotas e em antologias universitárias, como aquela compilação preparada por Valério Máximo, que conheceu um enorme sucesso na Europa latina, ao longo de todo o séculos XVI. Quanto aos autores medievais, apareceriam referidos em algumas das obras de escritores do seu tempo que o nosso cronista realmente compulsou.

Valerá a pena notar que os clássicos gregos e latinos são citados sempre como termos de comparação em relação às actuações dos portugueses. Das duas uma: ou os portugueses ultrapassam os exemplos clássicos e são dignos de louvor; ou os portugueses não respeitam as normas de conduta impostas pela tradição, sendo então objecto de áspera crítica. Os autores medievais, tanto cristãos como muçulmanos, servem igualmente de contraponto às actividades dos contemporâneos de Couto, quer como precursores bem informados, quer como antecessores ultrapassados. De qualquer forma, nenhum dos nomes mencionados é citado mais que uma ou duas vezes, com a excepção de Júlio César, que aparece três vezes, indício certo da superficialidade de quase todas as referências.

Frontispício da versão espanhola do Theatro de la tierra universal, compilado por Abraham Ortelius (Antuérpia, 1588).

No fim de contas, a convocação de autores clássicos e medievais era um procedimento relativamente vulgarizado entre os escritores portugueses do século de Quinhentos.9 Diogo do Couto trabalha num período onde determinadas textos eram considerados um património comum dos meios cultivados, passível de livre utilização e adaptação.10 Isso explica as máximas e citações que abundam nas Décadas. A noção de plágio, tal como a conhecemos hoje, não se impusera ainda. Por um lado, citar uma passagem ou um episódio de uma determinada obra estabelecia uma certa cumplicidade com o leitor ilustrado, que deveria conhecer obrigatoriamente a origem da referência. Por outro lado, o autor que usava determinadas citações adquiria uma renovada autoridade entre os seus pares, como homem de grande saber. E, por último, as citações eruditas visavam criar uma espécie de genealogia intelectual, através da qual cada autor revelava publicamente os nomes dos seus precursores.

O segundo grupo temático de autores citados mas não consultados engloba nomes de humanistas célebres, maioritariamente espanhóis e italianos, que Couto. conheceria de outiva ou através de referências bibliográficas em segunda mão: Andreas Cambinus, Battista Campofregoso, Eneas Silvio Piccolomini, Esteban de Garibay y Zamalloa, Flávio Biondo, Giovanni Annio de Viterbo, Giovanni Battista Egnazio, Giovanni Camotius, Giovanni Pico della Mirandola, Gonzalo de Illescas, Jeronimo Román y Zamora, Josefo Moletius, Matthaeus Palmerius, Pietro Bembo e Sebastian Münster.

A nau em que Diogo do Couto viajou para a Índia em 1559, numa representação da Memória das Armadas (c. 1568). Academia das Ciências de Lisboa.

A origem destas citações, em vários casos, é difícil de determinar; noutros casos, encontra-se em obras efectivamente compulsadas pelo nosso homem. Mas a convocação de autoridades humanísticas continua a obedecer a uma mesma estratégia de legitimação erudita do discurso cronístico. As referências são de novo muito superficiais, pois cada autor é citado uma vez, no máximo duas, ao longo da totalidade das Décadas. A biblioteca coutiana, entretanto, deixando de lado os títulos hipotéticos,11 inclui 123 títulos, dos quais 60 são devidos a 52 dos autores explicitamente citados por Diogo do Couto.12 O cronista, assim, não revela aos leitores mais de metade das suas verdadeiras fontes. É verdade que a lista das leituras coutianas não é ainda definitiva, pois algumas delas são-lhe aqui atribuídas hipoteticamente, enquanto muitas outras poderão não ter sido detectadas no inquérito levado a cabo. Que razões motivam esta estratégia textual do cronista? Tratar-se-á de mero desleixo ou de deliberada má-fé? A situação é assaz ambígua, sendo difícil em extremo concluir onde acaba um e começa a outra. O que é certo é que se conseguiu estabelecer que o nosso autor desempenhou frequentemente a função de mero compilador de materiais alheios, embora se possa referir, em abono da verdade, que nunca deixou de dar um cunho pessoal aos textos que reproduzia, introduzindo pequenas alterações estilísticas, reordenando os seus materiais, acrescentando breves comentários críticos. Determinados pormenores, nomeadamente relativos a datas, parecem sugerir que Couto procedia de uma forma algo desleixada, não se preocupando excessivamente com detalhes que lhe pareciam insignificantes.

Templos indianos numa gravura do Itinerário de Jan Huygen van Linschoten (Amsterdão, 1638).

Tentemos agora organizar de forma mais sistemática os tais 123 títulos consultados, imaginando que a biblioteca coutiana se dispõe em círculos concêntricos.13 O círculo interior incluirá um núcleo mínimo de obras que garantidamente estiveram nas mãos do cronista, que delas usou de forma liberal e regular na composição das Décadas. Os círculos seguintes albergarão títulos cuja posse ou utilização pelo cronista, embora provável, levanta cada vez mais dúvidas.

1) O círculo mais exterior da biblioteca contém 11 títulos hoje desconhecidos, dos quais não foi até à data localizado qualquer manuscrito. Este facto, porém, não permite pôr imediatamente de parte a respectiva leitura e utilização por parte do nosso autor, já que a situação dos arquivos portugueses permite ainda acalentar esperanças quanto à descoberta de obras até hoje desconhecidas.

Destes 11 títulos, alguns são explicitamente citadas pelo próprio Couto (n. °s 2, 26,45,46, 79, 82 e 111), enquanto a leitura de outros lhe pode ser atribuída com alguma segurança (n. °s 1, 70, 110 e 116), graças a evidências textuais devidamente assinaladas no lugar próprio.

2) O segundo círculo bibliográfico inclui 31 títulos, cuja leitura é sugerida por indicações ou indícios contidos no texto das Décadas, não sendo, contudo, absolutamente certa a respectiva utilização na redacção das crónicas dos feitos orientais dos portugueses. A consulta ou eventual posse de alguns destes 31 títulos pode ser inferida a partir de referências passageiras devidas ao próprio Diogo do Couto (n. °s 7,14,19,32,36,53,58,68,74,93,96, 105, 106, 107, 112). Em outros casos, a consulta é indiciada por fortes analogias em termos de conteúdo, sendo, no entanto, impossível afirmar de forma categórica a existência de relações intertextuais (n. °s 6, 13, 27, 29, 34, 37, 39, 49, 52, 85, 91,92, 96, 103, 104, 118 e 120).

3) O terceiro círculo engloba 8 títulos, que são mencionados por Couto de uma forma que pressupõe claramente um conhecimento íntimo e talvez mesmo a respectiva posse (n. °s 3, 10, 44, 48, 50, 81, 90 e 108). No entanto, sobretudo por razões de economia textual, o cronista não chegou a utilizar estes títulos na redacção das suas Décadas, limitando-se a breves referências passageiras. Digamos que este grupo de obras faria parte de uma biblioteca máxima, onde integraríamos as obras possuídas ou regularmente manuseadas pelo cronista, para fins não exclusivamente historiográficos.

4) O círculo mais interior, finalmente, agrupa todos os títulos comprovadamente utilizados por Diogo do Couto entre 1595 e 1616 na composição das suas crónicas orientais. Evidências textuais encontradas ao longo das Décadas revelam que esta era a biblioteca real de Diogo do Couto, quer ele tenha ou não mencionado os respectivos componentes em algum lugar da sua obra cronística. Mesmo assim, descontados os títulos que foram incluídos em outras secções, verificamos que o nosso homem, entre manuscritos e impressos, tinha à sua disposição nada menos de 73 títulos distintos (ns. ∞ 4, 5, 8, 9, 11, 12, 15, 16, 17, 18, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 28, 30, 31, 33, 35, 38, 40, 41, 42, 43, 47, 51, 54, 55, 56, 57, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 69, 71, 72, 73, 75, 76, 77, 78, 80, 83, 84, 86, 87, 88, 89, 94, 95, 97, 98, 99, 100, 101, 102, 109, 113, 114, 115, 117, 119, 121, 122 e 123). Este número, que já é bastante significativo, se atendermos às dimensões conhecidas de outras bibliotecas do seu tempo,14 mais valor assumirá se pensarmos que Couto viveu e trabalhou na Índia a maior parte da sua vida, com as consequentes dificuldades que esta situação implicava em termos de aquisição de títulos produzidos e impressos sobretudo na Europa.

Um mestre com o seu discípulo, numa pintura mogol de c. 1600. Musée Nationale des Arts Asiatiques, Paris.

Tentemos resumir numericamente os dados atrás fornecidos:

    Autores citados                                116
      Autores consultados                          52
      Autores não consultados                      64
    Biblioteca coutiana                           123 títulos
      Títulos hoje desconhecidos                   11
      Títulos hipoteticamente utilizados           31
      Títulos possuídos mas não utilizados         8
      Títulos possuídos e utilizados                   73

Os 73 títulos da biblioteca mínima de Diogo do Couto merecem ainda algumas considerações. Em primeiro lugar, adiante-se desde já que tal número não corresponde imediatamente a outros tantos livros, mesmo se atendermos à ambiguidade desta última noção. Por um lado, alguns títulos, como a Historia do descobrimento da India de Fernão Lopes de Castanheda (n.30) ou a Relação das cousas que fizeram os padres da Companhia compilada por Fernão Guerreiro (n.64), eram compostos por vários tomos. Por outro lado, a listagem das obras consultadas por Couto individualiza os diferentes textos incluídos nos três volumes das Navigationi et Viaggi de Giovanni Battista Ramusio (n. °s 4, 8, 9, 11, 12, 23, 38, 51, 55, 59, 65, 67, 73, 86, 94, 97, 98, 115, 119, 121 e 123). Depois, valerá a pena salientar que alguns títulos correspondem a meia dúzia de páginas (n. °s 17, 56, 66, e 84, por exemplo), enquanto outros ocupariam largas centenas de folhas (n. °s 33 e 41, por exemplo).

Mesmo assim o rol bibliográfico coutiano continua a ser impressionante e merece ser distribuído por várias áreas temáticas.

i) Crónicas gerais da expansão portuguesa: Diogo do Couto conhece praticamente todas as crónicas gerais da expansão portuguesa, desde as três primeiras Décadas da Ásia de João de Barros (n.18), a que recorre muito esporadicamente, até à Historia do descobrimento e conquista da India pelos portugueses de Fernão Lopes de Castanheda (n.30), que parafraseia longamente nas suas Década 4 e Década 5. Possui igualmente, e manuseia com desenvoltura, outras crónicas importantes, como o Tratado dos Descobrimentos de António Galvão (n.57) e a Chronica do felicissimo Rei Dom Emanuel de Damião de Góis (n.61). Parece ter também conhecido e utilizado um manuscrito das Lendas da Índia de Gaspar Correia (n.41). Esta secção da biblioteca parece ser a mais completa, pois engloba os títulos básicos disponíveis no tempo do nosso homem.

Mulher mogol numa pintura do século XVIII.

Museum fur Indische Kunst, Berlim.

ii) Atlas:

As Décadas revelam uma consulta regular de dois dos maiores monumentos cartográficos da época: a Geografia de Ptolomeu (n.95), de que Couto possuía alguma edição italiana, e o Theatrum Orbis Terrarum de Abraham Ortelius (n.88), que figurava igualmente nas estantes do nosso autor. Não se pode dizer que a matéria cartográfica estivesse particularmente bem representada na biblioteca coutiana. Mas o cronista possuía igualmente um globo terrestre e mapas variados, que por vezes menciona ao correr da pena.

Frontispício do tratado De Amicicia de Marco Túlio Cicero, traduzido por Duarte de Resende (Coimbra, 1531).

iii) Crónicas parcelares:

A biblioteca coutiana é extremamente rica em todo o género de crónicas parcelares, isto é, aquelas obras de natureza historiográfica que são dedicadas a temas específicos, a personagens singulares ou a determinadas regiões geográficas, independendentemente de serem manuscritas ou de terem beneficiado de uma divulgação em letra de forma. Trata-se de um género que teve enorme desenvolvimento entre nós nos séculos XV a XVII, por razões ligadas ao intenso movimento expansionista em que Portugal esteve envolvido. Entre as obras impressas desta natureza mais regularmente utilizadas pelo nosso cronista, encontramos a Breve relação da embaixada de D. João Bermudes (n.20), a Historia das cousas de Miguel de Castanhoso (n.31), a Legatio Magni Indorum Imperatoris de Damião de Góis (n.60) e a Etiópia Oriental de Fr. João dos Santos (n. 109), todas as quatro dedicadas quase exclusivamente às coisas da Etiópia. Trata-se de uma área temática que foi razoavelmente bem explorada pelos escritores portugueses da época e que, simultaneamente, mereceu os favores da tipografia nacional. A Historia da India de António Pinto Pereira (n.89) é também uma obra muito bem conhecida de Couto, que a ela recorre com frequência. Outras obras impressas da biblioteca coutiana incluem as Cartas do padre Nicolau Pimenta (n.28), a Relação das cousas do padre Femão Guerreiro e a História da Vida do Padre Francisco Xavier do Pe. João de Lucena (n.78), importantes textos de origem jesuítica. Como é bem sabido, uma grande parcela da produção nacional em termos de crónicas parcelares, tal como acima são definidas, foi dinamizada pela Companhia de Jesus, graças a eficazes sistemas de recolha e de circulação de notícias. 15 Entre as obras de procedência estrangeira, encontramos na lista coutiana vários títulos impressos assaz interessantes: a Conquista de las Islas Malucas de Bartolomé Leonardo de Argensola (n.72), a Historia de las Indias de Francisco López de Gomara (n.76) e os Historiarum Indicarum de Giovanni Pietro Maffei (n.80). Esta última obra, que Couto certamente possuía, foi um dos grandes sucessos editoriais do século XVI, conhecendo inúmeras edições em várias línguas europeias.16 A colecção de manuscritos do nosso cronista é também significativa, uma vez que encontramos vestígios nas suas Décadas de regular utilização da Relação do Estado da Índia de Fr. Agostinho de Azevedo (n. 15), da Crónica do Vice-Rei D. João de Castro preparada por D. Fernando de Castro (n.33), da Informação das cousas de Maluco de Gabriel Rebelo (n.99), da Lenda do Apóstolo São Tomé recolhida por Gaspar Correia, e de dois textos anónimos, uma Relação dos feitos de Sancho de Vasconcelos (n. 102) e uma relação sobre a Vida e Acções de Mathias de Albuquerque (n. 122). A produção manuscrita, na época de Couto, foi importantíssima, contribuindo enormemente para a difusão de notícias sobre as regiões orientais onde os portugueses desenvolviam actividades.17 Quanto a crónicas parcelares manuscritas de estrangeiros, o nosso cronista parece limitar-se a utilizar a Relatio de martyribus Salsetanis do jesuíta Alessandro Valignano (n. 114), outro escrito de proveniência jesuítica.

iv) Relatos de cercos e de naufrágios:

Os mais populares sub-géneros da literatura portuguesa da expansão, se é que os podemos distinguir da secção anterior,18 estavam bem representados nas estantes da biblioteca de Diogo do Couto. Com efeito, encontramos vestígios nas Décadas de uma utilização segura de vários relatos de cercos: o Sucesso do segundo cerco de Diu de Jerónimo Corte-Real (n.42), o Livro primeyro de Lopo de Sousa Coutinho (n.43) e a Hystoria dos cercos de Jorge de Lemos (n.71). O mesmo se passa com os relatos de desastres marítimos, já que foi possível detectar relações intertextuais seguras entre as crónicas coutianas e seis títulos específicos: o Tratado das batalhas de Melchior Estácio do Amaral (n.5); a anónima Historia da muy notavel perda do Galeão grande sam João (n.66); o Naufragio da nao S. Alberto de João Baptista Lavanha (n.69); o anónimo Naufragio da viagem que fez a nao Santa Maria da Barca (n.84); a Relação do naufrágio da nau S. Tomé (n. 100); e a Relação do naufrágio da nao Conceição (n.101). Pode acrescentar-se que também esta secção da biblioteca está bastante bem fornecida, primando pela sua diversidade e pela sua actualização.

v) Relatos de viagem:

A designação é ambígua, e tem sido objecto de amplas discussões, 19 mas pode aqui ser comodamente adoptada para designar um conjunto relativamente amplo de textos que se constroem em função de um concreto itinerário espacial, marítimo ou terrestre, independentemente da respectiva elaboração literária. Diogo do Couto possuía pelo menos cinco títulos, três portugueses, dos quais dois manuscritos, e um espanhol: a Chorographia de Gaspar Barreiros (n. 16), o Roteiro do Mar Roxo de D. João de Castro (n.35), o Roteiro de Francisco Gali (n.56), a Jornada do Arcebispo de Fr. António de Gouveia (n.63) e a Vida del Gran Tamerlane de Ruy González de Clavijo (n.62). A posse desta última obra parece incontestável, independentemente da dificuldade em determinar a forma como o nosso homem a terá adquirido. Mas, no que toca a relatos de viagem, a obra de consulta básica de Diogo do Couto, sem qualquer dúvida, foi a monumental colectânea organizada por Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi, que foi publicada em Veneza entre 1550 e 1559, em três grossos volumes, que depois foram regularmente reimpressos e ampliados.20 O nosso homem possuía decerto esta valiosíssima compilação, que tivera o mérito de juntar pela primeira vez, em tradução italiana, um alargado conjunto de textos de origens muito diversas, pois nas suas Décadas utiliza nada menos de 21 títulos nela incluídos. É provável que dispusesse da 2a edição do primeiro volume (1554), da 3a edição do segundo volume (1583) e da 1a edição do terceiro volume (1556), como permitem concluir as regulares remissões para estas obras e edições que se encontram espalhadas um pouco por todas as suas crónicas. A colectânea ramusiana é utilizada fundamentalmente com dois propósitos: por um lado, como fonte de remissões eruditas para autores clássicos e medievais; por outro lado, como fonte de notícias sobre as regiões orientais, em períodos anteriores à chegada dos portugueses àquelas partes. A excepção mais importante será o relato do padre Francisco Álvares sobre o reino do Preste João (n. 4), que é utilizado de forma mais sistemática e exaustiva.

vi) Miscelânea:

Uma última secção da biblioteca coutiana engloba obras de natureza e propósitos diversos, pertencendo a distintas áreas e categorias literárias, que pelos respectivos quantitativos não justificam a existênca de secção própria. Em primeiro lugar, encontramos duas obras que podemos considerar de cultura geral: a Bíblia (n.21), o grande livro religioso da cultura cristã, e o Fios Sanctorum (n.54), a grande colectânea de vidas e feitos de santos cristãos. Couto utiliza ambas as obras com moderação, mas deveria certamente possuir um exemplar de cada uma delas. Em segundo lugar, encontramos três títulos de entretenimento: o Cancionero de romances (n.25), Las trecientas de Juan de Mena (n.83) e a Farsalia de Lucano (n.77). Não são as únicas obras deste tipo que figuram na biblioteca do nosso cronista. Contudo, são as únicas que foram explicitamente utilizadas e convocadas durante a escrita das Décadas, o que lhes concede um lugar de destaque. Em terceiro lugar, encontramos entre os títulos a que Couto recorreu dois-manuscritos existentes no arquivo da Torre do Tombo de Goa: o Tombo do Estado da índia de Simão Botelho (n.2) e o Livro de Pazes (n.75) compilado pelo próprio cronista e guarda-mor. Depois, em quarto lugar, as crónicas coutianas revelam a utilização de um dos escritos do próprio Couto: a Oração em louvor de D. Francisco da Gama (n.47). Finalmente, em quinto lugar, aparecem-nos duas obras incontornáveis da literatura portuguesa do século XVI, ambas indispensáveis na biblioteca de qualquer homem minimamente culto que mantivesse algum tipo de relação com as actividades ultramarinas dos portugueses: os Coloquios dos simples e drogas da India de Garcia de Orta (n.87), o grande tratado de botânica oriental, e Os Lusíadas de Luís de Camões (n.24), a síntese épica da expansão portuguesa, obra máxima da cultura do seu tempo.

Diogo do Couto possuía um importante conjunto de títulos, talvez a mais importante biblioteca particular entre os portugueses estabelecidos no Oriente na segunda metade do século XVI e primeiros anos da centúria imediata. As funções por ele desempenhadas, de certo modo, explicam esta verdadeira bibliomania, pois seria impensável um empreendimento da estatura das Décadas coutianas sem um correspondente suporte bibliográfico. Não se pode dizer, evidentemente, que Diogo do Couto possuía todos os textos impressos e manuscritos essenciais ao seu mester de cronista dos feitos orientais dos portugueses. Contudo, não se pode negar que estava bastante bem apetrechado para se lançar nessa difícil e morosa tarefa. A função exercida por Couto explica também o conteúdo temático dos seus livros, uma vez que as obras possuídas e/ou consultadas respeitam maioritariamente a temas ultramarinos, configurando a existência de uma verdadeira, e altamente especializada, biblioteca luso-oriental, já que, para além desta temática dominante, poucos outros assuntos parecem ter suscitado a atenção do autor das Décadas.

A biblioteca de Diogo do Couto foi aqui estabelecida com base num minucioso trabalho analítico e interpretativo.21 A listagem final poderá evidentemente pecar por defeito ou por excesso. Mas é um ponto de partida. Por um lado, conhecemos agora melhor as principais fontes em que se baseou o nosso autor no seu labor cronístico, as quais, em muitos casos, se limitou a copiar, a adaptar ou a reordenar. O que muito nos esclarece sobre os seus métodos de trabalho intelectual. Por outro lado, conhecemos alguns dos seus hábitos de leitura e alguns dos títulos que mais amiúde frequentou, os quais são repetidamente citados ao correr das Décadas. E estas leituras seriam também leituras de outros portugueses do seu tempo, circunstância que nos permite conhecer um pouco melhor esse mundo intelectual longínquo e nebuloso.22

Como última ressalva, poder-se-á sublinhar que não devemos cair na anacronística tentação de criticar Diogo do Couto pela forma quase obsessiva com que incorporou textos de outros autores nas suas próprias obras. Tratava-se, no fim de contas, de um processo bastante convencional de fazer história, pois ninguém no seu tempo esperaria encontrar uma prosa absolutamente original numa crónica de feitos guerreiros e marítimos. As funções do cronista ligavam-se mais à selecção e à compilação dos materiais disponíveis, e também à ordenação desses materiais de uma forma lógica e cronológica. A arte do cronista exprimia-se tanto na habilidade de reunir, por todos os meios, um vasto fundo documental, como na capacidade de sintetizar as fontes escolhidas num discurso próprio e coerente.

Diogo do Couto parece ter exercido o seu mester com grande persistência, com consumada habilidade e com razoável honestidade. Por um lado, pudémos constatá-lo, recolheu uma ampla variedade de materiais para a elaboração das suas Décadas. Por outro lado, sintetizou convenientemente as suas fontes, se exceptuarmos alguns descuidos atribuíveis às circunstâncias concretas em que trabalhava. Graças ao seu incansável labor, conseguiu preservar uma larga porção da memória luso-oriental, evitando que muitos textos dispersos desaparecessem para sempre na voragem do tempo e dos elementos. E só por isso mereceria Diogo do Couto um lugar destacado na historiografia luso-oriental.23

O catálogo de uma biblioteca pode dizer-nos muito sobre os traços mentais e sobre os horizontes culturais do seu possuidor. A biblioteca de Diogo do Couto que aqui fica esboçada lança alguma luz nova sobre a vida e sobre obra do célebre cronista português, contribuindo para o aprofundamento da matéria coutiana. Mas um catálogo bibliográfico só faz inteiro sentido quando confrontado com outras listagens coevas, referentes a outros autores da mesma época, permitindo um e outras, na sua complementaridade, um conhecimento mais aprofundado do mundo da leitura e da escrita em Portugal e entre os portugueses. É esse desafio que aqui fica lançado, pois muito há ainda a fazer no domínio da história cultural dos séculos XVI e XVII.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Cardim, Pedro — "Livros, literatura e homens de letras no tempo de João de Barros", Oceanos (Lisboa), n.27, 1996, pp. 27-47.

Cordeiro, Luciano — Dois Capitães da Índia (documentos inéditos entre os quaes diversas certidões autographas de Diogo do Couto), Lisboa, Escritório, 1898.

Couto, Diogo do — Da Ásia - Décadas (Lisboa, 1778-1788), edição fac-similada, 15 vols., Lisboa, Livraria Sam Carlos, 1973-1975 [Os números remetem, respectivamente, para a Década, livro e capítulo, ou apenas para a Década e capítulo.]

Documentos Remetidos da Índia ou Livros das Monções, edição de Raimundo António de Bulhão Pato & António da Silva Rego, 10 vols., Lisboa, Academia das Ciências de Lisboa, 1880-1982.

Garcia, José Manuel — Ao Encontro dos Descobrimentos - Temas de História da Expansão, Lisboa, Editorial Presença, 1994.

Gil, Juan — "Los modelos clásicos en el Descubrimiento", in Espacio Geográfico/Espacio Imaginário - El descubrimiento del Nuevo Mundo en las culturas italiana y española, edição de María de las Nieves Muñiz Muñiz, Cáceres, Universidad de Extremadura, 1993, pp.13-27.

Hampe Martínez, Teodoro — Bibliotecas privadas en el mundo colonial - La difusión de libros e ideias en el virreinato del Perú (siglos XVI-XVII), Frankfurt, Editorial Vervuert, 1996.

Hooykaas, Reijer— O Humanismo e os Descobrimentos na Ciência e nas Letras Portuguesas do Século XVI, Lisboa, Gradiva, 1983.

Kristeller, Paul — Tradição Clássica e Pensamento do Renascimento, Lisboa, Edições, 70, 1995.

Lach, Donald F. — Asia in the Making of Europe, 2 vols. / 5 tms., Chicago, University of Chicago Press, 1965-1977.

Macedo, Jorges Borges de — Damião de Góis et l'Historiographie Portugaise, Paris, Fundação Calouste Gulbenkian, 1982.

Parks, George B. — "The Contents and Sources of Ramusio's Navigationi", in Giovanni Battista Ramusio, Navigationi et Viaggi - Venice 1563-1606, edição de R. A. Skelton & George B. Parks, 3 vols., Amsterdão, Theatrum Orbis Terrarum, 1967-1970, vol.3, pp. 1-39.

Serrão, Joaquim Veríssimo — A Historiografia Portuguesa, 3 vols., Lisboa, Editorial Verbo, 1972-1974.

Wolfzettel, Friedrich — Le discours du voyageur - Le récit de voyage en France, du Moyen Âge au XVIIIe siècle, Paris, Presses Universitaires de France, 1996.

NOTAS

1 Luciano Cordeiro publicou vinte e uma certidões assinadas por Diogo do Couto, relativas a serviços prestados no Oriente por vários fidalgos portugueses (Dois capitães da Índia, pp. 123-148).

2 Documentos remetidos da Índia, vol. 3, p. 38.

3 António Baião, "Introdução" (Diogo do Couto), pp. lxxvii-lxxxv.

4 Vd., entre outros, Charles R. Boxer, "Three Historians", pp. 29-32.

5 Diogo do Couto, Década 7, liv.10, cap. 5, p. 482.

6 Vd. Jorge Borges de Macedo, Damião de Góis, pp. 123-130.

7 Cf. supra, alínea c).

8 Cf. supra, alínea e).

9 Vd. Paul Kristeller, Tradição Clássica, passim, para uma panorâmica genérica; e R. Hooykaas, O Humanismo e os Descobrimentos, passim, para o caso português.

10 Vd. Juan Gil, Juan, "Los modelos clásicos", pp. 13-27.

11 Cf. supra, alínea d).

12 Cf. supra, alínea e).

13 Os números abaixo indicados remetem para a alínea e).

14 Vd. Donald F. Lach, Asia in the Making of Europe, vol. 2, liv.2, pp. 43-48; e Teodoro Hampe Martínez, Bibliotecas privadas, p. 68.

15 Vd. José Manuel Garcia, Ao Encontro dos Descobrimentos, pp. 234-243.

16 Vd. Donald F. Lach, Asia in the Making of Europe, vol. 1, pp. 325-326.

17 Este facto é sublinhado pelos 28 títulos que faziam parte da biblioteca coutiana.

18 Vd. Donald F. Lach, Asia in the Making of Europe, vol. 2, liv.2, pp. 131-138.

19 Vd. uma interessante discussão em Friedrich Wolfzettel, Le discours du voyageur, pp. 35-120.

20 Vd. George B. Parks, "The Contents and Sources", passim.

21 Esta investigação foi levada a cabo no âmbito do programa de bolsas do Instituto Cultural de Macau.

22 Vd., a propósito, Pedro Cardim, "Livros, literatura e homens de letras", pp. 27-47.

23 Vd. Joaquim Veríssimo Serrão, A Historiografia Portuguesa, vol. 1, pp. 244-263.

* Doutorado em História pela Faculdade de Letras de Lisboa, director da extensão algarvia da Universidade Lusófona, professor visitante da Universidade de Macau e membro do Grupo de Trabalho do Ministério da Educação para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, da Sociedade de Geografia de Lisboa e da Academia de Marinha.

desde a p. 71
até a p.