Arquitectura

ARQUITECTURA EM TRANSIÇÃO**

Maria José de Freitas*

Pérgula do Auditório(Av. da Praia, Taipa). Slide de Ricardo Silva Alves.

1. INTRODUÇÃO

Falar de património, da sua conservação, reabilitação e uso em Macau, a poucos dias da transferência da soberania para a República Popular da China, pode parecer tardio ou prematuro, em todo o caso transitório.

Mas a verdade é esta: a soberania transfere-se, mas a cidade-palco continua, e fica aí carregada de memórias, vivências e histórias prontas a ser percorridas, vividas e experimentadas, constituindo um receptáculo imenso da convivência das culturas que albergou ao longo de 400 anos.

Na arte de encontrar sentidos, desvendar histórias, fazer ligações e aprofundar sínteses entre o objecto construído e o seu uso, de modo a tomá-lo apetecível no contexto da experiência urbana, cabe-nos a nós arquitectos, um papel não negligenciável na construção dos possíveis cenários.

É dessa experiência que vos falo, como arquitecta, agente da transformação na arte, sempre transitória, de fazer a cidade.

A minha exposição assenta em três momentos da vida profissional, centrados na conservação do património arquitectónico existente, correspondendo a uma complexidade urbana crescente que acompanha a escala da sua cronologia no tempo.

Teatro D. Pedro V. Slide de Sam Tse.

Começarei pela intervenção efectuada num edifício de interesse arquitectónico, o Teatro D. Pedro V, passarei depois para a intervenção concretizada num conjunto classificado integrado na malha citadina: as Moradias do Tap Seac, ambos situados em Macau.

Finalmente apresentarei a situação referente à intervenção efectuada num conjunto patrimonial isolado, onde também foi possível "trabalhar" a envolvente, constituído pelas Moradias da Av. da Praia, na Ilha da Taipa.

Teatro D. Pedro V. Slide de Sam Tse.

2. TEATRO D. PEDRO V

Edifício de Interesse Arquitectónico, DL 83/92/M Rua Central, Macau

O passado (1858-92)

O edifício do Teatro D. Pedro V foi construído em meados do sec. XIX e inaugurado em Março de 1858.

O autor do desenho arquitectónico foi o macaense Pedro Marques, escrivão da Câmara e arquitecto amador, que também soube dirigir as obras de construção com talento e mestria.

O estilo do edifício pode caracterizar-se como uma curiosa mistura de arquitectura clássica greco-romana com arquitectura portuguesa.

A configuração actual da fachada foi acrescentada em 1873, pelo Barão do Cercal, autor do desenho de muitos outros edifícios neoclássicos do território, como sejam o Palácio do Governo e o Palacete de Santa Sancha (actual residência do Governador).

O primeiro restauro operado por um conhecido arquitecto, ocorreu em 1918 e foi concretizado por José Francisco da Silva.

Desde o início, a história do Teatro tem estado ligada ao Clube de Macau, cujas instalações funcionam, ainda hoje, "paredes meias" com as do teatro em si.

Teatro D. Pedro V. Slide de Sam Tse.
Teatro D. Pedro V. Slide de Sam Tse.

Programa :

Teatro com 312 lugares

Instalações do Clube de Macau

Cliente :

Fundação Oriente

Data do Projecto : 1992/93

Data de Conclusão da Obra :

Outubro de 1993

Área :

ABC do Teatro - 1357 m2

ABC Clube de Macau - 200 m2

Equipa de Projecto :

Arquitectura

Maria José de Freitas

Estabilidades/Rede de Águas e Esgotos,

Instalações Electromecânicas

Somec Consultores

Construtor :

Somec Consultores

3. MORADIAS DO TAP SEAC - SEDE DO IPOR

Conjunto Classificado DL83/92/M

Av. Conselheiro Ferreira de Almeida,

n. ° 95 - E, F, G, Macau

A História

As três moradias geminadas incluem-se num conjunto urbano estruturado nos finais do século passado, incluindo tipologias arquitectónicas, bem definidas, preservadas até aos nossos dias.

Moradias do Tap Seac Sede do IPOR. Slide de Sam Tse.

Estas construções inicialmente vocacionadas para habitação, e depois destinadas a serviços da Administração foram posteriormente adquiridas pela Fundação Oriente que decidiu recuperá-las, inserindo este conjunto no património arquitectónico "vivo" da cidade de Macau, através da instalação da sede do Instituto Português do Oriente.

Moradias do Tap Seac - Sede do IPOR. Slide de Sam Tse.

A Intervenção

A intervenção arquitectónica efectuada teve uma tradução a dois níveis: exteriormente manteve-se a "traça", reconstituindo os estuques decorativos, restaurando os frisos e preservando as tonalidades cromáticas preexistentes, amarelo e ocre vermelhão, que tanta singularidade lhe conferem.

Interiormente a remodelação efectuada teve como objectivo adaptar as dependências de forma a aí instalar a sede do IPOR.

A compartimentação dos espaços articulou-se com o programa funcional de modo a respeitar as estruturas e eixos existentes em temos de circulações horizontais e verticais, entradas de luz e localização das áreas nobres e zonas de serviços.

O tratamento dos espaços fez-se de modo criterioso correspondendo à carga, de algum modo, institucional da entidade IPOR, conjugando-a com o dinamismo e a versatilidade inerentes a uma estrutura que se pretende inovadora e chamativa.

Assim a sede da instituição e os serviços de secretaria ocupam uma das moradias, destinando-se as outras duas, bem como, as construções existentes na retaguarda, as salas de aula e outras instalações para alunos e professores.

Moradias do Tap Seac - Sede do IPOR. Slide de Sam Tse.

Ficha Técnica

Localização :

Av. Conselheiro Ferreira de Almeida, n. ° 95 E, F, G, Macau

Programa :

Instalação da Sede do IPOR

Cliente :

Fundação Oriente/IPOR

Conclusão do Projecto :

Maio 1994

Conclusão da Obra :

Dezembro 1995

Área:

ABC Total das Moradias - 560 m2

Equipa de Projecto :

Arquitectura

Maria José de Freitas

Estrutura/Redes de Águas, Esgotos e Protecção

c. Incêndios

Jan Gin Vei

Instalações Electromecânicas

António Azevedo

Construtor :

Mei Cheong Lda

4. CENTRO DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE MACAU

Conjunto Classificado DL 83/92/L

Av. Conselheiro Ferreira de Almeida, 95, Macau

CACOM - Moradia Tap Seac. Slide de Sam Tse.
CACOM - Moradia Tap Seac. Slide de Sam Tse.

A História

Para complementar a intervenção efectuada nas moradias do Tap Seac, gostaria de destacar o trabalho concretizado na moradia n. ° 95, pelas características próprias de que se revestiu, visto a proposta de revitalização visar a instalação de uma Galeria de Arte no Rés do Chão e um Estúdio de Rádio no 1° andar. CACOM - Moradia Tap Seac. Slide de Sam Tse.

CACOM - Moradia Tap Seac. Slide de Sam Tse.

A Intervenção

Como já se referiu o edifício pertence ao conjunto classificado da Av. Conselheiro Ferreira de Almeida, tendo as obras executadas respeitado as características do imóvel, preservando o desenho neoclássico das fachadas.

O interior foi integralmente reconstituído numa linguagem contemporânea e minimalista, dando resposta às novas exigências funcionais.

Da construção inicial preservaram-se as proporções e as cotas interiores, bem como a grande clarabóia central, envidraçada, que foi aumentada, permitindo a entrada de luz zenital sobre a área ocupada pelos poços preexistentes.

Elemento polarizador, em torno do qual se organiza o espaço existente, a clarabóia constitui o centro da futura Galeria de Arte ao nível do primeiro piso, e o grande vão translúcido, verdadeira"caixa de luz" no interior da "caixa de som" que será o futuro Estúdio de Rádio a instalar no piso superior, em segunda fase.

Na retaguarda, umas escadas em estrutura metálica com formas elípticas e sinuosas, permitem o acesso ao primeiro andar.

Exteriormente manteve-se o cromatismo existente, que confere a este edifício, em particular, e ao conjunto classificado, em geral, as características que o individualizam na arquitectura de Macau.

O edifício está pintado a tinta de emulsão tom amarelo forte. Molduras e demais frisos salientam-se em tom vermelhão. Ambas são cores quentes, vibrantes, sobrepondo outras leituras, às cores da cidade.

No interior, assumidamente neutro e frio, a estrutura em betão aparente emoldura paredes de cor branca. O ascetismo é reforçado pela luminosidade proveniente da clarabóia central, construída em estrutura metálica e vidro. Os espaços são despojados e luminosos celebrando antecipadamente as exposições e acontecimentos culturais que neles terão lugar.

Ficha Técnica

Localização :

Av. Conselheiro Ferreira de Almeida,

n. ° 95, Macau

Programa :

Rés do Chão - Galeria de Arte

1° Andar - Estúdio de Rádio

Cliente :

Fundação Oriente

Data do Projecto :

1995/1996

Conclusão da Obra :

Junho de 1997

Área :

Área do Terreno - 540 m2

Área Bruta de Construção - 1.080 m2

Equipa de Projecto :

Arquitectura

Maria José de Freitas

Estruturas/Rede de Águas, Esgotos e Protecção

c. Incêndios

Jan Gin Vei

Instalações Electromecânicas

António Azevedo

Construtor :

Soc., Investimento e Construção Cidade

Nova Lda.

^^ 5. MORADIAS DA AV. DA PRAIA-TAIPA Conjunto Classificado, DL 83/92/M Av. da Praia, Ilha da Taipa A História/Pré-Existências O local de intervenção contempla a Avenida da Praia, com o devido destaque para a presença de cinco moradias "coloniais", que conferem a este espaço um valor patrimonial único no Território e, designadamente, na Ilha da Taipa. O valor deste troço paisagístico é reconhecido no contexto da envolvente, sendo o local limitado a Norte e a Poente por dois jardins, de significado histórico relevante, e de características singulares, preponderantemente pela composição topográfica da zona e pelas espécies arbóreas evidenciadas. No espaço intermédio entre estes dois troços detecido verde e no alinhamento da Rua da Restauração, é possível vislumbrar o Largo da Igreja do Carmo, que faz parte do mesmo conjunto patrimonial. No limiar Sudoeste do Largo do Carmo encontramos um conjunto urbano antigo, de casas definidas pelo carácter pictórico específico que as estrutura, sendo o reflexo de um aglomerado de população piscatória que, ao longo dos anos, ali marca presença e evolução. É no contexto compositivo destes elementos envolventes que surge a introdução ao local, é na consciência das várias escalas em que o terreno da Avenida da Praia se insere, que surge o alcance objectivado para a proposta desenvolvida. Relativamente à zona da Avenida da Praia, há que gerar uma sintonia com o local, na compreensão dos vários elementos que participam na história deste troço e no seu enquadramento paisagístico. Em referência ao contexto territorial, importa garantir a salvaguarda dos bens do passado como memória colectiva de referência, e testemunho cultural futuro. Em termos regionais, reconhece-se a necessidade de reafirmar as estruturas patrimoniais mais representativas da Cultura do Território e do seu legado histórico, no âmbito da promoção do produto turístico de raiz cultural, com base em critérios de qualidade que acompanhem a evolução que a Região Ásia-Pacífico faz perspectivar a curto prazo, nomeadamente, nesta área.
Auditório. Slide de Ricardo Silva Alves.
Em aditamento, é ainda de referir que pelo progressivo assoreamento da Baía da Nossa Senhora da Esperança, e consequente mangal, se anulou o contacto com o rio, que serviu de argumento para a localização das cinco moradias, pelo que, reconhecendo a relevância que o elemento água representou ao longo de várias décadas no local, se propõe a sua restituição, como elemento participativo da ambiência deste espaço, através da inclusão de um lago, em 2a fase, como aliás vem indicado nas peças desenhadas no programa do concurso.
Foto de Maria José de Freitas.

-Moradia 4(1 piso) - Centro de Artesanato

-Moradia 5 (2 pisos) - Restaurante, com Esplanada, no espaço exterior e de fácil acessibilidade relativamente ao anfiteatro.

Deste modo criou-se uma alternância na distribuição de actividades e funções, permitindo uma melhor distribuição da afluência do público aos vários espaços, gerando um movimento humano homogéneo ao longo de toda a Avenida da Praia.

Como elemento importante e gerador de actividades lúdicas e culturais, ressalta-se a inclusão de um Auditório ao ar livre, no extremo da Av. da Praia, a Nascente, que tira partido da diferença de cotas observadas entre a A v. da Praia e a plataforma topográfica que antecede a presença do mangal.

As actividades desenvolvidas nas moradias serão apoiadas, em termos logísticos, pela existência de espaços em áreas anexas, de algum modo "camuflados" nos muros de suporte da envolvente, em pedra de granito, que delimita o conjunto.

Assim podemos referir que o Anexo A, sob a Rua da Restauração contém equipamento de apoio e arquivo, o Anexo B que funciona como apoio ao restaurante e finalmente o Anexo C suporta as actividades do Auditório.

Concepção Arquitectónica

A proposta do projecto inerente a cada uma das cinco moradias respeita integralmente os condicionalismos previstos, no âmbito da salvaguarda do património cultural, pelo que, ao nível das fachadas, apenas se actuou no sentido de restituir alguns elementos originais, efectivando uma acção de restauro consequente com o momento arquitectónico da época.

Assim considera-se a reposição dos ripados de madeira das janelas, em todas as moradias, conforme a caracterização original. Igualmente se considera a reposição da cobertura em telha, conforme desenho inicial.

O conceito subjacente à intervenção efectuada no interior de cada uma das moradias, teve diversos condicionantes, pelo que se enunciará, seguidamente, cada situação particular.

Moradia 1 - Casa Museu/Habitação Macaense

Conceito Base

Como já se referiu, o espaço museológico denominado Casa Museu/Habitação Macaense localiza-se na Moradia 1.

Na reconstrução efectuada procurámos recriar os valores ambientais características das habitações macaenses à data da construção das moradias ou seja nos anos 20 deste século (1921).

A reinterpretação dos elementos tradicionais, relativamente ao exterior da moradia traduziu-se na adopção da cobertura com telha, tal como existia originariamente, e na introdução de portadas de madeira exteriores em todos os vãos de portas e janelas, situação que faz parte do vocabulário típico das moradias macaenses.

Moradia l - Casa Museu. Slide de Ricardo Silva Alves.

Moradia l - Casa Museu. Slide de Ricardo Silva Alves.

Para organizar a pesquisa formal relativamente ao desenho dos interiores das moradias, em especial nesta casa n.o 1, onde se procura recriar o ambiente tradicional, houve o cuidado de pesquisar o universo existente de situações análogas afim de detectar as linhas de força orientadoras da concepção a apresentar e que, se podem enumerar da seguinte forma:

a) Em primeiro lugar houve que identificar a noção de "espaço/habitat", entendido como entidade habitável, com um significado profundo que se prende com o modo de viver típico das famílias macaenses.

Depois houve que definir o sítio das áreas de "convívio/receber/estar", contrapondo-o ao sítio das áreas privadas de descanso, ou seja, houve que fazer a articulação e modulação dos espaços onde se pudesse viver como se vivia nos tempos passados. Essa tarefa foi facilitada respeitando a organização matricial da moradia, localizando o 1° grupo de actividades no rés-do-chão, e incluindo as áreas mais privadas no andar superior.

b) Em segundo lugar houve que conjugar a organização do espaço com a tipologia da decoração preconizada. Assim, quanto a revestimentos, foram seleccionados elementos tradicionais típicos, tais como prancha de madeira corrida em pavimentos, tectos falsos trabalhados com florões e outros efeitos decorativos, nas zonas de estar. Tecto em ripado de madeira, nas zonas de circulaçãoe quartos.

As portas interiores obedecem, também, a desenhos tradicionais, incluindo frisos e molduras, que lhe conferem o estilo neoclássico patenteado.

c) Finalmente, haveria que constituir todo este espaço decorado e potencialmente habitável como área de exposição tornando-o atraente para os visitantes e facilitando os percursos possíveis no seu interior.

Por isso as diversas áreas de exposição foram interligadas recriando-se um percurso no interior da vivenda que para além de lúdico, deverá ser também informativo e culturalmente didáctico.

A recriação do ambiente interior será oportunamente completada com a inclusão do mobiliário, e outros elementos decorativos típicos das casas da época.

Como complemento existirá uma área de arrecadação afecta a esta moradia no Anexo A.

Áreas:

ABC Total Moradia 1 = 311.70 m2

R/Chão- 155.85m2

1° Andar- 155.85m2

Moradia 2 - Galeria de Exposições Temporárias

Conceito Base

A Galeria de Exposições Temporárias localiza-se na Moradia 2.

Sendo esta uma área temática bastante genérica, que abarca no seu âmbito uma multiplicidade de intenções que se podem traduzir em exposições diferentes, recorrendo a diverso material expositivo, com maiores ou menores requisitos em termos tecnológicos, necessita de uma flexibilidade que viabilize a pluralidade de cada exposição sem, contudo, perder a sua unidade como área temática distinta das demais.

Moradia 2 - Galeria de Exposição. Slide de Ricardo Silva Alves.

Este conceito foi determinante na articulação espacial subjacente à proposta, e traduziu-se na criação de um grande espaço expositivo, em que a geometria do pavimento cria diversos "Cenários", onde é possível exibir situações distintas.

A noção de espaço global subdivisível é reforçada com a existência de colunas estruturais revestidas a chapa de alumínio, pontuado o percurso de entrada e alinhadas com a estereotomia do pavimento.

Uma pequena área de apoio na retaguarda incluirá arrumos, instalações sanitárias e o acesso ao sótão, cuja utilização é possível para arrecadação.

A flexibilidade em termos de infra-estruturas técnicas é assegurada pela existência de calhas acessíveis em todo o perímetro e ainda nos eixos longitudinal e transversal das salas de exposição.

Como complemento existirá uma área dearquivos no anexo A, afecta a esta moradia.

Áreas:

ABC Total Moradia 2 = 162.93 m2

Moradia 3 - Museu Etnográfico

Conceito Base

O espaço museológico destinado ao Museu Etnográfico localiza-se na Moradia 3, e deverá ser uma área polivalente e versátil dentro do tema que se propõe, "dar a conhecer" o valioso património que o Grupo de Danças e Cantares do Clube de Macau possui.

Com efeito tem sido possível constatar o potencial em termos de material expositivo que este grupo possui, e que pode servir de base a interessantes exposições sobre o património etnográfico de raiz portuguesa, ou outras.

Prevendo a versatilidade das exposições a concretizar, o espaço interior foi tratado por forma a libertar grandes áreas de exibição, dotadas das infra-estruturas técnicas necessárias para situações desta natureza.

Moradia 3 Museu de Etnografia. Slide de leong Tong Mak.

As áreas expositivas são apoiadas por uma pequena área de Arrumos e Instalações Sanitárias no 1° andar.

É possível aceder ao sótão através de uma escada metálica, e utilizar o espaço livre para arrecadação.

Existirá no anexo A uma área de Arrumos afecta a esta moradia.

Áreas:

ABC Total Moradia 3 = 311.70 m2

R/Chão = 155.85 m2

1° Andar = 155.85 m2

Moradia 4 - Centro de Artesanato

Conceito Base

O Centro de Artesanato localiza-se na moradia 4.

Museu do Artesanato - Moradia 4. Slide de Ricardo Silva Alves.

A entrada para o centro é proporcionada a partir de um corredor simulado através de um desenho no pavimento. Esse corredor abre depois perspectivas sobre as salas de exposição que se localizam à direita e à esquerda.

Propõe-se um espaço amplo, não restritivo relativamente às exposições temáticas a promover.

Ao fundo uma pequena área de apoio incluirá arrumos, instalações sanitárias e o acesso ao sótão.

Calhas técnicas na periferia das salas e segundo os eixos longitudinal e transversal asseguram a flexibilidade dos espaços expositivos.

Áreas:

ABC Total Moradia 2 = 162.93 m2

Moradia 5 - Restaurante/Esplanada

Conceito Base

No extremo nascente da Avenida da Praia, no espaço ocupado pela moradia 5, encontra-se o Restaurante/Bar, ligado a uma esplanada ao ar livre.

Moradia 5. Slide de Ricardo Silva Alves.

Moradia 5. Slide de Ricardo Silva Alves.

Espacialmente, o Restaurante desenvolve-se no piso do rés-do-chão, possuindo no conjunto 48 lugares interiores e 18 lugares exteriores.

No 1° andar o Piano Bar, terá capacidade para 48 lugares no interior e 18 lugares no exterior.

Áreas:

ABC Total Moradia 5 = 311.70 m2

R/Chão = 155.85 m2

1° Andar = 155.85 m2

Os Anexos

A filosofia proposta para os anexos assenta, como já tive ocasião de referir, na adopção de uma linguagem minimalista de linhas geométricas precisas, constituindo como que um pano de fundo, onde se destaca a volumetria das moradias, com os seus recortes e ornatos neoclássicos, reforçando o brilho e a textura das superfícies verde água.

Em síntese e por questões metodológicas, as estruturas de apoio às moradias poderão agrupar- se, constituindo três unidades autónomas, cujo conteúdo passo a descrever.

Anexo A - Sob a Rua da Restauração

Conceito Base

O anexo A revela uma configuração linear, e será acessível a partir da cota de implantação do conjunto urbano, aproveitando o desnível existente entre a Rua da Restauração e esta plataforma, correspondendo a um "rasgamento" do muro de suporte, por forma a albergar as novas funções.

Anexo A - Sob a Rua da Restauração. Slide de Ricardo Silva Alves.

A opção arquitectónica adoptada no desenho da fachada visível, procura uma linguagem de integração, adoptando um mimetismo relativamente ao muro de suporte existente, reforçando a ideia de muralha em pedra, assumindo-se como sendo um contraforte da estrutura primitiva.

Aloja aí as seguintes áreas de apoio:

-Instalações Sanitárias Públicas Masculinas e Femininas, incluindo ISDM;

-Arrumos de Apoio às Moradias 1, 2, 3 e 4;

-Equipamento Técnico

Áreas:

ABC Total Anexo A = 170.22 m2

Anexo B - Apoio ao Restaurante

Conceito Base

O anexo B irá localizar-se a NE da área de intervenção, no limite do terreno, ocupando uma posição periférica na leitura do conjunto patrimonial.

A linguagem arquitectónica adoptada patenteia um discurso de linhas geométricas, bem definidas, recorrendo ao revestimento em pedra das superfícies planas, estrutura metálica e vidro nas zonas de ligação.

A área edificada, tirando partido da sua implantação entre a moradia 5 e o muro de suporte que faz a divisão com o terreno vizinho, preenche a quase totalidade do espaço disponível, não ultrapassando, visualmente, o alinhamento da moradia 5 relativamente aos alçados anterior e posterior.

A volumetria do anexo, segue alinhamentos horizontais definidos pela moradia, em frisos, remates de vãos, etc., criando um diálogo cúmplice entre as duas estruturas que enriquece a leitura do conjunto.

Este anexo irá enquadrar as áreas de apoio ao restaurante proposto para a moradia 5, designadamente: Cozinhas, Despensas, Arrumos, Câmaras Frigoríficas, Instalações Sanitárias e Vestiários para o pessoal, Compartimento para o Lixo e para o Gás.

Engloba igualmente Instalações Sanitárias de apoio ao Restaurante e à Esplanada.

Um túnel em estrutura metálica e vidro ligará o anexo B à moradia 5, facilitando o acesso através da inclusão de uma pequena rampa e alguns degraus, atendendo ao desnível de cota existente entre o anexo e a moradia.

Uma clarabóia central iluminará esta área de serviços.

Área:

ABC Total Anexo B = 119.47 m2

Anexo C - Apoio ao Auditório

Conceito

Sendo proposto um Auditório ao ar livre para cerca de 500 pessoas, considerou-se a inclusão de uma zona de serviços, abrangendo Camarins, Instalações Sanitárias e Arrumos para apoio aos artistas.

Arquitectonicamente, este anexo, que se desenvolve entre o eixo do Auditório e o muro de suporte para o terreno vizinho, constitui como que uma rotação deste muro, apresentando a mesma linguagem em pedra, respeitando a sua estereotomia e reforçando o conceito já patenteado no anexo A, e que se resume na criação de uma envolvente que, reforçando os limites da intervenção, permita realçar a arquitectura neoclássica das moradias, resguardando o romantismo do local.

Área:

ABC Total Anexo C = 56.78 m2

Ficha Técnica

Localização:

Av. da Praia, Ilha da Taipa

Programa:

Renovação e Revitalização das Moradias da

Av. da Praia

Cliente:

Administração do Território

Conclusão do Projecto:

Julho 1998

Situação Actual:

Obra em curso

Área:

Área Total de Intervenção - 6.500 m2

Área Bruta de Construção - 1.700 m2

Equipa de Projecto:

Coordenação Geral

Maria José de Freitas

Arquitectura

Maria José de Freitas/Luis Miguel Barros/

Paula Figueiredo

Paisagismo

Christopher Chung

Estabilidade/Redes de Águas, Esgotos e

Protecção Contra Incêndios

Jan Gin Vei

Instalações Electromecânicas

João Godinho

Construtor:

Sun Kei

Anexo B - Apoio ao Restaurante. Slide de Ricardo Silva Alves.

6. CONCLUSÃO

As situações apontadas têm a ver com a renovação/recuperação de edifícios históricos, no caso vertente a maior parte deles foram outrora residências, hoje a sua recuperação permite reabilitá-los para outros usos, provavelmente tão efémeros como os primeiros, em todo o caso transitórios e é, porventura, nessa aliança entre a transitoriedade do uso e a perenidade do objecto construído que pode residir a essência da reabilitação do património.

Anexo C - Apoio ao Auditório. Slide de Ricardo Silva Alves.

**Texto baseado numa comunicação apresentada no VII Congresso Internacional dos Arquitectos de Língua Portuguesa (CIALP), Macau, 15-19 de Junho de 1999.

*Arquitecta (ESBAL, 1974). Desenvolve a sua actividade profissional em Macau, desde 1987. Autora de diversos projectos de renovaçâo arquitectónica, de unidades industriais, de desenvolvimento turístico e planeamento urbano em Macau, Cantão, Barhain e Portugal.

desde a p. 193
até a p.