Atrium

DE GOA A PESSOA
Macau Dia de Portugal de 1988

Jorge Morbey

Festejar Portugal em Macau, por ocasião do seu Dia Nacional, é um dever patriótico de todos os portugueses.

Celebrar Portugal com a intervenção de luso-descendentes de comunidades situadas na zona do Índico e do Pacífico é, para além disso, uma grande emoção.

Volvidos dois anos sobre a presença em Macau, por ocasião do Dia de Portugal, de uma cativante embaixada cultural dos luso-descendentes de Malaca, temos este ano entre nós a presença activa de luso-descendentes da Índia.

Índia, Sri-Lanka, Bangla-Desh, Birmânia, Tailândia, Malásia, Singapura, Japão, Indonésia, Austrália, Ilhas Hawai, são pontos de rota da diáspora portuguesa na zona do Índico e do Pacífico, depositários de valores culturais aí recriados pelo entrelaçamento das Culturas locais com a Cultura portuguesa.

Em algumas dessas partes persistem comunidades de luso-descendentes que guardaram, até aos nossos dias, elementos dessa herança cultural mestiça, nos crioulos, na culinária, nas danças e nos cantares, na religião Católica e noutras'tradições.

É desta teia de comunidades de luso-descendentes se que têm procurado unir as pontas, a partir de Macau, fomentando o seu conhecimento recíproco e estimulando entre si a solidariedade cooperante, no sentido de que as mais prósperas auxiliem as que o não são.

Macau contraíu no passado, com Malaca e com a Índia, uma enorme dívida que tem por preço a sua própria existência quatro vezes centenária.

Sob a figura tutelar de Camões, o símbolo mais universalmente lusíada, o Dia de todos os portugueses em Macau, em 1988, é principalmente o reencontro com os valores da cultura Indo-Portuguesa e a homenagem a Fernando Pessoa, cujo centenário do nascimento se comemora este ano.

Deste modo se explica este número especial da Revista de Cultura.

    Jorge Morbey 
    Presidente da Comissão Organizadora 
das Comemorações do Dia de Portugal, 
de Camões 
e das Comunidades Portuguesas
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