Urbanismo/Arquitectura

MUTAÇÕES E ARQUITECTURAS: ARQUITECTURA E COLONIALISMO EM MACAU

Diogo Burnay *

Fig. 1 - A baía da Praia Grande, na actualidade, vista da varanda do Hotel Bela Vista (futura residência oficial do cônsul-geral de Portugal).

" Um português que se deixasse adormecer em Lisboa e, por magia, acordasse em Hong Kong, não conseguiria identificar o lugar onde se encontrava, mas decerto que saberia que não se encontrava numa cidade portuguesa. Se o mesmo português acordasse perto das Nove Ilhas e conseguisse, a partir do seu navio, avistar ao fundo a Capela de Nossa Senhora da Guia, o Hospital de São Januário, o Quartel de São Francisco e as construções ao longo da Praia Grande, por trás destas as casas do Chunambeiro e, finalmente, no cimo da colina, a Capela de Nossa Senhora da Penha, diria para si mesmo: não sei que cidade é esta mas estou com toda a certeza em presença de uma cidade portuguesa à beira-mar. Ao chegar ao Porto Interior, o mesmo português sentir-se-ia de novo perdido: o que é isto? Que tipo de barcos é este? Quem é esta gente estranha? E aquela casa ali, como nunca vi igual? Estarei a sonhar ou estou acordado? Em seguida, ainda sob a mesma impressão, dirigir-se-ia à Praça do Leal Senado. Depois de esfregar os olhos, como que para acordar de um sonho surreal, olharia então para o Leal Senado e para o edifício de granito da prisão e sentir-se-ia na certeza de que tudo o que o rodeava era, na verdade, português. Depois de se passear pela zona da Praia Grande quereria ver o Chunambeiro1evisitar as várias igrejas, todas indubitavelmente portuguesas.

Hoje em dia, apesar de tudo isto, o mesmo não acontece. A cidade tem infelizmente vindo a perder, ao longo dos últimos trinta anos, grande parte do seu carácter português (Figura 1). O governo e os habitantes da cidade têm gasto, praticamente sem qualquer hesitação ou interferência, milhões de patacas (a moeda local) na substituição do bom pelo pior que se possa imaginar, arruinando e desnacionalizando a cidade. O que era tipicamente português ou tipicamente chinês foi destruído. Tinhamos uma cidade como ninguém tinha no Extremo Oriente, uma cidade que merecia ser visitada. Hoje temos uma cidade informe e incaracterística de onde foi praticamente removida, sem deixar qualquer rasto, toda a atracção e pitoresco.

Ainda recordo, ao chegar a Macau, ouvir os estrangeiros admirar e contemplar a cidade".2 Silva Mendes (1929).

Embora este texto não seja contemporâneo, tem sido muitas vezes citado por diferentes autores como tendo uma característica algo intemporal. Manuel Vicente já fez notar que o modo como Silva Mendes "retratou as transformações da cidade parece, ainda hoje em dia, prevalecer com certo grau de sinceridade".3

Fig. 2 -Ruínas de São Paulo (c. 1950).
Fig. 3 - Macau nos finais do século XVI.

Por outro lado, o que me parece ser extremamente importante no texto de Silva Mendes é a necessidade, e consequente faculdade, de sentir a tranquilidade de reconhecer e de se identificar com as imagens de uma cidade, supostamente, distante da terra mãe.

Existirá uma arquitectura colonial moderna em Macau?

Terá existido em Macau, como afirma Silva Mendes, uma arquitectura colonial portuguesa exclusiva? Relacionar-se-á o desenvolvimento de Macau, enquanto cidade portuária, apenas com outras cidades portuárias coloniais portuguesas, ou também com cidades portuárias existentes por todo o mundo, relacionadas entre si através do desenvolvimento do colonialismo, do imperialismo e do sistema económico mundial?

Quais as influências contra-coloniais presentes no desenvolvimento da arquitectura colonial?

A arquitectura colonial tem sido geralmente descrita como uma importação de formas eclécticas e neo-clássicas feita a partir das metrópoles e centros dos Impérios para as respectivas periferias. Esta ideia, baseada essencialmente numa abordagem formal, não parece fornecer-nos respostas adequadas a algumas das questões formuladas. Mesmo considerando que a forma e linguagem arquitectónicas da maioria dos edifícios coloniais resultam, por vezes, de importação directa de formas e normas metropolitanas, imperiais, ou de outras formas e normas periféricas, os modos de produção e os meios tecnológicos tiveram sempre de sofrer algum tipo de adaptação às condições locais, climatéricas, sociais, políticas, ou outras.

Um excelente exemplo desta circunstância é o facto da igreja de São Paulo ter sido construída no litoral da China principalmente por trabalhadores japoneses que, ao que parece, não tinham experiência de trabalho em pedra; ou, pelo menos, o facto da igreja ter sido erguida com o uso de técnicas de construção completamente desconhecidas nesta parte do mundo (Fig. 2).

Ao tentar aperceber que relações se tecem entre o colonialismo e a arquitectura, nomeadamente a arquitectura moderna, tanto a arquitectura como a construção têm de ser entendidas, como sugerido por Anthony King,4 a uma escala global, no seu relacionamento com aspectos regionais e internacionais, políticos, económicos, sociais e culturais do sistema económico mundial.

Fig. 4 - Panorâmica da Praia Grande, vista do leste, George Chinnery. Colecção do HKSBC.
Fig. 5 - Panorâmica da Praia Grande a partir da residência de Nathaniel Kisman. Colecção de Martyn Gregory (Inglaterra).

MACAU - DE ENTREPOSTO MARÍTIMO A CIDADE COLONIAL

As "instituições do colonialismo" (King, 1990: 34), essencialmente associadas ao desenvolyimento "do Estado e do Império" (Said,1993: 8) começaram a ser erguidas pelos colonialistas portugueses assim que estes se estabeleceram em Macau em meados do século XVI. No propósito previamente estabelecido de "espalhar a Fé e o Império" (Valente, 1993: 100), as congregações religiosas, quase directamente dependentes de Roma, funcionaram como os núcleos organizadores da cidade à volta das quais os portugueses construíram as suas casas (Figueira, 1988: 11).

Estas instituições e os seus edifícios funcionavam também, através da sua relação com a cidade e através das suas formas e estilos arquitectónicos, como claras representações e instrumentos de uma mudança social, política e cultural - e resultante segregação social e racial, fruto de uma presença imperial e consequentemente colonial (Said, 1993:8).

Por altura dos inícios do século XVII, a cidade tornara-se um Centro Europeu às portas da China, uma clara "extensão da urbe internacional" (King, 1990: 140), planeada quer como típica cidade]portuária medieval portuguesa, de modo a operar como peça da rede imperial, quer como veículo de dependência económica e urbanização consequentemente dependente (Fig. 3).

Um século mais tarde, a Praia Grande transformava-se numa promenade à beira-mar onde o governo colonial e algumas das companhias comerciais estrangeiras construíam as suas sedes (Fig. 4). Estas estruturas foram na sua maioria projectadas no coração da produção tecnológica e cultural colonial. Eram reproduções não só de formas ecléticas e clássicas metropolitanas, mas também de ideais e conceitos de luxo e opulência imperiais — e consequentemente coloniais — praticados tanto por arquitectos portugueses como europeus, nomeadamente ingleses (Calado, 1987: 28), que imprimiram na cidade colonial parte substancial da sua característica segregacionista, tanto a nível espacial como racial (Fig. as 5 e 6).

Após o estabelecimento dos "tratados desiguais" e a apropriação de toda a península de Macau e ilhas da Taipa e Coloane, o planeamento urbano e os trabalhos de saneamento, introduzidos na segunda metade do século XIX, obedeceram igualmente a certas mudanças ocorridas nos modos de produção do núcleo imperial. Estas baseavam-se em princípios de racionalidade ocidental, em tecnologia e legislação anunciadoras dos inícios do triunfo do profissionalismo.

Fig. 6 - Uma vista exterior da residência de N. Kisman, 1843, George Chinnery. Colecção de Martyn Gregory (Inglaterra).
Fig. 7 - Edifícios públicos recuperados na Av. Conselheiro Ferreira de Almeida.

Os planos das "Novas Avenidas" contêm, também em si, uma reprodução de modelos de planeamento urbano ocidentais, implementados através de uma série de melhoramentos e expropriações que vieram destruir o que restava da produção agrícola, reforçando deste modo a certeza do alto grau do relacionamento de interdependência económica, política e cultural existente entre a cidade colonial de Macau e a economia mundial capitalista colonial (King, 1990:49).

As instituições de arquitectura colonialista mais significativas deste período de romântica opulência, deste período de representações de lazer e prosperidade comercial, eram conspícuas reproduções e transgressões (Vicente, 1982: 15) dos ideais e formas neo-clássicas do que era já um desenvolvimento internacional da arquitectura europeia (Fig. 7).

Entre algumas das edificações coloniais erguidas na segunda metade do século XIX contam-se o Farol (o primeiro da costa sul da China) (Fig. 8) em 1865; o teatro D. Pedro V5, projectado por Germano Marques; o Clube Militar, de 1870 (Fig. 9); o Quartel dos Mouros, de 1874, projectado por Cassuco, arquitecto italiano; o Hospital Militar, inspirado no Hospital de São Rafael em Bruxelas (Fig. 10), de 1874, projectado pelo Barão do Cercal, macaense da élite local; e o Bela Vista. Tratam-se de instituições de administração colonial e controle social, desenvolvidas, pelo Estado centralizado, na sociedade metropolitana e transplantadas para as colónias, surgidas na cidade soba forma de construcão — a prisão, o asilo dos loucos, o hospital e a câmara de comércio — instituições que transportavam consigo "novas categorias de percepção e uma nova ordem social e moral" (King, 1990: 33).

Estas construções eram, na sua maioria, erguidas em locais privilegiados da cidade, expressões claras de uma luxuosa fantasia romântica neo-clássica e nostálgica presença colonial (Vicente, 1982: 17).

Fig. 8 - A Capela e o Farol da Guia.
Fig. 9 - Clube Militar.

ARQUITECTURA MODERNA EM MACAU

A abertura da Avenida Almeida Ribeiro6 no coração da cidade constituiu, a par com as consequentes expropriações efectuadas,imposição algo haussmaniana por parte do governo que causou substancial controvérsia social e política. A nova avenida, por um lado, rasgava-se através do labirinto de vielas do Bazar Chinês, dividindo-o, cortando-o em dois (Fig. 11). Esta circunstância causou inúmeros protestos por parte da população chinesa. Por outro lado, ligar a Praia Grande, coração do sistema colonial de Macau, ao Bazar, coração do comércio chinês 7, originou bastantes críticas entre os funcionários coloniais portugueses. As críticas na época feitas pela maioria dos portugueses relacionavam-se mais com uma noção ocidental de progresso tecnológico e com a qualidade científica do planeamento urbanístico enquanto dispositivo quantificável e mensurável do processo de modernização e embelezamento da cidade.

Os primeiros edifícios em betão, na sua maioria casas particulares ou pequenos palácios, foram construídos em Macau logo na primeira década do século XX. Mesmo se de certo modo distanciada dos paradigmas e paradoxos da "nova" arquitectura Moderna e Internacional e dos debates europeus centrados em novos programas tecnológicos, sociais e políticos gerados após a Primeira Grande Guerra (a "guerra para acabar com todas as guerras"), a casa privada (casa para uma família burguesa com jardim anexo) foi em Macau o principal veículo através do qual se introduziram inovações (se bem que a maioria a nível tecnológico) na periferia (Fig. 12).

Fig. 10 - Hospital Militar de São Januário (c. 1880). Em Figueira e Marreiros, 1983: 216.
Fig. 11 - Avenida Almeida Ribeiro.

Estas casas eram ainda claramente "representações sociais de uma luxuosa produção de prazer e desejo" (Vicente, 1982: 15-16). Reproduções típicas não só de formas metropolitanas, mas também de formas imperiais transplantadas de outras cidades periféricas de outros "sistemas coloniais", então consideradas como núcleos metropolitanos no âmbito da periferia, e assim parte de uma rede global trans-imperial e trans-colonial mais alargada).

Entre estas casas, a casa Tseng Kwai Lu, sita na rua do Hospital (Fig. 13), projectada pelo arquitecto português Rebello de Andrade, representou uma deslocação do simbólico em direcção à reprodução funcional e tecnológica da arquitectura colonial metropolitana, processo levado a cabo principalmente através da atenção dispensada às condições específicas do clima pela arcada e fachadas recuadas, os primeiros dispositivos arquitectónicos de "ar condicionado" (Marreiros, 1984: 32), e a criação de uma ventilação interior cruzada em toda a casa.

A emergência, nos anos 30, do modernismo na cidade colonial, (Figueira e Marreiros, 1988:19), ou da arquitectura moderna (Fig. 14), não foi expressão de um corte com o passado, mas de uma deslocação do simbolismo romântico em direcção ao racionalismo tecnológico no âmbito da reprodução e representação colonialista das formas metropolitanas.

A legislação e o planeamento urbanístico modernos continuavam a constituir essencialmente meios de controle social e cultural (King, 1990:59). As instituições coloniais e as formas arquitectónicas correspondentes erguidas durante este período, eram também conspícuas reproduções e representações tecnológicas e sociais dos racionais princípios modernos ocidentais de utilização do sol, da luz e do ar (Fig. 15). Estas mudanças tecnológicas nos modos de produção eram ainda, principalmente, uma forma de continuar a perpetrar noções imperiais ocidentais e coloniais de civilização.

Fig. 13 - Casa Tseng Kwai Lu (1920). Em Figueira e Marreiros, 1983:228.

Fig. 12 - Casa Branca, antigo Convento do Precioso Sangue. (Actualmente em obras de remodelação para albergar a sede da AMCM.)

Foram os engenheiros, desenhadores e auto-pro-clamados artistas portugueses macaenses e/ou chineses que, através de uma abordagem mais pragmática do meio da construção, criaram uma reprodução e representação mais radical das novas formas metropolitanas e das normas do estilo internacional e moderno (Fig. 16). Foram eles os projectistas de muitas das instituições coloniais modernistas construídas em Macau durante os anos 40 e 50.

Os edifícios públicos e os programas de habitação social do governo foram também, durante os anos 50, instrumentais na perpetração da mudança do romântico e do simbólico em direcção à racionalidade e à tecnologia características do modernismo imperial e colonial.

Enquanto edifícios coloniais como a Sede da Administração eas Escolas, instrumentos importantes da manutenção do status quo colonial, eram projectados em departamentos ultramarinos sediados no centro do sistema colonial (Fig. 17), a habitação social e pública foi na sua grande parte projectada por Ernesto Freire, o desenhador mais importante das Obras Públicas.

No início dos anos 60começaram a afluir a Macau, vindos do Ministério do Ultramar na metrópole, arquitectos para trabalhar para o governo. Entre alguns destes arquitectos contam-se Manuel Vicente (Fig. 18), José Maneiras, Natália Gomes, Henrique Mendia, João Fernandes e Jorge Silva. Alguns dos mais significativos edifícios coloniais modernos construídos durante os anos 60foram ainda projectados no centro do Império pelo arquitecto Chorão Ramalho. Entre estes, contam-se a Escola Pedro Nolasco, o Infantário Avé-Maria (Fig. 19) e algumas casas particulares para funcionários coloniais altamente colocados na hierarquia de Macau.

Fig. 14 - Arquitecto Mitchell Greig, Casa Guillien (Vivenda Skyline).

Fig. 15 - Escola Luso-Chinesa, 1939. Em Figueira e Marreiros, 1988: 213.

Embora na Europa já se assistisse a um certo declínio do movimento moderno, estes arquitectos trouxeram consigo modos completamente novos de produção e representação de planeamento urbanístico e formas metropolitanas. Muita da habitação social e do planeamento urbanístico dos anos 60, embora diferentes na sua produção cultural e formal, carregavam ainda consigo uma tradição colonial de reprodução e representação da dimensão social, económica, política e cultural do centro metropolitano.

Em finais do ano de 1966, os motins chineses obrigaram à adaptação da produção colonial à crescente realidade da expansão da Revolução Cultural na China e dos ensinamentos de Mao, que se tornara numa nova espécie de colonialismo oriental.

Mesmo após a Revolução Democrática Portuguesa de 1974 e o período de descolonização dos centros ocidentais, no âmbito dos modos pós-modernistas de produção, continua a persistir no tempo, e em Macau, uma tradição ligada ao sistema social, económico, político e cultural colonial e mundial.

Os edifícios projectados e construídos durante os anos 80 e 90 no âmbito do Pós-modernismo neo-clássico (Fig. 20), do desconstrutivismo, e do neo-racionalismo, entre outras referências ideológicas e estilísticas ocidentais (Fig. 21) transportam consigo esta mesma tradição de transplantação cultural, modos de produção e construção, e estilos que precederam de várias maneiras a universalidade da aldeia global de que fazemos parte e a que temos acesso em casa através das redes informáticas globais.

Fig. 16-Grand Hotel.

Fig. 17 - Tribunal de Competência Genérica (antigo Palácio das Repartições).

Fig. 18 - Arquitecto Manuel Vicente. Infantário Helen Liang.

Fig. 19 - Arquitecto Chorão Ramalho, Infantário Avé-Maria.

BIBLIOGRAFIA

A/U China Architecture and Urbanism (1996), World Trade Centre of Macau, Hong Kong, n° 2/96, Fevereiro, pp. 58-61.

Andrade, A., Figueira, F. e Calvão, J.(1981), Património Arquitectónico de Macau, Macau: Comissão de Defesa do Património Urbanístico, Paisagístico e Cultural de Macau.

Arquitectura: revista mensal (1932), Carlos Rebelo de Andrade, Lisboa, n° 24, Abril, p. 138.

Arrimar, J. (1994), "Fontes para a História de Macau", em Review of Culture, Macau, n° 19(2a série), Abril-Junho, pp. 120-130. Artis: revista de arte (1978), "The Casa Garden", Macau, n° 1. Outubro, pp. 4-5.

Basto da Silva, B.(1992), Cronologia da História de Macau: séculos XVI-XVII, vol. l, Macau: Direcção dos Serviços de Educação.

Basto da Silva, B.(1993), Cronologia da História de Macau: século XVIII, vol. 1, Macau: Direcção dos Serviços de Educação.

Beltrão Coelho, R.(1989), Álbum/Macau/1844-1974, Macau: Fundação Oriente. Beltrão Coelho, R. e Jorge, C. (1993), Álbum/Macau-3: Sítios, Gentes e Vivências, Macau: Livros do Oriente.

Briggs, T. e Crisswell, C.(1984), Old Macau, Hong Kong: South China Morning Post.

Calado, M., Mendes, M. e Toussaint, M.(1985), Macau: memorial city on the estuary of the River Pearls, Lisboa; Consortium Partex (CPS), Tomás Taveira.

Calado, M. (1987), "Macau: História local e desenvolvimento urbano", em Arquitectura Portuguesa, Lisboa, n° 12(5" série), Dezembro-Janeiro, pp. 20-31.

Conceição Júnior, A.(1978), "The city's face", em Artis: revista de arte, Macau, n* 1, Outubro, pp. 8-9.

Costa, M. (1988), "Testemunhos demolidos da história", em Macau, Macau, n° 12, pp. 24-28.

Figueira, F. e Marreiros, C.(1988), Património arquitectónico: Macau cultural heritage, Macau: Instituto Cultural de Macau.

Gonzaga Gomes, L.(1966), Páginas da história de Macau, Macau: Noticias de Macau. Graça, J.(1986), Fortificações de Macau, concepção e história, Macau: Instituto Cultural, trad. de (1969) Fortifications of Macau: their design and history, Macau: Imprensa Nacional.

Guillén-Nunez, C.(1986), "Buildings from Macau's past" em Arts of Asia, Hong Kong, n° 16, Janeiro-Fevereiro, pp. 66-71.

Fig. 20 - Arquitecto António Bruno Soares, Edifício das Finanças.

HKMA, (1983), Scenes of Two Cities: Hong Kong and Macau, Hong Kong: Hong Kong Museum of Art.

ICM, (1983), Património Arquitectónico de Macau, Macau: Instituto Cultural.

King, A. (1989), Urbanism, Colonialism, and the World-Economy: Cultural and Spatial Foundations of the World Urban System, Londres: Reutledge.

Ljungstedt, A. (1992), An historical sketch of the Portuguese settlement in China and of the Roman catholic church and mission in China, Hong Kong: Viking Hong Kong Publications reimpressão da 2a edição, 1836, Boston: James Muroe and Co. (1a edição, 1832).

Marreiros, C. (1984), "As falsas fachadas", em Nam Van, Macau, n° 2, Julho, pp. 29-32.

Marreiros, C. (1987), "Traces of Chinese and Portuguese architecture", em Cremer, R. (ed.), Macau: city of commerce and culture, Hong Kong: UEA Press.

Mendes, C. (1987),"Macau: Dinâmica económica e estrutura espacial", em Arquitectura Portuguesa, Lisboa, n° 12 (5a série), Dezembro-Janeiro, pp. 32-43.

Montalto de Jesus, C. (1990), Macau Histórico, Macau: Livros do Oriente, trad. de (1926) Historic Macao, 2a edição, Macau: Salesian Printing Press;1a edição (1902) Historic Macau, Hong Kong: Kelly and Walsh.

Prescott, J. (1993), Macaensis Momentum, A Fragment of Architecture: A moment in the history of the development of Macau, Macau: Hewell Publications.

Ribau, A. (1967), Opposing the sanguinary atrocities perpetrated by the Portuguese imperialists in Macau/Luta contra as atrocidades sanguinárias do imperialismo português em Macau, Macau: Aomen Ribao. Said, E. (1993), Representations of the Intelectual: The 1993 Reith Lectures, Londres: Vintage.

Said, E. (1994), Culture and Imperialism, Londres: Vintage.

Silva Mendes, M. (1929), "Impressões e recordações de Macau", em Jornal de Macau, Macau, n° 87, Novembro, pp. 1-2.

Tam, C. K. (1994), "The Sino-Portuguese dispute over the sovereignty of Macao", em Review of Culture, Macau, n° 19 (2a série), Abril-Junho, pp. 80-88.

Távora, F. (1983), "Evolução Urbana", em Plano de intervenção urbanística da Av. Almeida Ribeiro, Porto, pp. 1-7.

Tcheong-ü-Lâm e Ian-Kuong-Iâm (1751) Ou-mun Kei-Leok, trad. de Gonzaga Gomes, L. (1979) Ou-Mun Kei-Leok: Monografia de Macau, Macau: Quinzena de Macau.

Teixeira, M., Pe. (1977), "The catholic churches of Macau", em Arts of Asia, Hong Kong, n° 1, Janeiro-Fevereiro, pp. 34-42.

VIA LATINA (1991), Forum de Confrontação de Ideias, D. G. A. A. C., Coimbra, n° 3, Maio de 1991.

Vicente M. (1982), "Macau: a arquitectura da cidadè", em Sábado, Macau, n° 22, Setembro, pp. 14-23.

Vicente, M., Graça Dias, M. e Rezende, H. (1991), Macau glória: a glória do vulgar/The glory of trivia, Macau: Instituto Cultural.

Wong, S. (1970), Macau architecture: an integrate of Chinese and Portuguese influences, Macau: Imprensa Nacional.

Fig. 21 - Arquitecto João Luís Carrilho da Graça, Musealização das Ruínas de S. Paulo.

NOTAS

1 Entre 1625 e 1664, Manuel Bocarro mandou fundir, na sua pequena fábrica de Macau, canhões destinados às muralhas e fortes da cidade e à China. Mais tarde, o Senado ofereceu um destes canhões ao Vice-rei de Cantão (fundido em 1627), que foi levado pelos ingleses após a tomada da cidade em 1841, e depois transportado para a Torre de Londres (Montalto de Jesus, 1992: 83). Se bem que numa fase ainda muito incipiente, esta produção periférica teve o seu papel no desenvolvimento global de um espaço económico capitalista mundial, em que eram transportados bens da periferia para consumo do centro, que então os reproduz. (King, 1990:4).

2 Silva Mendes foi um funcionário colonial que veio para Macau, no virar do século, como professor. A sua descrição parece-me precisamente uma prova da tranquilidade sentida no reconhecimento. Dum cenário colonial bastante afastado do centro, da terra mãe.

3 Manuel Vicente citou o texto de Silva Mendes, publicado em 1929, em artigo que escreveu para a Sábado, revista semanal publicada pelo governo de Macau. Assistiu-se, a partir dos anos 80 deste século, a um crescimento económico que quase conduziu ao desaparecimento degrande parte da malha da velha cidade colonial tradicional. Manuel Vicente referiu também transgressõese distorções relacionadas com o transporte, importação eimplementação de uma arquitecturacolonial que ofereceria uma das maisimportantes produções culturais deidentidade colectiva, prazer luxuosoe nostalgia imperial, entre outrosaspectos.

4 Ver King, A.(1989), Urbanism, Colonialism, and the World-Economy: Cultural and Spatial Foundations of the World Urban System, Londres: Reutledge.

5 O teatro funcionava também comofonte programática de exibiçãoideológica, consumo e reprodução dacultura do mundo colonial. Tratava-sede um tipo de edifício fomentador dasegregação racial e social. Os europeuse os macaenses assistiam aosespectáculos, enquanto os chineses osobservavam detrás do palco. Estepapel social da casa de teatro e cinemaparece ter constituído uma ideiageneralizada mais ou menos aceite, jáque projectos submetidos ao governonos anos 30 contêm nos seus planosdesenhos com a indicação destasegregação racial.

6 O primeiro nome para a artéria que viria a tornar-se (pelo menos desejado por alguns e condenado por outros) na mais moderna e bonita avenida de Macau foi o do herói do Passaleão, o Coronel Nicolau Mesquita, salvador da honra da colónia e da soberania do Império Português em Macau, depois de Ferreira do Amaral, Governador de Macau, ter sido assassinado nos anos 40 de oitocentos.

7 Fernando Távora afirmou que a "abertura da Avenida Almeida Ribeiro faz ligar duas áreas da cidade substancialmente diferentes, pelo corte que efectua através da colina que havia anteriormente separado a parte portuguesa da parte chinesa" (Távora, 1983:6). Existe também uma lenda chinesa que diz que a península de Macau faz parte de um grande dragão que inclui parte da província de Guangdong e que a abertura da avenida cortou a cauda do dragão. Para mais informações referentes a lendas e superstições de Macau, ver Gonzaga Gomes (1951) e Ortet (1988).

* Diploma de Arquitectura pela FAUTL, em 1988. Mestrado pela Bartlett School of Architecture & Planning da University College London em History of Modern Architecture, em 1994, com a tese "Arquitectura e Colonialismo em Macau". Trabalha em vários ateliers em Lisboa, Londres e Macau, onde colabora no Atelier OBS. Tem vários trabalhos premiados e publicados, destacando-se o 1° Prémio para o Pavilhão de Macau na Expo '98.

desde a p. 95
até a p.