Antologia Documental

ITINERÁRIO E EPÍTOME DAS COISAS QUE HÁ DESDE ESPANHA ATÉ AO REINO DA CHINA*

Fr. Martín Ignácio de Loyola

O padre Martín Ignácio de Loyola, franciscano natural do País Basco, foi de-certo um dos primeiros homens a dar duas voltas ao mundo, no decorrer das suas aventurosas campa-nhas de missionação. A instalação dos espanhóis nas Filipinas, depois de 1565, e a fundação de Manila em 1572, como foi anteriormente notado, fizeram despertar entre os súbditos de Filipe II um enorme interesse pela China, cujo comércio e missionação haviam sido até então monopolizados pela coroa de Portugal. Assim, repetidas foram as tentativas espanholas de conseguir entrada naquele imenso e cobi-çado império.

Fr. Martín Ignácio partiu de Espanha em 1580, integrado num grupo de franciscanos que se iam estabe-lecer nas Filipinas, onde chegaram dois anos mais tarde, depois de escalarem o México. Poucos meses depois já se encontrava em Macau, de onde, curiosamente, prossegue viagem de regresso à Europa, seguindo no encalço da embaixada japonesa que por esses anos fora organizada pela Companhia de Jesus (cf. infra, pp.114 - 120). Em meados de 1584 o nosso frade já se encontrava em Lisboa, completando assim uma primeira, e relativamente rápida, circum-navegação do globo terrestre. O seu regresso à Euro-pa ligava-se aos intensos jogos de interesses que moviam as diversas ordens religiosas, no sentido de tentarem quebrar o exclusivo jesuíta de missionação na China e no Japão que então vigorava. Cumprindo ordens superiores, Fr. Marín Ignácio seguiu então para Roma, onde chegaria ainda durante o ano de 1584.

Como antes foi destacado, encontrava-se então naquela cidade Fr. Juan González de Mendoza, que ultimava a preparação do seu volumoso tratado sobre a China (cf. supra, pp.108 - 113). O encontro entre dois religiosos interessados pelas coisas chinesas era inevitável, e o franciscano pôde manter longas conversas com o agostinho, cedendo-lhe, inclusivamente, uma cópia do Itinerário que tivera ocasião de redigir durante o seu extenso périplo marítimo. González de Mendoza aproveitou de imedi-ato este novo, e inesperado, contributo informativo, com ele preparando a terceira parte da sua Historia del Gran Reino de la China, que em 1585 seria impressa em prelos romanos, em-bora em língua castelhana, e que viria a constituir um dos maiores sucessos edi-toriais do século xvI. O texto que a se-guir se transcreve, assim, foi de facto re-digido pelo padre Juan González, com base num manuscrito de Martín Ignácio a que teve acesso. Achou-se convenien-te, porém, chamar a atenção para a obra do franciscano, através da abertura de um lugar próprio nesta colectânea.

O irrequieto Fr. Martín, ainda antes da publicação da obra do agostinho, aban-donava Roma com destino a Espanha e Portugal, levando consigo autorização papal para missionar na China. E em Mar-ço de 1585 largava de Lisboa rumo ao Oriente, desta vez pela rota do Cabo. Chegou eventualmente a Macau, mas os obstáculos aí levantados pelas autorida-des cantonenses, e também pelos jesuí-tas, foram tais, que a sua missão redun-dou num completo fracasso, muito em-bora o franciscano se gabasse mais tarde de ter aprendido a língua mandarina e de ter obtido chapa para se instalar em Can-tão.

Em finais de 1587 já o incansável missi-onário se encontrava no México, depois de uma viagem directa desde a Cidade do Nome de Deus, durante a qual tivera opor-tunidade de explorar a Alta Califórnia. Após nova jornada a Espanha, Fr. Martín Ignácio de Loyola acabará depois por se fixar na América do Sul, vindo a falecer em Buenos Aires em 1606.

Fonte utilizada: IGNÁCIO DE LOYOLA, Martín, Viaje Alrededor del, Mundo, edição de José Ignácio Tellechea Idígoras, Madrid, Historia 16, 1989, pp. 152-167. Tradução do castelhano. Acres-centam-se algumas palavras entre parênteses rectos, para melhor esclarecer o sentido de determina-das passagens.

Gomil de porcelana, c. 1520 (Fundação Medeiros e Almeida, Lisboa). in Reflexos: Símbolos e Imagens do Cristianismo na Porcelana Chinesa, coordenação de Pedro Dias, Lisboa, Santa Casa da Misericórdia, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1996, p.33.

CAPÍTULO 17

TRATA-SE DA GRANDEZA, BONDADE,

RIQUEZA E FORTALEZA DO REINO

DA CHINA

Está este reino [da China] debaixo do Trópico de Capricórnio, estendendo-se a sua costa marítima de sueste a noroeste mais de quinhentas léguas. Tem pela parte do sueste o reino da Cochinchina, e pela parte de noroeste confina com a Tartária, reino que lhe cerca a maior parte da terra. Pela outra parte do poente, tem outro grande reino de gente branca, que está mais além do reino da Pérsia, e se chama Cataio. 1 Existem nele cristãos e o seu rei chama-se Manuel. Deu-se por muito certo que desde os con-fins deste reino [da China] até Jerusalém haveria seis meses de caminho por terra, o que se soube de uns indianos que vieram àquele reino pela Pérsia, cujos testemunhos haviam sido dados em Jerusa-lém havia seis meses; nos quais disseram que ti-nham atravessado a Arábia Feliz2 e passado pelo Mar Vermelho.

Pela outra quarta parte está este reino cercado de uma asperíssima serra, que tem quinhentas léguas de cordilheira, onde, como existissem alguns pedaços abertos pela natureza, da parte de noroeste até a uma distância de oitenta léguas do Mar do Japão, que j az para setentrião, a grande riqueza deste reino e a muita gente que nele há permitiram superar isto, da forma que na primeira parte desta História mais largamente ficou dito. Porque o rei daquele reino, vendo-se acos-sado pelo Grão Tártaro, e parecendo-lhe que se podia defender facilmente encerrando aquela brecha que a natureza tinha deixado aberta, mandou fazê-lo, com morte de muitos milhares de homens, por nisso fazer uso de grande tirania, o que depois foi causa de sua própria morte.3 Esta montanha, com este suplemento humano, é a famosa "muralha" do reino da China, que tem quinhentas léguas [de comprimento],4 ainda que se hão-de entender da maneira dita, para se poder crer que apenas oitenta foram feitas por humano po-der, com muita indústria, havendo nela infinitos balu-artes que a fazem mais formosa e forte, mas não tão forte como as outras quatrocentas e vinte léguas que foram obra da natureza.

Perto dela existe um grande deserto cheio de muitos pantanais e lagoas,5 que foi a causa deste reino se conservar por espaço de dois mil anos, segundo parece, de acordo com as suas próprias histórias, que se têm por autênticas e verdadei-ras. Todo ele está repartido em quinze provínci-as, com a de Ainão, e cada uma delas tem uma cidade principal da qual tira o nome.6 No meio deste reino está uma lagoa muito grande, da qual saem muitos e muito caudalosos rios, que cor-rem por todo ele, de tal maneira que, com ser tão grande, se navega por todo ele em barcas, fraga-tas, bergantins e outras muitas maneiras de em-barcações.7Esta abundância de água faz com que a terra seja fertilíssima e muito abastecida, por estarem as mais das cidades e vilas edificadas nas margens dos rios, comunicando-se por eles to-das as províncias, levando de umas para outras muitas mercadorias, e outras coisas de muita cu-riosidade. E, por se fazer isto com pouco custo, valem todas elas muito pouco.

A costa marítima deste reino é a maior e a melhor que se conhece no mundo; nela se situam cinco pro-víncias, que são as de Cantão, Chincheu, Liampó, Nanquim e a de Pequim,8 que é a última rumo a nordeste, na qual reside o rei, o seu conselho, de ordinário a corte e a maior parte da gente de guerra que têm, por confinar esta província por aquela parte com os tártaros seus inimigos. Alguns dizem que a circunstância de o rei viver de ordinário nela se deve ao facto de ser a melhor e a mais fértil do reino. Mas eu creio, segundo alguns dos chineses dizem, que não é senão pela vizinhança que tem com a Tartária, e para se achar onde possa acudir às necesidades que por parte do inimigo podem so-brevir. Entre os braços destes rios existem algumas ilhas que são de muito proveito em todo aquele rei-no, porque se criam nelas muitos veados, porcos e outros animais, motivo pelo qual as cidades são muito bem abastecidas.

Uma das coisas que mais surpreendem os que vi-sitam este reino é ver a infinidade de navios e barcos que há em todos os seus portos, que são tantos que houve na cidade de Macau homens que apostaram que só no rio de Cantão haveria mais navios e em-barcações que em toda a costa de Espanha. Uma coisa posso eu afirmar, a qual ouvi dizer a pessoas fide-dignas que estiveram neste reino, e em especial ao padre Ignácio [de Loyola], a quem estou seguindo neste Itinerário, que é mais fácil em qualquer das cinco províncias que estão na costa do mar juntar mil navios de guerra, e todos dedicados a ela, que em Espanha juntar dez. O motivo por que existem tantos navios foi já referido em capítulo próprio.

Existem diversas opiniões sobre a grandeza deste reino; mas quase todas se conformam com a do pa-dre Fr. Martín de Rada, que, como grande geómetra e matemático, melhor esclareceu a questão. Esta sua opinião ficou registada na primeira parte [da Histó-ria]9 para onde remeto [o leitor interessado], assim como em tudo o que respeita a coisas particulares do reino [da China], por as ter largamente exposto, com base em notícias sacadas dos seus escritos. Uma coi-sa, porém, não posso deixar de dizer, por me parecer digna de a ela fazer particular referência, tanto mais que a soube da boca do dito padre Ignácio [de Loyola]. Disseram-lhe como coisa certíssima e ave-riguada que todos os dias do ano, sem falhar um, morriam nove milhares de pessoas entre grandes e pequenos, em todas as províncias daquele reino; e isto apesar de entre eles não existirem guerras nem pestilências, nem fomes, nem outras situações oca-sionais, nem naquele reino se lembrarem de [tais catástrofes] terem ocorrido, nem se achar em suas histórias, que são escritas de há dois mil anos para cá, [qualquer referência a esse respeito]. O que não será pequena lástima para os que, com zelo cristão, se puserem a avaliar este pesadíssimo tributo de tan-tas almas que cada dia é cobrado pelo demónio, que [tão grande número delas] leva para os seus infer-nais domínios.

Tanta é a fertilidade de toda esta terra, assim por meio de regadio ordinário, como pelo temperamen-to do céu, que quase todo o ano há colheitas, em especial de trigo e de arroz, de modo que tanto um como o outro são tão baratos, que aconteceu aos nos-sos, no decurso da sua peregrinação, comprarem um pico10 de arroz ou de farinha de trigo, que são cinco arrobas em Espanha, pelo valor de real e meio; e deste modo valem todas as demais coisas, como fica dito.

Dizem que pela terra dentro existem muitos ele-fantes, leões, tigres, onças e outros animais bravi os, dos quais estes padres viram poucos vivos e muitos empalhados, que tomaram por sinal de ver-dade.11 Existem muitos animais do almíscar, que são do tamanho e parecer de pequenos cães, os quais matam e enterram durante alguns dias, já que, de-pois de apodrecerem, o sangue e a carne conver-tem-se em pós odoríferos [de almíscar].12 Existem igualmente muitos gatos-de-algália, que valem muito pouco, e grande quantidade de cavalos, e apesar dos ditos padres terem visto apenas cavalos pequenos, consta publicamente que em algumas das quinze províncias há-os de bom tamanho; mas como não puderam chegar a estas províncias, não tive-ram oportunidade de o constatar por si próprios. As galinhas, gansos, patos e outras aves que existem por todas as partes deste reino são inumeráveis, e por isso não estão contabilizadas; e não é menor a abundância de pescado, assim do mar como dos rios. Com isto concordam todos os que têm relatado as coisas desta terra, assim como com o baixo preço por que se vendem [todas estas mercadorias], pre-ço esse que é tão baixo, que me afirmaram o dito padre [Ignácio de Loyola] e os outros que estive-ram naquele reino que com um valor de seis maravedis13 podem muito bem comer carne, peixe, arroz e fruta, e beber bom vinho daquela terra, qua-tro companheiros.

Existem em todo o reino muitas minas de ouro e prata, e todas muito ricas, e não as deixa o rei ex-plorar, a não ser com grandes limitações, dizendo que o que nelas há já está em casa, que procurem trazer o que há noutros reinos. Com tudo isto, é tanta a abundância de ouro e de prata, e são tão comuns [ambos os metais], que não há homem, mesmo que seja oficial, que não tenha em sua casa coisas de ouro e de prata, assim como outras coi-sas muito ricas. Estimam mais a prata do que o ouro, e por isso se diz que o preço do ouro varia, como em Itália, enquanto a prata está sempre em seu ser e valor. Existem muitas pérolas, e em es-pecial na ilha de Ainão, e muita abundância de azougue, cobre, ferro, aço, latão, estanho, chum-bo, salitre, enxofre e outras coisas que costumam fazer a riqueza de um reino, e sobretudo há muito almíscar e muito âmbar.14

Consta que o rei deste reino, para além das gran- des rendas que recebe, tem grandes tesouros em todas as cidades principais que são cabeça de pro-víncia. Assim, afirmaram por muito certo ao dito padre [Ignácio de Loyola], na cidade de Cantão, que todo o dinheiro que nela entrou por espaço de quinhentos anos, tanto por via dos portugueses, como por via dos do reino de Sião e de outros [rei-nos] vizinhos, juntamente com todos os tributos da província, estavam juntos na caixa do tesouro real daquela cidade, o que viria a totalizar, segundo cál-culos redondos, muitos mais milhões do que aque-les que se podem nomear para que se creiam.

É tão vulgar entre a gente deste reino usar-se ves-tuário de seda, como na Europa usar-se pano vul-gar, sendo inclusivamente os sapatos de seda ou de cetim, e muitas vezes de brocado, com desenhos galantes. Sucede isto pela grande abundância de seda que existe em todo o reino, a qual é tão abun-dante que saem da cidade de Cantão para a Índia de Portugal, cada ano, mais de três mil quintais15 [dela], não contando os muitos outros [quintais] que são levados para o Japão, nem os mais de quinze navi-os que rumam ordinariamente para as ilhas de Lução,16 nem tão-pouco a enorme quantidade que dela sacam os siames17 e outras nações. E com toda esta saca ordinária, fica tanta [seda] no reino que se podem carregar muitas frotas. Há também muito linho, algodão e outros tecidos, e todos valem tão pouco, que me afirmou o dito padre [Ignácio de Loyola] ter visto vender uma canga, 18 que são quin-ze braças, por quatro reais.19

A louça fina [de porcelana] que há nesta terra não se pode descrever com poucas palavras. A que se traz para Espanha é muito grosseira, ainda que aos que nunca viram outra mais fina lhes pareça boa. Contudo, existe lá grande quantidade [de uma por-celana tão fina], que uma única vasilha dessas seria tida entre nós em tanta estima como se fosse de ouro. A [porcelana] finíssima não se pode sacar do reino, sob pena de morte, e apenas a podem lá usar os loutias,20 que são os fidalgos, como já dissemos. Existem ainda grandes quantidades de açúcar, mel e cera, tão baratos como acima se disse. E, para resumir, direi que vivem em tanta abundância que tudo lhes sobra e nada de material lhes falta, embo-ra careçam do principal, que é o remédio das al mas, como no decurso desta História observámos repetidamente. Deus os remedeie como puder.

As rendas que o rei deste reino tem foram desta-cadas em seu devido capítulo, e aqui apenas acres-centarei que me disse o dito padre [Ignácio de Loyola] que só de um rio que se chama do Sal, na província de Cantão, recebe [o rei] um milhão e meio por ano. E embora as rendas ordinárias de cada ano sejam muitas, excedendo as dos maiores reis que se conhecem no mundo, os tesouros que [este rei] tem recolhidos e guardados, se é verdade o que dizem os chineses, em todas as cidades principais das quinze províncias, ultrapassam de longe o que muitos dos outros reis terão em conjunto.

Todas as cidades e vilas deste reino são cercadas de muralhas de cantaria, com baluartes de cinquen-ta em cinquenta passos, havendo em redor de todas elas, comummente, um rio ou uma cava muito fun-da que se pode encher de água, que muito as forta-lece. Não usam castelos nem os têm, tendo apenas umas torres sobre as portas das cidades, como fica já dito, e ali põem toda a artilharia disponível para a defesa da tal vila ou cidade. Usam de muitos mo-dos de armas, em especial de arcabuzes, arcos e lanças de três ou quatro maneiras, e também de es-padas, que são como alfanges, e de rodelas.21 To-dos os soldados, quando vão combater, levam umas roupas compridas até aos joelhos, cheias de algo-dão muito bem estofado, as quais resistem a uma lança e a uma estocada.

Os que são [soldados] e recebem soldo real trazem por insígnia própria uns chapéus coloridos ou amare-los, havendo tantos destes, assim de pé como de cava-lo, que é quase impossível podê-los contar. E é opi-nião muito comum entre todos os que estiveram neste reino e os viram, que nem todos os [soldados] de Espanha, França e os do Grão Turco juntos ultrapas-sam estes em número. Existem capitães de dez solda-dos, de cem, de mil, de dez mil e de vinte mil, e desta maneira até chegar a cem mil. Todos estes capitães se distinguem quanto ao número de soldados que coman-dam por certas insígnias que cada um deles traz. Fa-zem resenha e alardo em todas as luas novas, e nesse mesmo dia, sem falta, lhes pagam o soldo a cada um. E o pagamento há-de ser em prata e não em outra moeda. Dizem os que viram fazer esta paga, e em especial o dito padre Ignácio [de Loyola], que lhes dão um pedacito de prata que pesará tanto como um real e meio de Espanha, e isto é mais para eles do que quatro escudos entre nós, considerando o valor das outras coisas. No dito reino, no dia em que recebem o soldo, cada um tem de demonstrar perante os vedores a sua habilidade no manejo das armas; e estes repre-endem e castigam asperamente todos os que não as exercitam com suficiente destreza. Combatem muito concertados, podendo competir com qualquer nação do mundo no que toca a obediência aos seus capitães e aos sinais que estes costumam usar na guerra.

NOTAS

1 Esta localização do Cataio, que em 1575 era identificada com a China por Fr. Martín de Rada, é algo confusa. Referir-se-ia o nosso autor ao Tibete, a que fontes portuguesas mais tardi-as também aplicariam a mesma designação?

2 Nome antigamente atribuído ao Iémen.

3 A Grande Muralha foi consolidada pelo imperador Qin Shi Huang Di, que reinou entre 221 e 206 a. C.

4 A Grande Muralha tem cerca de 6000 quilómetros de extensão.

5 O deserto de Gobi.

6 Os observadores europeus utilizaram amiúde o nome das capitais provinciais para designarem as próprias províncias.

7 O conhecimento europeu do sistema hidrográfico chinês era bastante lacunar, dando por vezes origem a concepções er-róneas deste tipo. A China, de facto, era coberta por uma densa rede de rios e canais, que facilitava ao máximo as comunições internas.

8 Províncias de Guangdong, Fuquiém, Chequião, Nanzhili e Beizhili. Faltaria a esta lista a província de Xantum, também banhada pelo oceano.

9 González de Mendoza vem seguindo o texto desaparecido de Fr. Martín de Rada; e aqui remete para anteriores capítu-los da sua Historia del Gran Reino de la China (cf. supra, pp. 108- 113).

10 O "pico" era uma medida de peso equivalente a cerca de 60 kg.

11 Alguns destes animais, de facto, não existiam na China.

12 O gato almiscareiro produz o almíscar nos folículos prepuciais; mas a respectiva extracção implica a morte do animal, facto que talvez tenha dado origem à circulação des-tas ideias algo fantasiosas.

13 O maravedi valia 27 réis.

14 Ao contrário do que afirma o autor, o âmbar não existia na China, sendo antes muito procurado, já que lhe atribuíam propriedades de rejuvenescimento.

15 O quintal equivale a 59 kg.

16 Lução é a maior das ilhas Filipinas.

17 Isto é, os siameses.

18 "Canga" aparece nos glossários luso-asiáticos como o nome de um tecido de algodão, e não como uma medida de com-primento.

19 O real valia 40 réis.

20 Loutia (chinês laodie): literalmente "venerável pai", título honorífico atribuído aos funcionários superiores chineses.

21 A rodela é um pequeno escudo circular.

* 1.a. edição: Roma, 1585.

desde a p. 115
até a p.