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A ECONOMIA COMERCIAL DE MACAU E O CULTO DE Á-MÁ

Chen Yande*

Vista lateral do templo de Á-Má, c. 1827-30. George Chinnery. Tinta em papel (sem data).

Onome português de Macau é considerado de um modo geral, como originário foneticamente do nome, em dialecto de Fuquiém, de Á-Má-kok (Templo de Á-Má). Daí se segue que o templo deve ter sido construído por nativos de Fujian. Ora, já é difícil apurar pormenorizadamente como é que eles trouxeram da sua terra natal, isto é, do distrito de Putian, província de Fujian, para Macau, o culto da deusa Á-Má e vieram a construir um templo a ela dedicado. Seja como for, o facto de o nome do templo se ter tomado a pouco e pouco no nome da cidade evidencia convincentemente a importância da deusa para a comunidade local. Como está escrito na "Lápide Comemorativa do Quingentésimo Aniversário do Templo de Á-Má, "Macau começou sendo uma povoação de pescadores. Não foi senão mais tarde que vieram nativos de Chuanzhou e Zhangzhou da província de Fujian e começaram a aglomerar-se de modo a constituírem-se em comunidade. Foi durante o reinado do imperador Cheng Sua (1465-1487) da dinastia Ming que se erigiu o Templo de Á-Má, o qual, em harmoniosa conjugação com o Templo da Dama Celestial sito no norte de Kowloon e o Grande Templo de Chiwan (Tchek-Uan) sito em Dongguan, veio a configurar um triângulo de fulgurante esplendor. Com o decorrer do tempo, foi aumentando a peregrinação de devotos, bem como a concorrência de barcos e navios e o crescimento da população, de modo que Macau se tomou um importante entreposto de tráfego entre a China e o Ocidente".1 No processo de transmudação de Macau de uma pequena povoação de pescadores em um porto comercial, o papel do culto de Á-Má não é de desprezar. Este processo revela ainda a interacção entre as actividades industriais e comerciais dos imigrantes de Fujian em Macau existente e o culto de Á-Má.

Ao se referirem no seu livro Monografia de Macau aos moradores da Praia Grande, no extremo sudoeste da península de Macau, Yin Guangren e Zhang Rulin, que exerceram sucessivamente as funções de subprefeito de Macau durante o reinado do imperador Qian Long (1736-1765) da dinastia Qing, diziam: "Os corretores, intérpretes e compradores são indivíduos de diversas cores, sendo a maioria oriunda de Fujian, enquanto os operários, artífices, negociantes e lojistas são em grande parte cantonenses".2 Tratava-se justamente do sítio onde estava erigido o Templo de Á-Má. A aglomeração dos comerciantes de Fujian na zona do templo explica-se historicamente pelo facto de ter sido aí que desembarcaram os seus antepassados ao chegarem a Macau. Segundo um estudo de Ana Maria Amaro, os moradores primitivos de Macau eram oriundos de Fujian. Entre eles, os Kai podem ter sido os primeiros a se radicarem na localidade. Em vez de se dedicarem à agricultura, desenvolviam a pesca e o comércio marítimo, estabelecidos como estavam na entrada do Porto Interior, isto é, no que hoje é a Rua da Praia do Manduco, no sopé da Colina da Barra, onde mais tarde havia de se erguer o Templo de Á-Má e onde os primeiros portugueses desembarcaram e entraram em contacto com os moradores locais.3 O que têm de lendário as fontes de que se serve Ana Maria Amaro nada tira à veracidade do facto histórico da imigração e das actividades comerciais em Macau de nativos de Fujian, O carácter Kai, reconhecido como apelido, pode ter significado ambivalente: um simples apelido e ao mesmo tempo um carácter que significa "comerciante". Acresce que o clã Kai parece ter tido algo a ver com a construção do Templo de Á-Má.

Na sequência do trecho que acabamos de citar da Monografia de Macau, lê-se outro:

"Existem, em Macau, três estranhos blocos de pedra. Um deles chama-se Yang Chuan Shi (Rocha de Barco Oceânico). Conta a tradição que, durante o reinado do imperador Wan Li (1575-1620) da dinastia Ming, um grande barco de comércio de Fujian foi assaltado por um temporal que o pôs em grande perigo. Subitamente apareceu uma deusa, de pé, na vertente duma colina. O barco ficou a salvo. Erigiram então um templo consagrado à Dama Celestial, e deram ao sítio o nome de Neong Ma Kok (Ponta de Neong-Ma). Neong Ma é o nome por que em Fujian é designada a Dama Celestial. Sobre a superfície da rocha que se encontra em frente do templo está gravado o desenho de um barco, com os quatro caracteres 'Li She Da Chuan' (利涉大川, Lucros Abrangem Grandes Águas), para tornar conhecido o extraordinário poder divino da deusa".4

O trecho citado, apesar do erro no respeitante à época da construção do Templo de Á-Má, testemunha irrefutavelmente que o templo foi construído por comerciantes de Fujian, confirmando este facto, além do mais, do ponto de vista dialectal no que diz respeito ao nome da deusa a que estava dedicado o templo. Com efeito, se observarmos directamente a rocha que recebeu o nome de "Rocha de Barco Oceânico", veremos que o barco lá gravado é justamente de um tipo característico de Fujian denominado "barco de grandes olhos de galo", que apresenta, em volta dos olhais da âncora, em ambos os lados da proa, o desenho de olhos de galo. Não pode haver prova mais convincente da vinda de barcos de Fujian para Macau há 500 anos. A rocha fica dentro da área do Templo de Á-Má, facto que sugere implicitamente que o templo foi construído por comerciantes de Fujian. É de sublinhar o significado dos quatro caracteres gravados na rocha: "Lucros Abrangem Grandes Águas". Não é certo que aqui estamos perante uma vivida descrição do espírito de iniciativa empreendedora dos comerciantes de Fujian, que em procura de lucros não hesitavam em aventurar-se às mais arriscadas façanhas?

O Templo de Á-Má de Macau é ainda um templo budista, conhecido por "Bosque do Zen do Despertar da Rectidão", cuja capela-mor fica paredes meias com o calado do altar da deusa Á-Má. No pátio da capela-mor budista encontra-se uma lápide com um texto gravado, sob o título de "Por ocasião da Reconstrução do Templo de Á-Má".5 O texto foi redigido por Zhao Aiqing, natural de Xiangshan, no ano 1829, durante a dinastia Qing. O que lá se lê fornece ainda mais provas em favor da nossa afirmação. Ao se referir à origem do templo, o autor adianta:

"Conta a tradição que uma vez, quando vinham aqui viajantes de Fujian, a Deusa embarcou também, transfigurada em mulher mortal. Com ela a bordo, o barco cobriu milhares de léguas numa só noite e chegou a Macau justamente ao sítio onde está agora erguido o Templo. Chegado que foi o barco, a auréola apagou-se. Foi por esse motivo que se construiu o Templo a ela consagrado".

Vê-se bem que o Templo de Á-Má foi construído por nativos de Fujian. Ao mencionar os que fizeram doadores para a reconstrução do templo, o autor assinala:

"Os elas ricos e poderosos realizam anualmente comércio com os navios estrangeiros, obtendo assim lucros que lhes vêm em borbotões e acumulando fortunas fabulosas de geração em geração. Eis porque [...]"

Daí se segue que os doadores foram, na sua maioria, comerciantes.6

Debaixo da viga horizontal do salão de pedra "A Primeira Montanha Divina", no Templo de Á-Má, há duas inscrições verticais que rezam: "Construído no ano Yi Si do reinado do imperador Wan Li da dinastia Ming (ano 1605) pelos comerciantes da Rua De (Virtude)" e "Reconstruído no ano Ji Si do reinado do imperador Chong Zhen da dinastia Ming (ano 1629) pelos moradores da Rua Huai (Recordação) e da Rua De (Virtude)". Estas duas inscrições gravadas em pedra revelam ainda o facto histórico da ampliação arquitectónica do Templo de Á-Má ter progredido par a par com o alargamento da área urbana comercial de Macau e o fortalecimento do poderio económico dos seus comerciantes. Nos Anais do Distrito de Xiangshan do período do reinado do imperador Kang Xi da dinastia Qing, lê-se:

Fachada do templo de Á-Má. c. 1827-30. George Chinnery. Tinta em papel (sem data).

"Em meados do reinado do imperador Wan Li da dinastia Ming, sob proposta do vice-rei e do governador civil da província, foi decidido pavimentar quatro ruas com ponto de partida comum no centro da povoação, cada uma com uma elevada balaustrada coroada com um carácter, sendo os quatro caracteres "wei", "wei", "huái" e "dé", que juntos significam "Temer o poder (do soberano) e recordar a (sua) virtude". As casas de ambos os lados da cada rua foram numeradas [...] com dez números a Leste e outros dez a Oeste, de modo a que os moradores pudessem manter entre si permanentes contactos e se vigiarem mutuamente, impossibilitando a presença de indivíduos indesejáveis, sob o controlo do subprefeito de defesa da costa e da Superintendência dos Barcos Mercantes".7

Aqui temos a origem dos nomes "Rua De" e "Ruas Huai e De", o que quer dizer que, sob a influência do culto de Á-Má, ia aumentando o número de moradores em Macau e iam tomando forma as ruas, de tal modo que em meados do reinado do imperador Wan Li já existiam, pelo menos, quatro ruas com os nomes de "Dói", "Wei", "Huái" e "De". Sucessivas doações dos comerciantes e moradores possibilitaram a gradual ampliação arquitectónica do templo até atingir as dimensões de hoje. Do relato da Monografia de Macau infere-se que os comerciantes de Fujian desfrutavam de enorme influência em Macau, de modo que é pouco menos que indiscutível que entre os comerciantes das quatro ruas deviam contar-se homens oriundos dessa província.

Desde as épocas remotas até aos nossos dias os imigrantes de Fujian têm constituído em Macau tanto uma poderosa força motriz do desenvolvimento industrial e comercial da localidade como uma comunidade de devotos da deusa Á-Má. Daí que o florescimento da indústria e do comércio e a crescente atracção do Templo de Á-Má junto dos devotos e peregrinos tenham sido sempre dois fenómenos inseparáveis entre si numa fascinante interacção de causalidade recíproca. Assim continuam as coisas ainda hoje. Actualmente, cerca de 20 por cento dos moradores de Macau são oriundos de Fujian,8 desempenhando um papel significativo na indústria e no comércio. Ao mesmo templo, em nada desmerecem dos seus antepassados em termos de zelo e devoção ao culto de Á-Má. Uma pessoa oriunda de Fujian disse-me que a "descolagem" económica de Macau nos últimos vinte anos se deveu à imigração de numerosa mão-de-obra continental, contando-se entre os imigrantes muitos indivíduos procedentes de Fujian. Destes novos imigrantes chegados a Macau nos últimos anos, alguns tornaram-se abastados comerciantes ou empresários. "O culto de Á-Má," frisou, "é uma tradição da gente de Fujian. Na véspera do Ano Novo Lunar é costume visitarmos o Templo de Á-Má para prestar homenagem à deusa. Cada um dos membros da família compra um comprido pivete de incenso, acende-o no Templo e leva-o aceso a casa. Os membros da nossa família acorrem todos juntos ao Templo [...]" Passando ao relacionamento da Associação de Conterrâneos de Fujian e o Templo de Á-Má, acrescentou: "O Conselho Executivo do Templo de Á-Má compõe-se de vários membros eleitos por aclamação pelos moradores oriundos de Zhangzhou, Chuanzhou (ambas zonas da província de Fujian) e Chaozhou (na província de Guangdong), sendo a maioria deles da província de Fujian. É através do mencionado Conselho Executivo que desenvolvemos todas as actividades da nossa Associação de Conterrâneos [...]".9 Enquanto se dedicam às suas actividades industriais e comerciais, os moradores de Macau oriundos de Fujian mantêm aceso o seu entusiasmo pelo culto de Á-Má. E este culto espalha-se e consolida-se através duma interacção não apenas individual, como também organizada, concordando ainda mais harmoniosamente com a vida da sociedade moderna.

Á-Má é bem conhecida como deusa protectora da navegação marítima. Mas esta imaginária função divina não foi definida desde o próprio começo. Na terra de origem de Á-Má, isto é, o distrito de Putian, província de Fujian, a gente "erigiu templos a ela dedicados com o intuito primitivo de exaltar a sua rectidão e sabedoria e o seu poder prodigioso. Mas depois de erigidos os templos, o seu poder divino passou a ser gradualmente atribuído à protecção da navegação marítima".10 A referida mudança teve algo a ver com a imigração e o comércio. Nos primeiros anos da sua imigração os que abandonavam a sua terra natal em Fujian aventuravam-se aos perigos do mar, e o comércio dessa época estava também ligado à navegação marítima. É lógico que a deusa Á-Má, "símbolo da misericórdia materna",11 fosse erigida em alvo principal do culto dos moradores de Macau oriundos de Fujian. Hoje em dia, embora radicados já em Macau na sua imensa maioria e apesar da impressionante diminuição dos riscos do tráfico comercial pelos mares, o culto de Á-Má, já espalhado e enraizado com a imigração e o comércio, adquire novas dimensões à medida que o desenvolvimento das actividades industriais e comerciais dos homens de negócio oriundos de Fujian radicados em Macau toma necessário um novo alargamento do alcance da protecção divina. Os moradores de Macau oriundos de Fujian, convencidos do poder divino de Á-Má, têm todas as razões para render-lhe culto como a uma deusa da riqueza. Eis a base psicológica sobre a qual assistimos à interacção entre as actividades industriais e comerciais dos homens de negócio oriundos de Fujian radicados em Macau e o seu culto de Á-Má.

II

A localização geográfica de Macau e os seus recursos naturais disponíveis determinam o elevado grau de desenvolvimento da sua economia pesqueira, uma economia que se caracteriza pelos riscos a que se expõe quem a ela se dedica. É por isso que os pescadores dão provas de particular zelo ao implorar protecção às divindades. Trazido a Macau, o culto de Á-Má veio a tomar-se a pouco e pouco no culto por excelência dos pescadores. A segurança da navegação e da vida económica constitui a principal motivação do culto. No entanto, a simples obtenção de pescado, em si própria, não significa ainda uma vida já ganha para os pescadores. Só podem ganhar a vida lançando ao mercado o que obtiveram do mar a troco da remuneração pelo seu trabalho. Por outras palavras, o que os pescadores obtêm do mar só pode ter o seu valor realizado após a sua transformação industrial e a sua comercialização. Daí o que tem de industrial e comercial a economia pesqueira. No que diz respeito à comercialização, os produtos já industrializados têm de ser vendidos dentro e fora da localidade através de redes complexas de trocas comerciais, tarefa essa que, em Macau, fica a cargo dos yulan (centros grossistas de pescado), com os quais se ligam os pescadores por meio de complexos mecanismos de troca comercial. Intermediários terrestres da economia pesqueira, os yulan, ao mesmo tempo que se dedicam ao comércio por grosso dos produtos aquáticos, desempenham ainda o papel de quem adianta aos pescadores o preço de custo. Daí a importância vital de um relacionamento de crédito comercial entre os pescadores e os yulan, relacionamento que se mantém não apenas através da confiança mútua, como também com o recurso a uma força externa. Como é de tipo tradicional de longa data o relacionamento em causa, no caso de Macau, sem garantias jurídicas nem financeiras,12 eis que a nossa deusa Á-Má intervém como padroeira do relacionamento.

Em Macau, em meados da década de 80, havia mais de 1.700 embarcações pesqueiras e mais de 60 yulan.13 A proporção indica que os yulan são relativamente pequenos. São intermediários e ao mesmo tempo agentes de créditos. Muitos deles surgiram para fazer face à carência que os pescadores têm de fundos, carência que os força a comprar a crédito grande parte dos meios de produção e de subsistência de que precisam, tais como juncos e aparelhagem de pesca, mantimentos e outros artigos de primeira necessidade para a vida no mar. Os yulan, porém, dispõem, na maioria dos casos, de recursos financeiros muito limitados e só estão em condições de conceder empréstimos a uma pequena parte dos pescadores, em virtude de acordos verbais entre conhecidos, sem outras formalidades, circunstância que torna necessário que o credor conheça a fundo a solvência do devedor, limitando, por conseguinte, o número de devedores eventuais.14 Um tal tipo de mercado é regulado pelas relações pessoais entre os indivíduos e tem, portanto, as portas abertas de par em par para a intervenção de um factor extra-económico como o culto religioso.

Do ponto de vista do pescador, o começo e o fim do seu processo económico, ou, metaforicamente, a frente e a rectaguarda da sua batalha, isto é, a aquisição de meios de produção e a comercialização dos produtos, ficam ligados ao mercado. O que mais interessa é dispor de dinheiro suficiente para comprar a aparelhagem necessária e conseguir vender o pescado, problema que fica resolvido pelo aparecimento dos yulan, que desempenham o duplo papel de investidores e compradores por grosso. Se bem que as relações entre os pescadores e os yulan se baseiem numa longa história de mútuo conhecimento e de frequentes contactos, os dois problemas chave, de vital importância para os pescadores, isto é, os juros dos empréstimos e os preços de compra por grosso, ficam nas mãos dos yulan e são motivo de constante apreensão dos pescadores. O que à deusa Á-Má imploram os pescadores é, pois, a obtenção de boas receitas terrestres, além de segurança na vida do mar, que é, naturalmente, um problema de primeira ordem.

Ora, qual é a forma como, no que diz respeito aos interesses económicos ligados ao comércio, imploram os pescadores de Macau protecção à deusa Á-Má? Se a pedido da segurança da vida no mar é exclusiva dos pescadores, a obtenção de boas receitas terrestres envolve uma acção conjunta dos pescadores e de outras comunidades. Isto porque os pescadores só podem obter estas receitas em cooperação com moradores terrestres. Por isso, é preciso que desenvolvam actividades de culto de Á-Má conjuntamente com estes últimos, a fim de se conseguir uma coordenação de interesses através do culto comum. Falando sobre isso, o Sr. Feng Xi (Fong Hei), presidente da Associação de Ajuda Mútua dos Pescadores de Macau, disse-me: "Todos os anos, no dia 23 do terceiro mês lunar, celebram-se no Templo de Á-Má festividades por ocasião da Festa da deusa [...] Há um grandioso banquete às 4 ou 5 horas da tarde [....] O dinheiro para as despesas é angariado numa campanha financeira levada a cabo entre os pescadores. Contribuem também com dinheiro a vizinhança, os estaleiros e os yulan para patrocínio conjunto destas actividades, que incluem mesmo espectáculos teatrais. A angariação de fundos fica a cargo de um 'Conselho do Festival Teatral do Templo de Á-Má', composto de pescadores e moradores terrestres [...]".15 Note-se que aqui são mencionados os yulan, com os quais mais tratam de dar-se bem os pescadores. O festival é, evidentemente, um evento tão religioso como de convívio social.

Do ponto de vista dos yulan, se bem que ocupem uma posição vantajosa relativamente aos pescadores, posição que permite mesmo explorá-los, têm de assumir, no entanto, também alguns riscos. Em primeiro lugar, uma vez concedido o empréstimo para os pescadores saírem ao mar a pescar, os riscos que estes últimos correm no mar são também riscos dos yulan, já que em caso de naufrágio ou de infrutífera da faina no mar por outras razões, os pescadores já não terão com que pagar as dívidas e os yulan, por conseguinte, incorrerão em quebras. Em segundo lugar, e em conexão com o ponto acima referido, sendo limitados os recursos financeiros de que dispõem, o dinheiro que os yulan emprestam, muito provavelmente, tem sido na sua maior parte ou na totalidade tomado de empréstimo de terceiros. Caso os pescadores não possam liquidar as suas dívidas, os yulan terão dificuldades em liquidar as suas com os terceiros.

Além disso, os yulan receiam que os pescadores, faltando à palavra, se recusem a vender-lhes o pescado. Tudo isso concorre para que os donos dos yulan venerem a deusa Á-Má com não menos fervor e devoção do que os pescadores.

Então, qual é a forma como os donos dos yulan rendem culto à deusa Á-Má? Para além das actividades que desenvolvem conjuntamente com os pescadores, como já dissemos, fazem-no através de outras actividades, das quais a mais importante consiste em fazer doações para construir templos de Á-Má ou reconstruir os já existentes. É de longa data a tradição dos donos dos yulan de Macau de doarem dinheiro para construir e reconstruir templos de Á-Má e outros templos religiosos, tradição que datará dos primeiros anos da dinastia Qing. Baseando-se em pesquisas no terreno, o Sr. Zheng Weiming, da Universidade de Macau, conseguiu recolher grande quantidade de textos lapidários relacionados com os credos religiosos populares de Macau, e em muitos desses textos constam os nomes de doadores que eram donos de yulan. Vejamos alguns exemplos:

Primeiro, entre as empresas que fizeram doações para templos de Á-Má e outros nas ilhas de Macau (Taipa e Coloane, e assim doravante) durante o reinado do imperador Dao Guang (1767-1850) podem ser identificadas com maior ou menor certeza como yulan as sete seguintes: Pu Yuan Tang (Pou Yün Tóng), Heng De Tang (Hâng Tâk Tóng), Gong Yi Tang (Kong I Tông), Yong An Tang (Weng Ón Tóng),.Guo Sheng Tang (Kwók Sâng Tóng) e Yong Zi Tang (Weng Tchi Tóng).

Segundo, entre as empresas que fizeram doações para templos de Á-Má e outros nas ilhas de Macau durante o reinado do imperador Tong Zhi (1861-1874) da dinastia Qing podem ser identificadas com maior ou menor certeza como yulan as seis seguintes: Jing Xin Tang (Reng Seon Tóng), Wan Sheng Tang (Mán Sâng Tong), Bao An Tang (Pou Ón Tóng), Tong Qing Tang (Tông Heng Tóng), o centro distribuidor de pescado Yi Yi Tang (I Yek Tóng) e Ji Hou Tang (Tchek Hâu Tóng).

Terceiro, entre as empresas que fizeram doações para templos de Á-Má e outros nas ilhas de Macau durante o reinado do imperador Guang Xu (1875-1908) da dinastia Qing podem ser identificadas com maior ou menor certeza como yulan as 36 seguintes: Ji Yi Tang (Tchap I Tóng), Gong Xian Tang (Kông Sin Tóng), Yong Yi Tang (Weng I Tóng), Fu An Tang (Fok Ón Tong), Guang Yuan Tang (Kwóng Yün Tóng), Wan Sheng Tang (Mán Sâng Tóng), Nie De Hou Tang (Nip Tâk Hâu Tóng), Guan Tang Zhuo Ye He Tang (Gun Tóng Tcheok Ip Wó Tóng), He Guang Ji Tang (Hó Kwóng Tchek Tóng), Huang Fu De Tang (Wóng Fôk Tâk Tóng) da Ribeira Oriental, Heng De Tang (Hâng Tâk Tóng), Yi Sheng Tang (I Seng Tóng), Wan An Tang (Mán Ón Tóng), Zhuo Fu Dong Tang (Tcheok Fôk Tông Tóng), Bao An Tang (Pou Ón Tóng), Fu You Tang (Fók Iâu Tóng), Zhuo Chong De Tang (Tcheok Tchông Tâk Tóng), a loja de pescado Song Ji (Tchông Kei), Chun He Tang (Tcheon Wó Tóng), Yong Ye Tang (Weng Ip Tóng) e Xi Jia Sheng Gong Tang (Sâi Ka Seng Kông Tóng) (até aqui na ilha da Taipa), bem como Guang Sheng Lan (Kwóng Sâng Lán), Fu He Tang (Fôk Hâp Tóng), Li Cheng De Tang (Lei Seng Tâk Tóng), Da Yuan Tang (Tái Yün Tóng), Bao Quan Tang (Pou Tchün Tóng), Pu Sheng Tang (Pou Sâng Tóng), Feng Yi Yuan Tang (Fông I Iün Tong), Luo Ren Ji Tang (Lo Yân Tchâi Tóng), Tong Jing Tang (Tông Keng Tóng), Xin He Lan (Sân Hâp Lán), Zan Li Lan (Tchán Lei Lán), Fu You Tang (Fôk Iâu Tóng), Dong He Lan (Tóng Hâp Lán), Xiao Yong Fu Tang (Siu Weng Fôk Tóng) e Man Yuan Tang (Mun Yün Tóng) (até aqui na ilha de Coloane). 16

Se levarmos em conta que as empresas doadoras enumeradas nestes três exemplos eram yulan das duas ilhas, veremos que o número deve ser muito maior se incluir as da península de Macau. Vê-se bem a magnitude das doações feitas pelos yulan para os templos religiosos populares, designadamente os templos de Á-Má.

Esta modalidade de relacionamento pescador-comerciante, que encontra a sua expressão em Macau no relacionamento pescador- yulan, já deixou de existir mesmo em Hong Kong, para já não falar do continente chinês. 17 Como forma de credo popular em correspondência com esta modalidade económica, o culto de Á-Má tem atingido uma penetração social de uma profundidade raramente vista. Talvez possamos analisar o fenómeno do ponto de vista das motivações económicas dos credos religiosos e inferir que, na atmosfera comercial da sociedade macaense, foi atribuído à deusa Á-Má um estatuto mais marcado de divindade comercial, com poder divino para proteger os homens de negócios, zelar pela credibilidade da palavra dada, assegurar a circulação, etc. Quando nasce uma necessidade, nascem com ela os meios de satisfazê-la. Com a necessidade dos homens de negócios e do povo de Macau em geral em manter a ordem na vida económica, nasce o que tem a deusa Á-Má de novo na sua idiossincrasia e nas suas funções divinas.

Falámos já, nas partes primeira e segunda do presente estudo, da interacção entre a economia comercial de Macau e o culto de Á-Má. Agora, passemos, nesta terceira parte, a tratar o mesmo tema com horizontes ainda mais largos e a um nível ainda mais elevado. Cidade comercial cosmopolita, Macau também teve na história (e tem ainda hoje) uma cultura pluralista. É no meio de um ambiente tão invulgar que se assiste a uma maior interpenetração, inter-impregnação e interacção entre o comércio e a religião, em si pertencentes a dois domínios distintos do comportamento social de qualquer comunidade humana. Para examinar, num contexto tão amplamente abrangente, a interacção entre a economia comercial de Macau e o culto de Á-Má, é evidentemente necessário um ponto de referência de modo a facilitar a comparação.

Para os Ocidentais, "na história foi Macau sempre uma cidade que ligava estreitamente Deus e Mammon, a cruz e a coroa, a alma o comércio". Por outras palavras, nunca foi invulgar a interacção entre a economia comercial e o credo religioso. Por exemplo, nos séculos xvi e xvii, jesuítas de Macau participaram nas trocas de "seda por prata" com Nagasáqui. Macau era na altura tanto um centro de concorrência de missionários ocidentais como um entreposto de comerciantes europeus. Não era invulgar missionários serem ao mesmo tempo comerciantes. "Uniram-se, como era inevitável, a religião e o comércio". 18

Para os Orientais, Macau era igualmente uma cidade que oferecia imensas possibilidades de comércio e de missionação. Entre os comerciantes que vieram a Macau durante as dinastias Ming e Qing não faltavam indivíduos vindos de áreas islâmicas do sudeste asiático, entre os quais comerciantes javaneses. Peritos em comércio, esses muçulmanos trouxeram consigo a Macau, ao mesmo tempo que faziam os seus negócios comerciais, o islamismo. Da década de 70 do século xviii à década de 40 do século xix, desenvolveram em Macau actividades zoroastrianas de Bombaim, Índia, alguns deles comerciantes riquíssimos, que exerceram determinada influência no comércio e na economia de Macau em geral.

Ora, qual foi a forma especial através da qual, em contraste com as religiões do Ocidente e do Oriente de origem estrangeira, o culto de Á-Má, como parte dos tradicionais credos religiosos populares, se entrecruzava e interagia com a economia comercial?

Em primeiro lugar, além de interagir directamente com a economia comercial de Macau, o culto de Á-Má fazia-o indirectamente, através da ampla penetração no seio da população dos tradicionais credos religiosos da China.

A religião tradicional mais estreitamente ligada ao culto de Á-Má é o tauismo, que graças à sua enorme capacidade de abrangência conseguiu incorporar em si numerosos credos populares. Já se registavam actividades tauistas no distrito de Xiangshan (do qual fazia parte Macau) durante a dinastia Song. Após a introdução do culto de Á-Má, a região de Macau tornou-se a pouco e pouco numa esfera de influência do culto de Á-Má como parte integrante do universo tauista".19 Em vista da fama de Á-Má como deusa protectora da navegação marítima, provida de infinito poder divino, foi atribuído a algumas outras divindades próprias dos credos populares do universo tauista um parentesco com Á-Má, para que aparecessem com maior poder divino. Isso, por sua vez, concorreu para ampliar a influência de Á-Má de modo que os homens de negócios, empurrados por motivações económicas, veneravam todas as divindades supostamente aparentadas com Á-Má. Disso é exemplo evidente o caso da deusa San Po (Terceira Dama). Na ilha da Taipa havia (mas já não há) um templo dedicado a esta deusa, construído em 1845. Conta a tradição que a deusa se distinguia pela sua função divina de proteger a paz na localidade combatendo o banditismo e desbaratando os ataques dos piratas, e daí a grande peregrinação que lhe era feita. O culto desta deusa, porém, devia-se a mais uma razão. Segundo escreveram autores do período da dinastia Qing, esta deusa era a terceira irmã maior de Á-Má e o seu aniversário natalício era no dia 22 do terceiro mês lunar, justamente um dia antes do de Á-Má. 20 Nos últimos anos da dinastia Qing e nos primeiros da República da China, a pirataria era um flagelo nas imediações de Macau. O culto que à deusa San Po rendiam os homens de negócios e o povo de Macau em geral devia-se, evidentemente, ao desejo de se defenderem dos piratas. Afinal de contas, em causa estavam os seus interesses comerciais. Por sua parte, a figura da deusa San Po adquiriu maior estatura através da exaltação da figura de Á-Má, numa forma indirecta de interacção entre o culto de Á-Má e a economia comercial.

De igual modo, laços estreitos ligavam o culto de Á-Má ao budismo. A deusa é venerada também em vários templos budistas importantes de Macau, tais como o Templo de Lin Fong, consagrado designadamente a Kun Iam (Avalokitesvara, ou Deusa da Misericórdia) e o Pu Ji Chan Yuan (Pou Tchai Sim Yun, conhecido vulgarmente por Templo de Kun Iam), onde Á-Má é venerada numa capela especial. Durante uma visita de investigação ao Templo de Lin Fong, encontrei lá dentro uma lápide com um texto gravado, sem título, cujo conteúdo diz respeito às receitas financeiras do templo. Trata-se de um edital público lá colocado no ano 1818 por Zhong, prefeito de Cantão e Macau de Defesa Costeira função que acumulava com a de magistrado do distrito de Xiangshan. No texto lê-se: "[...] o Templo de Lin Fong é local de culto de todos os moradores de Macau. É do interesse público assegurar ao Abade Run Neng e aos outros bonzos do Templo uma vida religiosa sossegada e tranquila, pelo que é preciso que possuam uma permanente fonte de recursos para a sua subsistência. A requerimento deles, decido que todos os acampamentos, quiosques, tendas e terrenos cercados adjacentes ao Templo sejam dados de aluguer pelo Templo aos vendilhões, uma vez que a sua construção e arrumação foi possível graças às doações do Magistrado a expensas do seu próprio bolso, e que todo o aluguel, bem como aquele dos edifícios ao longo da Porta do Cerco, reverta a favor do tesouro do Templo. A partir da publicação do presente edital, todos os que quiserem instalar postos de venda nos sítios mencionados deverão ir ter com os bonzos do Templo para tomarem de aluguer as instalações em causa. Em caso de deterioração dos edifícios, competirá também aos bonzos do Templo proceder às reparações e procurar novos inquilinos. Com os meios de subsistência garantidos, os bonzos do Templo poderão homenagear as divindades constantemente e em forma devida, obter bênçães divinas para a localidade e ajudar a satisfazer os anseios tanto das autoridades como do povo [....]"21 Do ponto de vista dos bonzos do templo, a força de atracção das divindades podia ajudá-los a levar comerciantes e vendilhões a instalar pontos de venda, pagando-lhes o aluguer Do ponto de vista dos comerciantes e vendilhões, a psicologia de veneração das divindades podia ser uma ajuda para atrair fregueses e obter lucros. Assim, pois, as divindades surgem-nos como eixo de actividades comerciais. Ora, das divindades veneradas no Templo de Lin Fong, a deusa Kun Iam é a primeira e Á-Má a segunda. Embora a segunda, Á-Má, em nada desmereça de Kun Iam em termos de força de atracção, já que a sua presença no templo permite espalhar facilmente a sua influência. Eis outra forma de expressão da interacção entre o culto de Á-Má e a economia comercial.

Em segundo lugar, esta interacção não encontra a sua expressão apenas num nível tão superficial como é o da conjugação da missionação e do comércio, mas sim também num nível mais profundo, ou seja, a gradual generalização da aceitação do culto em causa por parte dos moradores de Macau, chineses e estrangeiros, a tal ponto que o culto se tomou um espírito cívico comercial.

"A religião influi, com variável intensidade e em variável sentido, nas atitudes e actos económicos das pessoas. Antes de mais nada, no caso de virtudes pessoais e comerciais como a honestidade, a justiça e a lealdade, de vital importância na vida económica. Quando a religião consegue incutir com sucesso estas virtudes no universo dos seus crentes, está a influir na economia...". 22 O culto de Á-Má, como credo popular que é, difere em algo da religião, mas influi na vida económica de igual modo que a religião. Quando o Conselho Executivo do Templo de Á-Má, composto de membros oriundos das regiões de Zhangzhou, Chuanzhou e Chaozhou, procede ao patrocínio de diversas actividades; quando os pescadores, os yulan, os estaleiros e as vizinhanças financiam conjuntamente cerimónias para festejar o aniversário de Á-Má; quando os pescadores e os moradores terrestres unem os seus esforços para organizar um "Festival Teatral da Terra e das Águas do Templo de Á-Má" convidando companhias de teatro para espectáculos litúrgicos, o que é que consegue unir pessoas oriundas de regiões tão distintas, de tão distintas profissões e de tão distintas camadas sociais? É inegável que a harmonia das relações humanas pressupõe a harmonia de interesses. Porém, seria difícil pessoas tão distintas aparecerem se entre elas não existisse a menor consciência de identidade. Aqui intervém a figura da deusa Á-Má, símbolo da misericórdia maternal, da imparcialidade e da justiça que exerce uma influência espiritual sobre indivíduos das mais variadas condições, atraindo-os para ao pé de si. Quem se deixa influenciar por esta força de atracção espiritual vai "interiorizando" esta influência para fazer dela normas de conduta cívica e princípios éticos que o vinculam. "Interiorização significa que uma pessoa transmuda em parte do seu próprio ser aquilo que lhe é apropriado e que ouve, vê ou concebe consciente ou inconscientemente". 23 Assim nasce e consegue perdurar um espírito cívico comercial aceite pela comunidade em geral, a um nível ainda mais profundo de interacção entre o culto de Á-Má e a economia comercial de Macau.

De salientar que, uma vez que "a cultura de Macau é o produto de quatrocentos anos de intercâmbio em sentido contrário entre duas culturas qualitativamente distintas", 24 a cultura do culto de Á-Má, como parte integrante da cultura de Macau, além de aceite já pelos moradores chineses, tem vindo a pouco e pouco a ser aceité também pelos moradores ocidentais. Para estes, "não há nenhuma outra cidade na China que leve o nome chinês do Templo de Á-Má"25 Com efeito, todos os nomes se consagram por costume. A consagração do nome de Macau (Ma Kok) entre os Ocidentais à custa de todos os outros nomes, é testemunho da grande força que representa o culto de Á-Má e da profunda influência da deusa no Território. Em meio de uma tal atmosfera, mesmo os Ocidentais se deixam influenciar e começam a respeitar a deusa chinesa. "Uma vez que eles (os portugueses) já sabiam o nome devido do porto e sendo eles próprios marinheiros, preferiram, apesar de Á-Má ser uma deusa pagã, chamar o porto pelo nome da deusa protectora dos pescadores". Aqui o espírito empreendedor dos navegantes ocidentais encontra um ponto de coincidência com o sentido intrínseco do culto de Á-Má. Afinal de contas, trata-se de um espírito de pioneirismo comercial, de cooperação e progresso, que imprime uma estatura ainda mais elevada à interacção entre o culto de Á-Má e a economia comercial de Macau.

NOTAS

1 Registos duma pesquisa do Templo de Á-Má de Macau, 13 de Dezembro de 1995.

2 Monografia de Macau, primeira parte "A Situação".

3 Rui Brito Peixoto: "Artes, Lendas e Cerimónias Religiosas", Revista de Cultura (edição chinesa.), n. ° 5, segundo trimestre de 1988, Macau.

4 Registos duma Pesquisa do Templo de Á-Má de Macau, 13 de Dezembro de 1995.

5 Agradeço ao Sr. Zheng Weiming, da Universidade de Macau, a gentileza de me ter fornecido uma cópia de Por Ocasião da Reconstrução do Templo de Á-Má.

6 Anais do distrito de Xiangshan do período do reinado do imperador Kang Xi, volume. O Exterior.

7 Álbum Especial dos Festejos dos Três Aniversários Comemorativos de Jinjiang, publicado pela Associação de Conterrâneos de Jinjiang em Macau, Novembro de 1995.

8 Actas duma Reportagem a Wu Lianmeng, Macau, 12 de Dezembro de 1995.

9 Li Fengmao, Á-Má e as Religiões Confuciana, Budista e Taoísta, Mensário de Historiografia, n. ° 63, Taibei, Abril de 1993.

10 Li Fengmao, Á-Má e as Religiões Confuciana, Budista e Taoísta, Mensário de Historiografia, n. ° 63, Taibei, Abril de 1993.

11 Rui Brito Peixoto "Tancareiros e Yulan: Dois Factores Que Reflectem as Relações Económicas e Financeiras do Sul da China", in Revista de Cultura (edição chinesa), n. ° 4, primeiro trimestre de 1988.

12 Huang Qichen e Zhang Weiming, Quatrocentos Anos da Economia de Macau, Fundação Macau, Junho de 1994.

13 Rui Brito Peixoto, op. cit., Revista de Cultura (edição chinesa), n. ° 4.

14 Actas duma reportagem a Feng Xi, Xian Duoan e Zhang Xinguang, Macau, 19 de Dezembro de 1995.

15 Huang Qichen e Zhang Weiming, op. cit., pp. 131-157 e 137-160.

16 Rui Brito Peixoto, in Revista de Cultura, n. ° 4.

17 C. R. Boxer, "O Papel de Macau Como Entreposto Religioso e Comercial nos Séculos XVI e XVII". Textos Traduzidos sobre a História das Relações da China com o Exterior, série quinta, Editora de Traduções de Xangai, Agosto de 1991.

18 Huang Qichen e Zheng Weiming, op. cit., pp. 84-81 (?), p. 7 (?).

19 Yu Yue, Quatro Textos do Salão da Fragrância do Chá, vol. 20, onde se cita o relato contido nas Miscelâneas de Guangdong de Xu Liandan. Tudo citado de Zheng Weiming e Huang Qichen, As Religiões de Macau, p. 8.

20 Registos duma Pesquisa do Templo de Lin Fong de Macau, 16 de Dezembro de 1995.

21 Ronald L. Johnstone, A Religião na Sociedade — uma Sociologia Religiosa (versão chinesa), Editora do Povo de Sichuan, 1991, pp. 199 e 75.

22 Ronald L. Johnstone, A Religião na Sociedade — uma Sociologia Religiosa (versão chinesa), Editora do Povo de Sichuan, 1991, pp. 199 e 75.

23 Huang Xiaofeng, "O Campo Visual da Cultura de Macau: O Mundo e a China", in Revista de Cultura (edição chinesa) n. °s 13-14, segundo trimestre de 1993, Macau.

24 C. R. Boxer, op. cit..

25 Yu Longyu, "O Culto de Á-Má e o Intercâmbio Cultural entre a China e o Exterior", in Revista de Cultura (edição chinesa), n. °s 13-14, segundo trimestre de 1993.

* Professor do Departamento de História da Universidade de Xiamen. Investigador da Academia de Ciências Sociais da Província de Fujian.

desde a p. 103
até a p.