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OS FUQUINESES E A ORIGEM DO CULTO DE Á-MÁ EM MACAU

Xu Xiaowang*

Macau é uma das regiões mais desenvolvidas ao nível do culto de Á-Má (Tianfei, Tianhou ou Mazu) na China. Existem actualmente oito templos erguidos em memória dessa deusa, dos quais se salienta o Templo da Barra, apontado como um dos três maiores templos de Á-Má da região de Lingnan, sendo uma das mais antigas construções e quase um sinónimo do território de Macau. Corre em Macau uma lenda, que diz que o Templo da Barra foi construído pelos fuquineses, ainda antes da chegada dos portugueses. Disseram que, à primeira chegada a Macau, os portugueses viram um templo de Á-Má erguido na península de Macau, pelo que chamaram de "Porto de Á-Má" o porto onde desembarcaram.1 Hoje em dia, os portugueses continuam a usar "Macau" para designar o território, sendo uma pronúncia semelhante do termo que se usa em minnanhua (dialecto do sul da província de Fuquiém) para designar a deusa em questão. O presente trabalho visa analisar o relacionamento entre os fuquineses e o culto de Á-Má em Macau, para além de ser uma tentativa de esclarecer a questão da construção do Templo da Barra. Espero que os colegas me dirijam opiniões que me são preciosas.

I. A EXPLORAÇÃO DE XIANGSHAN E A DIVULGAÇÃO DO CULTO DE Á-MÁ POR PARTE DOS FUQUINESES

Através do nome do território, "Macau" em português e "Macao" em inglês, podemos notar algo que pode confirmar o estreito relacionamento que os fuquineses mantinham com o culto em Á-Má de Macau. Muitos letrados de Macau chegaram também a opinar que os fuquineses foram os primeiros exploradores de Macau, facto este que contribui para afirmar a soberania da China sobre o Território. A província de Fuquiém (Fujian) é geograficamente distante; porque foram os fuquineses os primeiros exploradores e não os cantonenses? Para responder a esta pergunta, é necessária uma exposição sucinta sobre a situação geográfica de Guangdong (Cantão) e de Macau, e sobre a história da emigração.

Macau, que pertencia ao distrito de Xiangshan, localiza-se na extremidade duma península de Xiangshan, apontada ao mar. O desenvolvimento urbanístico registou-se na dinastia Ming. Antes dessa dinastia, era um lugar muito desértico, onde, se crê, só apareceram os pescadores, e, quanto à existência de residentes permanentes, é ainda hoje um tema a estudar através das pesquisas nos dados históricos. Antes da dinastia Qing, Guangdong era uma das mais atrasadas províncias chinesas. Quando a região de Linnang, onde se encontra a província de Guangdong, foi reunificada pela dinastia Song, o número de famílias em Guangdong e Guangxi era apenas de 170 263, sendo uma das zonas de menor densidade populacional do país; posteriormente registou-se um certo aumento de população em Guangdong e Guangxi, embora lento; durante o reinado de Shaoxing da dinastia Song, havia 513711 famílias e 784 774 pessoas, em Donglu de Guangnan; na dinastia Yuan, esses números eram de 443 906 e 775 638, respectivamente; não obstante, mesmo no ano 26 do reinado de Hongwu da dinastia Ming, a população de Guangdong era de apenas 3 007 932 pessoas, em 513 711 famílias.2 A exploração em Guangdong era muito atrasada em relação às províncias vizinhas, nomeadamente Fujian e Jiangxi. Xiangshan e Macau, localizados no delta do rio das Pérolas, rodeados pela água e de difícil acesso, estavam condenados a ter uma densidade populacional muito baixa. A este respeito há uma descrição na «Crónica do distrito de Xiangshan», Vol. I "Folclore",3 que diz: "Vastos terrenos, poucas pessoas, pouca riqueza em casa, vive-se de montanhas, mares e terras cultivadas.". No Vol. II "Povo e Produtos", da mesma obra, lê-se o seguinte: "Um território numa ilha isolada, com vastos terrenos e poucas pessoas. Sofre de frequentes assaltos dos piratas japoneses desde o reinado de Yongle, de modo que muitas pessoas emigraram para outros lugares, tendo diminuído a população de dia para dia." Descrições como estas demonstram que o distrito de Xiangshan tinha pouca população até que Macau se salientasse, nos meados da dinastia Ming, o que ofereceu condições propícias para os exploradores não locais do distrito de Xiangshan.

Fujian é uma província da vizinha de Guangdong, sendo ambas ligadas por barcos. Desde os finais da dinastia Tang e das Cinco Dinastias, o aumento demográfico de Fujian ultrapassou o de Guangdong. Na dinastia Song, Fujian conheceu um rápido desenvolvimento económico e cultural, passando a ser uma das províncias mais desenvolvidas do país, e começou a debater-se com o problema do excesso de população. Por isso há registos datados a partir das Cinco Dinastias, sobre a emigração de fuquineses para o distrito de Xiangshan. Desde a dinastia Song do Sul, os fuquineses, sobretudo residentes do litoral, começaram a emigrar, em grande escala, para Guangdong, o que constituiu o maior factor apontado para o rápido aumento dos han (a maioria nacional da China) em Guangdong. Foi precisamente neste pano de fundo que os elementos culturais de Fujian foram introduzidos em Guangdong. Segundo os dados ao meu alcance, quanto à emigração que teve lugar durante o período das dinastias Tang e Song, o mestre budista Yuanming deve ser o primeiro Fuquiémês a emigrar para Guangdong, pois cheguei a ler no Vol. VIII da «Crónica do distrito de Xiangshan» a seguinte descrição: "O mestre budista Yuanming, de apelido Chen, é natural de Fuzhou (capital provincial), da dinastia Tang. Viajou pela montanha Wutai, para assistir à reencarnação de Manjusri. Nos meados do reinado de Kaibao, acompanhou o enviado imperial Li Chongju na sua inspecção ao sul do país. Li entrou num templo do buda protector da terra e perguntou porque tinha o Buda a palma da mão aberta; o mestre respondeu que a pérola que tinha na mão fora roubada. Morreu o mestre no l ano do reinado de Chunhua, aos 136 anos. Posteriormente o povo construiu o templo de Xilin em comemoração do mestre."

Durante as Cinco Dinastias, havia muitos monges famosos, naturais de Fujian, que costumavam fazer viagens. A sua presença em Lingnan não é nada de estranho.4 Segundo a dita «Crónica do distrito de Xiangshan», na dinastia Song havia alguns fuquineses que foram funcionários em Xiangshan, dos quais se destaca Hong Tianji: "Hong Tianji, de pseudónimo Yizhong, é natural de Jinjiang. Apresentava um talento particular quando ainda criança. Conhece perfeitamente os livros clássicos. No ano 7 do reinado de Chunyou, tornou-se jinshi (um título de candidato bem sucedido ao exame imperial) [...] No ano 3 do reinado de Jingding, foi nomeado governador do distrito de Xiangshan. Nos primeiros dias da sua governação já começou a envidar esforços no sentido de promover a educação [...]"5

Um mestre budista e um funcionário, são ambos elite dos fuquineses. E dos que emigraram para Xiangshan durante a dinastia Song, muitos lograram sucessos notáveis e formaram grandes famílias:

"A família de Zheng, de Nanhu, emigrou, no reinado de Renzong da dinastia Song, de Xianyou de Fujian para Guangdong quando Ju Sou veio assumir cargo de tongpan em Huizhou. Tem a residência em Rongshupu [...] com cerca de dez mil pessoas.

A família de Zheng, de Nanhu [...] emigrou, durante o reinado de Qiandao, de Putian de Fujian para Xiangshan, tendo-se estabelecido em Liantang [...] com cerca de sete mil pessoas.

A família de Huang, de Changzhou, aqui estabelecida quando da geração de Zuxian. São descendentes de fuquineses [...] Zuxian foi levado a Xiangshan pela tempestade [...] Tem hoje cerca de dez mil pessoas.

A família de Gao, de Yicheng, oriunda de Putian de Fujian. O seu antepassado Shizeng foi governador do distrito de Baoding [...] Tem hoje cerca de sete míl pessoas, sendo também uma grande família."6

Daí se pode ver que dos emigrantes instalados em Xiangshan muitos são fuquinenses, que conseguiram desenvolver-se rapidamente em Xiangshan. Durante a dinastia Qing, as famílias Liu, Huang e Zheng eram as mais conhecidas do distrito de Xiangshan, com maior número de membros de família, de modo que circulava na altura um dito que diz: "As famílias Liu, Huang e Zheng estão mesmo isentas da condenação à morte por assassínio". São famílias estabelecidas durante a dinastia Song. Destas três maiores famílias de Xiangshan, duas são oriundas de Fujian, o que pode demonstrar que os fuquinenses exerceram grande influência na formação da comunidade dos han de Xiangshan.

Emigração de fuquineses para Xiangshan no período dos finais da dinastia Song e dos inícios da dinastia Yuan. A substituição da dinastia levantou grande perturbação no litoral de Fujian e Guangdong. Os últimos dois governantes da dinastia Song do Sul, com o apoio de Zhang Shijie e Lu Xiufu, chegaram de barco a Quanzhou, Fujian, onde recrutaram uma centena de grandes barcos e um contingente de marinheiros locais, tendo formado uma grande frota, que navegaria chegando ao litoral de Xiangshan e Xinhui, e finalmente em Yashan. De Yashan a Macau há apenas dezenas de lis (1/2 quilómetro) de distância, via marítima. Sobre a estadia em Guangdong dos dois últimos imperadores da dinastia, a «Crónica Geral de Guangdong» escreve que Zhang Shijie e outros "chegaram às ilhas de Xiangshan acompanhando o imperador, tendo-se estabelecido primeiro na residência de Ma Nanbao e depois em Qianwan".7 Lugar este que, na opinião dos letrados de Macau, seria uma baía perto de Shizimen, junto de Macau, e as ilhas de Xiangshan seriam as ilhas próximas de Macau. Daí podemos ver que os naturais de Quanzhou apareceram também nessa zona. Zhang Shijie acabou por ser derrotado e a frota esmagada, de modo que milhares de pessoas fiéis à dinastia Song do Sul acabaram por se estabelecer nessa zona, incluindo não poucos fuquineses, que teriam aumentado a dimensão da cultura de Fujian em Xiangshan.

Entrando na dinastia Ming, Xiangshan não deixou de ser uma terra de baixa densidade populacional e fuquinenses continuavam a emigrar para Xiangshan. A este respeito há uma descrição:"O antepassado da família de Bianlin, Mengqi, emigrou de Fujian para Lanbain nos inícios da dinastia Ming [...] Tem hoje cerca de três mil pessoas."8

Dos imigrantes fuquinenses da dinastia Ming, muitos eram kejia (os han que emigraram do vale do rio Amarelo para o Sul do país no século XII), dos quais a maioria eram naturais de Tingzhou de Fujian, que emigraram primeiro para Meizhou e depois para diversos lugares de Guangdong. O antepassado de Sun Yat-sen emigrou precisamente de Tingzhou para Meizhou, tendo-se finalmente estabelecido em Xiangshan.

Dos han de Guangdong, muitos são descendentes dos fuquinenses. Dos três maiores dialectos de Guangdong o minnanhua e o kejiahua têm origem em Tingzhou de Fujian; o número dos falantes desses dois dialectos ocupam mesmo hoje em dia mais de um terço da população de Guangdong. Daí se pode ver que historicamente a cultura Fuquinense exerceu uma grande influência sobre a de Guangdong, influência essa muito forte do que a que Guangdong exerce hoje sobre Fujian. Considerando este fundo histórico, da influência relativamente grande que a cultura de Fujian exerceu sobre o distrito de Xiangshan não é nadà de estranho.

Em termos gerais, a emigração de fuquinenses para Xiangshan começou nas dinastias Song e Yuan, tendo-se prolongado até aos inícios da dinastia Ming. A chegada dos fuquinenses desempenhou um papel relativamente grande para a formação da comunidade dos han de Xiangshan.Com o passar do tempo, os emigrantes fuquinenses dos primeiros tempos vieram a identificar-se com a comunidade local de cantonenses, tornando-se nativos de Xiangshan. Os elementos culturais de Fujian que trouxeram foram inserindo-se também na sociedade de Xiangshan, tendo contribuído para o crescimento do culto de Á-Má em Xiangshan.

Construção do templo de Á-Má em Xiangshan. Como acima exposto, os fuquinenses começaram a emigrar para o distrito de Xiangshan durante a dinastia Song. Dos emigrantes fuquinenses destacaram-se a família de Zheng, oriunda de Xianyou, e a de Zheng, oriunda de Putian, de Fujian, terra natal da deusa Á-Má. As duas famílias conseguiram rapidamente desenvolver-se em Xiangshan, tornando-se grandes famílias de Xiangshan. Pelo seu laço com a terra natal as duas famílias teriam sido os pioneiros a divulgar o culto de Á-Má em Xiangshan. Como a emigração em massa começou na dinastia Song, o templo de Á-Má deve aparecer pela primeira vez em Xiangshan durante a dinastia Song. Na «Crónica do Distrito de Xiangshan», Vol. VIII "Notas e pesquisas", da autoria de Deng Qianxiu e Huang Zuo, datado do ano 26 do reinado de Jaijing, lê-se:"A deusa a que prestam homenagem é a deusa Tianfei, cujo templo foi construído na dinastia Tang, e o templo de Yuanfeng, em Dalan, foi construído nos inícios da dinastia Song. Os primeiros templos, construídos com verbas angariadas foram já todos destruídos [...]" A data da construção do templo de Á-Má que consta neste registo é demasiado cedo, não podendo ser credível. A datação da dinastia Song é relativamente acreditável. Na «Crónica do distrito de Xiangshan», do reinado de Daoguang, Vol. I "Construções — templos", lê-se: "O antigo templo de Yueshan, na colina de Huangjiao, foi construído durante o reinado de Xianchun da dinastia Song, em comemoração da deusa Tianhou". O reinado de Xianchun coincide com o período de 1265 a 1274, a época decadente da dinastia em que, segundo Liu Kezhuang, "os cantonenses rezam à deusa Tianfei de idêntica forma ao que se faz em Putian".9 Durante a dinastia Song, com a emigração de fuquinenses para Guangdong e a expansão das suas actividades comerciais para a região de Lingnan, o culto de Á-Má teria sido introduzido também em Xiangshan. Por outro lado, a população de Xiangshan era muito conhecida na adesão à crença popular, o que está testemunhado pela «Crónica» referida, que diz: "Levantaram-se diversos templos, sendo realmente descontroláveís".10 Com este pano de fundo, o que nos estranhava seria que a população de Xiangshan não tivesse construído um templo em memória de Á-Má. Além do mais, os templos de Á-Má em Shenzhen e Hong Kong datam também da dinastia Song. Numa palavra, na dinastia Song já existia em Xiangshan templo de Á-Má.

Nas dinastias Ming e Qing, o culto de Á-Má conheceu um rápido desenvolvimento em Xiangshan. A «Crónica do distrito de Xiangshan», Vol. III, da autoria de Deng Qianxiu e Huang Zuo, da dinastia Ming, registou: "A estátua da deusa Tianfei podia encontrar-se mesmo em algumas repartições encarregadas da defesa marítima, nomeadamente a do estaleiro oficial, na repartição de ancoradouro de barcos oficiais destinados à protecção de piratas japoneses, construída pelo qianhu Sheng Shaode nos meados do reinado de Zhengde e reconstruída pelo comandante Tian Ni no 24.o ano do reinado de Jiajing." No Vol. VIII da mesma obra lê-se: "O palácio de Tianfei, fora de uso, fica à frente do hebosuo (repartição encarregada dos assuntos de rios e mares), estabelecido pelo qianhu Chen Yu nos meados do reinado de Hongwu". Os templos de Tianfei (Á-Má) descritos na «Crónica do distrito de Xiangshan», foram todos construídos pelo governo. Quanto aos construídos pela iniciativa do povo, só alguns casos excepcionais foram registados na dita crónica. Descobertas arqueológicas revelaram que existiu em Xiangshan um número considerável de templos de Tianfei. Só na vila de Nanshui do distrito de Xiangshan foram já desenterrados oito templos desta deusa.11 Daí podemos imaginar o número total de templos de Tianfei que existiram em Xiangshan. Como Xiangshan é rodeado pela água, a vida do povo local tinha estreita relação com os transportes fluviais e marítimos, alimentando portanto profundos sentimentos de culto à deusa Tianfei, protectora da gente do mar. Na inscrição em pedra do templo de Tianfei em Dalan, Xiangshan, lê-se o seguinte: "Guangdong confina com Fujian. A deusa Tianfei é muito prodigiosa andando sempre à volta das ilhas, pelo que as pessoas, nobres ou párias, ricas ou pobres, marinheiros ou cultivadores de terra, rezam todos à deusa Tianfei, que lhes responde sempre com muito carinho. Esta terra está rodeada pelo mar, o barco é pois transporte indispensável; tem também montanhas onde se escondem bandidos [...] Todas as pessoas, funcionários, letrados, agricultores, comerciantes, passageiros e naufragados, de joelhos e chorando, pedem todos protecção à deusa Tianfei. Quando Tianfei reencarna, há luz que cai do céu atingindo os barcos. Todos começam a tocar instrumentos em sinal de boas-vindas à deusa. Quando desaparece a luz, recomeçam a tocar despedindo-se da deusa. Os naturais de Lingnan disseram que é uma deusa viva, com quem não se podem comparar outros deuses."12

Daí se pode concluir que o culto de Á-Má já estava estabelecido na sociedade de Xiangshan.

Do acima exposto, podemos chegar à conclusão de que a exploração de Xiangshan por parte dos emigrantes fuquineses já tem uma longa história, não chegaram por acaso a Macau que pertencia a Xiangshan, portanto, antes da exploração de Macau, devia existir lá um forte fundo cultural de Fujian, ou seja, os fuquineses devendo ser os primeiros exploradores de Macau.

II. YAN QISHENG E A ABERTURA DO PORTO DE MACAU

O desenvolvimento de Macau como porto marítimo começou na dinastia Ming. Apesar de Macau só viver o auge do seu desenvolvimento depois do estabelecimento dos portugueses em Macau, o início do seu desenvolvimento foi anterior à chegada dos portugueses. Nos meados da dinastia Ming. Macau não passava de um porto desértico, onde se realizava comércio ilegal, de carácter particular, entre os comerciantes dos países do Sul da Ásia e os chineses, e que se formou depois numa povoação. Posteriormente os portugueses chegaram, estabeleceram-se, tornando-se controladores do Território. Então quem é o primeiro a dedicar-se ao comércio particular na zona marítima de Macau? Vamos dar uma olhadela à seguinte descrição registada na «Crónica local do Distrito de Xiangshan»: "Em Julho do ano 2 do reinado de Tianshun (1458), invadiu o pirata Yan Qisheng. Foi um réu condenado à morte que conseguiu escapar da prisão de Zhangzhou. Acabou por ser chefe de piratas, que mataram soldados das tropas governamentais. Chegou depois a Guangdong, onde recrutou barcos estrangeiros. Conduziu barcos até à zona marítima junto de Shawei."13

Daí podemos dizer que foi Yan Qisheng o primeiro a dedicar-se ao comércio marítimo. Para o governo da dinastia Ming, Yan Qisheng era um pirata que matou soldados das tropas governamentais. Mas era na realidade uma pessoa extraordinária, que se dedicava principalmente a recrutar barcos estrangeiros. Em termos rigorosos, deve ser um comerciante e não pirata! Era considerado pirata porque existia na altura uma ordem de proibição do comércio marítimo. A meu ver, segundo os dados que estão ao nosso alcance, o primeiro a explorar Macau deve ter sido Yan Qisheng, natural de Zhangzhou, Fujian.

Yan Qisheng chegou à zona marítima de Xiangshan no ano 2 do reinado de Tianshun da dinastia Ming (1458), 28 anos depois da última viagem de Zheng He, ou 22 anos depois de o governo da dinastia ter deixado de fabricar barcos destinados à navegação rumo ao oeste, pelo que afirmo que Yan Qisheng foi um dos primeiros dedicados ao comércio particular durante a dinastia Ming. Quando Yan Qisheng chegou à zona marítima de Xiangshan, os portugueses estavam ainda a navegar junto do litoral oeste da África. E só 38 anos depois Vasco da Gama atravessou o Cabo da Boa Esperança e entrou no Índico. Daí podermos considerar Yan Qisheng como uma pessoa importante para a história do desenvolvimento de Macau, foi ele que alicerçou o comércio clandestino na zona marítima de Xiangshan, possibilitando assim a entrada na zona marítima de Xiangshan dos barcos mercantes dos países do Sul da Ásia e finalmente o desenvolvimento do comércio sino-português em Macau.

Porque é que foi Yan Qisheng primeiro a realizar comércio externo na zona marítima de Xiangshan? Para responder a esta pergunta precisamos de recorrer ao facto histórico de os habitantes de Zhangzhou possuírem um especial estatuto no comércio marítimo particular durante a dinastia Ming. No reinado de Hongwu, o imperador Zhu Yuanzhang proibiu o comércio marítimo. No entanto, no reinado de Chengzu, Zheng He fez sete viagens para o Oeste, de modo que a proibição do comércio marítimo não passou de ser uma ordem no papel. No reinado de Xuanzong, o imperador mudou pouco a pouco a política do imperador Chengzu, tendo enviado apenas duas frotas a navegar rumo ao Oeste, o que não pôde satisfazer as necessidades do povo e levou ao aparecimento do comércio marítimo particular. Os habitantes de Zhangzhou foram os primeiros a dedicar-se ao comércio marítimo particular! Segundo um estudo do senhor Lin Renchuan, o comércio clandestino dos habitantes de Zhangzhou começou durante o reinado de Xuande.14 O porto de Yuegang, de Zhangzhou, tornou-se rapidamente um dos mais conhecidos portos do comércio marítimo particular do Sul da Ásia. Zhangzhou, localizada no sul de Fujian, possui muitas colinas e portos, era rica nos recursos de madeira, material indispensável para o fabrico de barcos, e ficava afastada do controle governamental. Desde a dinastia Song a administração de Zhangzhou era sempre fraca. Durante a dinastia Yuan, Zhangzhou era uma zona controlada pelas tropas rebeldes. Nos inícios da dinastia Ming, Zhangzhou tornou-se naturalmente a mais conhecida região de comércio clandestino. As actividades comerciais clandestinas nunca pararam em Zhangzhou que, nos meados da dinastia Ming, era para o governador de Fujian e Zhejiang uma zona de conluio com os piratas japoneses. Nos inícios da dinastia Ming, os habitantes de Zhangzhou navegavam até diversos países do Sul da Ásia, sendo às vezes nomeados por esses países como enviados para pagar tributos à dinastia Ming da China, facto este que está registado na «História da dinastia Ming — biografia de países estrangeiros». Considerando o estatuto central que Zhangzhou ocupava no comércio marítimo, o comércio clandestino em Xiangshan por Yan Qisheng não poderá ser uma coisa estranha.

Na inscrição "Em comemoração dos 500 anos do Templo da Barra de Macau", que o senhor Cao Sijian escreveu para uma lápide do templo, podemos ler o seguinte: "Macau era no início um porto de pesca, chegaram emigrantes de Quanzhou e Zhangzhou, tendo-se formado uma povoação. No reinado de Chenghua da dinastia Ming, foi erguido o Templo da Barra em honra de Á-Má, tão esplêndido como o templo de Tianfei em Jiulong e o Grande Templo de Chiwan, em Dongwan. Beatos acorriam aos templos, barcos chegavam e saíam, carregando ou descarregando mercadorias muito variadas, e Macau tornou-se assim um dos importantes nós dos transportes Oriente-Ocidente."15 Esta descrição tornou-se alvo da crítica de alguns letrados, pondo em dúvida a datação do Templo. No entanto, a afirmação de que os emigrantes de Quanzhou e Zhangzhou são os primeiros exploradores de Macau tem os seus fundamentos, podendo ser justificada pela história da exploração de Xiangshan e Macau pelos emigrantes fuquineses. O desenvolvimento da historiografia moderna deixou já de se limitar aos documentos históricos, recorre hoje à combinação de três aspectos: documentos, arqueologia e lendas orais. Os fuquineses terem chegado primeiro a Macau é deveras uma lenda. Mas a lenda é hoje um importante sistema de referência para os antropologistas, pois não existe uma lenda que não tenha nada de fundamento. Os antropologistas reconhecem que uma história que corre de boca em boca num determinado lugar pode muitas vezes ser justificada por factos históricos significativos. A lenda de que os fuquineses são os primeiros exploradores de Macau tem uma longa história de existência e nunca foi posta em causa até à fundação da República. Se tivesse sido inventada na dinastia Qing, teria sido já alvo da crítica dos cantonenses.

Dos fuquineses, os habitantes de Zhangzhou eram os primeiros comerciantes clandestinos. Posteriormente o comércio clandestino alastrou para Quanzhou e Fuzhou, e envolveu um número considerável de comerciantes do litoral de Fujian, tendo-se formado um poderoso grupo de comércio marítimo durante as dinastias Ming e Qing.

III. OS FUQUINENSES DA COMUNIDADE CHINESA EM MACAU DURANTE AS DINASTIAS MING E QING

Os comerciantes marítimos de Zhangzhou, primeiros exploradores de Macau, expandiram o seu comércio para o Sul da Ásia, sendo também os primeiros a contactar os portugueses. Depois de os portugueses verem falhada a sua intenção de penetrar em Guangdong, foi imposta em Guangdong a proibição do comércio marítimo, pela qual "era impedida a entrada dos barcos de Annan (hoje Vietname), Mancijia (antigo reino na Malásia) e demais países estrangeiros, que passaram a ancorar, sem autorização, no mar junto da prefeitura de Zhangzhou (de Fujian), de modo que todas as vantagens passaram para Fujian, enquanto o mercado de Guangdong entrou em decadência."16 Este facto deveu-se em grande medida a que os habitantes de Zhangzhou serviram como guias para esses barcos estrangeiros. Nessa altura, barcos portugueses chegaram também à zona marítima de Zhangzhou, sendo este facto referido em várias obras sobre a história de Macau.17 Foram estabelecidas assim estreitas relações entre os portugueses e os comerciantes de Zhangzhou.

Do relacionamento, acima exposto, existente entre os comerciantes de Zhangzhou e Macau e os portugueses, podemos ter uma ideia do estatuto que os comerciantes de Zhangzhou tinham em Macau, que se encontrava sob a administração portuguesa. Como primeiros exploradores de Macau, os comerciantes de Zhangzhou mantinham estreitas relações com os portugueses e um comércio bastante activo em Macau. Seguindo o caminho dos comerciantes de Zhangzhou, muitos comerciantes de outros lugares do país e dos países estrangeiros vinham fazer negócios em Macau. O cantonense Pang Shangpeng, famoso ministro do reinado de Jiajing, apresentou ao imperador um relatório sobre Macau, sendo um documento muito importante para os estudos da sua história de Macau, muito mais importante do que algumas inscrições em pedra recentemente descobertas. Este relatório demonstra que, antes da abertura do porto de Macau, os comerciantes de Zhangzhou e Quanzhou de Fujian e de Ningbo de Zhejiang eram muito activos em Macau. Vestiam roupa estranha e falavam língua estrangeira com os comerciantes portugueses. Porque é que havia muitas pessoas não locais em Macau? Era desde sempre uma cidade internacional, e não uma cidade local da província de Guangdong. A concentração em Macau de comerciantes vindos de todo o lado é um fenómeno muito normal. Dos que faziam comércio em Macau os comerciantes fuquineses eram muito activos. Na crónica local de Fujian podemos encontrar descrições sobre os comerciantes fuquineses em Macau, uma das quais diz que o pai de Shi Zuoqi, natural de Fuqing, foi comerciar em Macau havia dezenas de anos e nunca regressou à terra natal, e "acabou por perder os bens e morreu em Macau".18 Na «Monografia de Macau» há uma descrição do barco de pedra junto do Templo da Barra: "disseram que no reinado de Wanli da dinastia Ming, o grande barco de comerciantes fuquineses foi surpreendido pelo tufão. De repente apareceu uma deusa na encosta da colina, e o barco ficou são e salvo. Ergueram um templo em honra da deusa Tianfei, baptizado Templo de Á-Má, que é a deusa Tianfei de Fujian. Esculpiram no rochedo à frente do templo um barco com quatro caracteres "favorecer atravessar grande mar, num sinal de agradecimento à deusa".19 Esta descrição revela que grandes barcos fuquineses navegavam frequentemente para Macau. Zheng Zhilong, natural de Nan'an, Fujian, quando jovem, foi intérprete dos portugueses em Macau. Segundo os registos dos portugueses, Zheng Zhilong converteu-se ao catolicismo em Macau. Os comerciantes fuquineses aproveitaram a vantagem da língua e possuíam superioridade no comércio sino-português. Muitos comerciantes fuquineses lograram grandes sucessos, dos quais se destaca Huang Cheng, tio da parte materna de Zheng Zhilong. A «Crónica de Taiwan», da autoria de Jiang Risheng, diz que Huang Cheng se instalou em Macau comerciando, "em Maio do ano 3 do reinado de Tianqi, Huang Cheng pretendia embarcar no barco de Li Xun uma mercadoria composta de açúcar, madeira nanmu, almíscar e pele de veado para ser vendida no Japão, mandando um guarda acompanhar a viagem."20Segundo o "Diário de Batávia", da autoria dum holandês, em 1640, devido à decadência do comércio em Macau, Zheng Zhilong chamou de volta 150 famílias dedicadas à tecelagem e colocou-as em Anhai no mesmo sector.21 Esta descrição revela que, depois de Macau ser alugado pelos portugueses, os comerciantes lograram notáveis desenvolvimentos em Macau e se tornaram num grupo comercial de bastante envergadura.

Entrando na dinastia Qing, Macau continuava a ser um ponto chave do comércio entre a China e os países estrangeiros; muitos comerciantes e marinheiros fuquineses continuam a acorrer a Macau. Segundo uma estatística estrangeira, dos barcos que ancoraram em Macau no ano de 1831, "80 barcos provieram de Xiamen e 150 de Zhangzhou, Fujian."22 A rota que ligava Fujian a Macau tinha mais de mil li de extensão, precisando portanto de barcos médios. Cada barco devia ter dez a cem pessoas, incluindo a tripulação e os comerciantes que seguiram a bordo, seja, nesse ano chegaram a Macau alguns milhares de fuquineses. Permaneceram não muito tempo em Macau e não chegaram todos ao mesmo tempo, mas umas centenas de fuquineses em Macau bastavam para exercer uma significante influência sobre a comunidade chinesa local composta de apenas alguns milhares de residentes, sem a necessidade de considerar o facto de que uma parte dos comerciantes ficaram estabelecidos em Macau. Em Macau, há um lugar de nome Mong-Há, que, segundo os locais, eram o nome de uma aldeia baptizada pelos emigrantes fuquineses, que queria dizer: "contemplar a terra natal Xiamen" ou "que prospere a terra natal Xiamen". Se calhar esta lenda não tem fundamento cem por cento, pois que o nome da cidade Fuquiémesa Xiamen só apareceu nos finais da dinastia Ming. Mas o certo é que na altura existia em Macau um número considerável de emigrantes fuquineses, caso contrário, a lenda não teria podido ficar de pé.

A existência em Macau de um número considerável de comerciantes fuquineses prolongou-se até aos finais da dinastia Qing. No ano 27 do reinado de Daoguang, os comerciantes residentes em Macau provenientes de Quanzhou procederam à construção do Templo da Barra, tendo erguido uma lápide com a inscrição intitulada "Xiangshan Aojing'ao Mazuge Wenling Quanjingtang Beiji" ("inscrição do pavilhão de Quanjing de Wenling do Templo da Barra em Macau, Xiangshan"). Esta lápide, que se encontra hoje no pavilhão traseiro do Templo da Barra, regista os nomes dos 155 doadores, que são todos naturais dos diversos distritos subordinados a Quanzhou e que no total doaram 1276 yuans e1044 taéis de prata. Tal como indiquei no artigo "Uma análise sobre o comércio entre Quanzhou e Macau através da inscrição da lápide do Templo da Barra", dos 155 doadores da reconstrução do templo muitos eram grandes comerciantes; em Macau, os comerciantes de Zhangzhou eram mais poderosos do que os de Quanzhou. Segundo a "Pesquisa sobre as treze firmas de Guangdong", Xie Jiawu, comerciante fuquinense em Macau, que era natural de Zhangzhou, tomou-se um dos proprietários das treze firmas de Guangdong, dos quais os mais ticos tinham dezenas de milhões de yuans e os menos ricos tinham alguns milhões de yuans. Xie Jiawu devia ser portanto um dos mais ricos do país. Quanto à influência dos comerciantes fuquineses em Macau, podemos tomar como referência a construção de templos em Macau. Os três maiores templos chineses em Macau são: o Lin Fong Miu, o Pou Chai Sin Une o da Barra, sendo os dois últimos construídos pelos fuquineses, o que reflecte que os comerciantes fuquineses eram a força mais poderosa da comunidade chinesa de Macau durante o período dos finais da dinastia Ming e dos inícios da dinastia Qing.

É de referir que o desenvolvimento dos comerciantes fuquinenses em Macau se deveu de certo modo a que os comerciantes chineses locais não sabiam comerciar. Os dados históricos revelam que, antes de meados da dinastia Ming, a vida social no distrito de Xiangshan era muito simples, os nativos não se dedicavam ao negócio nem à manufactura. A este respeito, o primeiro volume da «Crónica do distrito de Xiangshan», do reinado de Jiajing, contém a seguinte descrição: "Os que se dedicam à tecelagem, costura e negócio são habitantes de Dongwan, os que cultivam a terra são habitantes de Xinhui, os que trabalham com madeira, barro e pedra são habitantes de Shunde. Ninguém se dedica ao comércio." A não dedicação ao comércio podia de certo modo ser justificada com o facto de Xiangshan se encontrar ainda na primeira fase da exploração; no entanto, mesmo depois de ter aumentado grandemente a população, a agricultura continuava a atrair a maior atenção da população local e o negócio era desprezado. A «Crónica do distrito de Xiangshan», do reinado de Qianlong, contém uns comentários sobre as profissões: "Estudam, cultivam, mas não comerciam. No passado, havia vastos terrenos e poucas pessoas. Hoje, há muita gente, e as terras são áridas, poucas famílias têm sobra de víveres. O comer e o vestir dependem da agricultura, pesca e lenha. [...] Os que se dedicam à tecelagem, costura e negócio são habitantes de Dongwan, os que cultivam a terra são habitantes de Xinhui, os que trabalham com madeira, barro e pedra são habitantes de Shunde. Ninguém se dedica ao comércio.23 O desprezo pelo comércio mantinha-se sem grande mudança até ao reinado de Guangxu. A mesma crónica descreve: "Dedica-se principalmente à agricultura e despreza-se o negócio [...] À excepção dos habitantes de Nanxiang do distrito, dos quais muitos sabem fazer comércio, os outros dedicam-se todos à agricultura, os ricos compram terras, não sendo o comércio uma profissão lucrativa. Todos os aldeãos se dedicam à cultura da terra, pelo que se, decair a agricultura, todo o distrito entrará em decadência."24 Os "habitantes de Nanxiang" refere-se na realidade a kejia residentes em Xiangshan. A «Crónica local do distrito de Xiangshan» descreve assim no Vol. V "Pessoas": "Muitos Kejia[...] ultimamente saem a fazer comércio marítimo e regressam ricos [...]" A família de Sun Yat-sen deve ser uma dessas famílias de kejia.

Em termos gerais, o conceito tradicional de dar prioridade à agricultura e desprezar o negócio reinou no distrito de Xiangshan durante um longo período. Foi precisamente por este motivo que Macau conseguiu atrair multidões de comerciantes provenientes de outras províncias chinesas e que os comerciantes fuquinenses conseguiram melhores oportunidades.

A existência em Macau de um número considerável de comerciantes fuquinenses que possuíam uma força financeira relativamente poderosa deixou vestígios na história de Macau. Shen Zhiliang e Ding Gongchen, por exemplo, naturais de Fujian, eram duas conhecidas personagens de Macau. A «Crónica local do distrito de Xiangshan», contém uma descrição sobre o primeiro: "Shen Zhiliang, cujos antepassados são fuquinenses, emigrou para Macau como comerciante, tendo-se estabelecido na aldeia de Longtian, Qianshanzhai. É uma pessoa muito generosa. No ano 16 do reinado de Daoguang, os portugueses destruíram tumbas dos locais para construir caminhos [...] como as tumbas dos antepassados de Shen Zhiliang foram também atingidas, ele pensou na vingança [...] Saíram uns cavaleiros portugueses [...] Zhiliang usou um gancho, derrubou um cavalo e matou o cavaleiro [...] o chefe dos portugueses fugiu e não voltou a aparecer... Mandou os seus soldados capturarem o assassino... Zhiliang entregou-se [...] O governo fechou o mercado logo depois do entardecer para evitar a eventual rebeldia [...] Daí em diante, todas as famílias vítimas, quando prestam homenagem aos seus antepassados, hão-de rezar primeiro por Zhiliang. Construíram depois um templo em comemoração de Zhiliang." Dos heróis que se sacrificaram para proteger os interesses do seu povo destaca-se Shen Zhiliang. Este facto demonstra que os fuquineses residentes em Macau eram heróicos combatentes contra a opressão.

Ding Gongchen fuquinense residente em Macau, fabricou canhões para a dinastia Qing quando da Guerra do Ópio. Era uma pessoa enigmática. Era contemporâneo do imperador Daoguang. Quando a maioria dos chineses não conhecia nada do que estava a acontecer fora da China, conseguiu dominar as modernas ciências e técnicas do Ocidente e o fabrico de canhões. O conhecimento das suas façanhas limita-se ao «Fabrico de canhões», da sua autoria, nunca chegando a saber-se como pôde dominar as técnicas do fabrico de canhões. A maioria dos letrados de Macau não sabe quem é Ding Gongchen. Na inscrição "Xiangshan Aojing'ao Mazuge Wenling Quanjingtang Beiji", acima referida, encontrei o nome de Ding Gongchen, que doou 20 taéis de prata para a reconstrução do Templo da Barra, o que demonstrou que era rico e devia estar em Macau havia muitos anos. A sua longa estada em Macau pode levar-nos a crer que Ding Gongchen aprendeu as técnicas do fabrico de canhões junto dos portugueses. Durante a Guerra do Ópio, divulgou as técnicas do fabrico de canhões entre os chineses e foi empregado pelo governo de Guangdong para orientar os técnicos locais no fabrico de canhões, tendo assim merecido elogios e prémios da corte. É assim considerado o letrado chinês que melhor conhece as ciências e técnicas do Ocidente, ao nível da história moderna; é também uma das personagens chinesas da história de Macau que mais merecem a nossa comemoração.

Reparei num fenómeno: muitos dos funcionários do governo do distrito de Xiangshan são fuquinenses. Segundo a «Crónica geral de Guangdong», dos funcionários dos diversos governos do distrito de Xiangshan durante a dinastia Ming, 43 são fuquinenses:

Governadores do distrito de Xiangshan:

• Wang Ying, natural de Putian, Fujian, assumiu o cargo no ano 27 do reinado de Hongwu;

• Huang Xin, natural de Jianyang, Fujian, assumiu o cargo no reinado de Xuande;

• Chen Yu, natural de Jianning, Fujian, assumiu cargo no ano 1 do reinado de Chenghua;

• Zhu Xian, natural de Yanping, Fujian, assumiu o cargo no ano 14 do reinado de Chenghua;

• Liu Xin, natural de Jinjiang, Fujian, assumiu o cargo no ano 21 do reinado de Chenghua;

• Yang Ang, natural de Jianning, Fujian, assumiu o cargo no ano 14 do reinado de Hongzhi;

• Wang Yu, natural de Pucheng, Fujian, assumiu o cargo no ano 8 do reinado de Zhengde;

• Lin Shiyuan, natural de Minxian, Fujian, assumiu o cargo no ano 7 do reinado de Jiajing;

• Deng Qian, natural de Minxian, Fujian, assumiu o cargo no ano 25 do reinado de Jiajing;

• Zhou Xing, natural de Changle, Fujian, assumiu o cargo no ano (??????) do reinado de Longqing;

• Zhang Xiyu, natural de Putian, Fujian, assumiu o cargo no reinado de Longqing;

• Lin Shi, natural de Putian, Fujian, assumiu o cargo no reinado de Longqing;

• Qiu Shiyong, natural de Zhangpu, Fujian, assumiu o cargo no reinado de Longqing;

• Lin Chenggang, natural de Fujian, assumiu o cargo no reinado de Longqing;

• Wang Yingbin, natural de Jinjiang, Fujian, assumiu o cargo no reinado de Longqing;

• Deng Siqi, natural de Minxian, Fujian, assumiu o cargo no reinado de Wanli.

Vice-governadores, Zhubu e Dianshi (adjuntos do governador) do distrito de Xiangshan:

• Liu Jingji, natural de Fujian, assumiu o cargo no ano 17 do reinado de Hongwu;

• Pan Zihe, natural de Minxian, assumiu o cargo no ano 29 do reinado de Hongwu;

• Cai Duan, natural de Fuzhou, assumiu o cargo no ano 1 do reinado de Tianshun;

• Ye Pu, natural de Ouning, assumiu o cargo no ano 2 do reinado de Chenghua;

• Lin Gui, natural de Fujian, assumiu o cargo no ano 17 do reinado de Chenghua;

• Gong Shijie, natural de Jianning, assumiu o cargo no ano 4 do reinado de Zhengde;

• Wu Deyu, natural de Putian, assumiu o cargo no ano 9 do reinado de Zhengde;

• Chen Rulian, natural de Putian, assumiu o cargo no ano 3 do reinado de Jiajing;

• LiXixian, natural de Fuqing, assumiu o cargo no ano 15 do reinado de Jiajing;

• Su Youbao, natural de Putian, assumiu o cargo no ano 1 do reinado de Jiajing;

• Chen Yue, natural de Houguan, assumiu o cargo no ano 5 do reinado de Jiajing;

• Yao Hong, natural de Fuqing, assumiu o cargo no ano 11 do reinado de Wanli.

Jiaoyu e Xundao (orientadores):

• Lin Yingfu, natural de Qingliu, assumiu o cargo no ano 5 do reinado de Yongle;

• Lin Gongjie, natural de Changle, assumiu o cargo no ano 5 do reinado de Jingtai;

• Wang Hao, natural de Minxian, assumiu o cargo no ano 8 do reinado de Tianshun;

• Xu Zhen, natural de Houguan, assumiu o cargo no ano 1 do reinado de Chenghua;

• Lin Xizhe, natural de Putian, assumiu o cargo no ano 1 do reinado de Hongzhi;

• Qiu Rong, natural de Longyan, assumiu o cargo no ano 4 do reinado de Zhengde;

• Zhong Pei, natural de Wuping, assumiu o cargo no ano 9 do reinado de Zhengde;

• Yang Song, natural de Jianning, assumiu o cargo no ano 10 do reinado de Zhengde;

• Guo Wenxi, natural de Fuan, assumiu o cargo no ano 10 do reinado de Jiajing;

• Cai JIefu, natural de Fuan, assumiu o cargo no ano 10 do reinado de Jiajing;

• Wei Yuangui, natural de Gutian, assumiu o cargo no ano 7 do reinado de Jiajing;

• Lin Zhenyuan, natural de Putian, assumiu o cargo no ano 2 do reinado de Tianqi;

• Ye Mengsong, natural de Fujian, assumiu o cargo no ano 7 do reinado de Tianqi."25

Dos 229 funcionários do distrito de Xiangshan da dinastia Ming, que constam na «Crónica geral de Guangdong», cerca de um quinto são naturais de Fujian. Considerando o facto de que Fujian era na altura uma das treze Buzhengsi (divisão administrativa subordinada ao poder central), essa percentagem é deveras muito alta. Devido à falta de dados pormenorizados, é difícil encontrar uma explicação que possa justificar este fenómeno. Podia dever-se a que havia em Xiangshan e Macau muitos fuquinenses, que sabiam contactar os portugueses. Não poucos funcionários naturais de Fujian constam na biografia dos sucessos da administração, nomeadamente Cai Weipu, do reinado de Yongle da dinastia Ming, Zhu Xian, do reinado de Chenghua e Deng Qian, do reinado de Jiajing,26 particularmente Zhou Xing, do reinado de Yongle, pois quando ele era governador do distrito de Xiangshan, "Comerciantes estrangeiros acorrem a Macau. Barcos estrangeiros, ao serem examinados, dão gorjeta, que é sempre rejeitada. São proibidos o comércio clandestino, terrestre e marítimo, e a venda de mulheres".27

Durante a dinastia Qing, os fuquinenses que foram funcionários no distrito de Xiangshan não foram muitos. Até ao reinado de Jiaqing, só surgiram oito funcionários fuquinenses:

"Governadores do distrito de Xiangshan:

• Chen Chang, natural de Putian, Fujian, assumiu o cargo no ano 31 do reinado de Kangxi;

• Qiu Zhen, natural de Longyan, Fujian, assumiu o cargo no ano 49 do reinado de Kangxi;

• Chen Dong, natural de Putian, Fujian, assumiu o cargo no ano 5 do reinado de Yongzheng;

• Wu Guangzu, natural de Fujian, assumiu o cargo no ano 44 do reinado de Qianlong;

Xianzheng, Zhubu e Dianshi do distrito de Xiangshan:

• Liu Bangchan, natural de Fujian, assumiu o cargo no ano 3 do reinado de Shunzhi;

• Liu Ding, natural de Fujian, assumiu o cargo no ano 8 do reinado de Shunzhi;

Jiaoyu e Xundao do distrito de Xiangshan:

• Wang Weiyu, natural de Fujian, assumiu o cargo no reinado de Shunzhi;

• Luo Xiyan, natural de Fujian, assumiu o cargo no ano 5 do reinado de Shunzhi."28

Daí se pode ver que os fuquinenses mantinham a sua posição até aos finais da dinastia Qing. Durante as dinastias Ming e Qing, a hierarquia social era: o letrado, o agricultor, o operário e o comerciante. Os funcionários, sempre escolhidos dentre os letrados, eram o topo da pirâmide. O facto de serem funcionários, em número considerável, teria reforçado a posição dos fuquinenses no distrito de Xiangshan e facilitado o contacto que os fuquinenses mantinham com os portugueses. Dos altos funcionários havia também fuquinenses, nomeadamente Lin Zexu, que se tornou mundialmente conhecido graças à sua luta contra o ópio, e Huang Zonghan que foi encarregado da defesa de Leiqiong. Muitos altos funcionários naturais de Fujian estiveram em Macau, o que contribuiu para a protecção dos seus conterrâneos.

IV. OS FUQUINENSES E A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO DA BARRA

Do acima exposto, podemos ver que durante as dinastias Ming e Qing, os fuquinenses ocupavam uma posição relativamente alta na sociedade de Macau e, consequentemente, que a lenda de os fuquinenses terem construído o Templo da Barra não pode ser considerada uma coisa sem fundamento, sendo na realidade um aspecto que precisa de ser aprofundado. Reconhecemos que,devido ao subdesenvolvimento da cultura chinesa em Macau, nos faltam registos sobre a data da construção do templo, os seus construtores e a origem do seu culto, o que criou muitas dificuldades para os nossos estudos. Tomando em consideração os limites existentes, as falhas que os letrados de Macau cometeram a esse respeito são compreensíveis. Como por exemplo, houve uma altura em que se considerava que o Pavilhão Wang Iam (Hongren) foi construído no reinado de Hongguang da dinastia Ming, alegando que o pavilhão tinha tido uma inscrição datada do reinado de Hongguan, dos finais da dinastia Ming; alegando consequentemente que o templo não pôde ser construído nos finais da dinastia Ming, devendo portanto ter sido construído no reinado de Hongzhi, pois o nome deste reinado da dinastia Ming contém também o carácter chinês "Wang" ("Hong"). Assim chegaram a afirmar que o Templo da Barra foi construído no ano 1 do reinado de Hongzhi, da dinastia Ming, incluindo mesmo o reinado de Chenghua, anterior ao de Hongzhi.29 Disseram que o senhor Cao Sijian tomou precisamente estas considerações como fundamento para datar o templo do reinado de Chenghua ou do de Hongzhi. Podemos dizer hoje que a sua afirmação de que o templo foi construído pelos habitantes de Quanzhou e Zhangzhou é correcta, enquanto a outra sobre a data da construção do tTemplo é errada. Recentemente o senhor Tan Shibao descobriu uma inscrição nos dois pilares do baldaquim no Pavilhão Wang Iam, que diz: "no dia 1 do segundo mês do Verão do ano Wuzi do reinado de Daoguang, construído por Zheng Shu De Tang, gratidão"; da qual podemos concluir que o pavilhão foi construído no reinado de Daoguang e que a suspeita inscrição numa tábua horizontal datada do reinado de Hongguang deve ser um mal-entendido. A nova e correcta data deveu-se ao artigo "Novas descobertas arqueológicas da história do Templo de Á-Má de Macau", da autoria de Tan Shibao.

Tan Shibao descobriu uma inscrição na parede de pedra detrás do baldaquim, que diz: "Foi construído pelo eunuco Li Feng, governador enviado imperial, e administrador dos assuntos dos viveiros de pérolas, impostos sobre barcos estrangeiros e sal de Cantão". Considerando esta inscrição e outra na viga de pedra do primeiro quiosque da Montanha Sagrada "construído pelos comerciantes da rua de Dezi no ano Yisi do reinado de Wanli", podemos afirmar que esse quiosque foi construído conjuntamente pelo governo e comerciantes. Considerando a posição social dos comerciantes fuquinenses, podemos afirmar que os comerciantes fuquinenses participaram com certeza na primeira construção do Templo da Barra. Segundo a «Monografia de Macau», mesmo na dinastia Qing os comerciantes fuquinenses eram muitos em Macau: "Os intérpretes e agentes do negócio e os comerciantes são geralmente provenientes de Fujian, os operários, os vendedores e os donos de lojas são na sua maioria cantonenses."30 Daí podemos ver que, na altura, havia em Macau um número considerável de fuquinenses cuja posição social era relativamente alta. Através desta descrição e do relatório de Pang Shangpeng, podemos afirmar que a existência de muitos fuquinenses em Macau se prolongou dos finais da dinastia Ming à dinastia Qing. Devido à influência contínua dos fuquinenses, a construção e as reconstruções do templo deviam contar com a participação dos fuquinenses. A propriedade do templo, que pertence hoje ao Conselho de Zhangzhou, Quanzhou e Chaozhou, também revela a importância dos comerciantes naturais de Zhangzhou. Zhangzhou localiza-se a meio de Quanzhou e Chaozhou, pelo que, segundo a ordem geográfica, deveria ser Quangzhou-Zhangzhou-Chaozhou ou Chaozhou-Zhangzhou-Quanzhou. A actual ordem demonstra a particular importância de Zhangzhou. Segundo as inscrições em pedra do Templo da Barra, os naturais de Zhangzhou ocupavam uma maior percentagem dos doadores do templo. Há dezenas de anos atrás, o professor de Liang Jiabin, de Guangdong, viu no Templo da Barra uma inscrição em pedra "Inscrição sobre a reconstrução do Templo da Barra", datada dos finais do reinado de Jiaqing (inscrição hoje perdida, diferente da registada por Zhao Yunqing); junto dessa pedra havia outra com a seguinte inscrição: "Xie Dongyu (natural e Longxi, Fujian) doou 410 yuans, Wu Zhaoguang (natural de Quanzhou, Fujian) doou 210 yuans, Lu Shengyu doou 210 yuans e Pan Tongfu (natural de Zhangzhou e estabelecido depois em Quanzhou) doou 210 yuans".31 A maioria desta doação deve-se aos comerciantes naturais de Zhangzhou. Quanto à reconstrução que teve lugar por volta do ano 27 do reinado de Daoguang, segundo a "Inscrição do pavilhão de Quanjing de Wenling do Templo da Barra em Macau, Xiangshan", da autoria de Huang Zonghan, os naturais de Quanzhou doaram no total 1276 yuans e 1044 taéis de prata, o que era equivalente a 2767 yuans. No entanto na Associação Zhangxing (prosperar Zhangzhou), a maioria dos seus sócios era natural de Zhangzhou, referida nessa inscrição, doou duma vez 4910 yuans para o Templo da Barra, com o que se pode ver que os comerciantes naturais de Zhangzhou tinham maior força financeira do que os naturais de Quanzhou. Numa palavra, ao nível da propriedade, o Templo da Barra pertence primeiro aos naturais de Zhangzhou, e depois aos de Quanzhou e Chaozhou.

Por outro lado é necessário indicar o seguinte: a descoberta da inscrição sobre Li Feng limita-se a afirmar que o actual Templo da Barra foi construído depois do ano 33 do reinado de Wanli da dinastia Ming, não dizendo se aí existiu antes algum templo de Á-Má. Segundo a tradição dos chineses, as construções importantes desenvolvem-se geralmente do simples para o complicado e esplêndido. O quiosque primeiro da Montanha Sagrada e o Pavilhão Wang Iam são ambos construções inteiramente de pedra, construções maduras, devendo portanto ter já existido ali um templo de Á-Má, de estrutura de tijolo e pedra. Além do mais, os dados dos portugueses mostram que, antes da chegada dos portugueses já existia um templo de Á-Má; foi por este motivo que os portugueses chamavam Macau como "porto de Á-Má (Má Chou Kong)", ou "Amaqua", "Amacuao", "Machoam", "Maquao", entre outros.32 O senhor Tan Shibao afirmou que o Templo de Á-Má foi pela primeira vez construído no ano 33 do reinado de Wanli (1605), ou seja 51 anos depois da chegada dos portugueses (1554).33 O templo que os portugueses viram à sua chegada não é com certeza o actual Templo de Á-Má. Uma possível justificação seria: no lugar onde posteriormente se ergueria um templo que conhecemos hoje como Templo da Barra, existiu um simples templo de Á-Má, que era o lugar onde os comerciantes de Zhangzhou e Quanzhou comerciavam; no ano 33 do reinado de Wanli, época do auge que Macau viveu, os comerciantes fuquinenses e de outros lugares do país, com o apoio do governo, construíram um novo templo de Á-Má, que conhecemos hoje como Templo da Barra ou Templo de Á-Má. Daí chegamos a considerar que é necessário efectuar escavações arqueológicas no lugar onde se ergue o Templo da Barra e analisar as relíquias para podermos depois identificar a data da primeira construção do Templo da Barra. Só com as actuais inscrições não poderemos nunca afirmar quando.

Com os actuais dados e inscrições em pedra, suponho que o Templo da Barra tenha sido construído pelos comerciantes de Zhangzhou que se deslocaram para a zona marítima de Xiangshan no reinado de Tianshun da dinastia Ming, ou seja, por Yan Qisheng e seus subordinados. Na altura, Á-Má era a primeira deusa protectora dos marinheiros. Como o comércio a que se dedicavam era clandestino, precisavam de escolher um porto afastado da vigilância do governo e de fácil acesso para os barcos, e a zona marítima de Xiangshan satisfazia a todas as exigências. Dos diversos portos dessa zona, o de Macau possuía as melhores condições. Situava-se no lado interior da península, pelo que um templo erguido na colina do cabo do porto funcionava não só para prestar homenagem à deusa mas também como farol. O actual Templo da Barra localiza-se precisamente nesse sítio.

Conclusão: o Templo de Á-Má, em Macau, deve ter sido construído quando da chegada a Macau dos habitantes de Zhangzhou, ou seja, no ano 2 do reinado de Tianshun da dinastia Ming (1458).

NOTAS

1 Ljungstedt, A., "An Historical Sketch of the Portuguese Settlements in China; and the Roman Catholic Church and mission to China" (Boston, 1836).

2 «Crónica de Guangdong», do reinado de Daoguang, Vol. 90, p. 1753, compilação de Chen Yuanxiu, Chen Chanqi e Liu Binhua, da dinastia Qing, edição fotocopiada de 1990 da Editora dos Livros Clássicos de Xanghai da edição de 1934 da Editora Comercial de Xanghai.

3 «Crónica do Distrito de Xiangshan», do reinado de Jiajing, da autoria de Deng Qianxiu e Huang Zuo, da dinastia Ming. A versão original está no Japão. O autor consultou a edição em fotocópia que se encontra na Biblioteca de Zhongshan.

4 "Desenvolvimento do budismo em Fujian no período dos finais da dinastia Tang e das Cinco Dinastias", da autoria de Xu Xiaowang, publicado no «Budismo do Sul da Ásia», n.° 302, Singapura, Junho de 1994.

5 «Crónica local do distrito de Xiangshan», obra anónima, da dinastia Qing, vol. II "Sucessos da governação", obra manuscrita, Biblioteca da Academia das Ciências Naturais da China, Pequim, fotocópia da Comissão da Crónica Local do Distrito de Xiangshan, 1988.

6 Ver nota 5, Vol. II, "Grandes famílias".

7 «Crónica Geral de Guangdong», do reinado de Daoguang, Vol. 186, p. 1753.

8 Ver nota 5, Vol. II, "Grandes famílias".

9 «Colectânea de Houcun Jushi», Vol. XXXVI, Liu Kezhuang.

10 «Crónica do distrito de Xiangshan», Vol. VIII, do reinado de Jiajing.

11 «Cultura e história de Zhuhai», n.° 8, "Uma exposição sucinta sobre o desenvolvimento sociólogo da vila de Nanshui", Liang Zhenxing, p. 15.

12 «Crónica dos distrito de Xiangshan», do reinado de Guangxu, Vol. VI, "Construções e templos".

13 Ver nota 5, Vol. III.

14 «Comércio marítimo particular no período dos finais da dinastia Ming e dos inícios da dinastia Qing», Lin Renchuan, p. 147, Editora da Universidade do Leste da China, Xangai, 1988.

15 A lápide encontra-se hoje em Zhengjue Chansi, Templo da Barra.

16 «Shuyu Zhouzhi Lu», Vol. IX, p. 323, da autoria de Yan Congjian, da dinastia Ming, edição da Editora Zhonghua, Pequim, Fevereiro de 1993.

17 «Os quatrocentos anos de Macau», Fei Chengkang, Editora do Povo de Xangai, Setembro de 1988, p. 17; «História de Macau», Huang Qicheng, Sociedade da História de Macau, Setembro de 1995, p. 36.

18 «Crónica do distrito de Fuqing», do reinado de Qianlong, Vol. XV, p. 587, edição da Comissão da Edição da Crónica Local de Fuqing.

19 «Monografia de Macau», Yin Guangren e Zhang Rulin, vol. I, p. 24, edição do Instituto Cultural de Macau, 1992.

20 «Crónica de Taiwan», Jiang Risheng, p. 3, Editora dos Livros Clássicos de Shanghai, Abril de 1986.

21 Citado por Yang Xuxian em «Relacionamento entre Zheng Chenggong e a Holanda», «Colectânea de comunicações sobre o estudo de Zheng Chenggong», p. 311, Editora do Povo de Fujian, 1982.

22 A. M. Matin, «China, Political, Commercial, and Social», Vol. II, p. 137.

23 «Crónica do distrito de Xiangshan», do reinado de Qianlong, Vol. III.

24 «Crónica do distrito de Xiangshan», do reinado de Guangxu, da autoria de Tian Mingyao e Che Li, Vol. V, "Folclore".

25 «Crónica geral de Guangdong», do reinado de Daoguang, Vol. XXII, pp. 413-417.

26 «Crónica local do distrito de Xiangshan», Vol. II, pp. 4 e 6.

27 «Crónica local do distrito de Xiangshan», Vol. II, p. 7.

28 «Crónica geral de Guangdong», do reinado de Daoguang, Vol. XLLV, pp. 755-757.

29 «Os 400 anos de Macau», Fei Chengkang, nota da p.7 e p. 41.

30 «Monografia de Macau», Yin Guangren e Zhang Rulin, Vol. I, p. 23, edição do Instituto Cultural de Macau, 1992.

31 «Guia de Macau», Yu Yongji, Edição Comercial, 1941, p.15.

32 Ver Nota 29.

33 «História de Macau», Huang Qichen, p. 45.

* Investigador e director do Instituto de Estudos da História, da Academia de Ciências Sociais da província de Fujian.

desde a p. 89
até a p.