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AS FONTES PARA A HISTÓRIA DE MACAU EXISTENTES NO EXTERIOR

Isaú Santos*

INTRODUÇÃO

"Desde aqueles recuados anos do primeiro quartel do século XVI, altura em que os Portugueses começaram a frequentar os mares, costas, portos e ilhas do Sul da China, até princípios da segunda metade desse mesmo século, ocasião em que se fixaram em Macau e, daí, até aos nossos dias, muitos factos aconteceram. Uns que se conhecem, outros muitos que se ignoram.

Quanto não daríamos, hoje, para saber:

— Qual teria sido a recepção dispensada pelos Chineses de Tamão a Jorge Álvares e companheiros?

— Por que vicissitudes teria passado Tomé Pires durante a sua longa permanência na corte de Pequim?

— Qual foi a data exacta da fixação dos Portugueses em Macau?

— Como é que este pequeno território, logo nascido, se estruturou política e administrativamente?

— Que fundamentos jurídicos legitimaram o estabelecimento dos Portugueses em Macau?

Todas estas perguntas que têm vindo a ser formuladas, continuam sem respostas. É responsável por esta situação o vazio documental que tem sido uma constante no panorama histórico macaense"1.

A grande história deste pequeno Território, ponto de encontro de civilizações e culturas, só será convenientemente feita quando a maior parte das suas fontes, existentes no exterior, estiver ao alcance dos estudiosos dela. Para isso, temos vindo, de há cinco anos a esta parte, a desenvolver um grande esforço no sentido de fazer não só o levantamento da documentação sobre a História de Macau como, ainda, a sua reprodução, em microfilme. Podemos, desde já, afirmar que uma parte significatica destes documentos já se encontram, naquele suporte, na filmoteca do Arquivo Histórico de Macau.

1. OS ARQUIVOS E A SOCIEDADE

"São, realmente, os arquivos essenciais à vida da sociedade? Merecem que se lhes dê tanta atenção? Que se gaste com eles tanto dinheiro?

A resposta é sim. O Estado precisa de se reportar aos arquivos para fudamentar as decisões a tomar e para se recordar dos compromissos assumidos, interna e externamente.

Se estes documentos não se encontram classificados e ordenados, o acesso a eles toma-se difícil. Se se extraviaram ou foram, arbitrariamente, destruídos, é evidente que inúmeras decisões serão necessariamente inadequadas, porque infundadas.

Pelo contrário, se os documentos foram convenientemente incorporados nos arquivos centrais, correctamente preservados, classificados, catalogados e indexados a sua localização será fácil e então terão contribuído, eficazmente, para tomada de decisões acertadas.

É nos arquivos que um povo, nas horas difíceis da sua existência, encontra energia para superar as dificuldades mais adversas, ao recordar factos passados de que se orgulha.

O desenvolvimento económico e social, definido como uma série de esforços empreendidos pelo Estado com vista a incrementar as infraestruturas materiais e sociais que criarão riquezas para melhorar as condições de vida das populações, encontra nos arquivos dados sobre o funcionamento da agricultura, da indústria, do comércio e, também, informações sobre as medidas tomadas no passado e sobre métodos utilizados para, assim, poder avaliar as razões pelas quais essas medidas se saldaram por um fracasso ou foram coroadas de êxitos.

São, ainda, os arquivos fontes de provas de direitos, de privilégios e de obrigações. É importante que o cidadão consiga um certificado de nascimento, de casamento, de divórcio, de nacionalidade, de carreira militar ou civil para fazer valer os seus direitos a um benefício ou a uma indemnização frente ao Estado ou a particulares.

É, igualmente, importante que o Estado tenha provas da mesma natureza para compelir os cidadãos e as instituições a cumprirem as suas obrigações.

Como testemunhos do conjunto das acções dos poderes públicos, os arquivos revestem-se de enorme interesse para a investigação histórica nos diversos domínios da actividade social, porque são, fundamentalmente, a memória colectiva do Estado e das instituições.

Neste sentido, são um instrumento de eficácia e de economia administrativas, por permitirem conhecer a história dos actos da administração, seus êxitos e fracassos e, assim, possibilitar corrigir, no presente, erros, porventura, cometidos no passado.

A Comissão do Direito Internacional da Assem-bleia-Geral das Nações Unidas declarava, em Abril de 1976, que é possível conceber-se um Estado sem exército, mas nunca sem arquivo, sem moeda e sem finanças.

Se há povo que deva amar apaixonadamente os arquivos, este é o Português. Eles foram testemunhas do eclodir e do desenrolar do mais espectacular processo histórico a que a Humanidade assistiu e de que ele foi, praticamente, o único intérprete. Por ele conheceram-se os limites da terra, planetarizou-se o mundo e provou-se a unidade do ser humano"2.

2. FONTES PARA A HISTÓRIA DE MACAU

2.1 EM PORTUGAL

2.1.1 EM LISBOA

2.1.1.2 ARQUIVOS NACIONAIS / TORRE DO TOMBO

Os Arquivos Nacionais / Torre do Tombo é, pode afirmar-se, desde o século XIV, o Arquivo Geral da Nação. É um arquivo que pela sua riqueza documental rivaliza com os principais da Europa.

Até à segunda metade do século XIV, o Arquivo Real acompanhava sempre o monarca nas suas deslocações, quer em ocasiões de paz, quer em situações de guerra. Aliás, é por estas razões e, sobretudo, pela última que grande quantidade de documentos se perdeu. É só entre 1352 e 1378 que os arquivos se tomam estáveis e são recolhidos na sua sede, a Torre de Menagem do Castelo de Lisboa que, pelo facto de nela se guardarem os livros do Cadastro ou Tombo dos Bens Reais, passou a designar-se como "Torre do Tombo", denominação que ainda hoje sustenta.

O Arquivo Real destinava-se, sobretudo, a aguardar diplomas que mais interessavam à Fazenda Real, daí que fossem escolhidos para guarda-mores indivíduos que exerciam funções financeiras e fiscais como por exemplo os vedores da Fazenda.

A partir, porém, de D. João I, o cargo de guarda-mor passou a ser, normalmente, desempenhado, cumulativamente, com o de cronista-mor e isto porque os reis começaram a ter consciência do valor histórico do seu cartório. É assim que nos aparecem como guarda-mores os cronistas Fernão Lopes (1948); Gomes Eanes de Azurara (1454); Rui de Pina (1497); Vasco Fernandes de Lucena (1499) e Damião de Góis, já no dealhar do século XVI.

Como não podia deixar de ser, os seus documentos constituem uma das mais importantes fontes para a História de Macau e para a de Portugal, nesta área do mundo.

Apontamentos, de passagem, alguns núcleos ou fundos e colecções dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo relevantes para o estudo da História desta região do globo:

Chancelarias régias de D. João III, de D. Filipe III, de D. João IV, de D. João V, Livro das Monções, Bulas, Gavetas, Miscelânea, Chapas Sínicas (com documentação toda escrita em chinês), Cartas Missivas, Avisos, Ordens, etc.

Esta documentação relacionada com a História de Macau encontra-se toda identificada, inventariada e catalogada, faltando apenas a sua microfilmagem, o que se espera aconteça por todo este ano.

É, sobretudo, documentação dos séculos XVI, XVII e alguma do século XVIII. São cartas régias, cartas normais, alvarás régios, ofícios, relatórios, etc., relacionados não só com Macau, como ainda, com a China, Japão, Índia, Malaca, etc.. São cerca de dois mil documentos.

2.1.1.2 ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO

Criado em 1931 com a designação de Arquivo Histórico Colonial, tinha por objectivo preservar de deterioração eminente uma abundante e preciosa documentação, relevante para a história da colonização portuguesa e que se encontrava em precário estado de conservação.

Sobre Macau possui documentos desde 1603 até 1974. Este recheio documental distribui-se por duas secções: a primeira contém documentos desde 1630 até 1833, atingindo a bonita soma de cerca de cem mil documentos. Além desta documentação avulsa, existem, ainda, códices, livros de registos, documentos cartográficos e iconográficos.

Toda esta documentação encontra-se, convenientemente, catalogada, microfilmada e à disposição dos investigadores, em Macau; a segunda secção contém documentos que cobrem as datas de 1834 até ao fim do período colonial. São documentos de características tipológicas diversas: alvarás régios, cartas régias, cartas patentes, requerimentos, ofícios, documentos de contabilidade, certidões, propostas, relações, mapas estatísticos, instruções, representações, decretos, portarias, editais, ordens, avisos, notícias, memórias, pareceres, consultas, provisões, etc. É também documentação que se acha inventariada, catalogada e com a sua microfilmagem em curso.

2.1.1.3 BIBLIOTECA NACIONAL DE LISBOA

O seu recheio arquivístico provém, de um modo geral, de alguns antigos arquivos administrativos públicos que aí foram depositados.

Entre as suas sete grandes colecções, existem algumas com farta documentação sobre Macau. Numa ligeira abordagem, referenciaram-se cerca de oitenta e um códices e vinte caixas com documentação sobre Macau, adequadamente identificada, mas, ainda, não microfilmada.

2.1.1.4 BIBLIOTECA DA AJUDA

Esta Biblioteca substituiu a Biblioteca Real do Paço da Ribeira perdida durante o terramoto de 1755.

A par de impressos, para o seu acervo foram adquiridas valiosas colecções de manuscritos. Vieram, também, a reunir-se a elas documentos oriundos de vários Cartórios e Repartições Públicas, cartas particulares de reis e rainhas, correspondência diplomática, diplomas legislativos, etc.

Entre as suas colecções mais importantes para Macau destacam-se: "Jesuítas na Ásia" — documentação a partir de 1541; "Conselho da Índia" — século XVII; "Conselho da Fazenda" — século XVII; "Cartas Régias" — século XVI a XVIII. Possui ainda uma valiosa colecção cartográfica dos séculos XVII e XVIII.

Uma especial referência merece a colecção "Jesuítas na Ásia". Trata-se, nem mais nem menos, de uma boa parte do Arquivo da Companhia de Jesus, existente, outrora, no Colégio de São Paulo de Macau, cujos originais encontram-se hoje, em Madrid, na Biblioteca de Ia Real Academia de Ia História, no Archivo Nacional e na Biblioteca Nacional.

Este Arquivo pertencia à Província que englobava as ilhas do Japão, a Cochinchina, o Sião, Macassar e a China. As suas cópias feitas pelo Padre José Montana, primeiro, e pelo seu colaborador, irmão João Álvares, depois, são as que hoje formam a colecção "Jesuítas na Ásia" da Biblioteca da Ajuda.

São 62 códices com preciosíssima documentação, conhecida pelos investigadores de todo o mundo que se têm dedicado ao estudo da História do Oriente, dos séculos XVI a XVII.

Além destes códices da colecção "Jesuítas na Ásia", existem, ainda, naquela Biblioteca uma enorme quantidade de documentos avulsos tais como cartas, ofícios, instruções, assentos, regimentos, relações, decretos, documentos de contabilidade, notas, memórias, declarações, etc. importantíssimos para o estudo da história desta região do mundo.

"Symmicta Lusitana" ou melhor "Rerum Lusitanarum" é uma outra importante colecção. São cópias de documentos idos de Roma, mandada elaborar, no século XVIII, pelo embaixador Manuel Pereira de Sampaio.

2.1.1.5 BIBLIOTECA DA ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA

Academia Real das Ciências, actualmente, Academia das Ciências de Lisboa, recebeu aprovação régia a 24 de Dezembro de 1779, por acção do segundo duque de Lafões e do abade Correia da Serra, influenciados, por sua vez, por Domingos Vandelli e pelo visconde de Barbacena.

O acervo de manuscritos existente na Biblioteca desta instituição científica é composto por duas colecções: a primeira é formada pelos manuscritos originários da livraria do Convento da Nossa Senhora de Jesus, pertença, outrora, dos religiosos da Terceira Ordem da Penitência do Nosso Padre S. Francisco.

Contém cópias e originais dos séculos XVI a XIX: são correspondência, orações, composições literárias e teológicas, estudos e ensaios históricos e genealógicos, documentos sobre missões no ultramar, etc. É conhecida pelo nome de "Série Vermelha".

Nesta "Série" destacam-se os seguintes documentos:

—"Jornada de António de Albuquerque Coelho, governador de Macau, desde Goa até chegar a esta cidade, por João Tavares de Velles Guerreiro." Ms.625.1826.

—"Viagem de Lisboa a Macau do Bispo D. Frei Marcelino José de Lisboa." Ms.676.1826.

—"Resumo dos privilégios concedidos à cidade de Macau." Ms.557.1826.

—"Quindénios — papel sobre quindénio. Bispo de Macau, D. Frei Alexandre da Silva Pedroza." Ms.362.1826.

—"Carta de D. Frei Alexandre da Silva Pedroza, Bispo de Macau, sobre efertas, prémios e dízimos." Ms.868.1826.

—"Carta de D. Frei Manuel da Silva Pedroza, Bispo de Macau, ao ouvidor-geral, Feliciano Ramos, sobre notícias de Macau, em 1776." Ms.280.1826.

—"Diário de Viagem de Lisboa para Macau. Ano de 1971." Ms.676.1826.

A outra "Série", a Azul, abrange os manuscritos adquiridos ou oferecidos à Academia desde a sua fundação, em 1779. São dos séculos XVIII e XIX e contêm as seguintes espécies de documentos: memórias, discursos, pareceres, correspondência e negociações diplomáticas, relatos de viagem, memórias económicas, assuntos relacionados com o comércio em geral, com o comércio de escravos, com a agricultura, etc., em que se destacam:

—"A Igreja católica romana, em Macau, na China." Ms.1506.

—"Memória sobre o porto de Macau e sobre as possessões portuguesas."

—"Cartas dos Padres da Companhia de Jesus escritas no ano de 1544 a 1569." São conhecidas pelo nome de "Cartas do Japão". São três valiosos códices.

—"Princípios da Língua Sínica Mandarim, por José Monteiro."

—"Simplices sínicas medicinais com suas qualidades e virtudes tiradas do livro que tem por título 'Y HAOC' traduzido pelo Padre António de Barros da Companhia de Jesus, sendo missionário de Guay Ngai em Cochinchina circa annu 1756."

2.1.1.6 BIBLIOTECA DA SOCIEDADE DE GEOGRAFIA DE LISBOA

É uma associação cultural e científica, criada a 10 de Novembro de 1875, com a finalidade de promover e financiar estudos para o progresso das ciências geográficas e afins em territórios portugueses, nomeadamente, nas possessões ultramarinas portuguesas. Foi seu fundador Luciano Cordeiro.

A sua Biblioteca possui cerca de seis mil cartas, atlas geográficos e planos, dezenas de milhares de livros, de iconografias e de manuscritos com interesse para Macau e para a presença portuguesa nesta área do globo. Só sobre Macau e esta região inventariam--se cerca de duas mil espécies cartográficas e iconográficas. Além de documentos originais próprios existem nesta Biblioteca algumas cópias de documentos do Arquivo do Leal Senado, em boa hora feitas, pois, com os acontecimentos relacionados com a revolução cultural, em 1965, uma parte importante deste arquivo foi delapidado.

Eis alguns exemplos:

—Documentos extraídos do "Livro de Termos Gerais do Leal Senado da Câmara", desde 1767 a 1792. Res.2 — maço 5.

—Documentos extraídos do livro "Registo das cartas particulares", desde 1791 a 1817, do Leal Senado. Res. — maço 5-2.

—Cópia do livro "Foral de Macau" mandado extrair por João José da Silva, Juiz de Direito da Comarca de Macau, em 1888. Res.1-C-130.

—"Carta dirigida a João Feliciano Marques Pereira por José Augusto Alves Roçadas, quando governador de Macau.2 de Setembro de 1908".1-pasta E-8.

—"Cópia de um livro manuscrito existente no Arquivo do Leal Senado, mandada extrair por João José da Silva, Juiz de Direito da Comarca de Macau, no ano de 1886". Ms.310. Res.1- C - 145.

—"Sanchoan, a Terra Santa do extremo Oriente". Tradução feita em Março de 1912. Ms.46. Res.1-C-122.

2.1.1.7 ARQUIVO HISTÓRICO DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS

Trata-se de um arquivo muito importante para o estudo da história das relações diplomáticas, políticas e económicas entre Portugal e diversos países, incluindo, como é óbvio, os desta região do mundo.

Os seus documentos dividem-se em quatro colecções:

—Processos em que os documentos se encontram classificados por assuntos;

—Correspondência que contém ofícios e cartas recebidas de diplomatas e cônsules portugueses, residentes no estrangeiro, e de outras procedências;

—Registo de documentos expedidos pela Secretaria de Estado;

—Correspondência avulsa agrupada em cartas, ofícios e despachos.

A estes quatro grupos há que acrescentar, ainda, o núcleo formado pelos arquivos das Legações.

Incluídos nos processos, com as datas extremas entre 1668 - 1834, encontram-se documentos com muito interesse para Macau.

No que se refere à documentação impressa, existem quatro livros muito importantes:

Memorandum sobre a questão de Macau. Documentos. Edição reservada do Ministério das Colónias, Imprensa Nacional,1921;

Negócios Exteriores; documentos apresentados às Cortes na Sessão Legislativa de 1888 pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros. Negócios com a China,2 vols. Lisboa, Imprensa Nacional,1888 (Livro Branco);

Relatório e Documentos sobre a abolição da emigração dos Chineses contratados em Macau, apresentado às Cortes na Sessão Legislativa de 1874 pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negócios de Marinha e Ultramar — José Maria Eça de Queiroz, Lisboa,1874;

Treaties between the Empire of China and Foreign Powers. Third and enlarged edition issued by publishers,1901. Shanghai. Printed and published at the "North China Herald Office".1901.

2.1.1.8 BIBLIOTECA PÚBLICA E ARQUIVO DISTRITAL DE ÉVORA

Com a finalidade de acautelar e livrar da perda total os documentos dispersos pelo país, na posse de várias entidades, o Decreto n. ō 19 952, de 17 de Julho de 1931, decretou que se criasse um Arquivo Distrital em cada sede de Distrito do Continente e Ilhas, com excepção dos que já o possuíam, destinado a recolher, instalar, inventariar e facultar à consulta dos investigadores os referidos núcleos documentais.

Dessa forma, em cada um dos arquivos seriam incorporados: cartórios paroquiais, notariais e das Sés, Colegiadas e Cabidos, processos crimes, cíveis e orfanológicos findos, documentos dos mosteiros extintos, etc..

Em alguns casos encontram-se os Arquivos Distritais anexos às Bibliotecas Públicas, sendo exemplo, os de Évora, Braga, Bragança, Vila Real, Angra e Ponta Delgada.

Na Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Évora existe uma abundante e preciosa documentaçãosobre Macau agrupada nas seguintes categorias:

HISTÓRIA DA CIDADE DE MACAU

—Geral;

—Fortificações e Artilharia;

—População;

—Viagens e Comércio;

—Relações com a China.

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO EM MACAU E NA CHINA

—Bispado de Macau;

—Colégio da Madre de Deus, da Companhia de Jesus;

—Mitos e Costumes chineses na óptica do Cristianismo;

—Missões na China.

PERSONALIDADES LIGADAS A MACAU E À CHINA3

São documentos datados desde o século XVI a XIX.

2.1.1.9 ARQUIVO HISTÓRICO DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Neste Arquivo existe um conjunto de docu-mentos conhecido por "Correspondência dos Jesuítas de Macau" de muito interesse para o estudo da acção desta Ordem religiosa em Macau, nos domínios religioso, político e social.

2.1.1.10 BIBLIOTECA GERAL DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Além de três documentos sobre a Embaixada de Alexandre Metello de Souza Menezes à China, existem nesta Biblioteca os códices:

—459 - 9: "Consulta do Conselho de Estado sobre as causas da China, Presidido da cidade de Macau, etc." - 1635 (Bol. Fil. Ult. Port. n. ō 47, p.163);

—148: "Sumário dos lugares, portos e partes mais notáveis da Índia Oriental, comessando do Cabo de Boa Esperança até o porto de Macau na China" (s. d.) (Bol. Fil. Ult. Port. n. ō 47, p.162);

—1650: "Relação dos piores de várias igrejas e conventos da Ordem de Santo Agostinho, incluindo os de Macau (entre 1572 e 1835) (Bol. Fil. Ult. Port., p.164).

2.1.1.11 BIBLIOTECA DA FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Aqui, encontram-se informações muito preciosas sobre a Embaixada que D. João V mandou à Corte de Pequim, liderada por Alexandre Metello de Souza Menezes.

A fonte documental para o estudo desta Embaixada encontra-se na tese de licenciatura da Dr.ḁ Maria Georgina Trigo Ferreira, já falecida, intitulada "Uma Embaixada à China no tempo de D. João V — Subsídio para a História da Diplomacia Portuguesa".

Além da tese, propriamente dita, que constitui, de si, um grosso volume, há que ter em conta também mais dois grossos tomos, contendo na íntegra todos os documentos sobre esta Embaixada, existentes na Biblioteca da Ajuda, na Biblioteca Nacional de Lisboa, na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, nos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, no Arquivo Histórico Ultramarino, na Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Évora, no Arquivo Histórico de Macau e no Arquivo Histórico de Goa.

2.1.1.12 ARQUIVO HISTÓRICO DA UNIVERSIDADE DO MINHO

Neste Arquivo existe também um códice todo ele com documentação sobre a Embaixada à China de Alexandre Metello de Souza Menezes com o título "Embaixada Portuguesa à China, no século XVIII".

2.1.1.13 ARQUIVO DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE PONTE DE LIMA

O iminente historiador da História de Macau, Charles Boxer, informou-nos da existência neste Arquivo de um códice muito importante que contém o testamento do rico comerciante de Macau, António Correia, feito a bordo de uma nau inglesa, no século XVII.

2.1.1.14 BIBLIOTECA PÚBLICA E ARQUIVO DISTRITAL DE LEIRIA

Os documentos a que iremos fazer referência, de passagem, constituem o espólio de Fernando Lara Reis. Trata-se de um conjunto documental de grande interesse para estudo da presença portuguesa no Oriente e, muito especial, em Macau.

Este acervo documental refere-se a um período compreendido entre 1915 e 1949, e é constituído por diários de viagens, memórias, cartas, recortes de jornais, fotografias, desenhos, etc.

Esta colecção de documentos é, essencialmente, formado por duas partes: uma, referente aos "Diários de Viagem", com 26 volumes (1915 -1949) e outra conhecida por "Documentação Vária" constituída por dois volumes de memórias (1920 - 1934) e, ainda, mais quatro livros em chinês.

É um precioso auxiliar para o estudo da vida social de Macau da época.

CONCLUSÃO

É intenção deste trabalho dar a conhecer aos estudiosos da História de Macau e da presença portuguesa nesta região do mundo as fontes para a sua investigação, reflexão e compreensão, existentes em Portugal já que as de cá, foram já abordadas por nós em tempos passados.

Creio constituir este trabalho um estudo inédito, pois, é nosso propósito fazer um levantamento tão exaustivo quanto possível dos documentos relevantes para a História de Macau que se encontram em arquivos e bibliotecas fora de Macau.

O caminho inicialmente traçado era, com efeito, ambicioso: inventariar e trazer para aqui, em microfilme, a documentação sobre Macau conservada em Portugal e no estrangeiro. Iniciada esta tarefa, fomos confrontados com a feliz realidade de que a massa documental existente ultrapassa, de longe, o âmbito de um trabalho desta natureza.

Daí, termos sido obrigados a restringir a dimensão do trabalho e a circunscrevê-lo, apenas, aos arquivos e bibliotecas de Portugal e, mesmo assim, abordado superficialmente.

Porque consideramos um labor desta natureza essencial para qualquer estudo sério sobre a realidade política, económica e social de uma sociedade, tomámos a decisão de não ficar por aqui e de levar por diante esta empresa, em boa hora começada fazendo um trabalho mais extenso e profundo não só em Portugal como fora dele.

BIBLIOGRAFIA

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Artigos: "Sociedade de Geografia de Lisboa" e "Academia das Ciências de Lisboa".

SIGLAS E ABREVIATURAS

Bol. Fil. Ult. Port. -Boletim da Filmoteca Ultramarina Portuguesa

ms -manuscritos

res -reservado

NOTAS

1 Santos, Isaú,"O Arquivo Histórico de Macau—Fonte importante para a história do Extremo Oriente", in Via Latina, suplemento Macau, Maio de 1991, pp.84-86.

2 Santos Isaú,"O Arquivo Histórico de Macau—Fonte importante para a história do Extremo Oriente", in Via Latina, suplemento Macau, Maio de 1991, p.86.

3 Cid, Isabel,"Documentação sobre Macau e a China existente na Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Évora", in Revista de Cultura, n. ō 10.1990, pp.31 -42.

* Licenciado em Ciências Sociais e Políticas (variante História Política) pelo ICSPU. Foi Director do Arquivo Histórico de S. Tomé, do Arquivo Histórico Ultramarino e do Arquivo Histórico de Macau. Membro da Academia de Marinha. Actualmente é Vice-Presidente do Instituto Cultural de Macau.

desde a p. 113
até a p.