XVII FESTIVAL DE ARTES DE MACAU
Um Palco de Culturas
De 11 de Março a 1 de Abril
O
primeiro circo africano nasceu de um projecto multicultural. Os franceses
plantaram a semente na Guiné-Conacri e a arte do circo brotou no coração de
África. O resultado da fusão é o Circus Baobab. A trupe de artistas está em
Macau para abrir o XVII FESTIVAL DE ARTES DE MACAU no Sábado, na Praça do Lago
de Sai Van.
Um baobá com longos ramos é o cenário do circo da
Guiné–Conacri. O Circus Baobab estreia-se na região no cartaz do XVII FESTIVAL
DE ARTES DE MACAU e promete atrair muito público. De entrada gratuita, o
espectáculo do grupo, “O Macaco de Saudieu”, é um exemplo de fusão de culturas,
onde casam ainda as artes circenses e as tradições africanas.
Mais de 20 músicos, acrobatas, trapezistas,
contorcionistas, dançarinos e malabaristas, treinados na Guiné-Conacri - já que
o Circus Baobab também é uma escola de artes -, vão tomar de assalto um baobá
gigante, de 15 metros de altura, “plantado” em Macau como um palco para a
expressão da cultura africana e da tradição do circo.
O espectáculo tem raízes na antiga lenda do
macaco baterista, oriunda da Guiné-Conacri. Reza a história que um caçador
fascinado com o som do djembé de um macaco baterista, o apanhou por
cobiçar o seu instrumento. Abandonou o macaco à sua sorte e levou o tambor para
a sua aldeia, mudando para sempre a vida dos macacos que viviam na floresta. O
feito valeu ao caçador o epíteto de herói e a mão das quatro filhas do chefe da
aldeia em casamento.
O espectáculo do Circus Baobab é inspirado nesta
lenda guineense mas as técnicas de expressão utilizadas são as do circo europeu,
mais precisamente francesas. Foi em 1998 que surgiu este projecto da primeira
companhia de circo aéreo africana.
O
nascimento do Circus Baobab deve-se em grande parte a um cineasta francês de
nome Laurent Chevalier. Conheceu aquele país africano através da lente da sua
câmara de filmar e o contacto com as artes da terra acabou por lhe dar uma ideia:
realizar um filme sobre o circo na Guiné, onde são fortes as tradições na música,
na dança e na acrobacia. Mas não existia um circo na Guiné-Conacri, nem tampouco
em África. Chevalier sentia bem vivo o potencial de fusão entre artes e culturas
- a africana e a europeia e decidiu criar um circo. Arregaçou mangas e envidou
esforços para levar por diante o projecto. Não era fácil: mais do que o montar
era preciso treinar as gentes nas muitas artes circenses. Em associação como
Telivel Diallo, o responsável pela cultura na Guiné, e Pierrot Bidon, fundador
do Circus Archaos e mentor do movimento de circo contemporâneo em França,
Chevalier apostou e procurou forma de proporcionar aos guineenses o treino
necessário.
Foram convidados a participar na aventura do
cineasta francês alguns dos maiores peritos franceses em malabarismo, trampolim
e acrobacia aérea. Treinaram guineenses nas artes do circo, dando-lhes o
conhecimento técnico que depois iria ser adaptado à sua própria cultura.
Na Primavera de 2000, o grupo ganhou consistência.
Nas suas fileiras militavam artistas com idades compreendidas entre os 12 e 70
anos. Depois de provar o talento à terra, o Circus Baobab fez-se à estrada dando
a conhecer os meandros desta fusão cultural. Primeiro actuou em França e depois
rumou a outros países da Europa, provando o sucesso que Chevalier antevira. Este
projecto permitiu àqueles artistas conhecer o mundo. Gentes que estariam
destinadas às fronteiras das suas aldeias.
Agora, o Circus Baobab dá mais um passo de
gigante até à Ásia e mostra em Macau, no sábado, como duas culturas podem fundir-se
num projecto artístico único. Um exemplo para o mundo globalizado dos nossos
dias que promete deixar marcas na região.
##################REPORTAGEM########################
Circo com raízes na China
Será que o circo teve origens no Ocidente ou no
Oriente? Ninguém sabe ao certo. São várias as versões da longa história desta
arte que tanta popularidade tem ganho nos últimos anos. Há quem diga que foi na
China que tudo começou…
Auscultar o passado do circo não é fácil. As
opiniões dividem-se logo na sua origem. Alguns autores defendem que foi na China
que a arte do circo teve a sua génese. Apresentam mesmo provas que sustentam
esta tese: umas pinturas chinesas com quase cinco mil anos de existência em que
surgem imagens de acrobatas, contorcionistas e equilibristas.
Segundo essa versão, primeiro, a acrobacia era o
exercício dos guerreiros. Tinham de ser ágeis, flexíveis e fortes. O tempo ditou
mais tarde que esse treino intensivo ganhasse contornos mais graciosos e uma
harmonia tal que merecia ser exibida. No ano de 108 a.C. o Imperador chinês terá
dado uma grande festa de recepção a visitantes estrangeiros. A acrobacia pontuou
uma das actuações e terá causado boa impressão. Satisfeito com os sorrisos que
desenhou na assistência, o Imperador mandou, a partir dessa data, organizar
espectáculos anuais durante o Festival da Primeira Lua. Ainda hoje, os aldeões
chineses praticam malabarismo com espigas de milho e equilibram vasos nos pés.
Mas há outras “verdades” sobre o circo. Para
muitos, a origem remonta a Londres, no reino Unido. Terá sido o militar Philip
Astley a criar o circo em 1770. Serviu na guerra entre França e a Índia nesse
período terá desenvolvido o gosto pelos cavalos. Em Londres, depois da guerra,
abriu uma escola de equitação, criando o picadeiro, um palco circular para
cavalos, onde viria a fazer exibições, a que se juntariam palhaços, acrobatas e
malabaristas. Terá sido assim, nesta versão, que nasceu o circo moderno: com
animais e homens.
Mas há mais versões porque esta é uma história
controversa. Alguns estudiosos afirmam que o circo surgiu na Grécia Antiga e no
Império Egípcio, onde os animais já entrariam nas actuações. Inclusivamente, as
Olimpíadas, que tiveram início por volta do século 8 A.C., já incluíam números
de circo. O que depois contagiaria o Império Romano onde o circo ganhou tanta
popularidade e características muito singulares.
INSTITUTO CULTURAL
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Circus Baobab (Guiné-Conacri)
“O Macaco de Saudieu”
Praça do Lago Sai Van
11/3 (Sábado) - 20:00 horas
Encenador: Pierrot Bidon
Director Técnico e Director de Cena: Mory Diallo Tec
Administradora/ Directora de Produção: Isabelle Sage
Coreografia: Ibrahima Coumbassa
Música: Wandel Soumah
Figurinos: Daouda Camara
Luzes: Jean-Marie Prouveze
Som: Benoît Rousseau
Associados desde 1999:
AFAA / Programme Afrique en créations - Ministère des Affaires Etrangères,
Agence Intergouvernementale de la Francophonie, UNESCO, Prince Claus Fund,
Service de la Coopération Culturelle de l’Ambassade de France en Guinée, Centre
Culturel franco-guinéen, CODEV, CCAS EDF-GDF, CM CAS, Cirque-Théâtre d’Elbeuf et
ville d’Elbeuf, Circuits – Scène conventionnée Auch, École Nationale de Cirque
de Châtellerault, Mondomix.