Dois costumes de Macau incluídos na Lista Nacional de Itens Representativo de Património Cultural Intangível

Data de Publicação: 15/12/2014
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“Crenças e Costumes: A-Ma” e “Crenças e Costumes: Na Tcha” foram inseridos no quarto lote da Lista Nacional de Itens Representativos do Património Cultural Intangível. A lista foi anunciada pelo Conselho de Estado da RPC.

Desde Setembro de 2013 que o Ministério da Cultura chinês deu início aos trabalhos relativos ao quarto lote da Lista Nacional de Património Cultural Intangível Representativo. As candidaturas pelos dois grupos relacionados com as crenças e costumes acima mencionados contaram com o apoio e assistência do Instituto Cultural (IC), tendo sido entregues ao Ministério da Cultura no final de Novembro do ano passado. Os items escolhidos são uma importante cultura tradicional de Macau e representativos de festividades populares.

“Crenças e Costumes: A-Ma” contam com uma longa história, sendo uma das crenças populares locais mais importantes. Ao longo de séculos, os locais de Macau dedicavam-se à pesca e ao comércio externo, enfrentando os perigos do mar. Acreditavam que a deusa os salvava desses perigos, concedendo paz e sorte, tornando-se assim deusa protectora, levando à construção de templos e desenvolvimento de crenças em sua honra. A população chinesa de Macau passou a inserir diversas formas de culto a A-Ma na sua vida quotidiana. Anualmente, uns dias antes do Festival de A-Ma, realizado no 23.º dia do 3.º mês do calendário lunar, a população organiza uma série de actividades nos templos e adros de A-Ma, tais como culto, ofertas, jogos e leilões. Estas crenças e costumes tornaram-se numa importante tradição da comunidade chinesa, sendo passada e propagando-se ao longo dos séculos. Do mesmo modo, estes costumes e crenças são um importante testemunho da divulgação e transmissão da cultura popular chinesa em Macau.

“Crenças e Costumes: Na Tcha” constituem uma particularidade local, existindo há mais de 300 anos. Anualmente, ao 18.º dia do 5.º mês do calendário lunar, celebram-se as festividades de Na Tcha com o objetivo de pedir protecção contra doenças e a harmonia da sociedade, os templos dedicados a esta divindade organizam cerimónias de culto, construção de altares, desfiles e ópera chinesa, entre outros. Esta crença destina-se não só a obter reconhecimento social como também melhorar a coesão comunitária e a promover a cultura tradicional, possuindo importantes valores culturais e características locais. No âmbito das políticas nacionais de protecção do património cultural intangível, ambos os templos dedicados a Na Tcha declararam intenções louváveis de reflectir a fusão cultural harmoniosa e de contribuir para a salvaguarda da cultura tradicional local.

O Conselho de Estado anunciou, em 2006, 2008, 2011 e 2014, o total de 1372 items representantivos do património cultural nacional intangível. De acordo com a Lei do Património Cultural Intangível da RPC, a Lista Nacional de Património Cultural Intangível passar-se-á a designar como Lista Nacional de Itens Representativos do Património Cultural Intangível. Macau tem já oito items incluídos nesta lista, nomeadamente a Ópera Yueju e o Chá de Ervas – inseridos por candidatura conjunta de Macau, Cantão e Hong Kong;  por candidatura independente de Macau, as Esculturas de Ídolos Sagrados de Macau, a Música Ritual Taoísta de Macau, o Festival do Dragão Embriagado, as Naamyam Cantonense, e as agora inseridas Crenças e Costumes: A-Ma e Crenças e Costumes: Na Tcha.

O sucesso destas candidaturas ilustra a diversidade e o conteúdo rico do património cultural intangível de Macau. O decorrer sem percalços do processo de candidatura deveu-se à cooperação entre departamentos governamentais, entidades civis, peritos e académicos. No futuro, o IC continuará a levar a cabo o reconhecimento, arquivamento, levantamento e pesquisa sobre o património cultural intangível de Macau, de modo a que ainda mais tradições culturais locais com valor histórico sejam alvo de protecção e promoção.