Imagem

O PADRE VISITADOR ALEXANDRE VALIGNANO, S. J. E O IV CENTENÁRIO DA IMPRENSA DE CARACTERES MÓVEIS EM MACAU
'É-nos grato lembrar alguém que deitou a esta terra, onde tudo tern tendência a passar vertiginosamente, sementes tão generosas e duradouras'.

Beatriz Basto da Silva*

O imaginar as pessoas no seu tempo, estado e lugar, com toda a carga de condicionalismos e determinantes que sobre elas pesem - faz parte do meu gosto pela História. Foi pois com o maior gosto que acolhi a ideia de escrever estas palavras evocando a publicação da primeira obra impressa com caracteres móveis em Macau, por ocasião do IV Centenário deste notável evento.

O tema Imprensa, pelos seus envolvimentos tão complexos e vastos, tem merecido, na sua generalidade, estudos tão profundos quanto interessantes. Este é apenas o modesto comentário sobre um breve mas significativo momento desse processo, que procurarei enquadrar no contexto histórico e psicológico. Com ele expresso a homenagem a todos quantos tornaram possível esta realidade.

Forçosamente, o ponto de partida é o glorioso Portugal quinhentista, a descoberta de terras e rotas, e o eficaz contributo lusíada para o hetero-conhecimento de povos e civilizações nas cinco partes do Mundo.

Os meios? Entre outros, as Escolas, as Igrejas, os Hospitais, a instalação da Tipografia, que é, muito especialmente, o que versarei seguidamente.

Costumo dizer aos meus alunos que há momentos que constituem marco significativo e da maior repercussão na História do Homem; saliento então a passagem do grito à linguagem articulada, a descoberta da agricultura, ligada à urbanização, a segurança, a divisão do trabalho e a concomitante organização social; finalmente, a descoberta e uso da escrita, completada séculos depois com a difusão da Imprensa, ao mesmo tempo que o Homem da Renascença se liberta do teocentrismo restritivo e, sem obliterar a dimensão do Além, toma consciência das suas possibilidades de intervenção.

Vejamos a imprensa xilográfica, primeiro passo desta arte; resulta ela da reflexão sobre o efeito da marca de ferrete, instrumento quase tão antigo como a própria humanidade. Ora, como essa reflexão se pode ter verificado isoladamente e as experiências daí resultantes se devem ter multiplicado ao longo dos tempos, não é possível determinar-lhe a origem.

Sabe-se que, por exemplo, na China e no Japão tinha séculos de uso à chegada dos portugueses.

Além de pouco funcional e moroso - visto que consistia na gravação de um símbolo ou gravura desenhados num bloco de madeira de buxo, pereira, cerejeira, nogueira ou qualquer outra de dureza semelhante - era ainda de difícil execução. O desenho ficava em relevo em relação ao espaço circundante de modo que, passando-se tinta e prensando de encontro a uma folha, se obtinha a reprodução da gravura ou símbolo desejado.

Os jesuítas não interromperam a tradição quando, em 1585, imprimiram em Macau a primeira obra em língua chinesa orientada por europeus. O P.e Miguel Ruggieri, S. J., preparou o catecismo - pois de um catecismo se tratava. Passou-o então às mãos de um mestre calígrafo converso que o escreveu em caracteres chineses que, depois de cuidadosamente talhados em blocos de madeira, possibilitaram essa impressão e a sua distribuição pela China.

Pintura mural na Biblioteca do Vaticano, alegórica da chegada dos cristãos japoneses enviados a Roma em 28 de Março de 1585.

S. Francisco Xavier considerava a Literatura, nomeadamente a religiosa - Evangelhos, cartas edificantes, instruções catequéticas, etc. - um precioso, indispensável instrumento missionário. Qualquer processo de reprodução desses escritos parecia indicado e urgente.

Ora se, para a língua chinesa, a xilografia se divisava como o único meio de imprimir, pondo até em realce a beleza da caligrafia (permita-se-me o pleonasmo), o mesmo não se passava a respeito de obras em latim e em português - línguas da Europa, onde a descoberta da Imprensa de caracteres móveis era já um sucesso.

Mas a ideia de mandar vir de tão longe esses auxílios era dispendiosa e arriscada, devido ao perigo dos naufrágios e assaltos, tão frequentes. A documentação dessa época dá-nos notícia de que era corrente, para garantia da entrega de correspondência, expedir duas ou três cópias da mesma epístola ou documento, por vias diferentes, no trânsito entre o Oriente e o Ocidente.

Outra hipótese de divulgação seria os próprios missionários copiarem à mão gramáticas e textos latinos. Mas o tempo precioso gasto nessa empresa iria prejudicar outras tarefas inadiáveis, como por exemplo a aprendizagem das línguas orientais, considerada prioritária, e o ensino a gentios do latim, na época o único meio para a divulgação da doutrina escrita vinda para a Ásia.

Ainda mais um obstáculo: os termos e a linguagem das obras, de sensibilidade ocidental, deveriam sofrer adaptações locais para a mensagem ser aceite.

Por isso tornava-se evidente que a única solução capaz de satisfazer as necessidades nesse campo era adquirir na Europa, e transportar e instalar no Extremo Oriente, um sistema de imprensa de caracteres móveis. Isso sim, passou a ser o sonho dos missionários mais clarividentes, que já imaginavam a circulação de livros didácticos, missais, breviários e livros de oração saídos do fecundo invento de Gutenberg.

PARA análise de circunstâncias, convido a atenção do leitor a comungar da panorâmica, refrescada na leitura e estudo que fiz, e que nos permite, como atrás referi, ver mover essas figuras de invulgar estatura interior: os missionários da então recentemente criada Companhia de Jesus (1540), com excelente preparação humanística, mas sobretudo animados de ardente zelo evangelizador, aceso nos ideais da entrega obediente e total. Do conjunto sobressai, sem sombra de dúvida e a respeito do assunto em apreço, o Visitador P.e Alexandre Valignano, "o grande organizador e promotor das tipografias asiáticas", no dizer do orientalista Prof. Georg Schurhammer.

Retrato de Alexandre Valignano, S. J. (1539-1606), que fez três visitas ao Japão e foi recebido em audiência conjunta por Oda Nobunaga e Toyotomi Hideyoshi. In J. F. Schütte, S. J., Valignanos Missionsgrundsätz für Japan, Vol. I, Roma, 1951.

Conhecemos a vida deste pioneiro quinhentista pelos seus próprios escritos - sobretudo as cartas ânuas enviadas ao P.e Geral da Companhia, Cláudio Aquaviva (1543-1615) ou por outras epístolas particulares que expediu - e ainda pela pena de alguns contemporâneos seus, como o P.e Francisco de Sousa e o P.e Luís Fróis, ambos da mesma Ordem.

"Arte Breve da Lingoa Japoa", do Padre João Rodrigues, impresso em Macau em 1620. (Exemplar da Biblioteca da Ajuda, in "Primórdios da Imprensa em Macau", de Jack M. Braga).
Página de rosto do livro xilogravado do Padre Miguel Ruggiere, S. J., impresso em Macau em 1585. Foi o primeiro livro impresso em Macau. (Arquivos da Companhía de Jesus em Roma; reproduzido de "Primórdios da lmprensa em Macau", de Jack M. Braga, edição do Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau - 1965).

Valignano nasceu a 20 de Dezembro, há 450 anos, em Chieti, Itália. Nesse mesmo ano de 1538 nascia em Espanha um outro humanista cristão, futuro jesuíta, cujo destino se iria cruzar, embora sem encontro pessoal, com o do P.e Visitador, em Macau há 400 anos: João Bonifácio, exactamente o autor da obra que acaba de ser reeditada pelo Instituto Cultural - "Christiani Pueri Institutio...".

Mas, voltando ao nosso industrioso P.e Alexandre Valignano, que a Missão trouxe até à Índia em 1573, vamos acompanhar o seu percurso até Macau, onde desembarcou pela primeira vez em 1579; após pouco tempo de permanência, toma uma nau para o Japão, chegando depois de dezoito dias de viagem a Cochinozu-Arima.

Apercebendo-se bem depressa da utilidade de um sistema de imprensa móvel como "ferramenta" de evangelização, nos termos já aqui mencionados, imediatamente se lhe desenha na mente o processo de a conseguir. Sem perda de tempo, dá asas ao seu sonho com uma atitude prática: escreve ao P.e Geral, escreve ao Arcebispo D. Teotónio de Bragança, electriza os seus colaboradores próximos, a uns fundamentando o pedido expresso de um parque tipográfico, a outros arrastando com o seu contagiante entusiasmo.

O problema do transporte acompanhado, e portanto mais seguro, parece solucionado: está para partir a Primeira Embaixada Japonesa à Santa Sé e aos Reinos Ibéricos. Valignano, seu dinâmico animador, segue nela como dirigente.

Podemos imaginar a esperança e a alegria que o animavam ao largar das praias nipónicas, em 20 de Fevereiro de 1582.

Apesar da paragem algo enervante de 10 meses em Macau, à espera de monção, chega enfim o dia e a hora em que, com fé renovada, dá início à etapa Macau - Cochim - Goa, onde com vento feliz chega em finais de 1583.

O ambiente é de festa: todos imaginam já o regozijo espiritual que vai reinar na Santa Sé e em toda a Igreja ocidental com a apresentação daquela jovem e exótica embaixada de cristãos japoneses, não só aptos a exprimir-se em Latim como ainda provando adiantados conhecimentos em Religião e Humanidades! No coração do P.e Valignano outra melodia acompanha este projecto, talvez até secretamente o ultrapasse pelo alcance missionário que dela espera: a possibilidade cada vez mais próxima de trazer a nova imprensa até ao Japão!

Mas a Providência Divina exige-lhe o sacrifício de outra espera, desta vez bem maior que os dez meses que experimentara em Macau. Pobre sonhador humano! Acabava de ser nomeado Provincial da Índia e aí deveria permanecer. O dever e a obediência não consentiam hesitações. Sublimando o desgosto, apressou-se a nomear como seus substitutos na direcção da Embaixada os P.e Nuno Rodrigues e Diogo de Mesquita, S. J.. O que era preciso agora era partir quanto antes. O projecto era de Deus, a Deus o entregava, já sereno e confiante. Sobre a missão diplomática dos cristãos japoneses pouco me posso deter, por escassez de tempo e desvio dos nossos propósitos deste momento, mas cumpre-me referir que se trata de um dos lances mais expressivos, mesmo comoventes, da História das Missões. A verdade é que a natureza da encomenda, a sua mais do que justificada oportunidade, e o concurso de inúmeras boas-vontades trazem o tão almejado conjunto tipográfico até Goa. Nesse dia 31 de Maio de 1587, um homem de olhos rasos de água, a despeito do porte firme que o distingue no cais apinhado de gente, eleva a Deus a mais sentida acção de graças! O P.e Valignano acaba de receber a preciosa carga, ao mesmo tempo que lhe é comunicado o termo da sua acção como Provincial da Índia. Liberto para a Missão do Japão, anseia por partir. Embora por outras razões, também os componentes da Embaixada desejam voltar a casa. A eles reunido, Alexandre Valignano aproveita a viagem de quatro meses na nau de Aires Gonçalves de Miranda para equacionar o futuro. As coisas não vão nada mal: pelo menos dois dos viajantes à Europa, os japoneses Irmão Jorge de Loyola e Constantino Dourado, tinham ali adquirido sólidos conhecimentos tipográficos. Com estes meios humanos, em que ele também se integrava, e os meios técnicos que seguiam na bagagem, o P.e Visitador considerava-se o mais ditoso dos homens, qualquer que fosse a tempestade que estivesse pela frente.
Um dos primeiros livros impressos em Macau (1590) - descrição da viagem da Embaixada enviada pelos japoneses de Kiushu ao Papa Greg6rio XIII; compilado pelo Padre Alessandro Valignano e escrito em latim pelo Padre Duarte Sande, S. J..

O P.e Valignano é informado deste sucesso a 22 de Novembro de 1588, mas a Nau do Trato, que anualmente ia de Macau ao Japão, tinha acabado de partir e no ano seguinte, por qualquer razão, não houve viagem.

Por tudo isto, só em 21 de Julho de 1590 é que finalmente o incomparável missionário jesuíta desembarcou em Nagasaki. Os frutos da sua acção na área da Imprensa foram, como se pode calcular, o sonho da sua vida tornado realidade e posto ao serviço de Deus. Mas não pertence a esta história?...

O que nos falta dizer, isso sim, é o que se passou, desde o Verão de 1588 aos inícios de 1590, em Macau.

No descanso forçado a que o remeteram, o P.e Visitador resolveu ir adiantando a tarefa, isto é, ir imprimindo o que podia, para deixar uma parte na Missão da China e levar o resto para o Japão. Evidentemente que contava com alguns companheiros especializados:

- O japonês Irmão Jorge de Loyola, que se tinha distinguido na Embaixada à Europa com uma erudita pregação em latim proferida perante as autoridades eclesiásticas do célebre Convento de Santa Cruz de Coimbra e que tanto ajudou Valignano com as suas aptidões impressoras em Macau, sendo o único que não seguiu para o país natal, porque aqui faleceu em 1589;

- Constantino Dourado, também japonês e elemento da mesma Embaixada, que integrou como auxiliar-catequista só mais tarde entrando na Companhia de Jesus (sendo ordenado em Macau por volta de 1617), e que veio pôr em prática na Cidade do Nome de Deus a arte de talhar tipos e de imprimir, tão bem como se fazia em Portugal, de onde trouxe matrizes e onde aprendeu.

- E ainda o Irmão Giovanni Bathista Pesce que foi discípulo em Goa do famoso P.e Francisco Rodrigues (não confundir com o Tçuzzu do Japão), que veio a ser "Prefeito" da Imprensa Nipónica e que colaborou nas duas primeiras impressões de tipo móvel em Macau, onde viria a morrer em 1627.

TRATA-SE de referir agora o nome dessas obras que, sob orientação do P.e Valignano, abriram caminho em tão importante domínio. A segunda, De Missione Legatorum Iaponensium ad Romanam Curiam, foi concluída em 1590 e narrava, como o título expressa, os acontecimentos relativos à Missão dos Legados Japoneses à Cúria Romana. A primeira, que para maior relevo deixei para o fim, é uma reedição adaptada da obra de João Bonifácio Christiani Pueri Institutio Adolescentiaeque Perfugium obra que, agora reeditada, se encontra de novo ao nosso alcance. O valor desta espécie bibliográfica transparece do elevado número de edições - oito - no decurso do séc. XVI e primeiro quartel do séc. XVII. Trata-se de uma súmula das Sagradas Escrituras e de textos de autores clássicos, cristãos e profanos, tidos como indispensáveis para a educação de um menino cristão.

Por coincidência, podemos celebrar de uma só vez o IV Centenário da primeira obra da imprensa móvel em Macau e o V Centenário da mesma ocorrência em Portugal.

O grande humanista e missionário jesuíta, P.e Alexandre Valignano, bem gostaria, por certo, de partilhar esta efeméride connosco. Mas não estará ele, de certo modo, presente?

É-nos grato lembrar alguém que deitou a esta terra, onde tudo tem tendência a passar vertiginosamente, sementes tão generosas e duradouras.

Alguém que aqui fechou os olhos (1606) e deixou algures, em campo santo, as cinzas da sua existência humana.

Alguém que espera de nós o uso desta preciosa herança com elevação de espírito, com dignidade, permitindo que a livre expressão esclareça e propicie a livre escolha da paz entre os homens.

PRINCIPAIS OBRAS CONSULTADAS

-Abrantes Pinto, J

-Abrantes Pinto, J.A.

style="mso-spacerun: yes">  

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

 -La Première Ambassade du Japon

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

 e outros              

 en Europe. 1582-1592. Première

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

                       

 Partie/Le Traité du Père Frois.

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

                        

lang=EN-US style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

 Tokyo, Sophia Universitu, 1942.

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

- Bonifácio, lohanne

style="mso-spacerun: yes"> 

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

 -Christiani Pueri lnstitutio...

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

                       

 Macau, Reedição do I.C.M., 1988.

lang=EN-US style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

- Boxer, C.R.          

lang=EN-US style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

 - A Tentative Check List of Indo-

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

 

                      

lang=EN-US style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

 -Portuguese Imprints, "Arquivo

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

                       

 do Centro Cultural Português",

lang=EN-US style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

                       

 Vol. IX, Fundação C. Gulbenkian,

lang=EN-US style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

                       

 Paris, 1975.

- Braga, Jack M.

style="mso-spacerun: yes">   

style="mso-spacerun: yes">    

lang=EN-US style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

 -Prim6rdios da Imprensa em Macau,

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

                       

 Ed. do "Boletim Eclesiástico da

lang=EN-US style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

                       

 Diocese de Macau", 1965.

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

- Guerreiro, Fernão

style="mso-spacerun: yes">  

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

 - Relação Anual das Coisas que

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

                       

 Fizeram os Padres da Companhia de

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

                       

 Jesus nas Missões.

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

                       

 Imprensa da Universidade

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

                       

 de Coimbra, 1931.

- Laures, S.J.,Johannes-

lang=EN-US style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

 - Kirishitan Bunko

       

style="mso-spacerun:

yes">                

lang=EN-US style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

 Tokyo, 1957.

- Lucena, João de

style="mso-spacerun: yes">     

lang=EN-US style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

 - Vida do Padre Francisco Xavier.

style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

                       

União Gráfica, Lisboa,

s/d..         

lang=EN-US style='font-size:12.0pt;font-family:宋体'>

 

Nota da Redacção

De propósito, e com intenções estéticas e documentais, resolvemos enriquecer a composição de cheio dos dois textos anteriores com capitulares, ornatos, tarjas e vinhetas usadas nas primeiras impressões efectuadas em Portugal.

As capitulares são de alfabetos ornamentais, utilizadas pelo maior impressor dos primórdios da Imprensa em Portugal, Valentim Fernandes. A inicial A aparece nos títulos xilogravados da Vita Christi, e pertence a um alfabeto maior de estilo caligráfico, usado nas portadas de alguns livros com a marca de V. Fernandes. A inicial E, é do título xilogravado das Epístole et Orationes (V. F., Lisboa, 1500), de Cataldo Sículo.

As capitulares O, P, N, T, são do alfabeto fitomórfico de origem alemã, utilizadas por V. Fernandes em várias impressões durante o Século XV: o N na Gramatica Pastrane e na Vita Christi; o O e o P, na Gramatica Pastrane; o Trio Missale Bracharense.

Trata-se de um alfabeto calcográfico (chapas metálicas gravadas em oco) executado na Alemanha por Israel von MecKnem, e que foi usado pelo impressor Peter Wagner, de Nuremberga. Utilizado em Burgos em 1491, pode ter chegado depois a Portugal ou, mais provavelmente, sido trazido directamente da Alemanha por Valentim Fernandes, aquando da sua passagem por Nuremberga.

Todos estes elementos ilustrativos, e bem assim algumas das gravuras alusivas à arte tipográfica e elementos das legendas, foram por nós colhidos em "Origens da Imprensa em Portugal" de Artur Anselmo, obra fundamental e a mais completa sobre a história do livro impresso em Portugal, e que constituiu a tese de Doutoramento do Autor (Paris, 1980; Ed. Imprensa Nacional).

O primeiro livro impresso em Macau com caracteres móveis.

*Licenciada em História (Univ. Coimbra); investigadora da História de Macau e da presença portuguesa no Oriente, com vários trabalhos publicados.

desde a p. 11
até a p.