Rotas e Embarcações

SERVIÇOS PRESTADOS AOS MORADORES DE MACAU PELO COLÉGIO DE SÃO PAULO

António Lopes*

INTRODUÇÃO

Só consideraremos os serviços prestados a partir da fundação do Colégio de S. Paulo. Só nos limitaremos aos dados fornecidos pelos códices da B. A. L. (Biblioteca da Ajuda, Jesuítas na Ásia). Situaremos os "serviços prestados" em 5 áreas:

1. A área dos Ministérios Pastorais exercidos na cidade de Macau

A qualidade e a quantidade destes ministérios variam consoante as situações por que passa a própria cidade. O Colégio vive ao ritmo das prosperidades e calamidades da cidade. Haverá, por isso, momentos de grande criatividade pastoral e momentos de letargia por falta de "operários para a vinha", mas sempre de grande dedicação.

2. A área da Instrução e da Educação

A Companhia serviu como uma Escola de ler, escrever, contas e música, logo a partir de 1572, e com aulas de Gramática em que havia já 12 alunos em 1584. O Colégio é aberto a 1 de Dezembro de 1594 e em breve terá um plano de estudos de Teologia Especulativa, de Moral e um Curso de Artes com categoria universitária. Depois serão dois Seminários para formação do clero japonês e chinês.

Fachada da Igreja da Madre de Deus ou de São Paulo, pormenor: anjo com o poste da flagelação de Cristo (4.a fileira, à direita). Xie Ronghan: fotografia,1991.
Menino Jesus Salvador do Mundo com os Instrumentos da Paixão Gravados na Túnica. Trabalho sino-português do século XVII. Marfim, 25 cm. Colecção António Francisco Avillez, Setúbal. Macau: As Ruínas de S. Paulo: Um Monumento para o Futuro, Macau, Instituto Cultural, [1994], p. 148.

3. A área da assistência caritativa e social do Colégio

O Colégio revela uma espantosa actividade, ao longo de 168 anos, ao serviço dos pobres, doentes, presos, famintos e refugiados. O lema dos moradores do Colégio era "estar sempre desocupado, para poder acudir logo à necessidade mais urgente".

4. A área do socorro prestado à independência política e comercial da cidade

Por ocasião dos ataques acodem aos moradores de todas as formas. A sua acção foi decisiva na vitória sobre os holandeses, ora servindo de intermediários com Manila, ora fornecendo os terrenos do Colégio para o forte, ora orientando e trabalhando nas próprias fortificações, ora usando da sua influência junto do Imperador em Pequim e junto do Aitão em Cantão.

5. Os testemunhos escritos desta dedicação. Tentativa de uma lista.

Observações

1. Quanto à temática

Trataremos dos serviços, tanto de ordem espiritual como temporal, a partir apenas de 1594, depois da fundação do Colégio.

Limitar-nos-emos, nesta primeira abordagem, somente à documentação encontrada na secção Jesuítas na Ásia (62 códices) da Biblioteca da Ajuda de Lisboa.

De modo nenhum temos a pretensão de termos esgotado estes 62 códices no que se refere aos "serviços prestados pelo Colégio de S. Paulo aos moradores de Macau".

Finalmente, sendo, por um lado, tão grande o acervo documental encontrado e, por outro, tão insuficiente por não ser abrangente no tempo, teremos de limitar a nossa referência às várias áreas de serviços a simples tópicos, deixando para outras oportunidades, por exemplo, o estudo da evolução de determinado serviço, prestado ao longo de 168 anos.

2. Quanto à diversidade da documentação

Sobre o tema em questão, em Jesuítas na Ásia, encontramos 4 espécies de documentos: algumas "Cartas Ânuas da Província do Japão e da Vice-província da China", em que frequentemente há um capítulo dedicado exclusivamente ao Colégio de S. Paulo; as "Cartas Ânuas do Colégio de S. Paulo", como tal; os "Testemunhos do Senado da Câmara de Macau", a maior parte das vezes em forma jurídica rigorosa e com o selo da própria Cidade; e "Outros Testemunhos de Outras Personalidades", também em forma jurídica rigorosa.

3. Quanto às áreas de serviços prestados

Não consideramos, no âmbito deste estudo, a imensa irradiação missionária exercida, a partir do Colégio, nas aldeias chinesas das imediações de Macau e no próprio Império da China, no Japão, em Tonquim, no Sião, no Camboja, em Malaca, etc. Vamos limitar-nos a 5 Capítulos de áreas de serviço:

3.1. Os ministérios pastorais, específicos da Companhia, exercidos na Cidade.

3.2. Os serviços prestados no campo da Instrução e da Educação.

3.3. O campo da acção caritativa e social para com os moradores de Macau.

3 4. Os serviços prestados em situações limites, em que frequentemente a Cidade viu em perigo a sua própria independência política e comercial.

3.5. Reservaremos um 5.o Capítulo para listar os diversos testemunhos ou certidões em forma jurídica, passados em favor do Colégio, pelos seus serviços prestados.

1. OS MINISTÉRIOS PASTORAIS EXERCIDOS NA CIDADE

Prescindiremos dos ministérios realizados pelos primeiros Jesuítas, quer a partir da casa de Guilherme Pereira, quer a partir da casa de Pêro Quinteiro, quer a partir da Residência adjacente à Ermida de S. António, quer da Residência depois construída mais acima da Ermida, quer da Residência da Madre de Deus que se seguiu ao primeiro incêndio de 1578.1

A seguir à fundação do Colégio, a 1 de Dezembro de 1594, "quando o P. Alexandre Valignano dividio os da Companhia en Caza e Collegio cõ Superiores distintos...",2 a primeira Carta Ânua que nos aparece em Jesuítas na Ásia, sobre o Colégio de S. Paulo como tal, é de 1603:3

"Com os proximos a principal ocupação he pregar e confessar, e destes ministerios se serve muito N. Senhor nesta cidade, pregando-se frequentemente na nossa igreja, na Sé, Mizericordia e outras freguesias pera onde os nossos são podidos (f.o 3). Bautizaram-se este anno na nossa igreja seis gentios chinas e espera-se que va por diante a conversão dos que nesta cidade residem" (f.o 3v).

O P.e Visitador teria ordenado que ficasse encarregado destes o P.e Lázaro Cattaneo, dada a necessidade que havia de alguém que soubesse bem a língua chinesa.

Durante a Quaresma, confessam todos os dias 4 ou 5 padres na igreja e outros na portaria.

Fala-se já na Procissão da Ressurreição que decorre com muita solenidade e devoção (f.o 4).

Como no ano de 1603 ficaram concluídas as obras interiores do novo projecto da Igreja da Madre de Deus, dá-se a notícia da transferência do SS. Sacramento, em procissão de muita solenidade,

"... de hua pequena capela em que entretanto rezavamos vesperas de Natal, dizendo o P. Vizitador a derradeira missa na igreja velha e a primeira na nova. Foram nesta procissão cinco charolas de relíquias e imagens que temos no Coll.o acompanhadas de muitas tochas, muzica, danças, passando pellas principaes ruas vezinhas do Collegio que estavam bem armadas, disparando cinco Naos que estavam no porto, a vista da procissão muita artelharia, acudindo a este acto tão solemne toda a cidade que não cabia a gente pollas ruas, toda alegre por ver acabada esta igreja que tanto se dezejava. A noite de Natal ouve varias invenções de fogo, Matinas e Missa cantada que foy a primeyra" (f.o 5).

Nos anos seguintes (1607,4 16ll5 e 16166) insiste-se nas muitíssimas confissões por ocasião dos 5 Jubileus, na intensificação dos trabalhos por ocasião do Natal, Quaresma e Páscoa e pela Ressurreição na procissão com danças de meninos e "invenções de fogo".

Encontramos a primeira referência aos turnos de Exercícios Espirituais de S. Inácio em 1611 (f.o 44v) e em 1616 a primeira referência às actividades da Congregação da Anunciada dos Estudantes, às Confrarias do Povo e aos Exercícios da Santa Doutrina (pregações catequéticas em linguagem muito acessível e com métodos muito populares) feitos em vários pontos da cidade, especialmente nos hospitais e nas cadeias (f.o 98-98v). A pedido dos governantes da cidade sobre o que se havia de fazer contra os ataques dos holandeses os padres do Colégio aconselham sobretudo os meios espirituais, desencadeando-se assim um grande movimento de orações, pregações, procissões, etc... (f.o 99).

Em 1619,7 os moradores dão um grande incremento aos Exercícios Espirituais,

"... aterrorizados cõ o apareamento de dois cometas... e cô os frequentes e extraordinarios terramotos, recolhendo-se em retiro cincoenta e seis pessoas graves, nos cubiculos do Collegio..." (f.o 165-165v).

Por causa das perseguições no Japão e na China, os habitantes do Colégio atingem os 86 (47 sacerdotes e 39 irmãos, apesar de só haver lugar para 20): o que vem facilitar o atendimento de tantos que vêm bater à porta do Colégio (f.o 161).

Em 1621,8 ocorrem as estrondosas festas em honra da Beatificação de Xavier, que fora já proclamada em Roma, a 25 de Outubro de 1619. A relíquia de um dos braços do Apóstolo é oferecida à Província do Japão e instalada no Colégio. No terreno pertencente à igreja

"... levanta-se hum fermozo estudante com a imagem do santo e organiza-se uma enorme procissão com figuras alegoricas e representaçõens catequéticas" (f.os 279v-281).

Na Ânua de 1622,9 além dos ministérios costumados, fala-se no baptismo de 33 "dos naturais da terra" (f.o 351 v).

Em 1627,10 os moradores vivem em penúria extrema por causa dos holandeses.

"A cidade que durante 70 anos não precisou de muralha nem de artelharia, desde 1620 vive em constante sobressalto (f.o 434). Nesta situação aumentam as confissões, pregações, doutrinas e Exercícios Espirituais" (f.o 435).

Ocorre pela primeira vez a referência à novena da Ascensão até à festa do Espírito Santo (f.o 437).

Na Ânua de 1644,11 pela primeira vez se fala de tantas Confrarias: a do Espírito Santo, mais 6 do Povo e a já conhecida, dos Estudantes, que tem agora a sua capela própria (f.o 146v).

Em 1650,12 além dos serviços ordinários, há a sublinhar a intensificação das "Doutrinas"

"... duas vezes na semana em dous bazares ou praças públicas da cidade, com acompanhamento dos Estudantes e dos meninos da Escolla ou outros meninos da cidade que se fazem cantando, atraindo muita gente" (f.o 3).

Outra novidade é a introdução de práticas aos soldados, na Fortaleza principal da Cidade e

"... o Jubileu de Comunhão Geral todos os meses na nossa igreja e a introdução dos chamados Exercícios Apostólicos para clérigos e cidadãos graves... em hua capela em que gastam hua hora de meditação, oração mensal e pregação às sextas feiras" (f.os 3-4v).

No ano seguinte, em 1651,13 a prática das Doutrinas dialogadas e cantadas pelos Estudantes e pelos meninos nas praças públicas teve concurso e fruto nunca vistos (f.os18v-19). Por causa dos tufões e das tempestades que iam destruindo a cidade, intensificou-se o fervor ao Santo Xavier, com festas, procissões e representações teatrais (f.o 19).

No ano de 1654,14 foram de particular proveito para os moradores a celebração dos Jubileus, a devoção das 40 Horas, a festa dos Mártires do Japão, a Novena do Espírito Santo e os Funerais dos nossos Gerais Carafa e Piccolomini (f.os 380-381).

A Ânua de 165515 sublinha a extraordinária actividade do "Pay dos Christãos" que tem especial cuidado pelos catecúmenos e pelos mais abandonados. O primitivo Catecumenato, que foi construído por volta de 1580 e esteve a cargo do P.e Ricci, tem agora o nome de Igreja de Nossa Senhora do Amparo e foi construído em 1634 pelo P.e André Palmeiro. "Quase nos fica de portas adentro onde acodem continuamente todo o género de necessitados..." (f.o 434-434v).

Na Ânua de 1659-1660,16 insiste-se, de novo, nos trabalhos do "Pay dos Christãos": 200 baptismos de gentios, a assistência aos doentes e presos no espiritual e no temporal (f.o 726v).

A partir de 1668,17 e já a partir de anos anteriores, o tom das Cartas Ânuas torna-se cada vez mais lúgubre:

"... continua o tempestuoso mar de tribulações e de tristezas dos anos anteriores" (f.o 118v).

A cidade encontra-se na maior pobreza e aflição, por falta do comércio com as nações vizinhas e por causa do cerco dos chineses. A cidade, exausta da prata que possuía, via-se agora em trabalhos para organizar a expedição do Embaixador do Rei de Portugal ao Imperador (f.o 119v). Nesta aflitiva situação os moradores voltam-se para Xavier: exposição do seu braço, novenas...

A Ânua de 167118 (a 1.a em latim em Jesuítas na Ásia) revela o Colégio a braços com nova aflição: a diminuição dos operários, apesar do retorno de muitos que trabalhavam em regiões onde grassava agora a perseguição.

A de 169119 explica a razão por que passou tanto tempo sem Cartas Ânuas (20 anos a julgar pelos códices da Ajuda): as tribulações e as calamidades por que têm passado a cidade e as missões que dela dependem. E comenta:

"Sendo esta Provincia pelas muitas missoens que tem a que mais necessita de sogeitos, he neste tempo a mais destituida delles que a Companhia tem no Oriente, porque o numero dos que servem não excede o de quarenta e hun... Assim se deixaram no Colégio varias funssoens no ministerio de pregar etc... Neste desamparo... só hua consolaçam tem a nossa magoa que he ter cauza para nos queixarmos com Christo... de que he grande a seara e poucos os operarios nela..." (f.o 69v).

A Ânua de 169220 insiste nas imensas necessidades do Colégio para acudir a toda a cidade:

"He o Collegio de Macau hum dos menores da Companhia no numero de sogeitos, sendo que excede aos mayores no trabalho e ministerios porque delle se pode dizer que compreende todos e sobre si tem o pezo de toda a cidade que continuamente o frequenta e a elle concorre..." (f.o 97).

E dá números concretos: há apenas 27 moradores ─ 11 sacerdotes, 4 estudantes, 11 irmãos coadjutores e um único irmão Noviço (f.o 97).

Em 1695,21 há indícios de saída de uma certa letargia, na actividade das 3 Confrarias: de S. Francisco Xavier, dos Estudantes e a do SS. Nome de Jesus, na intensificação das pregações, das Doutrinas e sobretudo com as festas de S. Francisco Xavier e de S. Inácio (f.os 158v-159).

Em 1727,22 há no Colégio uma nítida subida no número de operários. São agora 40 sacerdotes, incluindo os ausentes nas missões, os velhinhos e os achacados. Mas a grande dificuldade continua a ser a exiguidade das rendas de que dispõe o Colégio. É por esta razão que os Procuradores não se atrevem a fazer vir mais pessoal da Europa.

A última Ânua, existente na Ajuda, que fala do Colégio de S. Paulo, parece ser a de 1731 e é em latim.23 Em toda a Província são 58, dos quais 34 sacerdotes; mas no Colégio trabalham apenas 8 sacerdotes de saúde medíocre, dedicando-se o mais que podem às costumadas pregações, confissões e "doutrinas". Pela primeira vez, encontramos uma referência aos Associados do SS. Coração de Jesus, com as suas reuniões e pregações mensais. O Padre Provincial, José Anselmo, organiza, com muito fruto, na nossa igreja, os "Comentários sobre S. Inácio" (f.os 77-78).

Naufrágio do Navio de São Francisco Xavier na Viagem para a China. André Reinoso. Óleo sobre tela, 104 x 58 cm, 1619. Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Museu de São Roque. "Oceanos", Lisboa, (12) Nov. 1992, p. [68]

2. INSTRUÇÃO E EDUCAÇÃO

As Actas da Congregação Provincial de 165424 abrem, no 3.o parágrafo, com estas palavras:

"Macaense Collegium si parva magnis licet componere speciem quandam prae se fert Maximi omnium atque primarii Societatis Nostrae Collegii, Romanum dico, quod exteros qui de natione omni que sub coelo est illuc iugiter confluunt patria charitae complectiture, videre nanque saepius est in hoc Japponiae Provinciae Collegio non Lusitanos duntaxat sed Italos etiam per plures, Gallos item et Belgas, Allobroges, Germanos, Helvetios, Polonos" (f.o 339).

Não há dúvida de que o Colégio de S. Paulo de Macau chegou a ser um dos de maior categoria da Companhia. A escola de ler e escrever data já de 1572. Em 1584, eram mais de 200 os que frequentavam esta escola, ensinando-se também contas e música; e os que frequentavam as aulas de Gramática eram à volta de 12.25 Em 1593, a Câmara de Macau deferia o pedido de 200 taéis para a construção do novo Colégio e os moradores de Macau de tal modo se deixaram contagiar que tudo foi levado a cabo "sem se gastar a conta do Japão e da Companhia hum real".26 Só nas obras da varanda nova até à enfermaria foram dispendidos 10.000 taéis.27 E o Colégio foi inaugurado a 1 de Dezembro de 1594 e com um novo plano de estudos: Teologia Especulativa, Moral e Curso de Artes com categoria universitária.

A Ânua de 160328 diz com evidente satisfação:

"Dia das Onze mil Virgens se defenderam huas conclusões geraes de theologia na nossa igreja e se teve hua oração em louvor das Sciencias, tudo com satisfação dos circunstantes achando-se prezente o Capitão Mor desta Cidade e Governador deste Bispado, com outros religiozos de S. Domingos, S. Agostinho e S. Francisco...; e tão bem no cabo do segundo anno huas conclusoens gerais de philozofia as quaes defendeo hum Irmão de Caza com outro estudante de fora com muita satisfação dos Religiozos que a ellas se acharão... (f." 4v). No principio deste anno de 1604 se reprezentou hua tragicomedia... da Vida de S. Paulo, primeiro ermitão... em cada dia durou-se mais de cinco horas... pera alegrar os moradores desta cidade, pellas grandes perdas que se tiveram por cauza dos Olandezes que tomarão nestas partes naves de importância e muito ricas..." (f.o 4v).

Em 1607,29 faz-se novamente referência ao bom número de estudantes e às disputas de teologia no Dia das Onze Mil Virgens "com muita satisfação e concurso" (f.o 79v).

Nas Ânuas seguintes de 160830 e 1611,31 nova alusão "ao fruto nos estudos nos de Caza e nos de fora" e às disputas no dia costumado. A de 1611 fala de uma novidade pedagógico-pastoral: representações em português no fim de uma procissão

"... cujo argumento foi as lágrimas de S. Pedro... Comverteram-se seis chinas gentios e receberam o sagrado bautismo em nossa Caza..." (f.o 45).

E a de 161632 alude à "representação de uma obra... em louvor da Virgem Nossa Senhora, a cargo dos estudantes da Congregação da Anunciada "muito devota e com muita aceitação de toda a cidade" (f.o 98).

A de 162033 dá grande relevo às festas dos Congregados de Nossa Senhora da Anunciada, por ocasião da "Bula de Eleição", que o Geral da Companhia lhes enviou:

"No dia 25 de Março houve missa cantada e pregação e hua solemne procissão... No couce da procissão... hião debaixo de hum palleo de gracioza tella o P. Vizitador cõ hum cabello da Virgem N.a S.a em hua custoza custodia acompanhando a procissão o Senhor Bispo do Jappão, D. Diogo Valente... Festejaram tão bem algus dias mais depois cõ varias invenções de fogos, folias, danças... Patricios seos que se lhes ajuntaram trajados lustrosamente cõ cavalos mui bem ageazatos... Tanto estimaram esta incorporação na Prima Primaria de Roma que arvararão hua fermoza bandeira de tafetá branco cõ hua devota imagem da Anunciação pintada no meio, a qual bandeira elles trouxerão desde a Caza do Prefeito do anno atras por toda a cidade athe o Collegio, vindo todos a cavallo acompanhados de tambores e pifaros avento tão bem à noite fogas... com que cauzarão admiração em muitos por verem moços de tam pouca idade fazerem semelhantes couzas" (f.o 176-176v).

A de 164434 assinala o bom funcionamento da escola de ler, escrever, contar e de música, das duas classes de Latim, das lições de Moral, Teologia e Filosofia, sublinhando que são os meninos da Escola, estudantes e colegiais do Seminário (o de S. Inácio, fundado para o clero japonês pelo P.e Francisco Pacheco, em 1623) que têm à sua conta as "doutrinas" dos Domingos, em vários pontos da Cidade (f.o 145).

Mas a de 1650,35 referindo-se a este Semanário "para o qual deixou certo clérigo jappão doze mil taéis de cabedal, para cõ elles e cõ seos ganhos se criare doze Meninos Jappões, que aprendendo tudo o necessario para se ordenarem sacerdotes" (f.o 3), sublinha as dificuldades por que vai passando:

"Cõ a quebra do commercio daquelle Reino se foi gastando o cabedal na sustentação ordinária de modo que fica sendo ja muito pouco e não se poderá sustentar o numero sobreditto se não se abrir outra vez o commercio" (f.o 3v).

Em 1652,36 lamenta-se a notável diminuição de estudantes por causa da guerra.

"Espera-se que daqui pouco tempo floreção mais nos Estudos com fundação desse Collegio que o Serenissimo Rey D. João o 4.o de Portugal tem tomado a sua conta, dando-lhe trez mil cruzados de renda; e ja o P. Antonio Cardim que foy Procurador a Roma trouxe provisão para mil..." (f.o 196).

Na Ânua de 1654,37 vem um trecho saboroso sobre os meninos da escola de ler e escrever:

"Os Meninos da Escolla, na qual alem dos bons costumes, se lhes ensina a ler, escrever, ajudar a missa, cantar e arithmetica, andão muito destros na pergunta da Santa Doutrina, os quaes respondem cõ viveza, tendo os Capitulos da cartilha muito na memoria, para os repetir, ouvem missa na nossa igreja, à qual assiste seo Mestre; que tudo he necessario naquella idade, estão nella em filleira para escuzar travessuras, que nem alli lhes faltão; e o que não traz contas pedidas por quem disso faz o rol, leva seo castigo imposto nas Regras da Escolla, que são muitas; e para os acostumar a saberem quem hão de chamar em suas affliçoens o que estando de castigo detraz da cortina que para isso está posta, chama por JESUS MARIA JOSÉ. Manda o Estatuto da Escolla lhe perdoem trez açoutes do numero que lhe estava determinado. Perguntou hum delles na Confissão mais por travesso que por escrupuloso, se era pecado não perdoar nove aos que chamavão trez vezes tam Santissimos Nomes! O Padre lhe respondeo cõ Cartilha = Doutores tem a S. Madre Igreja que vos podem responder a vossa duvida" (f.o 392-392v).

A de 1691,38 depois de explicar a razão por que faltaram tantas Cartas Ânuas durante tantos anos (por causa das tribulações e calamidades), acrescenta: este Colégio é um Seminário de Missionários "que não os cria, por não ter estudos, nem rendas, nem comodidades para isso" (f.o 69). Haveria já falta de professores e falta de alunos. Embora o não diga claramente, deixa subentender que já não há lições de Teologia, Moral e Filosofia. O professor da Escola é um Irmão Coadjutor. Como já não há alunos suficientes para preencher os doze para o Seminário de S. Inácio, admitem-se "meninos chinas, tunkins e outros cochinchinas" (f.o 69v). Todo o trabalho do Colégio recai sobre o Reitor, Prefeito e Irmão.

A Ânua de 169539 já menciona a presença de 11 sacerdotes, 4 noviços e apenas 9 colegiais no Seminário. A pedido do Bispo de Macau, conseguem reintroduzir as lições de Teologia Moral, para os clérigos da Diocese (f.o 158).

Em 1731,40 verifica-se uma subida substancial na Província, mas no Colégio faz-se apenas menção de 3 sacerdotes em Teologia e de outros 3 em Letras Humanas. A Escola elementar funciona com 170 crianças.

3. ACÇÃO CARITATIVA E SOCIAL DO COLÉGIO DE SÃO PAULO

Nas Ânuas (Jesuítas na Ásia) fala-se constantemente das visitas dos padres ao Hospital e ao Hospício de S. Lázaro. D. Melchior Carneiro, de passagem por Macau em 1568, funda em 1569 o primeiro hospital de Macau para cristãos e pagãos e, ao mesmo tempo, a Irmandade da Misericórdia. No hospital havia uma parte reservada aos leprosos que, mais tarde, deu origem ao Hospital de S. Lázaro, fora dos muros da cidade, com capela anexa que hoje é a capela paroquial de S. Lázaro, dedicada a Nossa Senhora da Esperança.

A Ânua de 160341 fala de um ministério que foi das primeiras preocupações pastorais de S. Inácio em Roma, seguido depois pelos Jesuítas em muitas cidades, sobretudo da Europa.

"Por meyo dos nossos se recolheram algumas donzelas pobres em cazas honradas... athe se lhe averem algumas esmolas para se poderem cazar..." (f.o 4).

Em 1607:42

"Cõ a vinda de 6 Naos, que a este porto chegarão da India vierão nellas muitos soldados doentes, de que se encheo o Hospital. Acudirão logo os nossos..., consolando-os e ajudando-os a bem morrer, mas aos corpos servindo-os em tudo, pedindo pelas portas..., para os curarem e acudindo a muitos cõ esmolas" (f.o 78v).

Em 1616,43 vemos os estudantes da Congregação "levarem de comer aos lázaros,indo cõ as panelas e tachos às costas, couza pouco vista nesta terra" (f.o 98).

A Ânua de 161944 refere-se com muito carinho aos presos, lázaros e doentes do hospital a quem o Colégio acudia no espiritual e no temporal. "Aos prezos... levou o P. Reitor... cõ algus Padres e Irmãos... hua boa esmola; do que os de fora se edificarão muito" (f.os 165v-166).

Em 1620,45 deram à costa, em consequência de naufrágio, vários soldados holandeses e ingleses:

"Foram logo providos em suas necessidades com tanta satisfação sua que dizem abertamente não terem de que se valham senão dos Padres deste Collegio" (f.o 175v).

E é feita nova referência à Congregação da Anunciada dos Estudantes, como se fossem noviços, na sua dedicação aos enfermos, lázaros e encarcerados do "tronco" (f.o 176).

A Ânua de 162146 detém-se novamente em descrever pormenorizadamente as visitas dos do Colégio ao hospital, aos lázaros e ao "tronco":

"O Padre é tão solicito em lhes acudir nas suas necessidades temporaes que athe os panos para as suas chagas lhes anda pedindo de esmola pelas ruas, de porta em porta" (f.o 278).

Em 1622,47 descreve o ataque à cidade de 4 navios holandeses e de mais 7 navios ingleses que se lhes juntaram:

"Os nossos vieram para as embarcaçõens para confessarem e animarem aos que pelejassem e acudirem e ajudarem e consolarem a todos. Os mais, Padres e Irmãos, que por rezão ou de idade ou de indisposição não sairão, ficarão bem ocupados em Caza cõ as confissõens naquelles dous dias que ouve na chegada do inimigo..." (f.o 356).

De novo em 1627,48 o acento é posto na assistência social aos presos e aos lázaros: "Os mais prontos são os Superiores e os mais velhos... Vão tão bem os estudantes e os da Congregação da Senhora acompanhados de alguns Padres e Irmãos..." (f.o 437-437v). "Vários Padres mais velhos e de mais authoridade sahem cõ saco às costas a pedir para o hospital e para acudir às muitas necessidades" (f.o 437v). Este ano foi de muitas doenças nesta cidade em que morreram muitos, sobretudo chineses gentios. "Acudiu o P. Pay dos Christãos por meio de alguns christãos fervorozos, os quaes buscavam os doentes..." (f. o440). Nesta situação a Botica do Colégio era de extraordinária utilidade:

"Com os enfermos se despendeo largamente a Botica, à qual por ser unica na terra, e bem provida, recorrem não menos pobres e miseraveis que ricos e poderosos" (f.o 145).49

A de 164850 descreve os anos de grande carestia e de muitas epidemias:

"Neste comenos que as miserias e pobreza, cõ a carestia das couzas hia fazendo estrago em todos geralmente, pareceu aos nossos Superiores era ocasião de a não perdermos em serviço das almas..., fazendo-se abstinencia athe no posto ordinario em o nosso refeitorio para melhor se poder satisfazer a fome de tantos pobres. Em nossa portaria por vezes erão mais de mil e quinhentos pobres entre homes e molheres" (f.o 588v).

A distribuição aos pobres fez-se na portaria do Colégio, desde a primeira semana da Páscoa até 30 de Julho, "em que se acabou assim por serem mortos os mais dos pobres necessitados, como por ter entrado de fora muito arroz e posto em preço mais moderado" (f.o 589). Vêm depois duas páginas que descrevem o modo engenhoso empregado para se distribuir a comida aos pobres, chegando a ver-se na necessidade de passar da portaria para a escadaria da igreja.

"A ordem no reppartir he muito para se saber, porque cada dia sahiamos com nova traça para evitar passos e atalhar a que muitos não comecem muitas vezes a ração que escaladamente chegava..., os punhamos cõ filleiras na escada que sobe para nossa igreja tam larga, fermoza e capaz que recebiam 5 ordens cõ distancia de hua a outra bastante para dous Padres acorrerem cada hum pola sua; mas por serem poucos acrescentavam-se outros que chegavão a quatro e cinco a reppartir, outros tantos em ordenar e compor as filleiras de alto a baixo; outros em vigiar que se nam alevantassem da ordem... Todos tinhamos assaz que fazer..." (f.o 589).

Fachada da Igreja da Madre de Deus ou de São Paulo, pormenor: molho de trigo (extremidade da 4.a fileira, à direita) a representar a glorificação de Jesus Cristo. Xie Ronghan: fotografia, 1991.

Mas como este estratagema não resultou, tiveram de abrir as três portas principais, para obrigar a passar um a um, evitando o tropel. "De certo que foi esta Caza hua despensa de todos os pobres desta terra das couzas comestiveis, e athe na roupa que muito se dava liberalmente quanto a Deos agradecem tantas finezas de caridade, materia he, sem duvida, quanto os homes estimassem podemos bem testificar..." (f.o 589v). "O número dos que morreram nestes mezes passa de 3 mil; muito consideravel para hua cidade que não he grande e tem só 3 freguesias. E porque não fique sem louvor a charidade de seos moradores em especial da Santa Caza da Mizericordia... he que deixo eu que alem do Hospital dos Lázaros que ella sustenta cõ esmolas dadas por seos Irmãos..." (f.o 590).

A Ânua da China de 165151 faz eco das invasões da região de Cantão pelos Tártaros e da conquista desta cidade pela dinastia dos Manchus no ano seguinte. A fome levou milhares de refugiados a acolherem-se em Macau.

"Tantos que se contão os mortos neste tempo de fome perto de cinco mil só nesta pequena cidade de Macao, que sera em toda a Provincia de Cantão? (f.o 100).

Quantas vezes os filhos de Macao se virão chorar assentados sobre os rios, ribeiros da cidade mais lagrimas que não choraram os cativos de Israel sobre os Rios de Babylonia. Ja não se ouvião pela cidade cantigas; cessarão os muzicos; todos suspenderão suas armas, violas e pandeiros; e pelo alegre som, e armonias e cantigas succederão os tristes ays de crianças que pedião pão e não se achava quem lho partisse; tudo eram tristes suspiros de pays e mãys, que não achavão remedio para sy e para seos filhos. Os pobres, que hião bradando pelas ruas particularmente a hora de jantar e cea, davão vozes tam lastimosas que parecia gente que estava em hum terrivel e cruel tormento. As mais das noites erão tantos os brados lastimozos que diante de nossas portas davão os pobres, particularmente quando hiamos ter oração no coro, que nos obrigavão a deixar tuda para lhes acudir..." (f.o 107).

Diante da nossa igreja, dava-se esmola contínua a mais de 1.000 pessoas. "Era para ver chorar hum esquadrão de pobres nas grades de S. Paulo, de hua parte molheres e de outra homes que em cinco grandes filleiras se estendião da porta da igreja athe o beco do Seminário; e como a gente era muita e mais a fome, erão tantos os enganos de quem tomavão mais vezes as esmolas tirando-as aos outros, que se mudarão muitas formas e muitas traças ou ordens e nunca se acertou... Muitos Senhores derão prata a seos confessores para que dessem esmolas às pessoas mais graves... Tanto que foi a fama constante que se não forão as esmolas de S. Paulo houvera de morrer meia cidade" (f.os 108v-109).

A de 165452 continua a descrever esta situação de fome que se vivia em Macau, por causa das constantes guerras dos Tártaros. "... da China sahirão mais de sete mil crianças a vender aqui por annos de serviço aos Portugueses, que as criam como filhos..." (f.o 381v). Para socorrer a Comunidade do Colégio e a cidade, por causa dos tempos de terrível carestia adquiriram os Superiores as fazendas da ilha Verde e do Oitém, em que se construiu uma capela (f.o 384v).

"Hua das obras de grande charidade que este Collegio usa nesta terra não só cõ os pobres e mesquinhos, mas com todas as Religiõens e hospital que a S. Caza da Mizericordia aqui tem, he a liberalidade da Botica" (f.o 381).

A mesma Ânua resume a actividade do Colégio neste pequeno trecho, digno de figurar numa antologia: "As mayores obras de mizericordia que este Collegio usa nesta terra cõ os próximos são desocuparem-se os Padres de tudo para que a todos diffirão no que todos os quiserem occupar: a huns pedem os malcativos a liberdade para serem confessores de quem lhes faz a justiça; a outros entregão pleitos o agenciar suas cauzas...; os orfãos buscão amparo; os pobres pedem esmola..." (f.o 385).

Em 1655,53 continua a aflitiva situação da cidade e da Comunidade do Colégio:

"No exercicio da piedade he este Collegio hua officina de toda a charidade, acodindo aos enfermos no hospital, visitando muitas vezes aos encarcerados, consolando aos affligidos, tratando suas cauzas como proprias... (130v). A portaria communmente esta aberta para receber petiçõens de pobres, hum pedindo esmola, outros mezinhas para suas enfermidades, porque a Botica deste Collegio sempre está prevenida para socorrer no primeiro lugar os pobres..." (f.o 431).

A Ânua de 1668,54 depois de uma longa descrição do mar de tribulações em que continua a viver a cidade, remata: "... reconhecida esta cidade, que duas vezes os Magistrados vierão a este Collegio render graças aos Superiores delle, affirmando ainda por escrito55 que a conservação de Macao se devia abaixo de Deos aos Padres da Companhia que tanto se desvellarão em procurar o bem da cidade..." (f.o 122v).

4. SOCORRO PRESTADO À INDEPENDÊNCIA POLÍTICA E COMERCIAL DE MACAU

Segundo a Ânua de 1621,56 quando os holandeses vinham sobre a cidade e os moradores começavam a tratar de se fortalecer "erão os Padres da Companhia, e estes com perigo de suas vidas que lhes forão a Manilla pedir ao Governador della os quizesse socorrer cõ artelharia que lhes faltava para se defenderem, e daqui nacia dizerem todos que os da Companhia erão Pays e que avia de ser desta terra se estes lhes faltassem!" (f.o 278).

E em 1622,57 quando do ataque decisivo dos holandeses, informa a respectiva Anua:

"Que he tanta a confiança que esta cidade tem do bom nome da Companhia que vendo que o inimigo pretendia accometer a Cidade acharão que como havião de desamparar suas cazas para abrigo, em nenhuma parte ficavâo mais seguras suas riquezas que no Collegio da ditta Companhia, e assim as recolherão nelle e que polo mesmo conceito e confiança que delles tem se recolherão em sua Igreja e corredores ao tempo da batalha as principaes molheres, donde se não sahirão athe à vitoria ser alcançada.

Tem mais que os mesmos Regiliozos andavão no Campo cõ os seos moços pelejando cõ os inimigos, que os Padres da Companhia de Jesus despois da batalha recolherão muitos a sua enfermaria os feridos onde os curarão cõ tanta delegencia e caridade, que nenhum destes morreo" (f.o 72v).

Esta mesma Ânua, a f.os 356-357, descreve em pormenor o ataque dos holandeses e a vitória dos macaenses.58 E no ano seguinte dirigem esta mesma informação pormenorizada do que fizeram os do Colégio na defesa da cidade e depois de alcançada a vitória, provavelmente ao Vice-rei de Portugal ("Illustrissimo Senhor..."?).59

"E nas obras que depois da victoria intentamos logo fazer para nos fortificarmos contra tão poderozos inimigos, os que so nos ajudaram forão estes Padres da Companhia, porque a barra deste porto fizerão a nossa petição, (e dando nós o gasto para isto), hua força de muita importância que asegura o porto todo, indo elles em pessoas trabalhar nella. E dentro na cidade nos derão hum sitio seo dando a cerca do seo Collegio que he o monte que se chama de S. Paulo, mui acomodado para nelle se fazer, como em grande parte temos feito, hum tone muy necessario para hua retirada, e defenção desta cidade. Mas por este monte sede da Igreja declararão que so concediam o uzo delle livremente para o tempo da guerra, e que fora desse tempo não assistirião nelle soldados nem capitão, por se devação delle todo o Collegio de maneira que não podem os Religiozos delle sahir de suas celas a seo serviço sem grande molestia por serem vistos.

Nesta concessão que graciozamente nos fizerão na comformidade cõ que temos dito, cõ perda e aperto e molestia do seo Collegio ouvimos que nestes Religiozos fizerão a esta cidade e em particular a Sua Magestade... hum grande serviço, desta concessão fizemos hua escritura publica..." (f.os 74v-75).

A Ânua do ano seguinte, de 1623,60 traz uma Certidão, dirigida a El-Rei, com a assinatura dos Vereadores da Câmara de Macau e "o selo real que nesta cidade serve" em que testemunham tudo o que o Colégio de S. Paulo fez para poderem obter a vitória decisiva de 1622.

Neste mesmo ano de 1623 vem outra Certidão passada pela Câmara de Macau, em favor do Colégio, acerca de "hum junco dos Jappoens".61 Contra a proibição das autoridades da cidade, um junco japonês ter-se-ia aproximado da barra e como vinha de Firando, onde os holandeses tinham uma feitoria, recearam os moradores de Macau que se tratasse de alguma traição sob a capa de amizade. Antes que os holandeses lançassem a sua gente em terra, a Câmara reuniu-se para decidir sobre a melhor resolução a tomar. Uma vez que estavam esperando pelo inimigo holandês, resolveram que não se deixasse chegar o junco ao porto nem desembarcarem. O junco não só não respeitou a ordem, mas ─ apesar dos moradores terem disparado as suas peças em sinal de aviso ─ continuou a avançar. Logo chamaram o Capitão de Guerra, D. Fernando da Silva e os Melhores do povo, com os quais se decidiu que, se o junco não quisesse sair do porto, fosse imediatamente afundado. Vendo tudo isto que se passava, os padres da Companhia, experimentados como eram "em couzas do Jappao", aconselharam o caminho da prudência. Eles mesmos foram sossegar os japoneses do junco e conseguiram que eles saíssem do porto. Como vinham trocar a prata deles pela seda de Macau, mas por preços exorbitantes que eles sempre impunham, obtiveram deles um bom contrato de que ficou a beneficiar a cidade. O lucro serviu para continuar imediatamente as obras de fortificação contra os holandeses. E, finalmente, conseguiram dos japoneses que não dariam ajuda aos holandeses contra os portugueses. E termina a Certidão com as seguintes palavras:

"... para que se saiba o muito que ella deve a tam Santa Religião e o grande proveito que cauza sua estada nesta terra para bem da ditta cidade e do Estado e o muito que os Padres fazem por sua quietação e conservação e augmento, em grande proveito de Sua Magestade, para sua lembrança e para que em toda a parte conste, lhes mandamos passar esta assinada e sellada com o sello desta cidade jurando pelo juramento de nossos cargos" (f.o 121).

Logo em 1624,62 segue outra Certidão da Câmara de Macau sobre a ajuda dos padres do Colégio nas graves desavenças entre a Cidade e o Capitão Geral, D. Francisco Mascarenhas: "... acudindo elles a aquietar a gente que estava revoltada... e persuadindo-lhe concordia e unção..., em tudo foi de muito effeito a delegencia que os dittos Padres puzerão para acabarem as dittas revoltas e diffierenças..." (f.o 121v).

Em 1626 ou 1627, 63 achamos uma informação, dirigida directamente ao Rei pela própria Câmara, sobre os variadíssimos serviços que a Companhia de Jesus "presta à Cidade de Macao e a Sua Magestade", entre outros no que se refere aos desentendimentos com os chineses:

"Nas contendas que muitas vezes temos cõ os chinas, elles (os Padres) nos acodem com conselho e dão Padres que vão connosco aos Magistrados e assim nas devaças passadas dos muros, em que a cidade esteve de cerco tres meses por mar e por terra, com as armadas dos chinas e cõ evidente prejuizo de nos perdermos à fome e cerco, foi connosco hum Padre a Cantão, e diante do Vice-rey e Magistrados, por escrito e de palavra nos defenderão, e fora o principal meyo para virmos ao conserto, e não perder menos de todo, e por este tempo estar com muita falta de mantimentos, os Padres cõ a sua industria nos ajudavão grandemente..." (f. 269-269v).

Por accusações que houve na Corte de Pekim os annos atras contra esta cidade, mandava o Rey e seo Conselho que nos botassem da terra fora, porem os Padres que na ditta Corte estão, cõ sua industria e ajuda dos Magistrados e letrados christãos derão taes rezoens que o Rey e seo Conselho se aquietarão..." (f.o 269v).

A Ânua de 164464 descreve a autêntica guerra que ocorreu entre o Governo da cidade e o Capitão Geral da Praça, relativa à eleição do novo Governo. Nem de dia nem de noite parava a artilharia de um lado e doutro. "A não parar a contenda ameaçava ruina total a esta republica" (f.o 147). Depois de muitas diligências, decidiu o Pe Vice-provincial organizar uma procissão com o SS. Sacramento, por todas as ruas de Macau. Uma vivíssima descrição da Ânua resume a conclusão: "Chegou este acompanhamento a vista do forte. Sahe delle o Capitão Geral, chega junto do palleo, lança-se de joelhos... Repicarão os sinos do Colégio logo que se deo avizo do sucesso. Entra para o forte o P. Vice-provincial cõ a custodia já coberta nas mãos em procissão, levando junto a sy o Capitão Geral à Capella...; poem nella o Senhor, canta-se o Te Deum Laudamus..." (f.o 148v).

A mesma Ânua, a f.os 148v-149, faz o historial de como o Colégio ajudou a estreitar a amizade da cidade de Macau com os Mandarins de Cantão: "Vendo-se em apertos os Mandarins de Cantão, cidade da China a mais vizinha, cõ novas de levantados cõ o Reino nas Provincias do Norte, obrigou-os o temor a se valerem da vizinhança e armas desta cidade por meyo dos Nossos da Companhia, os quaes acabarão cõ o Capitão Geral desta Praça que lhes desse, como deo, hum bombardeiro dos melhores que nella se achavão e hua peça de artelharia de 16 libras em Nome de El-Rey Nosso Senhor D. João o Quarto. Houve de hir cõ ella a Cantão hum deste Collegio, o P. Felippe Marinho para a entregar aos Mandarins. Fizerão-lhe os que o erão naquella cidade grandes honras em agradecimento. Despacharão chapas para este Collegio em que nos honravão e mandavão se nos desse logo nas terras de El-Rey da China lugar para sepultura do P. João Roiz..." (f.o 148v).

A Ânua da Vice-província da China de 165765 relata como o P.e Gabriel de Magalhães trouxe de Pequim a notícia de que, apesar dos esforços dos holandeses para obterem do Imperador o monopólio comercial com Cantão, Macau conseguiu manter esse monopólio. Podemos resumir os acontecimentos do modo seguinte:66 uma Embaixada holandesa parte de Batávia a 14 de Junho de 1655, com ricos presentes, para obter do Imperador da China a liberdade de comércio com Cantão. Já tinham feito várias tentativas com os Ming. Agora reinavam os Manchus desde 1644. Informados em Batávia pelo P.e Martinho Martini, jesuíta não português, de que os Manchus tinham proclamado a liberdade de comércio com todos os estrangeiros, enviaram logo um representante a Cantão, para obterem o monopólio. Foi em vão. Foi-lhe dito que quem dava o direito de comércio era o Imperador e os holandeses não tinham enviado nem Cartas nem presentes ao Imperador. Daqui a ilusão de enviar em 1655 uma Embaixada a Pequim.

Mas tendo as autoridades em Cantão pedido 135 taéis, os holandeses enviaram imediatamente 3.500 taéis de prata: o que logo fez mudar de opinião as autoridades de Cantão, que logo escreveram nesse sentido ao Imperador, convidando os holandeses a deslocarem-se à corte de Pequim. Mas, antes mesmo de partirem de Batávia, na corte de Pequim, os jesuítas Gabriel de Magalhães e Luís Buglio receberam de Macau ordens para se oporem à tentativa dos holandeses, que lhes seria fornecida toda a prata necessária. Mas como a manobra da prata parecia não resultar, porque em Cantão os Mandarins eram favoráveis ao comércio com os holandeses por tudo o que já tinham oferecido, os jesuítas dirigiram-se ao P.e Adão Schall. Este tinha um enorme prestígio junto do Imperador. Pertencia, por isso, ao Tribunal dos Ritos, organismo a que cabia dirimir estas questões. Foi graças à finura e à inteligência do P.e Schall que o Imperador se opôs aos holandeses nesta questão do monopólio do comércio com Cantão. Mas é possível que, mesmo sem a intervenção destes jesuítas, o Imperador se tivesse oposto aos holandeses porque, a 6 de Agosto de 1655, publicava um decreto proibindo a quem quer que fosse de fazer comércio em pleno mar, para assim impedir a actividade dos piratas. Ora, tudo isto só vinha de facto confirmar as suspeitas que se tinham contra os holandeses.

Outra Certidão em forma, assinada pelo Senado de Macau a 10 de Julho de 1679,67 dirigida ao Provincial dos Jesuítas, diz, em resumo, o seguinte: "Agradecemos muito a V.a Paternidade e os mais Padres que assistem nesta missão de Pekim o muito que V. Paternidades trabalharão e fizerão em serviço de Sua Alteza e conservação desta muy nobre e leal cidade de Macao...; os Padres da Companhia ou são os primeiros ou não são os últimos em procurar cõ todo o zello e efficacia... a mayor gloria de Deos e de Seu Rey..." (f.o510).

A Ânua de 169268 informa que existiam alguns "mandarinetes" que privavam os moradores de Macau da prata, provocando grande pobreza na cidade. Os padres do Colégio teriam conseguido que o Aitão agisse sobre aqueles opressores e os fizesse sair da cidade. Teria ajudado muito na solução deste problema a chegada de Pequim do P.e António Tomás, enviado pelo próprio Imperador para receber o P.e Grimaldi (f.o 115).

Finalmente, convém ainda assinalar que, com a saída do jesuítas de Macau em 1762, com o vendaval pombalino, a Câmara de Macau adquiriu para si a ilha da Lapa e os Territórios de Oitém e de Hou-tin.

Depois dos tópicos esboçados nestas 4 partes deste trabalho, a partir apenas de citações dos códices da Biblioteca da Ajuda de Lisboa, creio que podemos concluir que os serviços prestados aos moradores de Macau pelo Colégio de S. Paulo, ao longo destes 400 anos, foram de uma importância capital para a própria sobrevivência de Macau, no plano religioso, educativo, assistencial, comercial e até político.

5. LISTA DOS TESTEMUNHOS ESCRITOS SOBRE OS SERVIÇOS PRESTADOS PELO COLÉGIO

5.1. Testemunhos e certidões passados pelo Leal Senado de Macau (ou pela Cidade como tal)

De 1616: simples Carta dirigida a El-Rei, testemunhando os valiosos serviços prestados do ponto de vista da instrução, pregação e conselhos, para manutenção do comércio.69

Fachada da Igreja da Madre de Deus ou de São Paulo, pormenor: instrumentos da Paixão que ladeiam o nicho central superior (4.a fileira). Xie Ronghan: fotografia,1991.

De 1617: Carta também endereçada ao Rei, mais ou menos com o mesmo conteúdo.70

De 1618: simples Certidão, em forma jurídica, insistindo sobretudo no facto de que o Colégio não tem fundação nem renda alguma.71

De 1620: simples Certidão "com sello das armas reaes", em forma jurídica. Mesmo conteúdo.72

De 1623: simples Carta dirigida ao "Illustrissimo Senhor..." (provavelmente o Vice-rei), sobre a ajuda prestada pelos padres na vitória sobre os holandeses em 1622.73

De 1623: simples Certidão, em forma jurídica, sobre todos os serviços em geral.74

De 1623: simples Certidão, em forma jurídica, acerca da ajuda prestada por ocasião do "junco Jappão" que pretendia entrar na cidade.75

De 1624: simples Certidão, em forma jurídica, "cõ o sello das armas de El-Rey nesta cidade", acerca da ajuda prestada por ocasião dos desentendimentos entre a Cidade e o Capitão Geral da Praça.76

De 1626: simples Informação, dirigida a El-Rei, sobre o conjunto de todos os serviços prestados a Deos, à Cidade e a Sua Magestade".77

De 1626: dos moradores da cidade de Macau a Sua Magestade a informar "sobre os serviços que nella prestam os padres da Companhia".78

De 1678: de um senador de Macau, escrevendo em nome de El-Rei D. Pedro II, ao próprio Senado, a informar que ele (Senado) deve agradecer a maneira como o nosso Embaixador foi recebido em Pequim como nenhum outro, graças aos padres da Companhia.79

De 1679: do mesmo Enviado do Senado a Pequim, ao P.e Provincial, a informar sobre tudo o que sucedeu em Pequim aos membros da Embaixada e para agradecer todas as ajudas recebidas dos padres da Companhia.80

De 1680: Carta de todo o Senado, enviada ao P.e Provincial, por ordem do Enviado a Pequim, para agradecer todas as ajudas dos padres da Companhia.81

De 1680: dirigida ao Provincial. Mesmo conteúdo da anterior. As assinaturas de alguns vereadores são diferentes da anterior. Datada de 6 de Dezembro de 1680.82

De 1680: como na precedente. Mesmos nomes dos vereadores. Mesma data que a anterior.83

De 1680: mesmo conteúdo. Datada de 12 de Novembro de 1680.84

De 1725: Certidão em defesa dos padres do Colégio contra acusações malévolas. Com o "selo ordinário do Senado". Datada de 9 de Outubro de 1725.85

5.2. Testemunhos de outras entidades de Macau

De 1624: do P.e António Mendes, Vigário da Igreja de S. Lourenço, testemunhando as ajudas pastorais prestadas pelos padres do Colégio. Forma jurídica.86

De 1624: do clero da China em Macau, em defesa dos padres do Colégio. Forma jurídica.87

De 1624: do ouvidor da Cidade, confirmando que foram os padres do Colégio que conseguiram a concórdia entre a Cidade e o Capitão Geral, Francisco Mascarenhas. Forma jurídica.88

De 1624: do Provedor e irmãos da Casa da Misericórdia, testemunhando sobre variadíssimos serviços prestados pelo Colégio à cidade. Forma jurídica.89

De 1624: Certidão em forma jurídica do Vigário da Igreja de S. António de Macau. Mesmo conteúdo, em termos diferentes.90

De 1624: idem, do P.e Adriano da Cunha, cura da Matriz. Mesmo conteúdo.91

De 1635: Certidão do Capitão Geral, Manuel da Câmara de Noronha. Pormenoriza os vários serviços prestados pelos padres.92

De 1643: Certidão em forma, "com o meu sello", do Capitão Geral Sebastião Lobo da Silveira. O tema é a lealdade e felicidade dos padres da Companhia na aclamação de D. João IV.93

De 1643: idem, do mesmo, "sellado cõ o sinete das minhas armas em Macau". Tema: de como os padres da Companhia serviram na aclamação de D. João IV.94

De 1644: idem, do mesmo, "cõ o meo sello". Tema: lealdade dos padres da Companhia na aclamação de D. João IV.95

De 1644: Certidão dos mais nobres da Cidade de Macau. Em forma. Tema: o que fizeram os padres da Companhia para a conservação da Cidade.96

De 1644: Certidão do Capitão Geral, D. Sebastião Lobo da Silveira. Em forma, "cõ o meo sinal". Tema: da lealdade da Companhia na aclamação de D. João IV.97

De 1645: Certidão de Manuel Fróis, Governador Comissário do S. Ofício em Macau, "cõ o meo sello". Tema: teor das anteriores na enumeração dos serviços prestados e o seu testemunho no que respeita à aclamação de D. João IV.98

De 1645: Certidão do Capitão Geral, Luís Carvalho de Sousa, "cõ o meo sello". Mesmo conteúdo das anteriores.99

De 1645: Certidão do Capitão Geral, D. Sebastião Lobo da Silveira, "cõ o meo sello".100

CONCLUSÃO

Desta investigação que nos ocupou durante meses na Biblioteca da Ajuda, podemos concluir ─ apoiados em documentação original e fidedigna dos 62 códices Jesuítas na Ásia ─ que, se os moradores de Macau conseguiram sobreviver a tantas desgraças e a tantos assaltos, especialmente dos holandeses, foi em grande parte graças à dedicação dos Jesuítas do colégio universitário de S. Paulo. O mesmo se diga quanto à independência política e comercial dessa pequena língua de terra.

Mas o papel mais nobre do Colégio de S. Paulo foi o de ter funcionado, durante cerca de 200 anos, para que Macau fosse a "placa giratória" de abertura comercial e cultural a todos os povos do Extremo Oriente e para que Macau fosse a "rampa de lançamento" de missionários, enviados numa atitude de diálogo e de universalidade em relação às várias religiões e modos de ser dos povos circundantes.

Comunicação apresentada no Simpósio Internacional "Religião e Cultura", comemorativo do IV Centenário da Fundação do Colégio Universitário de S. Paulo, realizado pelo Instituto Cultural de Macau, Divisão de Estudos, Investigação e Publicações, entre 28 de Novembro e 1 de Dezembro de 1994, em Macau.

Revisão de texto por Pedro Catalão; revisão final de Júlio Nogueira.

NOTAS

1 BIBLIOTECA DA AJUDA DE LISBOA (B. A. L.), Jesuítas na Ásia, 49-Iv-66, f.o 46; 49-V-3, f.o 20; 49-IV-55, f.o 81; 49-V-5, f.o 349v.

2 Id., 49-IV-66, f.o 46 (vem repetido em 49-IV-55, f.o 81).

3 Id., 49-V-7, f.os1-6 (vem repetido em 49-V-5, f.os 20-25; 49-IV-66, f.os 87-88).

4 Id., 49-V-5, f.os 77v-79v.

5 Id., 49-V-7, f.os 35-45 (vem repetido em 49-V-5, f.os 89v-94v).

6 Id., 49-V-7, f.os 97v-100v (vem repetido em 49-V-5, f.os 183-186v).

7 Id., 49-V-7, f.os 161-170v (vem repetido em 49-V-5, f.os 225-232v).

8 Id., 49-V-7, f.os 275-282v (vem repetido em 49-V-5, f.os 335-343v).

9 Id., 49-V-7, f.os 51-359.

10 Id., 49-V-6, f.os 433-443.

11 Id.,49-v-13, f.os 144-150.

12 Id., 49-IV-61, f.os 3-4v (vem repetido em 49-V-13, f.os 642-645).

13 Id., 49-IV-61, f.os 18v-20v (vem repetido em f.os 456-469).

14 Id., 49-IV-61, f.os 379v-392v.

15 Id., f.os 430-434v (vem repetido em f.os 738v-739).

16 Id., 49-v-14, f.os 723-727.

17 Id.49-IV-62, f.os.

18 Id., 49-V-16, f.os 397-402v.

19 Id., 49-V-22, f.os 68v-72.

20 Id., f.os97-124.

21 Id., 49-VI-1, f.os 158-160 (em latim).

22 Id., 49-V-28, f.os 289v-296.

23 Id., 49-V-29, f.os 76-78.

24 Id.,49-IV-61, f.o339v.

25 ARCHIVUM ROMANUM SOCIETATIS IESU (ARSI), 9, tomo 2, f.os 338-339v.

26 ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO (A. H. U.), Aparatos para a História do Bispado de Macau, códice 1659, f.os241-245.

27 B. A. L., ob. cit., 49-IV-66, f.os 85-87.

28 Id., 49-V-7, f.os 1-6 (vem repetido em 49-V-5, f.os 20-25; 49-IV-46, f. os 87-88).

29 Id., 49-V-5, f.os77v-79v.

30 Id., 49-V-7, f.os 15-16.

31 Id., f.os 35-45 (vem repetido em 49-V-5, f.os89v-94v).

32 Id., 49-V-7, f.os 97v-100v (vem repetido em 49-V-5, f.os 183-186v).

33 Id., 49-V-7, f.os 173-179 (vem repetido em 49-V-5, f.os 285-292v).

34 Id., 49-v-13, f.os 144-150.

35 Id., 49-IV-61, f.os 3-4v (vem repetido em 49-V-13, f.os 642-645).

36 Id., 49-Iv-61, f.os 194-196 (vem repetido em f.os 566-589v).

37 Id., 49-IV-61, f.os379v-392v.

38 Id., 49-V-16, f.os397-402v (em latim).

39 Id., 49-VI-1, f.os158-160 (em latim).

40 Id., 49-V-29, f.os 87-90.

41 Id., 49-V-7, f.os1-6 (vem repetido em 49-V-5, f.os 20-25).

42 Id., 49-V-5, f.os 77v-79v.

43 Id., 49-V-7, f.os 97v-100v (vem repetido em 49-V-5, f.os183-186v).

44 Id., 49-V-7, f.os161-170v (vem repetido em 49-V-5, f.os225-232v).

45 Id., 49-V-7, f.os 173-179 (vem repetido em 49-V-5, f.os 285-292v).

46 Id., 49-V-7, f.os 275-282v.

47 Id., f.os351-359.

48 Id., 49-V-6, f.os 433-443.

49 Id., 49-v-13, f.os 143-150.

50 Id., f.os586-592.

51 Id., 49-IV-61, f.os 17-109.

52 Id., f.os 379v-392v.

53 Id., f.os 430-434v (vem repetido em f.os 738v-739).

54 Id., 49-IV-62, f.os118v-122v.

55 Para estes testemunhos por escrito temos previsto o Capítulo 5.

56 B. A. L., ob. cit., 49-V-7, f.os 275-282v (vem repetido em 49-V-5, f.os 335v-343v).

57 Id., 49-v-3, f.os 71-72v.

58 Id., 49-V-7, f.os 351-359.

59 Id., 49-V-3, f.os 74v-75v.

60 Id., 49-V-3, f.os 117v-119v.

61 Id., f.os 120-121v (vem repetido em 49-V-5, f.os. 510... ss).

62 Id., 49-V-3, f.os121 v-122.

63 Id., 49-V-6, f.os267-270.

64 Id., 49-V-13, f.os143-150.

65 Id., 49-v-14, f.os149v-150.

66 Sobre este complicado episódio remetemos para PIH, Irene, Le Père Gabriel de Magalhães, Paris, Fundação Calouste Gulbenkian, Centro Cultural Português, 1979, pp. 111-130.

67 B. A. L., ob. cit., 49-V-17, f.os 510-511.

68 Id., 49-v-22, f.os 97-124.

69 Id., 49-V-3, f.o 50.

70 Id., ibid.

71 Id., 49-V-3, f.os 43v-44.

72 Id., f.o 44v.

73 Id., f.os 74v-75v.

74 Id., f.os 117v-119v.

75 Id., f.os 120-122 (vem repetido em 49-V-5, f.o 510).

76 Id., 49-V-3, f.os 121v-122.

77 Id., f.os 154-156.

78 Id., 49-V-6, f.os 267-270.

79 Id., 49-V-17, f.os 509-510.

80 Id., f.os 510-511v.

81 Id., f.os 511v-513v.

82 Id., f.o 513-513v.

83 Id., f.os 513v-514v.

84 Id., f.os 515-517.

85 Id., 49-V-28, f.os 149-150.

86 Id., 49-V-3, f.o 125-125v.

87 Id., f.o 125v.

88 Id., f.o 123-123v (vem repetido em f.o 124-124v).

89 Id., 49-V-3, f.os 123v-124.

90 Id., f.o 122-122v.

91 Id., f.os 124v-125.

92 Id., f.o 162v.

93 Id., f.os 165v-166.

94 Id., f.os 166-167.

95 Id., f.o 172.

96 Id., f.os 170v-171v.

97 Id., f.os 168-170.

98 Id., f.os 172v-173.

99 Id., f.o 173-173v.

100 Id., f.o 174-174v.

* Licenciado em Filosofia pela Faculdade Pontifícia de Braga, em Sociologia Religiosa pela Faculdade de Teologia de Estrasburgo e em Teologia pela Universidade de Lovaina. Professor no Colégio S. João de Brito.

desde a p. 151
até a p.