Contos da Água e do Vento
Os contos passados à escrita a partir da pura oralidade, ou transcritos ao longos dos tempos para a língua dos contadores, devem tanto à tradição dos países de origem como ao imaginário de quem os regista. Estudiosos dos contos orais acusam por vezes os autores dos recontos de roubar à narrativa a espontânea virtuosidade, e ao reduzi-los à apropriação pessoal, retirá-los para sempre do sublime, imenso, reservatório do saber popular.
Mas os contos - todos os contos, os de fadas, os de viagens, os de animais falantes - são também a matéria de que é feito o nosso ser mais íntimo, coesa com as memórias da infância.
Sem preocupações de os analisar à luz de uma qualquer erudição, registei neste livro alguns contos que ouvi, ou li, sem outra ordem que não a de uma peregrinação interior,
da Península de Macau à Península Ibérica, passando por lugares tão sonhados, onde nunca fui.