Grande Abertura: 
A Sagração da Primavera

Companhia de Dança Contemporânea Pavão

28, 29/4 │ Sexta-feira, Sábado │ 20:00
Centro Cultural de Macau - Grande Auditório
Bilhetes: MOP 300, 220, 120

Uma visão ousada com design sumptuoso, que retrata intensamente o poder da destruição e a luz da regeneração. – Coreógrafo britânico Róisín O’Brien

Uma obra pioneira centenária, A Sagração da Primavera pode ser considerada a produção mais conhecida e influente em toda a história da dança e a sua abordagem inovadora inspirou muitos artistas a criarem os seus trabalhos. Foram reinventadas várias versões de A Sagração da Primavera com base na linguagem musical única do compositor Stravinsky, preservando o apelo da obra-prima consagrada com a sua engenhosidade.

Em 2016, a bailarina Yang Liping, conhecida pela sua dança do pavão, foi convidada para repor A Sagração da Primavera. Após três anos de aperfeiçoamento com vários artistas, incluindo Tim Yip e He Xuntian, Yang injectou com sucesso uma nova vitalidade nesta obra-prima centenária. A sua versão de A Sagração da Primavera reverte a narrativa original a partir de uma perspectiva oriental, com a Donzela (A Escolhida) a oferecer-se em sacrifício para cumprir a sua missão predestinada em vez de ser sacrificada. Integrando filosofia, simbologia e estética orientais, a equipa criativa apresenta uma interpretação ousada e inovadora do bailado, impressionando o público com efeitos cénicos espectaculares.


Encenadora e Coreógrafa: Yang Liping
Director Visual: Tim Yip
Compositores: Igor Stravinsky e He Xuntian
Director Literário: Liang Gelou
Gestor de Projecto: Max Ma


Duração: Aproximadamente 1 hora e 10 minutos, sem intervalo


Observações:
Contém efeitos de fumo

Texto Introdutório

Não existe grande diferença entre um ritual pagão sanguinolento e um sacrifício altruísta. A Companhia de Dança Contemporânea Pavão incorpora elementos budistas nesta peça para desenvolver A Sagração da Primavera como rito oriental que transcende a vida e a morte. Numa mandala formada pelo mantra de seis sílabas em sânscrito, os bailarinos recriam o Buda representado nas pinturas murais de Dunhuang com gestos manuais idênticos (mudras), os quais são usados para imitar pássaros a voar e levados ao chão em homenagem ao universo. Ao mesmo tempo que manifestam a natureza búdica e o mundo natural, os corpos dos bailarinos representam também os corpos de pessoas comuns a admirar o universo. O rito de Primavera centra-se, por conseguinte, na transição entre a divindade, a natureza e a humanidade. A partir do momento em que se ouve o trinado de pássaros, os bailarinos, sentados, estendem os braços, enquanto as suas longas unhas verdes fluorescentes se juntam e afastam para recriar um pavão a abrir a cauda. Os bailarinos transformam então os seus braços esticados e trémulos nos braços do Bodhisattva de Mil Mãos. Os motivos criados por tais movimentos estão intimamente interligados, estabelecendo um elo entre os ciclos de vida da Primavera e da reencarnação. A visão budista sobre a vida e a morte permanece até se atingir o clímax do rito vernal: uma dança sacrificial em que a vítima desperta e se converte ela própria em agente sacrificante, dançando ao ritmo do mantra de seis sílabas em sânscrito e seguindo a prática budista, deste modo elevando A Sagração da Primavera, o qual deixa de ser um mero ritual de sacrifício para se tornar numa viagem no sentido de alcançar a iluminação búdica.

 

Por Bowie Wong
Formada pelo Departamento de Estudos Culturais e Religiosos da Universidade Chinesa de Hong Kong, Wong é uma crítica de arte apaixonada por literatura, cinema, dança e teatro. Wong escreveu recensões para várias publicações de cariz cultural, incluindo o jornal Ming Pao, Delta Zhi e Shanghai Art Review.

 

Excerto de um artigo escrito originalmente em chinês

Festival Extra

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