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MACAU --- NOTAS SOBRE A EVOLUÇÃO URBANA E ARQUITECTÓNICA DURANTE A DINASTIA MING

Tang Kaijian*

Na história do desenvolvimento das cidades antigas da Ásia Oriental, a ascensão da cidade de Macau constitui um milagre de significado particular. Foi num curto período de dezenas de anos que uma península pequena situada no extremo do cabo do distrito de Hengsan se tornou numa cidade comercial onde numerosos comerciantes de diversas partes do mundo vinham concorrer para fazer negócios de variados tipos de mercadorias originárias de diversas partes do mundo. O presente artigo explora principalmente o desenvolvimento e a construção da cidade de Macau no seu período inicial, durante a dinastia Ming (1368-1644). 1

l. Formação e desenvolvimento da zona urbana de Macau

No 33.° ano do reinado de Jiajing, depois de concluído um acordo oral entre o capitão português Leonel de Sousa e o vice-director para os assuntos das rotas marítimas Wang Bo, a península de Macau começou a ser aberta aos comerciantes estrangeiros, tornando-se assim oficialmente em ponto de concentração e negócio de comerciantes de diversos países. O que Wang Bo prometeu aos portugueses? Até hoje ainda não foi descoberto nenhum documento relativo que o possa certificar. Supõe-se, segundo alguns dados pertinentes, que a promessa de Wang Bo aos portugueses deve ter sido limitada. No momento em que os comerciantes portugueses chegaram em Macau, havia "só dezenas de barracas" na península. 2 Mais tarde, possivelmente, como os portugueses viram que os mandarins da dinastia Ming não mantinham uma administração rigorosa da localidade, adoptaram o método de suborno para serem autorizados a construir casas na península. Quanto a isso, Wang Shixing tem um registo bastante claro:

"De início, eles (os comerciantes estrangeiros) viviam em barcos; mais tarde, como as mercadorias não puderam ser vendidas num dia, alguns comerciantes tomaram a dianteira de permanecer na península e, logo a seguir, outros seguiram o seu exemplo. "3

Vista de Macau em 1637, publicada nas "Viagens de Peter Mundy", Londres 1907-36.

Devido ao facto de os mandarins chineses em Macau não só não terem impedido oportunamente aqueles comerciantes portugueses que tinham desembarcado de construir residências, como também se "manifestaram indulgentes para com eles por muito tempo", 4 "outros estrangeiros ousaram seguir o seu exemplo". 5 Além de vivendas, os comerciantes estrangeiros ainda construíram armazéns de mercadorias. Tal como se diz nos Breves Registos sobre Macau: "Os comerciantes ilícitos transportavam, pouco a pouco, tijolos, telhas e madeiras para construir casas e armazéns. 6 Segundo Pang Shangpeng, "Nos últimos anos, (os estrangeiros em Macau) desembarcaram em Hougeng (Macau) para construir residências. "7 O chamado período "os últimos anos" em chinês, inclui, geralmente, três a sete anos; e como Pang esteve em Macau no Inverno do 43. ° ano do reinado de Jiajing (1564), "nos últimos anos" a que ele se refere devem corresponder aos 36. ° a 41. ° anos do reinado de Jiajing (1577-1562). Por isso, pode afirmar-se que o aparecimento de edifícios para a residência dos comerciantes estrangeiros não pôde ter acontecido mais cedo que no 36. ° ano do reinado de Jiajing, o que significa que a construção da zona urbana de Macau começou certamente entre o 36. ° ano e o 41. ° ano do reinado de Jiajing.

A zona urbana de Macau desenvolveu-se muito rápido. Segundo Pang Shangpeng, "Em menos de um ano, construíram-se centenas de qu. Hoje já existem mais de mil qu construídos"8. Um qué uma casa. De acordo com o registo de Pang, no ano seguinte ao início da construção, o número de casas atingiu "centenas" e no 43. ° ano do reinado de Jiajing, o número total das casas construídas já excedia "mil". Supondo-se que cada comerciante estrangeiro construiu uma casa, então naquele momento havia já mil comerciantes estrangeiros residentes em Macau. SegundoYe Quan, que viajou por Macau no 44. ° ano do reinado de Jiajing, "actualmente, milhares de estrangeiros vivem em Macau, que é certamente uma vila grande". 9 Conforme registos históricos, em Macau havia 880 habitantes em 1562; 900 habitantes em 1565. 10 Mas estes 800 e 900 habitantes eram todos os portugueses que imigraram para o território. Se considerarmos que naquele momento todos os portugueses possuíam escravos, — quanto a isso, António Bocarro disse que cada português tinha cerca de 6 a 10 escravos 11—,o número de habitantes devia ser muito maior. Por isso, há outros dados históricos dizendo que em 1569 viviam em Macau 5000 a 6000 fiéis cristãos. 12 Se cada português tinha, em média, seis escravos, o número total dos escravos dos 900 portugueses devia ser de 5400; acrescentando-se-lhe o número dos próprios portugueses, o total dos habitantes de então é idêntico ao dito registo. De facto, hoje existem dados históricos em chinês em que Pang Shangpeng diz: "Não sei quantas casas há no território, mas o número dos estrangeiros ultrapassa dez mil, possivelmente. "13 E Wu Guifang escreve também: "O número de residentes que não são da nossa nacionalidade não é menos de dez mil. "14 Considero que estes "dez mil residentes" devem incluir os chineses que então imigraram para o território. Excepto os 6000 comerciantes estrangeiros, o número dos chineses então imigrados oscila pelos 4000. Eis a situação demográfica no período inicial da cidade de Macau.

Com a prosperidade do seu comércio externo, Macau tornou-se "numa das cidades mais famosas do Extremo Oriente, onde havia grande quantidade de coisas de valor e donde se transportavam diversos tipos de mercadorias para outros lugares do mundo, razão por que os seus habitantes eram muito mais ricos do que os de outras cidades chinesas. "15 Além do próspero comércio externo, o negócio com comerciantes chineses do interior, na cidade, era também muito vigoroso. Na História da Dinastia Ming: Sobre os Franges, está escrito:

"Os comerciantes de Fujian e de Cantão vêm cá, uns atrás de outros, para fazer negócios. "16

Na sua crónica sobre o reinado de Wanli, Guo Shangbin escreve também:

"No intuito de procurar os seus interesses pessoais, muitos comerciantes ilícitos e malfeitores de Fujian e de Cantão transportavam ilegalmente cereais, porcos e vegetais de Cantão para Macau, onde os vendiam aos estrangeiros; e o número dos que faziam contrabando de arroz entre Macau e o interior chinês era ainda maior. Quanto às facas, nitro, enxofre, espingardas e munições, geralmente não eram directamente vendidos aos estrangeiros, mas eram enviados artífices do interior para o território onde os faziam para os estrangeiros. Além disso, houve inúmeros homens e mulheres de cidades chinesas que foram raptados e vendidos aos estrangeiros. E o que é ainda mais grave é que havia numerosos comerciantes desonestos que se escondiam em Macau e se conluiavam com estrangeiros para cometerem actividades criminosas. "17

Estes dados históricos mostram que, naquela altura, Macau não só era um entreposto comercial entre os portugueses e os japoneses e filipinos, mas também um mercado próspero onde se comercializa com o interior chinês, aparecendo assim o "mercado dos estrangeiros de Macau".

Platte Grond Vande Stadt Macao (164...). Planta de Macau, holandesa (Rep. da cópia do Arquivo Histórico de Macau).

Com a formação das zonas residenciais e o surgimento de mercados e feiras, também apareceram ruas, progressivamente. Segundo J. M. Braga, em 1555, os portugueses em Macau começaram a fazer topografia e cartografia para construir a cidade num local cuja circunferência ia do actual largo do Templo da Barra, passando pela grande muralha e pela rua de Gaolou, até ao monte de S. Francisco. As ruas de então eram todas "calçadas". 18 A primeira rua construída em Macau chamava-se "Avenida da Cruz", que era "uma rua bastante grande que conduzia a quatro direcções do território". No volume LIXX da obra de Guo Fei, Registos Gerais de Cantão, está escrito:

"Segundo o novo memorial apresentado pelo governador Chen ao imperador, na cidade de Macau há uma avenida encruzilhada, cujas ruas conduzem a quatro direcções, ladeadas por grades e designadas respectivamente pelos quatro caracteres Wèi, Wéi, Huai e De; e as casas que ficam aos seus lados direitos e esquerdos têm, respectivamente, dez números de porta, marcados com vinte caracteres tirados do livro Luao, para que as famílias possam vigiar-se mutuamente e os malfeitores não tenham esconderijos. E todos os estrangeiros estão sujeitos a esta regra. "19

Tal como acima mencionado, esta avenida era de facto uma encruzilhada formada por uma rua horizontal e outra vertical, formando-se assim quatro troços de rua que foram designados respectivamente "Rua Wèi", "Rua Wéi", "Rua Huai" e "Rua De". De início, em ambos os lados destas ruas, moravam estrangeiros de diversos países, e mais tarde, com o aumento crescente do número de comerciantes chineses imigrantes em Macau, no ano yisi(33. ° ano) do reinado de Wanli, "os lados da Rua De tornaram-se em vivendas dos comerciantes chineses, e até ao ano jisi(2. ° ano) do reinado de Chongzhen, muitos comerciantes chineses já moravam nas ruas De e Huai. " Como testemunho disso, a inscrição na frente do primeiro quiosque do monte sagrado perto do actual Templo da Barra diz:

"No ano yisi do reinado de Wanli, a Rua De foi construída por comerciantes; no ano jisi do reinado de Chongzhen, foram reconstruídas as ruas Huai e De. "20

Os dados arqueológicos existentes não só podem demonstrar que então existia certamente a dita avenida encruzilhada, mas também que entre os que moravam nos lados das ruas desta avenida, figuravam, além de comerciantes estrangeiros, comerciantes chineses que representavam, pelo menos, metade do total dos habitantes. Quanto aos que financiaram a construção do Templo da Barra, devem ter sido só os chineses.

Então, quando é que esta avenida apareceu? Segundo o referido memorial do governador Chen, que deve ser o governador de Cantão, original do distrito de Changle, que desempenhou funções de Ministro da Guerra e de vice-inspector imperial no 9. ° ano do reinado de Wanli, 21 a construção desta primeira avenida encruzilhada em Macau deve ter sido concluída antes do 9. ° ano de Wanli (1581). Na sua investigação sobre a rua do período inicial de Macau, o estudioso Sr. Zhang Zengming indica:

"A avenida de Macau da antiguidade é, de facto, a actual avenida do Largo. No passado, havia duas portas do cerco situadas respectivamente nos seus dois extremos; a que ficava no seu extremo leste chamava-se "Porta do Cerco de Pedra", e a do extremo oeste, "Porta da Janela Vermelha", funcionando nestas duas "Portas" alfândegas chinesas. Por isso, fora da Porta do Cerco de Pedra, existe hoje em dia a Rua Frente da Alfândega, e a rua daquela Porta da Janela Vermelha é chamada pelos portugueses "Rua da Alfândega". Além disso, antes, numa parede do pátio da Família Li, estavam esculpidos os dois caracteres "Ou Mun" (Macau), sinal que significa que então lá fora era Macau, que hoje já desapareceram. Daqui se vê que o território da Macau de então devia ter aí a sua fronteira. "22

Na sua Cronologia da História de Macau, Beatriz B. Silva diz também:

"Entre 1573 e 1575, só havia em Macau uma avenida, ladeada por grades de madeira, que conduzia a quatro bairros residenciais. "23

Este material é testemunho convincente da situação da Rua de Macau no período inicial do reinado de Wanli. À medida que o comércio de Macau se desenvolvia continuamente e aumentava o número de imigrantes no território, o arruamento da localidade também registou novo desenvolvimento correspondente. Segundo o padre Domingos Lam, no início do século XVII, a Rua Longsong de hoje já se tornara no centro comercial, razão por que até hoje os portugueses ainda lhe chamam "Rua Central". Naquele momento, a maioria dos oficiais, cavaleiros e fidalgos morava nesta rua. 24

No fim do séc. XVI e no princípio do século seguinte, o número de japoneses imigrantes aumentava aos poucos. Conforme os registos do Memorial sobre a Redução de Impostos, apresentado por Wang Yining ao imperador:

"Sob pretexto de necessidades da defesa local, (Macau) comprou, pelo menos, dois a três mil japoneses como sequazes. "25

E no seu Memorial sobre a Defesa Marítima, escreve ainda:

"Os estrangeiros em Macau vieram de diversos países franges; anteriormente nunca tinha havido nem um japonês a morar misturado com eles, pois só foi no 20. ° ano do reinado de Wanli que os japoneses começaram a imigrar. "26

Planta de Macau, de origem holandesa (c. 1665). Rep. da cópia existente no Arquivo Histórico de Macau.

Se os japoneses começaram a entrar em Macau nesse momento, foi porque em 1587, o governo japonês "ordenou expulsar os missionários e proibir crer no cristianismo". 27 Em 1597, depois de 26 missionários e crentes japoneses terem sido mortos na cruz na cidade de Nagasaqui, 28 grande número de católicos japoneses fugiu para Macau. Em 27 de Janeiro de 1614, o governo japonês voltou a ordenar a todos os missionários que saíssem daquele país, e, de seguida, os católicos japoneses tomaram cinco barcos para abandonar o Japão, dos quais dois partiram para Manila e três para Macau e Tailândia. Em 1636, mais 287 mulheres japonesas, casadas com portugueses, e seus filhos, foram desterradas para Macau. 29 A maioria dos japoneses imigrantes fixou a sua residência perto da Porta de S. Paulo. "Entre eles, havia muitos arquitectos e artistas, o que os jesuítas consideraram como boa oportunidade para recrutar alguns crentes japoneses para construir a igreja (ou seja, a de S. Paulo) e a sua grandiosa fachada de pedra. "30 Segundo os registos de C. R. Boxer:

Devido à entrada de muitos refugiados e expulsados japoneses em Macau, respectiva-mente em 1614,1626 e 1636, aumentou sensivelmente o número dos cristãos japoneses no Território, formando-se assim uma rua onde residiam; entre estes imigrantes figuravam naturalmente esposas, concubinas e criados de portugueses, bem como comerciantes e sacerdotes japoneses. 31

Esta zona residencial onde moravam principalmente os cristãos japoneses era, de facto, a "Rua do Templo de San Pa Lu". No 40. ° ano do reinado de Wanli (1615), o ministro inspector de Cantão, Tian Shengjin, escreve no seu "Relatório sobre a Distinção e Compadecimento dos Suspeitos":

"Os três suspeitos, respectivamente chamados Matayuluo, Matazhiluo e Bishiluo (transliterações em chinês—N. do tradutor), confessaram que eles e Jianguluo eram todos naturais de Fusan da Coreia e que quando pequenos tinham sido vendidos a franges e levados para Macau onde todos se estabeleceram na Rua Inferior do Templo de San Pa Lu. "32

O chamado "Templo de San Pa Lu" era de facto a Igreja de S. Paulo (que começou a ser construída em 1602 e foi concluída em 1603, tendo a construção da sua fachada sido apenas concluída em 1637, e a dos seus degraus de pedra só em 1640). Se havia uma "Rua Inferior do Templo de San Pa Lu", é lógico que devia existir uma "Rua Superior do Templo". Eis o então bairro residencial dos católicos japoneses em Macau. Os japoneses construíram ainda um seminário neste bairro residencial. 33

Além do bairro residencial dos japoneses, o bairro residencial dos chineses também deve ter-se formado em meados de e no último período do reinado de Wanli, imperador da dinastia Ming. C. R. Boxer escreve no artigo acima mencionado:

"Em 1642, quando chegou a Macau a notícia de que o Duque de Bragança ter subido ao trono de João IV,...... os habitantes do Território realizaram celebrações durante quatro semanas devido a este grande acontecimento, nomeadamente nos bairros residenciais dos cristãos chineses e dos cristãos japoneses. "34

Segundo dados de 1689, naquela altura, Macau já tinha três freguesias, que eram respectivamente a da Sé, a de S. Lourenço e a de S. António. 35 Segundo o mapa de Macau, feito em 1632, pode deduzir-se que estas três freguesias se formaram no último período da dinastia Ming. 36

Na planta de Macau desenhada por Manuel Godinho de Erédia entre os anos 1615 e 1622, vê-se que a zona urbana então alugada pelos portugueses, chamada "Macao", fica principalmente no centro da península de Macau, próximo da Praia Grande, e que o sudoeste e o nordeste da península são zonas controladas pela parte chinesa. 37 E conforme um desenho de Macau no seu período inicial, feito em 1665 e actualmente guardado na cidade de Haia, aparecem já muitos blocos de edifícios no centro e sul da península de Macau, existindo entre estas zonas uma rede de ruas. O desenho mostra que o número dos mais volumosos blocos de construção ultrapassa os vinte; quanto ao número de ruas, é difícil de contar. 38 Estes materiais dizem-nos que a zona urbana de Macau já registava um desenvolvimento considerável entre o período inicial e meados do séc. XVII, ou seja, antes da queda da dinastia Ming.

De acordo com a reportagem de A. Bocarro em 1635, a circunferência da cidade de Macau de então era aproximadamente de meia légua, sendo o seu local mais estreito de 50 passos e o local mais amplo, de 350 passos. 39 A sua população aumentou a um ritmo muito rápido. Wang Shixing escreveu no 25. ° ano do reinado de Wanli (1597):

"Actualmente, em Macau, que já é uma verdadeira cidade, onde vivem cerca de mil famílias em edifícios altos. "40

Este material mostra que em fins do século XVI o número das famílias de Macau já atingira os mil. Wang Linheng, que viajou por Macau no 29. &o ano do reinado de Wanli (1601), escreveu também:

"Dizem que actualmente em Macau há cerca de mil famílias, com mais de dez mil pessoas. "41;

E escreveu ainda:

"Os estrangeiros que vieram a Hengsan ocupam ilegalmente Macau. Ouvi dizer que o seu número já atingiu milhares. "42

O chamado número de "mais de dez mil pessoas", penso, é talvez um pouco exagerado, mas o número "milhares" deve ser relativamente próximo da realidade. Segundo o número de habitantes registado por A. Bocarro em 1635:

"Em Macau há 850 famílias portuguesas e há ainda o mesmo número de famílias indígenas, que são todas cristãs. "43

Conforme registo do padre Domingos Lam, até 1644, a população de Macau aumentou para quarenta mil. 44 Entre os imigrantes de Macau não só figuravam "comerciantes provenientes de diversas partes exteriores", 45 mas também se encontravam "muitos artífices de diversos sectores"46. Todos estes dados mostram que aproximadamente em meados do reinado de Wanli da dinastia Ming, ou seja, em fins do séc. XVI e princípios do séc. XVII, Macau já se transformara numa cidade de comércio internacional, tal como se diz nos Registos sobre a Reconstrução da Sede da Associação Samgai, inscritos no reinado de Qianlong numa lápide: Macau "já se tomou numa cidade. "47 Por isso, foi em 1585 (no 13. ° ano do reinado de Wanli) que o rei de Portugal a baptizou com o nome oficial de "Cidade da Deusa A-Má", promovendo-a, entretanto, a uma cidade com a mesma posição livre e gloriosa de Évora. 48

2. Surgimento e desenvolvimento da construção pública de Macau

O aparecimento e o rápido desenvolvimento da construção pública de Macau contribuíram para o desenvolvimento da cidade de Macau no seu conjunto. A forma mais importante de manifestação da construção de Macau está estreitamente ligada à divulgação do catolicismo.

Em 1554, o primeiro ano da abertura de Macau ao exterior, chegaram ao Território sacerdotes católicos da Sociedade de Jesus. A seguir, vieram franciscanos, dominicanos e agostinhos, sucessivamente. Mais tarde, começaram a ser criadas organizações católicas e construídas igrejas, que podemos dizer serem as primeiras construções públicas surgidas em Macau. Numa das suas cartas escritas em 1570, o padre Gregório González diz:

"Naquele ano (1554), quando Leonel de Sousa chegou a acordo com a parte chinesa, eu estava na ilha e construí uma igreja de telhado de palha... No ano seguinte, construí outra igreja e outros portugueses construíram algumas casas. "49

Estas devem ser as primeiras igrejas de Macau, mas como todas elas eram cabanas, não conseguiram sobreviver até hoje.

A maioria dos estudiosos considera que a igreja de S. Lázaro, a igreja de S. Lourenço e a igreja de Santo António são as três igrejas mais antigas de Macau, que já existem todas no mapa geral de Macau no seu período inicial, desenhado pelo holandês Theodore de Bry em fins do século XVI. 50

Quanto à Igreja de São Lázaro, ou à da Lepra, segundo o padre Domingos Lam, foi construída em 1568; 51 o padre Benjamim António Pires tem a mesma opinião nesta matéria; 52 enquanto o padre Manuel Teixeira julga que foi construída em 1569; 53 Zheng Weiming opina que foi construída em 1562; 54 e Guo Yongliang considera que foi construída em 1557, de acordo com uma carta que um português residente em Macau mandou à Igreja Católica de Pequim a 12 de Outubro de 1748. 55

Ofício do Governador Manuel Pereira Coutinho sobre as fortificações de Macau, de 2 de Janeiro de 1740. Doc. do Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa.

No tocante à Igreja de São Lourenço, o padre Domingos Lam considera que foi construída em 1558 e reconstruída em 1618; 56 enquanto Guo Yongliang julga que foi construída entre os anos de 1558 e 1560; 57 Huang Qichen considera que foi construída em 1575; 58 Li Pengzhu crê que foi construída em 156959e Zheng Weiming é de opinião de que foi construída em 1562. 60

Relativamente à Igreja de Santo António, o padre Domingos Lam considera que tenha sido construída antes de 1565; Enrique julga que foi construída em 1600; Huang Qichen está de acordo com esta opinião; 61 Zheng Weiming opina que foi construída em 1562; e Guo Yongliang tem a mesma ideia que Alais (transliteração do chinês- N. do T.) expressa no seu livro Macau, segundo a qual esta igreja foi construída entre 1558 e 1560. 62

Nos Breves Registos sobre Macau há também dados acerca destas três igrejas:

"A sudoeste fica a Igreja de S. Lourenço; desta zona saem de manhã cedo para o mar os barcos estrangeiros que regressam ao anoitecer; e os habitantes estrangeiros vão rezar na igreja... No norte há outra igreja chamada Igreja de S. António, onde os homens e mulheres estrangeiros vêm assistir à missa... No sudeste da cidade encontra-se a Igreja da Lepra (Esta alcunha foi- lhe dada porque ela servia de leprosaria, em que viviam leprosos e loucos estrangeiros e que era vigiada por guardas no seu exterior). "63

No entanto, nestes Breves Registos sobre Macau não se menciona quando foram construídas as supracitadas três igrejas. Segundo a cópia do livro escrito pelo Pe. Gregório González em espanhol em 1570, foi em menos de doze anos desde a sua entrada em Macau, que os portugueses construíram uma zona residencial muito grande onde havia três igrejas. 64 É de conhecimento geral que foi em 1557 que os portugueses se estabeleceram oficialmente em Macau. Se aquelas três igrejas apareceram 12 anos mais tarde, então elas devem ter sido construídas antes de 1569. Segundo a opinião do padre José Mário:

"Entre 1558 e 1560, vários jesuítas que viviam aqui discutiram sobre a construção das três igrejas pequenas que são: a Igreja de S. Lázaro, a Igreja de S. Lourenço e a Igreja de Santo António. "65

De acordo com as palavras de Wu Guifang no 44. ° ano do reinado de Jiajing (1565): "(Os estrangeiros em Macau) têm construído ilegalmente casas e quartéis, assim como igrejas onde vão fazer missa. "66 Ye Quan, que esteve em Macau no mesmo ano também viu que "(estrangeiros) iam à igreja às segundas, quartas e sextas feiras, assim como aos domingos. "67 Estes factos podem demonstrar que antes de 1565 já existiam igrejas em Macau e que o número dos residentes portugueses já tinha atingido 900; além dos portugueses, havia muitos criados que acreditavam no catolicismo, o que mostra que uma única igreja não podia satisfazer as necessidades dos crentes. Como tal, consideramos que as ditas três igrejas devem ter sido construídas entre 1558 e 1560. As opiniões de Alais, autor da obra Macau, do Pe. Domingos Lam e do Pe. José Mário são relativamente fiáveis?/ coincidentes??.

Mas é de notar que estas três igrejas eram todas de simples estrutura de madeira. As magníficas igrejas de estrutura de pedra, que acrescentam brilho a Macau foram todas construídas no século XVII. A Igreja de S. Lourenço foi construída em 1616, a de S. Lázaro em 1637 e a de S. António em 1638. 68

Entre as igrejas construídas no século XVI figura ainda a Igreja de São Francisco. Nos Breves Registos sobre Macau diz-se: "A Igreja de S. Francisco é no leste. "69 O Pe. Alais escreve no seu livro acima mencionado que esta igreja foi construída por franciscanos, em 1579. 70 Tanto Domingos Lam como Beatriz Basto da Silva consideram que foi construída em 1580, Zheng Weiming está de acordo com o parecer de Alais, e Huang Qichen tem a mesma opinião que o Pe. Domingos Lam. Quanto à Igreja de São Agostinho, diz-se nos Breves Registos sobre Macau que "fica no noroeste de Macau". 71 O Pe. Alais julga que esta igreja foi construída por Hai Lada e Ma Lin, ambos agostinhos, entre 1575 e 1578; 72 o Pe. Domingos Lam opina que foi construída entre 1588 e 1591; 73 Huang Qichen considera que foi construída em 1584; Beatriz B. da Silva opina que foi construída em 158674, opinião com que Zheng Weiming está de acordo. Quanto à Igreja de S. Domingos, nos Breves Registos sobre Macau está escrito: "Há ainda a Igreja de São Domingos que, segundo a lenda, foi reconstruída com base numa original, baixa e tosca, construída com tábuas de canforeira, por estrangeiros pobres. "75De facto, esta igreja foi construída por dominicanos espanhóis em 1588, segundo o Pe. Domingos Lam76 e Guo Yongliang; começou a ser construída em 23 de Outubro de 1587, segundo Beatriz B. da Silva; 77 Huang Qichen e Zheng Weiming estão de acordo com este parecer. Ainda quanto à igreja de Martins, o Sr. Fang Hao considera que foi construída em 158078,e o Pe. Manuel Teixeira também está de acordo com esta opinião. Esta igreja foi a antecessora da Igreja de São Paulo.

E quanto ao Templo Grande, tanto os Breves Registos sobre Macau como a Crónica do Distrito de Hengsan consideram que foi a primeira igreja surgida em Macau. Nos Breves Registos sobre Macau está escrito:

"O Templo Grande, a primeira igreja construída por estrangeiros em Macau, fica no sudeste do território. "79

No 4. ° volume da Crónica do Distrito de Hengsan, da autoria de Zhu Huai, também está escrito:

"O Templo Grande encontra-seno sudeste de Macau. Chama-setambém Templo de Mong-Yen, a primeira igreja construída por estrangeiros na localidade. "80

O Templo Grande é, de facto, a Sé Central ou Catedral. De início, em Macau não havia nenhuma igreja do género, foi só em 1571 que o bispo Carneiro montou uma sala no interior da igreja de S. Lázaro para que servisse de gabinete do bispo, razão por que esta igreja se tomou em catedral de Macau. Mas, de facto, a igreja não se encontrava na zona urbana de Macau, mas fora da cidade, perto de Mong-Há. 81 Segundo dados fornecidos pelo Pe. Domingos Lam, em 23 de Janeiro de 1576, o então Papa Gregório XIII ordenou a criação da freguesia em Macau e a definição da Igreja de S. Lázaro como a primeira sede do bispado no território. 82 Beatriz B. da Silva considera também que em 23 de Janeiro de 1576 o Papa só promoveu a igreja de Santa Maria para sede do bispo. 83 Conforme estes materiais, consideramos que muito possivelmente, em 1571, quando se construiu no interior da igreja de S. Lázaro uma sala para gabinete do bispo, esta igreja se tomou em sede do bispado, mas só foi em 1576 que foi promovida a catedral com a autorização do Papa. Tanto nos Breves Registos sobre Macau como na Crónica do Distrito de Hengsan afirma-se que o Templo Grande fica "no sudeste de Macau", mas a Igreja de S. Lázaro está situada a norte da cidade, motivo por que, obviamente, o supracitado Templo Grande não é a Igreja de S. Lázaro.

Planta de Macau (c. 1780), de origem holandesa. Rep. da cópia do Arquivo Histórico de Macau.

Segundo o "Mapa de Vista Frontal de Macau", inserido nos Breves Registos84 o Templo Grande fica próximo da Repartição de Impostos. Segundo o "Mapa de Macau", anexo ao memorial apresentado ao imperador Jiaqing por Wu Xiongguang, governador de Cantão no 13. ° ano do reinado de Jiaqing, 85 o Templo Grande é na Praia Grande. Daí resulta a conclusão de que o chamado "Templo Grande" é, na verdade, a actual Sé Central, ou seja, a Catedral, com um telhado muito grande. Segundo Guo Yongliang, a actual Catedral começou a ser construída em 1622, 86mas o Pe. Domingos Lam considera que foi construída por volta de 1581, 87"não tendo sido construída no período inicial da chegada dos estrangeiros". Esta afirmação mostra que tanto os Breves Registos sobre Macau como a Crónica do Distrito de Hengsan confundiram o facto de em 1571 a Igreja de S. Lázaro ter sido tomado como catedral e o facto de por volta de 1581 ter sido construída uma nova catedral. 88

Entre as igrejas construídas no séc. XVII, a mais famosa é a Igreja de São Paulo. A história sobre a origem desta igreja data do período inicial da abertura de Macau ao exterior. O Pe. Manuel Teixeira diz no seu livro acima mencionado:

"Na carta de um jesuíta português, datada de 1563, diz-se:... Além de outras igrejas, os 300 portugueses vão ainda rezar à Igreja da Sociedade de Jesus. Talvez, esta seja a então Igreja de São Paulo, que foi construída com tábuas de madeira e tijolos, em forma de armazém, então estilo típico da construção religiosa portuguesa. "89 O padre diz ainda:

"O Papa Gregório XIII disse em 1576, quando da fundação da freguesia de Macau, que aqui existia uma igreja de Santa Maria. "90

Beatriz Basto da Silva diz também na sua Cronologia da História de Macau:

"Ele (Carneiro) morreu em Macau em 19 de Agosto de 1583 e foi enterrado na Igreja de S. Paulo, no centro da cidade... Em 17 de Outubro de 1591, o padre M. António morreu em Shaozhou (cuja tradução original era "Chaozhou", que deve ser errada) da província de Cantão e o seu cadáver foi transportado para Macau e enterrado na Igreja de S. Paulo. "91

No 19. ° ano do reinado de Wanli (1591), o dramaturgo Tang Xianzu esteve em Macau e visitou a Igreja de S. Paulo. Na sua obra Quiosque da Peónia refere-se também a Igreja de S. Paulo. 92 Todos os materiais aqui citados mostram que a Igreja de S. Paulo já existia no século XVI, não sendo no entanto tão grandiosa como as Ruínas da Igreja de S. Paulo hoje existentes. A igreja de então era pequena, de estrutura simples. Infelizmente, foi reduzida a cinzas num incêndio ocorrido em 1595. Mais tarde, foi reconstruída e foi outra vez consumida por chamas implacáveis em 1601. E foi nesse mesmo ano que os comerciantes portugueses e habitantes locais decidiram fazer uma terceira reconstrução. Segundo uma reportagem de então, o total de doações atingiu 3130 taéis de ouro. Iniciou-se a reconstrução oficial em 1602, no ano seguinte foi concluída a construção da igreja e, mais tarde, começou a ser construída a sua fachada, obra que terminou em 1637 e que é ainda hoje em dia símbolo do Território. Daí se vê que este empreendimento durou mais de 30 anos, tendo consumido a fachada da igreja cerca de 30 mil taéis de prata. 93 Tanto no que respeita à sua grandeza e sumptuosidade como à originalidade e perfeição das instalações, esta igreja era então a melhor igreja no Extremo Oriente. Gong Xiangling, que viveu no período inicial da dinastia Qing, descreve numa das suas obras:

"O templo chama-se Igreja de S. Paulo, com uma altura de mais de dez zhang, cuja porta principal é aberta ao seu lado. Trata-se de uma grandiosa construção de pedra, com inúmeras esculturas vermelhas, resplandecentes e magníficas. "94

Peter Mundy, que visitou Macau em 1637, descreve-a assim na sua obra:

"Os telhados da igreja e do seu seminário são as melhores construções que tenho visto e de que me lembro. As suas esculturas em madeira, pintadas a cores e douradas, foram obras de mestres chineses. Das tintas esplêndidas se destacam o vermelho vivo e o azul celeste. Os tectos são enxadrezados e as juntas dos seus quadrados, decoradas umas atrás de outras de rosas grandes, cujas pétalas e folhas se sobrepõem, reduzindo-se pouco a pouco a um sem número de bolas em suspenso nos tectos. Além de que a igreja tem ainda uma fachada maravilhosa, aonde a gente sobe por uma escada larga de degraus de pedra. "95

A Igreja de S. Paulo não só é uma construção religiosa, mas também um grandioso conjunto de edifícios públicos. Nos Breves Registos sobre Macau diz-se que "a igreja tem dezenas de quartos para uso dos sacerdotes",96 vendo-se aqui a dimensão da construção. Por isso, uma vez erguida, tornou-se num símbolo da cidade de Macau.

Além da reconstrução das igrejas de S. Lázaro, de S. Lourenço e de Santo António, teve lugar em 1602 o início da construção da Igreja de Santo Amparo, que seria reconstruída em 1634. Esta igreja também se chama "Templo dos Tang" nos Breves Registos sobre Macau.97 Em 1622, quando da construção de fortes no monte da Guia e na colina da Penha, construíram-se também duas igrejas nesses lugares98 (a ideia de Zheng Weiming, que considera o forte da Penha como tendo sido erguido em 1622, deve estar errada; considera ainda que o forte da Guia foi erguido em 1638).99 Em 1633 foi construída a Igreja de Santa Clara, também chamada Templo da Monja.100 Eis a situação geral da construção das igrejas de Macau, antes do fim da dinastia Ming.

Entre as construções à ocidental feitas nesse período na cidade de Macau figuram ainda algumas oficinas, hospitais, instituições filantrópicas, prisões e escolas. A situação do aparecimento de oficinas em Macau, no seu período de abertura inicial, é mais ou menos o seguinte:

"Em Macau havia excelentes oficinas de canhões de ferro e de bronze; a oficina de canhões de bronze apareceu mais cedo que a de ferro, que seria aberta, mais tarde, com ordem do Governador de Goa."101

Segundo a Comunicação sobre os Assuntos Fronteiriços de Macau:

"Em 1557, o governo chinês autorizou os portugueses a construírem oficinas no leste da península. Este foi o começo das construções portuguesas do género."102

O facto de em 1557 terem surgido fábricas em Macau demonstra que uma vez fixada a sua residência no Território, os portugueses empreenderam a criação de fábricas, das quais a primeira foi a oficina de fundição de canhões de Bocarro, que ficava na encosta da colina da Penha103 e se tornou numa fábrica de grande dimensão durante o reinado de Wanli, imperador da dinastia Ming. Consoante a obra de Beatriz B. da Silva, em sinal da sua lealdade ao novo rei português, as autoridades de Macau transportaram, numa ocasião, em 1642,200 canhões de bronze para Portugal, facto convincente que mostra a grande dimensão da então Oficina de Fundição de Canhões de Macau.104

Naquele período, Macau devia ter outros tipos de oficinas artesanais, além das fábricas de canhões. Segundo registos históricos,"os mais diversos artífices trabalhavam nas feiras","alguns mestres mesmo eram empregados nas oficinas estabelecidas por estrangeiros para fabrico de facas, espingardas, balas, nitro, enxofre, etc."105; havia ainda quem produzisse "loiças, utensílios de cozinha e, mesmo, coisas delicadas para trocar por artigos de valor no mercado".106 Além dos produtos acima mencionados, o espelho de vidro, o relógio e a esteira de palha eram também então artesanato de fama em Macau, e, por isso, Macau devia ter oficinas para produzir estas coisas. Segundo dados relativos, naquela altura havia em Macau oficinas de retratos de bordado.107

Fortificações de Macau (c.1740). Planta das fortalezas de Nḁ Sḁ do Bom Parto e de S. Francisco. (Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa).

Tanto o primeiro hospital como a primeira instituição filantrópica de Macau foram criados pelo bispo Carneiro, que escreve na sua carta de 10 de Novembro de 1575:

"Pouco depois da minha chegada a Macau, abri um hospital que atende tanto os crentes como os vulgares."108

O bispo Carneiro chegou a Macau em Maio de 1568 e, por isso, a maioria das pessoas consideram que o dito hospital foi criado em 1569.109 Este hospital foi chamado pelos chineses "Templo de Tratamento de Doentes", pelos ocidentais "Hospital de S. Lafões"(transliteração do chinês — N. do T.) ou "Hospital do Cavalo Branco". Segundo Manuel Teixeira, a primeira instituição de Macau — a Misericórdia — foi construída na mesma altura que o supracitado hospital.110 Quanto à Misericórdia, nos Breves Registos sobre Macau designa-se "Templo de Abastecimento de Cereais" que, aberto também pelo bispo Carneiro, tinha como sua missão principal no seu período inicial dar refúgio aos órfãos e crianças abandonadas aceitando apoio financeiro do governo e de comerciantes ricos. No séc. XVII, Macau já tinha dois hospitais, segundo os Apontamentos sobre a Fundação e Desenvolvimento de Macau, livro publicado por D. C. Rego em 1623, em que se diz:

"A Misericórdia financiou a construção de dois hospitais... Todo o sistema composto destes conventos, hospitais, igrejas e instituições filantrónicas foi estabelecido com esmolas recolhidas no quotidiano e em ocasiões especiais, assim como com doações voluntárias feitas por locais, servindo toda a cidade de Macau".111

Segundo materiais pertinentes, o Colégio de S. Paulo foi aberto, o mais tardar, em 1565 em Macau, já contando com 150 alunos em 1557, número este que aumentou para 200 em 1584. E em 1594 chegou a ser o primeiro estabelecimento de ensino superior ocidental no Extremo Oriente. Tinha uma biblioteca, uma tipografia, uma clínica e um observatório,112 formando assim um grandioso conjunto de construção pública junto com a Igreja de S. Paulo. D. C. Rego, que assumiu as funções de Secretário Geral do Leal Senado de Macau, escreve ainda na sua obra: "Quanto à sua construção e à quantidade e qualidade do seu pessoal, este colégio é um dos melhores colégios de crentes católicos existentes no Oriente, servindo entretanto de seminário para muitas sociedades missionárias, em que, regra geral, havia 60 a 70, até ainda mais fiéis que se dedicavam ao estudo de todo o coração."113

Além de que, se construiu uma prisão ao lado direito da Igreja de S. Agostinho, acerca de que o livro Breves Registos sobre Macau diz:

"A Prisão fica ao lado direito da Igreja de S. Agostinho e tem três pisos; os presos estrangeiros que cometeram crimes mais ligeiros vivem no piso superior; os criminosos mais graves no médio e os criminosos extremamente graves encadeados no inferior, ou seja, no rés-do-chão."

Este facto de apenas uma prisão ter já três pisos, tão alta como a fachada da Igreja de S. Paulo, pode reflectir também a dimensão de uma construção comum da Macau de então.

Com o aparecimento de umas igrejas atrás de outras à ocidental e o surgimento de construções públicas de sabor ocidental umas após outras, e acrescentando-se-lhes os mais diversos tipos de casas de habitação, também de estilo ocidental, ergueu-se uma cidade completamente à europeia no litoral do Mar da China Meridional, durante a dominação do Grande Império Ming. Um holandês chamado J. Van Neck, que esteve em Macau em 1601, disse:

"Esta é uma cidade muito grande, onde se vêem construções de estilo espanhol por toda a parte. Numa colina está erguida uma igreja portuguesa e o seu telhado adorna-se com uma cruz grande e azul."114

O padre Cardan (transliteração do chinês) que esteve em Macau em 1640 disse também:

"Macau é uma cidade cheia de inúmeras construções maravilhosas, muito rica graças ao seu comércio próspero e extremamente movimentada dia e noite."115

Num mapa parorâmico da cidade de Macau, feito por Theodore de Bry (1547-1598) após a sua viagem por Macau, em fins do século XVI, podemos ver a situação real da cidade de Macau naquele período, com centenas de construções altas ou baixas de estilo ocidental, das quais as mais altas têm três pisos e as baixas, dois pisos, sendo na sua maioria de estrutura de tijolo e telha, e com o telhado em forma de pirâmide. Quanto aos telhados das igrejas e torres de sino, apresentam-se em forma pontiaguda, cónica, pentagonal ou hexagonal. O mapa mostra-nos ainda as ruas encruzilhadas, onde andam transportadores de liteira e estrangeiros a cavalo ou usando guarda-sóis.116 Tudo isto é testemunho do facto de a construção urbana de Macau de então ter já uma dimensão considerável.

Agora vamos dar uma vista de olhos a outro mapa panorâmico da cidade de Macau, pensa-se que desenhado por J. M. Braga em 1632 e inserido no Livro das Plantas de Todas as Fortalezas, Cidades, e Povoações do Estado da índia Oriental,da autoria de António Bocarro, que é obviamente diferente do mapa da Macau do fim do século XVI, mostrando sucessivos blocos de casas de habitação, construções públicas de grande dimensão, um sistema quase completo de obras de defesa militar de diversos tipos e um aumento considerável da zona urbana.117 Este material demonstra que nessa altura, Macau já se tornara numa cidade no seu verdadeiro sentido. Por isso, havia quem descrevesse que em Macau "os edifícios altos e bonitos estão ligados uns aos outros e enfileirados aos lados das ruas",118 "é certamente uma vila grande". Segundo as palavras de Qu Dajun,"as casas de Macau são na sua maioria de três pisos, construídas em harmonia com a situação geográfica, em forma de quadrado, círculo, triângulo, hexágono e octágono, ou em forma de flor ou fruta, competindo mutuamente em beleza e fascinação".119 Obviamente, estes materiais chineses sobre a magnificência e colorido da construção urbana de Macau durante a dinastia Ming são idênticos à situação exibida nos mapas de Macau no seu período inicial.

Entre as construções públicas da cidade de Macau, além das de estilo ocidental, encontram-se algumas de matriz chinesa, que são principalmente os templos chineses e sedes administrativas da dinastia Ming na localidade. Embora o seu número seja reduzido, têm características óbvias:

"Na altura a dinastia Ming estabeleceu aí três organismos, chamados Tidiao, Beiwo e Xunji,respectivamente para tratar de assuntos de coordenação, assuntos de defesa contra os japoneses e assuntos fiscais e penais, bem como o Yixiting.Só este último órgão ainda existe actualmente."120

Através deste material vê-se que a dinastia Ming fundou, pelo menos, quatro organismos políticos e administrativos em Macau. As sedes dos primeiros três não podem ser definidas devido à falta de dados suficientes, mas há dados históricos testemunhando que o último existiu até meados da dinastia Qing, quando foi desfeito e reconstruído. Conforme o "Mapa de Yixiting", inserido nos Breves Registos sobre Macau, o edifício deste organismo é um conjunto de construção com características arquitectónicas típicas da antiga China.121 Numa nota da sua Antologia de Poemas sobre S. Paulo, Wu Li refere:

"Os mandarins concentram-se no Yixiting a tratar de todos os assuntos marítimos."122

Baluarte de S. Pedro, por George Chinnery. Museu Luís de Camões, Macau.

Assim sabemos que o Yixiting era uma sede onde os mandarins Ming realizavam conversações ou negociações com os portugueses sobre assuntos comerciais e marítimos. Quanto à data da crição do Yixiting, Guo Yongliang considera que se fundou entre o 13. ° ano e o 15. ° ano do reinado de Wanli (ou seja, entre 1583 e 1585).123 Na Crónica do Distrito de Hengsan, no reinado de Qianlong, também se menciona:

"Morreu (Wang) Chuo, que tinha estabelecidoo Yixiting, onde actualmente os estrangeiros vêm realizar actividades de sacrifício durante a Primavera e o Outono."124

Wang Chuo começou a dirigir o Yixiting no 5. ° ano do reinado de Wanli (1577) e morreu também no reinado de Wanli. Daí se vê que a fundação do Yixiting deve datar do reinado de Wanli. Esta referência é idêntica à de Guo Yongliang.

Nesse período havia na cidade de Macau duas construções públicas chinesas: o Templo de A-Má, no sudeste de Macau e o Templo Winfukguse, situado na zona de Patane. Segundo dados históricos, o primeiro foi construído no 33. ° ano de Wanli (1605), com doações de comerciantes chineses da rua Dezi de Macau.125 De acordo com a "Inscrição na lápide comemorativa da reconstrução do Templo Winfukguse na Patane", sabemos que este templo foi construído em fins da dinastia Ming.126 Quanto aos Templos Lin Fung Miu e Kun Ian Tong, que foram construídos também durante a dinastia Ming, não se devem incluir na presente referência, pois eles ficavam fora da então cidade de Macau.

É de notar que no processo da sua exploração da ilha Verde, os portugueses também adoptaram técnicas de arquitectura de jardinagem chinesa. No seu artigo Apontamentos Sobre a Inspecção em Macau, Jiao Qinian diz:

"A ilha Verde está coberta de árvores e ervasdensas e frondosas; aí há pavilhões, quiosques e jardins de estilo chinês; os locais disseram que estas construções servem de lugares de diversão para os estrangeiros."127

Na sua Antologia de Poemas sobre S. Paulo,Wu Li descreve também:

"Há muitas árvores frondosas na ilha Verdeque é um local ideal para tomar fresco e diversão."128

No seu livro Novos Materiais sobre Cantão,Qu Dajun diz também:

"A ilha Verde está coberta por uma floresta, em que se escondem diversos edifícios e pavilhões delicados."129

No "Mapa da Ilha Verde", inserido nos Breves Registos sobre Macau, vê-se claramente um conjunto de construções num estilo de jardinagem da antiga China.130 Estes materiais podem apontar para o facto de nesse período da construção de Macau terem sido importadas algumas técnicas da arquitectura antiga chinesa (outro exemplo disso: as esculturas de madeira da fachada das Ruínas de S. Paulo foram todas obras de mestres chineses), que se ligam harmoniosamente com as da arquitectura ocidental.

3. Construção e destruição da muralha e fortalezas da cidade de Macau

Quanto ao tempo do início da construção da muralha da cidade de Macau, os diversos documentos existentes não fornecem dados precisos. Segundo investigação do Sr. Zhang Weihua, a construção de muros na cidade de Macau "possivelmente começou em 1607 e o aparecimento do sistema completo de obras de defesa teve lugar em 1622."131 Mas, esta afirmação não é certa. Na Crónica do Distrito de Hengsan, da autoria de Zhu Huai, está escrito:

"A construção da muralha da cidade de Macau iniciou-se mais ou menos no reinado de Jiajing, sem data exacta."132

Esta afirmação de Zhu indica a altura do começo da construção de muros de defesa, tendo razão, porque Ye Quanjia, que viajou por Macau em fins do reinado de Jiajing, descreveu Macau como "uma vila grande"133, razão por que devia ver a muralha da cidade de Macau. Na sua Cronologia da História de Macau, Beatriz B. da Silva regista:

"Em 1568 (2. ° ano do reinado de Longqing), com autorização do mandarim chinês em Macau, Tristão Vaz da Veiga, comandante da esquadra, ordenou a construção de uma muralha em Chunambo."134

Segundo o Segundo Livro das Saudades da Terra, de Gaspar Frutuoso:

"Em 1568, quando os piratas chineses importunavam Macau, Tristão Vaz ordenou a construção de um muro de barro batido em Macau. Organizou os portugueses em numerosos grupos, dos quais cada tinha cinco ou seis pessoas, compondo-se no total vinte destacamentos, dos quais cada um era responsável pela construção de um troço de muro de taipa. Estes muros foram embrião de muitas fortalezas e fortesposteriores."135

Como a diferença temporal entre o 2. ° ano de Longqing e o último ano do reinado de Jiajing é apenas de um ano, é certo que o início da construção de muros na cidade de Macau ocorreu entre o reinado de Jiajing e o de Longqing. Por isso, no memorial que Chen Wude apresentou ao imperador no 3. ° ano do reinado de Longqing (1569)136, diz-se:

"Os franges e os estrangeiros provenientes de Malaca são grosseiros, bem armados e muito mais fortes que os japoneses... Actualmente vivem em Macau e constroem muros e fortalezaspara se defenderem."137

Através deste material podemos afirmar que foi antes do 3. ° ano de Longqing (1569) que os portugueses começaram a construir em Macau a muralha da cidade.

No entanto, no "Mapa Completo de Macau no Seu Período Inicial", desenhado em 1598, não vemos nenhum troço de muralha nem fortaleza.138 No seu Relatório de 1582, o governador de Lução [Luzon, nas Filipinas - N. do R.], Francisco de Sande, informa também:

"Até hoje, Macau ainda não tem armas e obras de defesa... Aí só há 500 casas de habitação, um governador e um bispo."139

Foi ainda em 1568 que os portugueses começaram a preocupar-se com a insatisfação da parte chinesa em relação à construção de uma muralha. Tal como no supracitado "Saudades da -Terra" se refere:

Planta de Macau, de Pedro Barreto de Resende (Museu Britânico). In"Livro de Plantas de todas as Fortalezas, Cidades e Povoações do Estado da índia Oriental" (1634, António Bocarro).

"Ele tinha um ardente desejo de cumprir bem a obra de construção de fortalezas, mas ao mesmo tempo se preocupava muito com a insatisfacção dos mandarins chineses... Seria melhor deixar de executar a obra."140

Desta referência podemos deduzir que os muros construídos nos reinados de Jiajing e de Longqing foram talvez destruídos pelos chineses enviados pelo governo Ming:

"No ano passado, o comandante geral das forças fronteiriças Yu Dayou mobilizou tropas estrangeiras para reprimir os seus rebeldes, isentando os estrangeiros de impostos por um ano como recompensa. Mas, um ano depois, muitos estrangeiros voltaram a não pagar impostos, razão por que perderam a confiança da parte chinesa. Nessas circunstâncias, o vice-comandante das forças marítimas ordenou o bloqueio dos barcos estrangeiros e, por fim, os estrangeiros deram-se por vencidos."141

Este acontecimento teve lugar antes do 3. ° ano do reinado de Longqing. Mais tarde, o. governo Ming deu novas ordens no sentido de se controlar estritamente a situação de Macau."Os oficiais e soldados estacionados em Macau e nos passos litorais vigiavam de modo estrito as actividades dos comerciantes tanto chineses como estrangeiros; quando descobriam actos ilícitos, esforçavam-se por deter os transgressores. Aquele que detivesse um malfeitor que tivesse vendido um homem ou mulher, era premiado pelo governo distrital."142 Nesse contexto, a muralha construída pelos portugueses residentes em Macau foi muito possivelmente destruída pelo exército estacionado em Macau, motivo por que no mapa de Macau feito no fim do século XVI não se vê nenhum vestígio dela.

A nova construção da muralha de Macau teve origem na necessidade de defesa contra os holandeses. Em Setembro de 1601, dois barcos mercantes holandeses entraram na zona marítima de Macau, tendo sido detida parte dos seus marinheiros, dos quais 17 foram identificados como piratas e condenados à morte. Assim se produziu a inimizade entre os holandeses e portugueses. Em 1602, os holandeses atacaram barcos portugueses no estreito de Malaca; em 1603, o barco "Sta. Catarina" foi raptado por holandeses, e em Junho de 1604, o almirante holandês Wybrane Van Warwyck dirigiu uma frota rumo a Macau.143 Ameaçados pelos holandeses, os portugueses de Macau recomeçaram a construir a muralha da cidade a fim de defender a localidade. Nos Registos Reais sobre Shenzong, Imperador Ming está escrito:

"No 33. ° ano do reinado de Wanli (1605), (os estrangeiros em Macau) construíram ilegalmente a muralha; quando oficiais e soldados chineses lhes fizeram perguntas, responderam que a faziam para resistir ao invasor."144

A afirmação "construíram ilegalmente", mostra que esta construção não foi aprovada pelo governo Ming. Na Colecção de Anedotas do Reinado de Wanli encontramos também o seguinte registo:

"No ano dingmo (35. ° ano do reinado de Wanli, ou seja,1607), Lu Tinglong, licenciado do distrito de Panyu de Cantão, pediu a expulsão dos estrangeiros de Macau... nesse momento, os estrangeiros de Macau construíam ilegalmente a muralha da cidade e davam asilo a malfeitores do ultramar."145

Segundo o mapa de Macau desenhado por Luiz da Silva por volta de 1607, a muralha existente já tem, nessa altura, a sua dimensão básica e altura idêntica à registada nos dados chineses correspondentes.146

A muralha da cidade de Macau construída nesta ocasião voltou a ser destruída por ordem do governo Ming, muito possivelmente no período em que Zhang Minggang assumia as funções de governador de Cantão. Nos Breves Registos sobre as Fronteiras vem indicado:

"Em Outubro (do 43. ° ano do reinado de Wanli), o governador de Cantão Zhang Minggang apresentou um memorial ao imperador, dizendo que os estrangeiros de Macau se mostravam muito arrogantes, recrutando japoneses como cúmplices. Eu ordenei que o governador da prefeitura de Hengsan, Yu Anxing, e o governador do distrito com o mesmo nome, Dan Qiyuan, se deslocassem a Macau para lhes anunciar o nosso decreto, exigindo que mandassem 123 japoneses de regresso ao seu país. Os dirigentes dos estrangeiros prometeram, por escrito, que posteriormente deixariam de os autorizar a entrar de novo."147

Já que os oficiais e soldados chineses puderam entrar em Macau e "expulsaram para fora da fronteira" os japoneses que "participaram na construção ilegal da muralha da cidade", considerando entretanto que assim "acabaram com um mal já existente há dezenas de anos em Macau",148 podemos chegar à conclusão que a destruição da muralha da cidade ilegalmente construída nesta ocasião deveria ser uma acção desenvolvida com ordens do governo Ming. Num decreto de proibição de rotas marítimas, estabelecido no 42. ° ano do reinado de Wanli (1614) pelo sub-director para os assuntos relativos às rotas marítimas, Yu Anxing, em vista das actividades ilegais dos portugueses em Macau, indica-se claramente:

"É proibido actuar sem autorização... Serão destruídas ou queimadas todas as casas novas, quiosques e pavilhões construídos sem autorização e os culpados, gravemente castigados."149

Esta proibição foi muito possivelmente estabelecida depois da destruição da muralha da cidade construída pelos portugueses de Macau, numa tentativa de proibir os estrangeiros de Macau de construir ilegalmente casas e muros na cidade.

Mas os portugueses de Macau não observaram estritamente este decreto. Só três anos mais tarde, ou seja, em 1617, começaram a construir a "fortaleza de S. Paulo", hoje muito famosa, e o troço da muralha do norte da cidade.150 Sem embargo, esta construção foi realizada às escondidas, depois do "suborno a mandarins chineses","para que não interferissem no assunto".151 Até 1621, antes da invasão hol andesa de Macau, o ritmo da construção da muralha da cidade de Macau fora sensivelmente acelerado. Na Crónica do Distrito de Hengsan, no reinado de Daoguang, está indicado:

"Naquele momento, Xu Ruke enviou o sub-director para os assuntos relativos às rotas marítimas a Macau, onde os portugueses o informaram que os holandeses invadiriam Hengsan, pedindo o envio de tropas, o abastecimento de cereais, madeira e pedra para o aperfeiçoamento da muralha da cidade... Logo depois, os estrangeiros reforçaram a sua vigilância e aceleraram o andamento da sua obra de construção, conseguindo construir diariamente cem zhang de muros."152

Igreja de S. Lázaro, desenho à caneta de George Chinnery (1832, Macau). Col. Toyo Bunko.

"Construir diariamente cem zhang", este facto reflecte o ritmo acelerado da construção da muralha da cidade a fim de prevenir a invasão holandesa. Entre 1621 e 1622, não só a construção da fortaleza de S. Paulo ainda continuava, como também se iniciou a construção dos fortes do Templo da Barra, do Incinerador, de S. Francisco, da colina da Guia e da colina da Penha.153 Ao mesmo tempo, na ilha Verde também se iniciara a construção dum castelo. A obra de construção do troço da muralha a nordeste de Macau terminou em 1622.154 No livro Registos de Éditos de Imperadores Ming, também está escrito que:

"No ano passado informaram da invasão dos holandeses ( ou seja, da invasão holandesa de Macau no 2. ° ano do reinado de Tianqi) e do planeamento de terrenos e recrutamento de mais trabalhadores para a construção de novos muros afim de reforçar a defesa contra os holandeses. De facto, este foi o seu pretexto usado de modo a serem autorizados a construir mais casas nas encostas das colinas locais."155

Por isso, esta construção da muralha da cidade sofreu também interferência do governo Ming. Segundo a Crónica do Distrito de Hengsan,no reinado de Daoguang:

"Xu Ruke enviou o sub-director para os assuntos relativos às rotas marítimas a Macau com soldados para destruir muros, mas o resultado foi insatisfatório; quanto a isso, o édito imperial considera que foi devido à insuficiência das forças enviadas. Mais tarde, enviados soldados de reforço, todas as construções ilegais foram destruídas."156

Foi no 46. ° ano do reinado de Wanli (1618) que Xu Ruke enviou o sub-director dirigir o trabalho de destruição da muralha da cidade de Macau, e foi no primeiro ano do reinado de Tianqi (1621) que deixou o Território. Por isso, esta ordem foi uma das suas últimas acções antes de deixar Macau. No supracitado material diz-se que "todas as construções ilegais foram destruídas"; pensamos que se refere, talvez, principalmente, às construções ilegais na ilha Verde. Tal como se refere na História da Dinastia Ming, cap."Sobre os Franges":

"No primeiro ano do reinado de Tianqi, o chefe da guarnição, considerando possíveis consequências funestas, enviou o fiscal Feng Conglong e outros para destruir todos os muros construídos na ilha Verde. A esta acção, os portugueses não ousaram resistir."157

Dados ocidentais dizem também que oficiais e soldados chineses destruíram todas as construções na ilha Verde. De facto, as fortalezas e fortes sobreviventes desempenharam um papel importante no combate de 1622, contra os holandeses.

Após o fim da guerra entre holandeses e portugueses, exactamente em Maio de 1623, Dom Francisco Mascarenhas tomou posse do cargo de governador de Macau. Logo depois, acelerou a construção da muralha da cidade e do sistema completo de obras de defesa militar de Macau. Beatriz B. da Silva diz na sua obra:

"Pouco após a sua tomada de posse em 17 de Julho (de 1623), ele terminou a construção da muralha da cidade e aperfeiçoou o sistema de fortalezas nesse mesmo ano."158 A. Bocarro diz ainda:

"A construção da muralha da cidade de Macau foi cumprida principalmente sob a direcção do primeiro governador de Macau, que dirigiu a construção da maior parte das obras de defesa."159

Talbo (transliteração do chinês) diz também no seu livro:

"Os portugueses aproveitaram os cativos holandeses para construir uma muralha de defesa contra uma possível invasão do exterior, muralha que começa no nordeste da colina da Fortaleza de S. Paulo e termina nas ruínas do convento de S. Francisco. Em 1626 acabaram todas as obras de construção.""160

Na segunda colecção dos Dados Históricos das Dinastias Ming e Qing está registado:

"(falta a parte superior) Nos arredores das obras de defesa instalaram-se dezenas de canhões, dizendo-se no exterior que eram fortalezas. Segundo espiões, o rei português já foi informado de que o custo total da construção da muralha tinha chegado a mais de duzentos mil taéis de prata, e que os portugueses já tinham ocupado uma parcela de terra da dinastia chinesa. Então, o rei enviou seu sobrinho Dom Francisco de Mascarenhas para que a governasse. Posteriormente, este governador, devido ao mérito adquirido na direcção da construção da muralha e obras de defesa militares da cidade, ficou famoso e desejou construir um palácio com base naquela grandiosa fortaleza e, depois, mais uma torre. Pensou pedir ao rei que enviasse um príncipe para dirigir a defesa da fortaleza, e pensou ainda que ele próprio moraria na fortaleza como sinal de que estava disposto a respirar em uníssono com ela. Felizmente, o nosso governo conseguiu descobrir a sua intriga e foi o primeiro a adoptar medidas estratégicas, medidas que incluíam a suspensão de abastecimento do território com cereais, de modo a estrangular os portugueses. Entretanto, aumentou o número de oficiais e soldados aí estacionados, que rodearam estritamente as obras militares, detiveram os elementos conspiradores, e recorreram ao estratagema de semear a discórdia entre as mulheres portuguesas e o capitão geral, de modo a criar-lhes dissenções internas; se uma sentinela saísse da fortaleza, seria apanhada. Estas medidas tomadas fizeram com que os portugueses se sentissem encurralados e, finalmente, prometessem desfazer a muralha da cidade e destruir armas, expulsar os traidores, deixar de dispor sentinelas, e pagar anualmente mais dez mil taéis de prata de impostos, declarando-se entretanto culpados, por escrito. Entre 23 de Fevereiro e o princípio de Março, o capitão geral ainda devia dirigir os seus subordinados... (falta a parte seguinte)."161

Este material de arquivo não tem data pois está incompleto. O referido fidalgo Dom Francisco de Mascarenhas chegou a Macau em 1623.162 A referência sobre o facto de ter recorrido ao estratagema de semear a discórdia entre o capitão geral e mulheres portuguesas de modo a criar dissenções internas é exactamente idêntica à registada no Macau Histórico:

"Os actos de Mascarenhas tornaram-se cada vez mais inescrupulosos, entrando à sua vontade em casas portuguesas comuns e injuriando mulheres ou filhas de nobres, de modo que estas não se atreviam a ir à missa à igreja. Como tal, finalmente, em 10 de Outubro de 1624, frente a esta situação verdadeiramente intolerável, os deputados do Leal Senado e jesuítas levantaram-se numa rebelião."163

Porta norte da cidade de Macau. Lápis sobre papel, George Chinnery (c.1830-33). Col. Toyo Bunko.

Quanto à referência ao facto de "prometerem desfazer a muralha da cidade e destruir armas", deve ser uma referência à destruição da muralha da cidade em Abril do 5. ° ano do reinado de Tianqi (1626). Sobre este acontecimento, encontramos nos Registos Reais sobre Xizong, Imperador Ming as seguintes palavras:

"(Em Abril do 5. ° ano de Tianqi), He Shijin, governador de Cantão, apresentou um relatório ao imperador, em que se diz que em vista do facto de os estrangeiros, que sempre ocuparam Macau, serem extremamente arrogantes, os nossos oficiais governamentais e militares decidiram tomar medidas para rebater a sua arrogância e defender o nosso território. Com a nossa acção resoluta, os traidores já foram eliminados e os estrangeiros submeteram-se, tendo expressado a vontade de destruir todos os troços da muralha da cidade, além da parte ao longo do mar aproveitada para defesa contra os holandeses."164 O registo de A. Bocarro é também idêntico:

"Mas, os chineses têm um carácter muito desconfiado, considerando que se construímos estas obras militares era para nos voltarmos contra eles, razão por que nos obrigámos a destruir a maior parte das obras de defesa que ficavam a nordeste da fortaleza de S. Paulo, junto à fronteira com o continente chinês. Finalmente, só sobrevivem as obras a oeste da fortaleza e ao longo da costa."165

Resumindo o acima mencionado, podemos ver que pouco depois da tomada de posse de Mascarenhas, a construção da muralha da cidade de Macau e do sistema das obras de defesa militar estavam, no fundamental, terminadas; a fortaleza de S. Paulo era então não só uma importante obra militar, mas também residência do então governador local. O registo "o custo da construção da muralha da cidade chegou a duzentos mil taéis de prata" reflecte a grande dimensão da muralha da cidade construída nesta ocasião. Segundo A. Bocarro:

"A muralha tem quase 2,7 metros de altura e a sua espessura mínima é de apenas um metro e tal. Característica da muralha é que a sua altura muda em harmonia com a encosta da colina. Feita de barro batido, cal e palha, a muralha é bastante forte."166

E segundo o livro Macau Antes de 300 Anos:

"A base da muralha tem uma largura de 20 zhichi, a largura da muralha reduz-se com a sua altura e o seu cume só tem 15 zhichi de largura. A altura da muralha é de 50 zhichi (um zhichi equivale, mais ou menos, a 9 polegadas). Todos os troços da muralha foram construídos com barro batido, cal e palha, sendo muito forte."167

No 5. ° ano do reinado de Tianqi, com a interferência resoluta do governador de Cantão, He Shijin, toda a parte da muralha da cidade a norte (incluindo a fortaleza de S. Paulo) foi desfeita, restando apenas a parte ao longo do mar. Por isso, nos Breves Registos sobre Macau se diz:

"A muralha da cidade de Macau é forte e baixa. Fica hoje no centro da cidade porque a parte noroeste foi destruída pelos Ming."168

Após os muros do norte da cidade terem sidos destruídos, os portugueses não renunciaram definitivamente à sua ideia de reconstrução. Como tal, menos de 5 anos depois daquele acontecimento, voltaram a exprimir a vontade de reconstruir a muralha. Quanto a isso, há registos no volume 41 da Crónica do Imperador Chongzhen:

"No dia bingchen [do 3. ° ano do reinado de Chongzhen (1630)], o director do departamento de protocolo, Lu Zhaolong, apresentou um memorial ao imperador, em que diz: Quanto à muralha ilegalmente construída pelos estrangeiros para nos enfrentar só foi destruída menos de metade, embora frente ao nosso poderoso exército. Mesmo nesta situação, eles exigem obstinadamente que os autorizemos a reconstruir a muralha... Peço que Vossa Majestade emita um édito para os proibir de voltar a construir muros em Macau, em quaisquer circunstâncias."169

Apesar da ordem do governo Ming de "proibir voltar a construir a muralha", o governo português de Macau não lhe obedeceu. No mapa da cidade de Macau desenhado em 1632, vêem-se claramente a muralha e a fortaleza reconstruídas no norte da cidade: há muros entre a Praia Oeste e o Patane, onde está ainda de pé um forte; no monte de S. Paulo encontra-se de novo uma fortaleza, onde estão marcadas 11 posições de canhão; no extremo sul do monte da Guia está o forte Conde de S. Januário e a norte deste forte encontra-se o do monte da Guia. Quanto à muralha reconstruída, esta começa no forte Conde de S. Januário, chegando ao litoral e passando pelos fortes de S. Francisco, da colina da Penha e do Incinerador, terminando no forte do Templo da Barra. Além disso, há ainda um muro ao longo do norte do monte da Guia.170 Em resumo, além da zona do Porto Interior, a oeste, há muros a norte, leste e sul da cidade de Macau, e nos lugares de localização estratégica e de acesso difícil, foram construídas fortificações. Deste modo, Macau era então, de facto, um castelo de defesa militar muito rigorosa.

Na época da dinastia Ming, a cidade de Macau tinha quatro portas, que se chamam respectivamente:

"Porta Grande, ou seja, Porta de S. Paulo; Porta Pequena, ou seja, Porta Pequena de S. Paulo; Porta de Patane; Porta do Templo de Fawang."171

Estas quatro portas estavam abertas na muralha do norte da cidade, principalmente com o fim de facilitar os contactos com o interior do continente chinês. Mais tarde, as três portas pequenas foram obrigadas a fechar devido à proibição marítima e ao controlo rigoroso da dinastia Qing sobre Macau, só restando assim a Porta Grande, continuamente aberta. Até ao reinado de Daoguang, foram abertas a Porta do Campo e a Porta Seng Hoi, para favorecer os contactos entre Macau e o interior chinês.172

Quanto ao número de fortes de Macau, há referências em muitos livros, nomeadamente nos Breves Registos sobre Macau; Sobre Macau, de Xue Wen; Acerca de Macau, de Lu Xiyan; Crónica do Distrito de Hengsan, de Bao Yu. Todos estes materiais dizem que são seis, ou seja:

A Fortaleza de S. Paulo, ou Fortaleza Grande, Fortaleza do Monte. A sua construção começou em 1617 e terminou em 1626.173 É a maior fortaleza existente em Macau, encontra-se no cimo dum monte, em forma de quadrado, com um edifício de três pisos no seu centro, e em todos os picos estão instalados canhões, totalizando 18, de bronze. Serviu também de residência do governador de Macau até ao século XVIII.174

O Forte da Guia. Situa-se no cimo do monte da Guia, o ponto mais alto de Macau. A sua construção inicial data de 1622.175 Segundo A. Bocarro, na altura a dinastia Ming prometeu dar 7000 taéis de prata como recompensa pela destruição deste forte.176 Isto significa que esta fortaleza foi desfeita antes de 1635. Mas, segundo uma inscrição até hoje conservada, sobre a história deste forte,"este forte foi construído com as doações dos locais e o chefe do forte era António Ribeiro. Iniciada em Setembro de 1637, a sua construção terminou em Março de 1638."177 Daí se vê que foi reconstruído depois da sua destruição anterior. A área da fortaleza é de aproximadamente 800 metros quadrados, com uma altura de 6 metros, contando com 4 torres e 5 canhões instalados.

Fortes de S. Francisco e da Guia.

Lápis sobre papel de George Chinnery (1833). Col. Sociedade de Geografia de Lisboa.

O Forte de Nossa Senhora da Penha de França. Deve ter sido construído entre 1622 e 1623, porque no plano de defesa sobre a construção de fortes, preparado por Mascarenhas, se incluía esta fortificação.178 Naquela altura, estavam instalados nela dois canhões.

O Forte do Templo de Barra, ou seja, Forte de Santiago. Em 1622, quando da invasão holandesa, estava ali instalado um canhão. Em 1623, Mascarenhas mandou ampliá-lo, tornando-se assim num forte grandioso, de 150 metros de comprimento e 50 metros de largura, armado com um total de 18 canhões. No seu interior havia um tanque onde podiam caber 3000 toneladas deágua.179

O Forte do Incinerador, ou seja, Forte do Bomparto ou Forte de Santa Maria. Já existia quando da invasão holandesa em 1622. Neste forte, em forma de triângulo, estavam instalados 6 canhões.180

O Forte de S. Francisco. Em forma de cone, este forte já existia também quando da invasão holandesa em 1622. Foi reconstruído em 1629,181 contando com 7 canhões instalados.182

Além destes seis fortes, havia dois que não vêm referidos em nenhum dos supracitados livros. Mas, no mapa de Macau de 1632, estão marcados claramente 8 fortalezas;183 tanto no "Mapa de Macau de 1635", de A. Bocarro, como no livro de D. F. Navarrete,Tratados Históricos, Políticos, Éticos e Religiosos da Monarquia da China, diz-se que havia em Macau 8 fortes,184 dois mais do que o número registado nos livros acima mencionados. Um, o de Patane, ou seja, Forte de S. João. Segundo Guo Yongliang,"este foi um dos mais antigos fortes de Macau, cuja data de construção não pode ser definida".185 Conforme a Cronologia da História de Macau,"em 1562, a primeira igreja, ou seja, capela de S. João, tomou a entrada duma zona residencial como forte, onde se instalaram espingardas (de facto, o forte de Patane)".186 Daí sabemos que este forte deve ter sido o primeiro forte construído em Macau. Antes de 1632, estavam instalados três canhões neste forte, o que mostra que era um dos menores fortes de Macau.187 Outro, o Forte Conde de S. Januário, que se situa perto do actual Hospital Conde de Januário. Este forte foi construído ao mesmo tempo que se construiu a muralha, por volta de 1626.188Naquela altura, estavam aí instalados apenas dois canhões, sendo também um dos menores fortes da localidade.189

A construção da muralha e fortalezas da cidade de Macau sofreu um processo de construção e destruição repetido, chegando finalmente ao seu fim antes de 1632 (6. ° ano do reinado de Chongzhen). Isto foi muito possivelmente porque a situação na fronteira norte da dinastia Ming se tornou cada vez mais tensa, e o governo Ming ou não teve tempo e forças suficientes para atender à questão de Macau, ou foi porque nessa altura, como o governo Ming mostrava já vontade de cooperar com os portugueses de Macau de modo a enfrentar conjuntamente o perigo da invasão holandesa, os autorizou a reconstruir a muralha e as fortificações. No fim de contas, desde 1632, ano em que terminou a reconstrução da muralha e fortalezas, até à queda da dinastia Ming, nunca as partes tiveram conflitos neste aspecto.

Tradução de Huang Qichen; revisão de Pedro Catalão; revisão final de Fátima Gomes.

NOTAS

1 O estudo sobre a cidade de Macau é actualmente um problema menosprezado por especialistas na matéria. No seu artigo História de Macau, Séculos XVI e XVII: Alguns Inquéritos em Aberto, publicado no número 19 da versão chinesa da "Revista de Cultura", o estudioso português Jorge Manuel Flores apela para a realização de estudos sobre este aspecto. O presente artigo pode ser considerado como uma tentativa de abordagem desta matéria.

2 GUO Fei 郭棐(da dinastia Ming), 廣東通志 (Registos Gerais de Cantão), vol.69,"外志"("Registos sobre os Assuntos Estrangeiros").

3 WANG Shixing 王士性(da dinastia Ming), 廣志繹(Estudos Sobre os Registos Históricos de Cantão), vol.4, (cap."Diversas Províncias a Sul do Rio Yangtse").

4 YU Dayou 俞大猷(da dinastia Ming), 正氣堂集(Colecção de Histórias sobre o Espírito de Justiça),vol.15,"論商夷不得恃功恣横"("Sobre a Proibição dos Comerciantes Estrangeiros de Presumirem de Seus Méritos e Agirem a Seu Prazer").

5 Ver supra, nota 3.

6 YIN Guangren 印光任 e ZHANG Rulin 张汝霖(da dinastia Qing), 澳門記略(M onografia de Macau), vol. l,"官守篇"(Cap."Sobre os Mandarins").

7 PANG Shangpeng 龐尚鵬(da dinastia Ming), 百可亭摘稿(Extractos Acerca do Quiosque Baike), vol. l, ("Memorial Apresentado ao Imperador sobre o Apaziguamento dos Estrangeiros Residentes em Hougeng Ou").

8 Idem.

9 YE Quan 葉權(da dinastia Ming),"賢博篇" ("Apontamentos sobre a Visita a Lingnan") anexo do seu livro 游嶺南記(Sobre os Virtuosos e Sábios).

10 Beatriz Basto da SILVA,Cronologia da História de Macau, (edição chinesa) cap.: "Macau no Século XVI", Fundação Macau,1995.

11 António BOCARRO,Macau em 1635. Veja-se a obra de C. R. Boxer: Macau no Século XVII,págs.14 a 38, edição de Hong Kong,1984.

12 Idem.

13 Ver supra nota 7.

14 WU Guifang 吳桂芳(da dinastia Ming),"議阻澳夷進貢疏", ("Memorial Apresentado ao Imperador sobre o Impedimento dos Estrangeiros em Macau Pagarem Tributo") publicado na 明經世文編 (Colecção de Documentos dos Ming sobre os Assuntos Sociais), vol.342.

15 Ver supra, nota 11.

16 ZHANG Tingyu 張廷玉(da dinastia Qing), 明吏(História da Dinastia Ming), vol.325 "佛澳防黎疏" ("Sobre os Franges").

17 GUO Shangbin 郭尚賓(da dinastia Ming), 郭給練疏稿 (Manuscritos dos Memoriais de Guo ao Imperador), Vol. I,"防澳防黎疏" ("Memorial sobre a Defesa de Macau").

18 J. M. BRAGA,Os Exploradores Ocidentais e a Sua Descoberta de Macau, 1949, Hong Kong.

19 Ver a nota 2.

20 TAN Shibao 譚世寶,Novas Descobertas no Templo de A-Má, "Revista de Cultura", n. ° 29,1996.

21 GUO Fei 郭棐(da dinastia Ming), 廣東通志(Crónica Geral de Cantão), vol. I,"秩官" ("Hierarquias de Mandarim").

22 ZHANG Zengming 章憎命: A terceira parte do sexto artigo "Apontamentos sobre a Cidade de Macau", de Anedotas de Macau, onde se relata o processo da ampliação da cidade de Macau. Ver Macao Daily News, 13 de Junho de 1961.

23 Ver nota 10.

24 Domingos LAM,Extractos de Anedotas Históricas de Macau, cap."Breve História das Igrejas de Macau" (versão dactilografada e impressa).

25 WANG Yining 王以宁(da dinastia Ming), 東粤疏草(Registos sobre o Leste de Cantão), vol. I,"請税疏" ("Sobre o Pedido de Redução de Impostos").

26 Idem, Ibidem, vol. V,"條陳海防疏" ("Sobre a Defesa Marítima").

27 Ver nota 10.

28 Mons. Manuel TEIXEIRA,Os Japoneses em Macau,"Revista de Cultura", n. ° 17,1993.

29 Idem, ibidem.

30 ZHANG Zengming 章憎命,"大三巴牌坊詳考", ("Investigação Detalhada sobre a Fachada das Ruínas de S. Paulo"), uma das Anedotas de Macau, publicada no Macao Daily News, l a 5 de Setembro de 1959.

31 C. R. BOXER,Papel da Religião e do Entreposto Comercial de Macau nos Séculos XVI e XVII, in "Estudos do Oriente", vol.46, pág.1-37; versão chinesa publicada na revista "中外關係史譯業" ("História das Relações Sino-Estrangeiras"), vol.5, Shanghai, Ed. Yiwen.

32 TIAN Shengjin 田生金(da dinastia Ming), 按粤疏稿,(Verificação dos Relatórios de Cantão), vol.6,"辨問矜疑罪囚疏" ("Distinção e Compadecimento dos Suspeitos").

33 Ver nota 28.

34 Ver nota 31.

35 Benjamim Videira PIRES, S. J.,Os Extremos Conciliam-se. No capítulo XI da obra,"Aluguel de Terra", apresentam-se cinco registos relativos a pagamentos de aluguer de terra em 1689, actualmente conservados no Leal Senado.

36 Pr. Barreto de RESENDE,O Mapa de Macau no Século XVII. Ver ainda a nota 117.

37 Manuel Godinho de ERÉDIA,Plano de Macau,"Revista de Cultura", n. ° 29, pág.112,1996.

38 Algemeen RIJKARCHIEF,"O Mapa de Macau no Seu Período Inicial (1665)", originalmente publicado no Atlas de Johannes Vingboons. Veja-se a "Revista de Cultura", n. ° 13/14, pág.21,1933.

39 Ver a nota 11.

40 Ver a nota 3.

41 WANG Linheng 王臨亨(da dinastia Ming), 粤劍篇(Sobre as Armas de Cantão), vol.3,"志外夷" ("Armas dos Estrangeiros") e vol.4 "九月十四日夜話記" ("Anexo da Conversação Tida na Noite de 14 de Setembro"), vol.3,"粤劍篇" ("Armas dos Estrangeiros") e vol.4 "九月十四日夜話記" ("Anexo da Conversação Tida na Noite de 14 de Setembro").

42 Idem.

43 Ver a nota 11.

44 Domingos LAM,"A Religião Local dos Chineses de Macau em Crescente Desenvolvimento", in Extractos de Anedotas Históricas da Freguesia de Macau. Além de que, ver 崇禎長編 (Registos sobre o Imperador Chongzhen), vol.24,"Lu Shaolong, director do Departamento de Documentação Ritual informa (em Maio do 3. ° ano do reinado de Chongzhen: Permanecem em Macau numerosas pessoas provenientes de Fujian, das quais, pelo menos, vinte a trinta mil são malfeitores que provocam diversos distúrbios; estão aí ainda inúmeros ladrões e homens sem rei nem lei, vindos de Cantão, que cometem diversos tipos de crimes ". O 3. ° ano deste reinado corresponde a 1630. Esta informação é outro testemunho do dito número da população da Macau de então.

45 "Registos da Lápide sobre a Reconstrução da Associação Sanjie", feitos no reinado de Qianlong, publicados nas Anedotas de Macau, da autoria de Zhang Zengming, série 11: "O Passado das Associações"; parte A da série "Associação Sanjie". Veja-se o Macao Daily News, 11 de Setembro de 1962.

46 CHEN Wude 陳吾德(da dinastia Ming), 謝山樓存稿(Documentos Existentes em Xie San Lou), vol. l,"條陳東粤疏" ("Relatório sobre o Leste de Cantão").

47 Ver nota 45.

48 Ver nota 10.

49 C. R. BOXER,Franges Vieram ao Oriente, in "中外關係史譯業" ("Traduções de Documentos sobre as Relações Sino-Estrangeiras"), vol.4, Shanghai, Ed. Yiwen,1988.

50 Theodore DE BRY,"Mapa Geral de Macau no Seu Período Inicial", in "Revista de Cultura", n. ° 26,1996. Além disso, veja-se "Macau sob a Pincelada do Pintor Holandês - Investigação de Duas Gravuras de Bronze dos Séculos XVI e XVII", in Macao Daily News, 12 de Outubro de 1997.

51 Ver nota 24.

52 Ver nota 35.

53 Mons. Manuel TEIXEIRA,Os 400 Anos da Missão dos Jesuítas em Macau, tradução chinesa [耶穌會士於澳門開教四百周年], Macau,1964.

54 ZHENG Weiming,"Crença Religiosa", in Panorama de Macau, coordenação de WU Zhiliang, Fundação Macau,1996 (2. ḁ edição). Cf. também GUO Yongliang 郭永亮,澳門香港之早期關係 (Relações Iniciais entre Macau e Hong Kong), cap. V.

55 Idem, Ibidem, cap. V,"澳門早期教堂" ("A Igreja no Período Inicial de Macau").

56 Ver nota 24.

57 Ver nota 55.

58 HUANG Qichen 黃啟臣, 澳門歷史(História de Macau), cap. VIII,"澳門宗教" ("As Religiões de Macau"), pág.528, Macau, [ Instituto de História de Macau],1995.

59 LI Pengzhu 李鵬翥,Macau: Ontem e Hoje, Macau, Ed. Seng Kwong,1988, pág.150.

60 Ver nota 54.

61 Ver nota 58.

62 Ver nota 55.

63 YIN Guangren 印光任 e ZHANG Rulin 張汝霖, 澳門記略(Monografia de Macau), vol.2,"澳蕃篇" ("Sobre os Estrangeiros em Macau").

64 Ver nota 49.

65 Ver nota 55.

66 Ver nota 14.

67 Ver nota 9.

68 Ver nota 55.

69 Ver nota 63.

70 ALAIS,Macau, cap. V,"Ordem de S. Francisco em Macau", s. l., s. d..

71 Ver nota 63.

72 Ver nota 55.

73 Ver nota 24.

74 Ver nota 10.

75 Ver nota 63.

76 Ver nota 24.

77 Ver nota 10.

78 FANG Hao 方豪, 方豪六十自定稿 (Colecção dos Meus Sessenta Artigos), s. l., s. d..

79 Ver nota 63.

80 ZHU Huai 祝淮, 香山縣志(Crónica do Distrito de Hengsan), vol.4,"海防" ("Defesa Marítima").

81 Ver nota 55.

82 Ver nota 24.

83 Ver nota 10.

84 YIN Guangren e ZHANG Rulin,Opus cit., que tem como anexo um Mapa de Macau de Vista Frontal em que a Sé fica no sudeste do Território, enquanto outro mapa de Macau, visto de perfil, mostra a Igreja de S. Paulo junto à Sé. Obviamente, o mapa visto de perfil está errado.

85 清代外交史料(嘉慶朝),(Dados Históricos das Relações Diplomáticas da Dinastia Qing (no Reinado de Jiaqing), vol.2,"兩廣總督吳熊光等奏澳門船尚未退去遵旬用兵驅逐未即攻剿情形并將澳門繪圖貼説呈覧奏" ("Memorial Apresentado pelo Governador de Cantão, Wu Xionguang e Outros, sobre a Situação dos Barcos Ingleses Ainda não se Terem Retirado, Embora Fossem Atacados de Acordo com o Édito. Com um mapa de Macau em anexo ").

86 Ver nota 55.

87 Ver nota 24.

88 Huang Qichen confundiu o Templo Central com o Templo Grande. Quanto a isso, veja-se o livro de Huang acima referido; Zhang Wenqin tomou o Templo Grande como a Igreja de S. Paulo, referida nos 澳門記(Registos Sobre Macau), de Lu Xiyan; quanto a isso, veja-se o livro 澳門與中華歴史文化(Macau e a História e Cultura da China), de Zhang, pág.91. Não sabemos quais são os seus fundamentos nesta matéria.

89 Ver nota 53.

90 Mons. Manuel TEIXEIRA,"As Religiões de Macau", in Macau, de R. D. Cremer (ed.), Hong Kong,1987.

91 Ver nota 10.

92 TANG Xianzu 湯顯祖(da dinastia Ming), 牡丹亭,(Quiosque da Peónia), episódio XXI,"謁遇" ("Encontro").

93 Ver nota 30.

94 GONG Xiangling 龔翔麟(da dinastia Qing),"珠江奉使記" ("Apontamentos sobre a Realização da Missão ao Longo do Rio das Pérolas"), in 池北偶談(Ensaios Dispersos de Chibei), de WANG Shizhen, vol.21,"香山嶴" ("Macau de Hengsan").

95 Ver nota 28.

96 Ver nota 63.

97 ZHANG Wenqin 章文欽,澳門與明清時代的中國天主教徒 (Macau e o Catolicismo na China Durante as Dinastias Ming e Qing), pág.135, nota 4. Veja-se Macau e a História e Cultura da China, op. cit. No seu livro, Huang Qichen segue a opinião dos Breves Registos sobre Macau, do 18. ° ano do reinado de Kangxi(1679).

98 Os fortes e as igrejas foram construídos ao mesmo tempo no monte da Guia e na colina da Penha. Segundo palavras do primeiro governador de Macau, D. Francisco Mascarenhas, citadas por Mons. Manuel Teixeira no seu livro citado, quando chegou a Macau, os fortes tanto no monte da Guia como na colina da Penha já estavam nas suas formas embrionárias. E segundo uma inscrição portuguesa na lápide comemorativa do forte da Penha, este forte foi construído em 1622. Mas, Manuel Teixeira considera que elejá existia em 1620 e 29 de Abril de 1622 foi a data da cerimónia de abertura ao público. Veja-se o livro acima referido de Guo Yongliang.

99 Ver nota 54.

100 Ver os livros acima citados de Domingos Lam e de Guo Yongliang. Mas, Huang Qichen e Zheng Weiming consideram nos livros acima referidos que esta igreja foi construída em 1634.

101 Ver nota 11.

102 (Comunicação sobre os Assuntos Fronteiriços de Macau).No livro Sobre Armas do Japão também se menciona:"Dizem que na cidade de estrangeiros (Franges) se fabricam canhões de bronze." Esta referência pode ser também um testemunho sobre esta matéria.

103 BU Yi 布衣,澳門掌故(Anedotas de Macau). Ed. Guangjiaojing (Lente Grande-Angular),1979.

104 Beatriz Basto da SILVA,Op. cit., cap."Macau no Séc. XVII", (versão chinesa), Macau, Fundação Macau,1995.

105 Ver-nota 17.

106 QU Dajun 屈大均(da dinastia Qing), 廣東新语(Novos Dados Históricos sobre Cantão), vol.2 "澳門" ("Macau").

107 LI Ruixiang 李瑞祥,澳門美術發展的四個時期(Quatro Períodos do Desenvolvimento das Belas-Artes de Macau), in "Hougeng", n° l, Macau,1986.

108 Ver nota 55.

109 Ver nota 53.

110 Ver nota 53.

111 D. G. REGO,Relação sobre a Fundação e Fortificação de Macau (1623),"Revista de Cultura", n. ° 31, Abr.-Jun.1997, pp.152-158.

112 LAU Sin Peng 劉羡冰,Estudos Iniciais do Valor do Colégio de S. Paulo de Macau (brochura), Instituto Cultural de Macau,1994.

113 Ver nota 63.

114 L. BLUSSE,História das Relações Sino-Holandesas; cap. III,"Rumo à China" (versão chinesa), ed. Lu Ko Dian; 1989.

115 Ver nota 28.

116 Theodore DE BRY,Mapa Completo de Macau no Seu Período Inicial, in "Revista de Cultura", n. ° 26, Jan.-Mar.1996.

117 Pr. Barreto de RESENDE,Mapa de Macau no Século XVII, in "Revista de Cultura", n. ° 10,1992. J. M. Braga considera no seu livro Hong Kong and Macauo - A Record of Good Fellow Ship, pág.29, que o dito mapa foi feito em 1632, quando ainda não terminou a construção da fachada da Igreja de S. Paulo, pois esta só chegaria a seu fim em 1637; versão de Hong Kong,1960.

118 Ver nota 16.

119 Ver nota 106.

120 Yin GUANGREN e Zhang RULIN,Op. cit., vol. l,"形勢篇" ("Sobre a Situação").

121 Idem,"Mapa de Yixiting", anexo de 澳門記略(Breves Registos sobre Macau).

122 WU Li 吳歴(da dinastia Qing), 三巴集 ° 嶴大雜咏(Antologia de Poemas sobre S. Paulo: Diversos Cantos sobre Macau).

123 Guo Yongliang 郭永亮,Op. cit., cap. III "澳門舊城牆界考" ("Investigação da Antiga Muralha da Cidade de Macau").

124 BAO Yu 暴煜(da dinastia Qing), 香山縣志 (Crónica do Distrito de Hengsan), vol 6,"宦績 ° 王綽傅" ("Méritos de Mandarins: História de Wang Chuo").

125 Numa inscrição no Pavilhão Hongren do Templo de A-Má diz-se: "O Templo foi construído pelos comerciantes da rua Dezi, no ano Yisi (ou seja, no 33. ° ano) do reinado de Wanli." Quanto à origem do Templo, existem ainda opiniões diferentes. Mas, deve ser certo que se estabeleceu no 33. ° ano do reinado de Wanli.

126 Na "Inscrição na Lápide Comemorativa da Reconstrução do Templo Wingfukguse", feita no 13. ° ano da República Nacionalista da China, diz-se que "foi construído no fim dos Ming e reconstruído no reinado de Jiaqing". Veja-se Anedotas de Macau, de Zhang Zengming, série 10 "Pequenas Histórias de Templos Antigos: o Templo da Terra no Patane". Esta anedota foi publicada no Macao Daily News, 30 de Junho de 1962.

127 JIAO Qinian 焦祈年(da dinastia Qing),"巡視澳門記" ("Apontamentos sobre a Inspecção de Macau"), in 香山縣志 (Crónica do Distrito de Hengsan),de BAO Yu; vol.9.

128 Ver nota 122.

129 Ver nota 106.

130 Yin GUANGYIN 印光任 e Zhang RULIN 張汝霖,"青洲山圖" ("Mapa da Colina da Ilha Verde"), anexo a 澳門記略 (Monografia de Macau).

131 ZHANG Weihua 張維華,明吏歐洲四國傅注釋 (Notas sobre os Registos acerca de Quatro Países Europeus na História da Dinastia Ming), Shanghai, Editora de Documentos Antigos,1982, pág.50.

132 Ver nota 80.

133 Ver nota 9.

134 Ver nota 10.

135 Gaspar FRUTUOSO,Livro Segundo das Saudades da Terra, in "Revista de Cultura", n. ° 31, Abr.-Jun.1997, pp.128-132.

136 明史 (Ming Shi; História da Dinastia Ming) cap."陳吾德傅" ("Biografia de Chen Wude").

137 Ver nota 46.

138 Ver nota 116.

139 P. PASTELLS,"Catálogo dos Documentos relativos às ilhas Filipinas, existente no Arquivo de índias de Savella", citado do livro Actividades Marítimas da China nos Seus Mares do Leste e do Sul, no Último Período da Dinastia Ming, vol l, págs.253-254.

140 Ver nota 135.

141 Ver nota 46.

142 Idem.

143 Ver nota 114.

144 明神宗實録 (Ming Shenzong ShiLu; Registos do Imperador Shenzong, da Dinastia Ming), vol.257; cap."萬歴四十二年十二乙未條" ("Dia yiwei de Dezembro do 42. ° ano do reinado de Wanli").

145 SHEN Mingqian 沈德(da dinastia Ming), 萬歴野獲篇 (Colecção de Anedotas do Reinado de Wanli),vol.30: "香山嶴" ("Macau de Hengsan").

146 Luiz da SILVA,"Macau na Primeira Metade do Século XVII ", incluído na Colecção de Mapas de Calibolai. Veja-se o mapa anexo à Cronologia da História de Macau, op. cit..

147 FANG Kongzhao 方孔炤(da dinastia Ming), 全邊略記 (Registos sobre as Fronteiras), vol.9: cap.:"海略" ("Zonas Marítimas").

148 Ver nota 145.

149 Ver nota 6.

150 Beatriz Basto da SILVA,Cronologia da História de Macau, cap."Macau no Século XVII", em que se diz que a construção da fortaleza de S. Paulo se iniciou em 1617, enquanto no seu supracitado livro, Zheng Weiming considera que o início da execução desta obra data de 1612.

151 A. LJUNGSTEDT: An Historical Sketch of the Portuguese Settlements in China and of the Roman catholic Church and Mission in China & Description of the City of Canton, Boston,1836, pp.22-23.

152 Ver nota 80.

153 Na sua carta, D. Francisco Mascarenhas escreve também: "À nossa chegada a Macau em 1623, as fortalezas de S. Paulo, da Guia, de S. Francisco, da Penha, do Templo da Barra e do Incinerador estão todas em forma embrionária." Veja-se o livro acima mencionado de Guo Yongliang.

154 Ver nota 104.

155 Ver nota 151.

156 Gao RUSHI 高汝式(da dinastia Ming), 皇明法傅録續紀(Continuação do Registo de Éditos de Imperadores Ming), vol.13, cap.: "陳煕昌奏疏" ("Memorial Apresentado por Chen Xichang ao Imperador").

157 Ver nota 16.

158 Ver nota 104.

159 Ver nota 11.

160 Da Er Bo (transliteração do chinês): Tesouros do Oriente. Veja-se o supracitado de Guo Yongliang.

161 明清史料 (Ming Qing Shiliao; Materiais Históricos das Dinastias Ming e Qing), Colecção II, vol.7, pág.614. Veja-se também 澳夷築城殘稿(Materiais Incompletos sobre a Construção da Muralha da Cidade de Macau).

162 Ver nota 104.

163 Montalto de JESUS,Historic Macao, Hong Kong, Oxford Univ. Press,1902.

164 明熹宗實録 (Registos Imperiais de Xizongda Dinastia Ming Ming), vol.58, Abril do 5. ° ano do reinado de Tianqi.

165 Ver nota 11.

166 Idem.

167 三百年前之澳門 (Macau antes de 300 Anos).Veja-se "A muralha da cidade de Macau" in Anedotas de Macau, série 6,Macao Daily News, 3 de Junho de 1961.

168 Ver nota 63.

169 崇禎長編(Crónica do Imperador Chongzhen), vol.41, cap.: "宗禎三年十二月丙辰條" ("Diabingchen de Dezembro do 3. ° ano de Chongzhen").

170 Ver nota 117.

171 Ver nota 53.

172 Ver nota 80.

173 Guo YONGLIANG,Op. cit. (Nota 55), cap.: "澳門早期炮臺" ("Fortalezas no Período Inicial de Macau").

174 Ver nota 11.

175 Ver nota 173.

176 Ver nota 11.

177 Ver a nota 173.

178 Idem.

179 Ver nota 11.

180 Ver nota 173.

181 Ver a nota 173.

182 Diferenças no número de canhões instalados nos ditos fortes, existentes nos registos destes livros:

    Nome    

  do forte  

 “Macau  

em 1635” 

“Breves Registos 

  sobre Macau”   

  “Panorama de Defes   

Marítima de Cantão”

S.Paulo     

Guia        

Penha       

Barra       

S.Francisco 

Incinerador 

    18    

     5    

     2    

    18    

     7    

     6    

        28        

         7        

         5        

        26        

         7        

         3        

           47           

           20           

           13           

           29           

           18           

            5           

Se existem estas diferenças é porque o número registado no livro Macau em 1635 refere o número de canhões existentes nos fortes no fim da dinastia Ming, enquanto o número registado nos Breves Registos se refere ao reinado de Qianlong, e o número registado no Panorama da Defesa Marítima de Cantão, ao de Daoguang. Além disso, através do quadro vemos que o número de canhões nos diversos fortes aumentou progressivamente com excepção do caso do Forte do Incinerador.

183 Ver nota 117.

184 Segundo o livro de A. Bocarro, além dos citados seis fortes, havia o Forte de S. João e o de S. Januário, enquanto D. F. Navarrete diz que havia uma fortaleza grande e sete pequenas no seu livro Tratados Históricos, Políticos, Éticos e Religiosos da Monarquia da China. Veja-se a "Revista de Cultura", n. ° 31, Abr.-Jun.1997, pp.195-204

185 Ver nota 173.

186 Ver nota 11.

187 Ver nota 117.

188 Ver nota 173.

189 Ver nota 117.

* Professor catedrático do Instituto de Documentação Histórica e Cultural Chinesa, subordinado à Universidade Jinan de Cantão. O presente artigo é uma das dissertações escritas com a bolsa de investigação, concedida pelo Instituto Cultural de Macau.

desde a p. 47
até a p.