Conhecimentos de restauro

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O Património Necessita de Soro Quando Está em Mau Estado?

No hospital, é comum vermos pacientes doentes alimentados a soro. Na verdade, quando o património está em mau estado, a equipa de restauro do Instituto Cultural pode “curá-lo” com um “conta-gotas medicinal”.

Construída em 1587, a Igreja de S. Domingos, situada no Largo de S. Domingos, foi a primeira igreja estabelecida pela Ordem Dominicana em solo chinês. Toda a igreja é elaboradamente enfeitada. É de notar que foi construída com um tipo especial de tijolos verdes, que têm o dobro do tamanho dos tijolos verdes normais. Numa primeira fase da construção, foi usado um reboco de barro, areia e cal. Visto que a água do subsolo de Macau é rica em sais, as paredes da igreja foram danificadas pelo sal cristalizado da água ao longo do tempo. Condições variadas de desgaste, provocaram o empoamento e descamação severos do estuque.

No passado, a equipa de restauro tentou proteger o edifício com injecções de moldagem de baixa pressão, mas o resultado não foi satisfatório. A estrutura ainda apresentava partes ocas, descamação, fragilidade e cristalização de sais. As paredes da igreja têm 1m de largura, e encontravam-se saturadas com água salgada impregnada nos tijolos verdes, o que aumenta a dificuldade de conservação. No entanto, a equipa não desistiu e empreendeu estudos e análises exaustivos para além de usar de criatividade e sagacidade, inventando um sistema de titulação para injectar uma “solução de tratamento” nos tijolos verdes. Nos testes, a água e o sal foram removidos com sucesso dos tijolos verdes, e os resultados foram satisfatórios. Assim, a equipa empreendeu este metido de restauro para restaurar o edifício, fornecendo um remédio a conta-gotas às paredes da Igreja de S. Domingos, um feito espectacular!

蓮峰廟修復後 蓮峰廟修復後

A Mente ‘Arquitectónica’ e o Entalhe de Dragões

Na conservação do património, se estivermos dispostos a compreender o “coração” da arquitectura, descobriremos os seus segredos mais recônditos. Durante o seu trabalho de restauro em dois baixos-relevos no Templo de Lin Fong, a equipa de restauro do Instituto Cultural descobriu cores brilhantes variadas nos murais. Após um restauro meticuloso e manutenção, as cores originais dos baixos-relevos puderam ser reveladas.

Os dois baixos-relevos convencionais que se encontram no pátio do Templo de Lin Fong apresentam dragões e peixes ondulantes verosímeis. Descobriu-se que as camadas externas dos murais descamaram, tornando-se frágeis e estavam contaminadas com tintas de emulsão modernas. Após um exame cuidado, a equipa de restauro descobriu que havia mais de dez camadas de tinta de emulsão nos baixos-relevos e começou por remover esta tinta de emulsão moderna, preservando as cores originais tanto quanto possível. Estudando a distribuição de cores em diferentes camadas, a equipa descobriu que as cores originais dos baixos-relevos estavam em boas condições. Em resultado, a equipa de restauro decidiu manter as cores originais dos baixos-relevos preenchendo-os com ingredientes de gesso tradicionais, reforçando e mantendo o material, e realçando as cores com leite de cal mineral. Foi usada uma solução protectora mineral permeável na superfície dos baixos-relevos para as cores originais podem ser reveladas.  

As histórias do património são um tesouro. Varridos pelo vento e pela chuva, os itens do património podem perder provisoriamente a sua aparência original; mas com uma observação delicada e estudos substanciais, as suas necessidades podem ser entendidas. Consequentemente, a abordagem mais apropriada pode ser encontrada em inumeráveis métodos de conservação.    

大三巴夯土修復後 大三巴夯土修復後

Não me Toques se Me Amas

O Troço das Antigas Muralhas de Defesa, que se ergue ao lado das Ruínas de S. Paulo, servia como uma fortificação de defesa no passado. Ao longo dos anos, as muralhas perderam a sua função inicial. Hoje em dia, podem ser comparadas a um livro de história que narra silenciosamente a História aos visitantes. À medida que o fluxo de visitantes tem aumentado, alguns visitantes por vezes tentam tocar nestas muralhas antigas, ignorando que o mais pequeno toque pode causar enormes danos às muralhas.  

O Troço das Antigas Muralhas de Defesa foi construído de chunambo, porém este tipo de material de construção é raro e o seu método de produção tradicional quase já não existe. Nos últimos anos, um número inestimável de turistas visitou a área das Ruínas de S. Paulo e danificou as muralhas. O chunambo é obtido pela compressão de ingredientes naturais e sarrafos de madeira feitos à mão, sem qualquer combustão ou processos químicas. Em resultado, tocar nas muralhas faz com que a areia e terra da superfície exterior das muralhas descame. Se milhares de turistas tocassem nas muralhas, os danos seriam muito evidentes.

O clima em Macau é húmido e chuvoso. Se utilizarmos materiais modernos para proteger o chunambo, este irá perder a sua permeabilidade e aderência, descamando com o tempo, o que afectará ainda mais o chunambo das muralhas. Eventualmente, os profissionais de restauro basearam-se em fontes estrangeiras e convidaram técnicos locais que tinham produzido chunambo para comentar e estudar cientificamente os ingredientes do chunambo. Subsequentemente, estes prepararam um material cuja qualidade é similar ao chunambo, com o qual cobriram a superfície do chunambo como uma camada protectora. De qualquer forma, é fácil este novo material descamar por isso não deve ser tocado.  

Neste momento, os dois segmentos sobreviventes das antigas muralhas da cidade localizam-se junto das Ruínas de S. Paulo e da Fortaleza do Monte. Comparado com o chunambo do segmento das Ruínas de S. Paulo, o material do segmento da Fortaleza do Monte é mais sólido e por esse motivo não é fácil recolher amostras, o que agrava a dificuldade de conservação das muralhas. A conservação do património exige a participação do público. Proteja as muralhas defensivas e as muralhas da cidade – por favor não lhes toque!

 

Exposição de Carpintaria de Lu Ban: Máscara Facial para uma Parede de Tijolo Verde?

O cuidado da pele é uma das rotinas importantes dos amantes da beleza. Hoje em dia, independentemente do sexo, homens e mulheres usam máscaras para melhorar a sua pele, por vezes para os olhos, boca, e mesmo mãos e pés. Mas já ouviu dizer que o Património Cultural também necessita de ser tratado com uma máscara?

A equipa de restauro acredita que, de acordo com diferentes características arquitectónicas, a conservação do Património Cultural requer várias técnicas e abordagens. A exposição de Carpintaria de Lu Ban na Rua Camilo Pessanha é formada principalmente pelo salão principal e pelo salão de exposições. No passado, devido à intrusão de água do mar, as paredes do edifício estavam saturadas de sal. Numa situação como esta, a equipa geralmente elimina a água e o sal das paredes para impedir a corrosão e impacto futuros na estrutura. Contudo, os materiais que constituem as paredes do salão principal e do salão de exposições são diferentes; nas paredes do salão de exposições, pode ser usado reboco de cal para resolver o problema da água salgada e impedir a cristalização de sais no interior das paredes. Mas no salão principal, cujas paredes são construídas com tijolo verde, este tipo de reboco não é favorável à manutenção das características arquitectónicas do tijolo verde.  

Assim, os profissionais de restauro conceberam outra forma de erradicar o sal, usando uma máscara de papel na parede (pasta de papel para retirar o sal). A teoria deste método é aplicar uma pasta especial de papel na parede de tijolo verde do salão principal, depois de humidificada, e seguidamente usar um desumidificador para extrair a água da pasta de papel, extraindo assim também o sal da parede de tijolo. Esta abordagem assegura o efeito da remoção do sal enquanto conserva as características arquitectónicas das paredes de tijolo verde.   

Por conseguinte, mesmo no mesmo ambiente geográfico, vários métodos de restauro têm que ser usados de acordo com diferentes características arquitectónicas. O trabalho de restauro, se levado a cabo erradamente, pode causar danos ao Património Cultural e ter um efeito nefasto. Como com a nossa pele, só quando aplicamos um tratamento adequado para a condição da mesma é que obtemos um resultado positivo!


Parede em ‘Tratamento de Máscara’

 

Edifícios Antigos do Patane: Fazer Corresponder a Cor Original

Se passar na Rua da Ribeira do Patane de autocarro, não deixará com certeza de olhar para os velhos edifícios que se erguem de ambos os lados da rua; em particular, sete velhos edifícios que se encontram lado a lado. Estes edifícios, N.os 69-81 da Rua da Ribeira do Patane, são casas-loja típicas de Macau construídas nos anos 30 do séc. XX, sendo o rés-do-chão destinado a uso comercial e os andares superiores para uso residencial. Estas casas apresentam um valor patrimonial de conservação e, assim, no processo de restauro, os profissionais preservaram as fachadas originais que foram repintadas, na esperança de restaurar as cores vibrantes destes sete edifícios.    

Localizados perto do rio, estes velhos edifícios foram profundamente afectados por anos de desgaste devido à acção do tempo, o que aumentou a dificuldade do restauro. Antes do restauro, havia mesmo plantas a crescer nas paredes do edifício, indicando que a água tinha saturado o mesmo, uma grande desvantagem para o trabalho de restauro. Em resultado, o tratamento das paredes teve que esperar até os trabalhos de reforço do edifício estarem terminados, antes dos trabalhadores poderem reparar as paredes com uma pintura tradicional a cal. Contudo, a pintura a cal tradicional é muito rara hoje em dia e as suas técnicas de fabrico e aplicação são praticamente inexistentes em Macau; devido à elevada humidade, as tintas modernas apenas iriam agravar a deterioração dos edifícios visto que não os deixariam respirar. A fim de devolver às fachadas o seu esplendor original, os trabalhadores descobrirem um local aberto em Coloane para fabricarem a cal usando arteriais tradicionais como calcário e erva; este tipo de cal era mais compatível com o das paredes, com boa ‘respirabilidade’ e quando usado com ingredientes de cal e calcário mineral como protecção, poderia ajudar as paredes a aguentarem o calor e a humidade que se fazem sentir junto ao rio. Por outro lado, a pintura a cal das paredes interiores era relativamente suave e, após vários testes, foi aplicada tinta em vez de cal a algumas paredes para lhes restituir a sua cor original.


Assim, os sete edifícios coloridos que podemos ver quando passamos pela Rua da Ribeira do Patane constituem um resultado do esforço e planeamento de restauro a longo prazo. Um residente de idade referiu que o aspecto dos edifícios após o restauro era exactamente o mesmo do antigo e que lhe recordava a sua infância. Para restituir ao património a sua cor original, o trabalho de restauro tem que corresponder à cor original o mais possível.

 


Antes do Restauro / Após o Restauro

 

Casa do Guarda-nocturno do Patane: Reviver os Tempos Idos dos Guardas-nocturnos

O termo “guarda-nocturno” pode não soar familiar às gerações mais jovens, mas no passado, a ronda da noite era feita pelos guardas-nocturnos, com sons e ritmos diferentes para indicar as diferentes horas da noite. Para além de anunciarem as horas, tinham também uma função de patrulha; em caso de incêndio ou de roubo, os guardas-nocturnos ajudavam a lutar contra os incêndios e a apanhar ladrões.    

No No 52-54 da Rua da Palmeira, existe uma casa velha com a inscrição “Casa do Guarda-nocturno” pendurada em cima da porta. Este é o local onde os antigos guardas-nocturnos se preparavam para o seu trabalho. Com o declínio da profissão de guarda-nocturno, muitas casas de guardas-nocturnos foram fechadas, restando apenas a Casa do Guarda-nocturno do Patane, que há muito se encontrava em mau estado. Antes do restauro, a equipa de restauro constatou que o telhado e uma das paredes se tinham desmoronado; descobriram também uma placa de identificação branca cujos caracteres em barro tinham descamado devido à contaminação com tinta de emulsão moderna. A Casa do Guarda-nocturno do Patane nessa altura estava a necessitar de grandes reparações.  

Os profissionais de restauro repararam em primeiro lugar o telhado recorrendo a métodos tradicionais de construção de telhados chineses, reconstruindo mais tarde a parede desmoronada com tijolos completos velhos. Para o restauro da fachada da Casa do Guarda-nocturno, após a remoção da tinta de emulsão moderna, os técnicos usaram ingredientes de barro tradicionais para reparar os caracteres de danificados (Casa do Guarda-nocturno) e voltaram a pintá-los com cal para lhes restituir o seu aspecto original. 

A parte das traseiras da Casa do Guarda-nocturno foi construída contra uma enorme rocha contígua ao Jardim Luís de Camões. Segundo os técnicos, construir a casa de encontro à rocha formou uma fundação sólida, e além disso segundo o feng shui chinês (literalmente, “vento-água”, um sistema filosófico chinês), a pedra é um objecto que traz boa sorte. Mas devido à pedra estar ligada à colina, durante os dias de chuva, a água infiltrava-se no interior do edifício; então os técnicos escavaram um sulco à volta da pedra para dirigir a chuva para o exterior. 

O princípio da conservação do património é de “devolver ao antigo a sua forma antiga” – reflectindo genuinamente todos os pormenores da herança do seu passado, e da sua condição original. Tal como a Casa do Guarda-nocturno do Patane, a sua missão histórica pode ter terminado, tornando-se um testemunho de tempos idos; através do restauro, a velha casa foi devolvida ao seu estado original permitindo às pessoas compreenderem a sua função e o passado. Seja qual for o grau de dano do Património Cultural, os “médicos do Património Cultural” irão desempenhar a sua missão de preservar e transmitir o património arquitectónico às próximas gerações. 


Antes do Restauro / Após o Restauro