Depois de No Outro Lado de Macau – Uma aventura mágica, apresentada em 2021, Bernardo Amorim traz-nos a sequela na edição deste ano do Festival de Artes de Macau: a peça para famílias Neste Lado de Macau – Em Busca da Verónica. Os prédios de cimento que normalmente se encontram “parados à beira da estrada” serão, uma vez mais, transformados em personagens com exuberantes personalidades, os quais estão decididos a embarcar numa nova viagem em busca da sua amiga Verónica.
Amorim acredita que Macau não é um mero ponto de passagem. Aqui, os edifícios de cimento interagem diariamente com os residentes, testemunhando as suas alegrias e tristezas e os vestígios das nossas vidas. “Porque não imbuí-los de vitalidade e memórias para nos ajudar a recordar aqueles que já cá não estão e a ter em mente que estes edifícios não são apenas casas vazias? É graças a estes edifícios que cada geração tem a possibilidade de recordar as suas famílias, pelo que não podemos deixar de lhes dar a palavra. Esta peça parece pretender explorar os laços entre a cidade e as pessoas e entre a cidade e o mundo, seja antes ou depois da pandemia. Tais laços surgem não apenas em forma de edifícios tangíveis, mas também de sabores intangíveis. Como revela Amorim, o “minchi”, um prato típico macaense, é também uma das personagens desta produção. A gastronomia macaense, enquanto elemento representativo da Lista Nacional do Património Cultural Intangível da China, desempenha um papel importante na memória do povo de Macau.
Por Egretta
Crítica de teatro e profissional de comunicação social com dois Mestrados em Jornalismo e Gestão Cultural pela Universidade Chinesa de Hong Kong. Actualmente, escreve sobre vários temas para diversas plataformas de comunicação social como trabalhadora independente, incluindo sobre desenvolvimento artístico e cultural de Macau, história e características típicas de Macau e estilos de vida ecológicos.
Excerto de um artigo escrito originalmente em chinês