O festival volta e o melhor ainda está por vir

– Para o 31º Festival de Artes de Macau

 

 

O ano de 2020 marcou a nossa memória com uma palavra, “extraordinário”.

Há um ano, o Festival de Artes de Macau – quase pronto para subir ao palco – carregou no botão de pausa devido à situação global. Em 2021, o 31º Festival de Artes de Macau está de volta, com o tema “Reiniciar”.

O Festival de Artes de Macau visa construir uma plataforma de intercâmbios artísticos internacionais para os artistas locais apresentarem as suas obras, oferecendo uma variedade de programas locais e estrangeiros. Ao longo dos anos, o Festival não cultivou apenas talentos e acumulou um acervo de obras, mas ampliou também a visão artística e a apreciação estética do seu público. Nos últimos anos, temos procurado trazer as novas tendências do teatro contemporâneo para os palcos de Macau, tentando explorar novas estéticas.

Como a pandemia global não mostra sinais de abrandar, o Festival de Artes de Macau deste ano irá privilegiar as produções da China continental e de Macau. Acreditamos que existem pérolas por descobrir. A abrir o Festival, teremos Cobra Branca, uma performance inovadora apresentada pelo Estúdio de Teatro Lin Zhaohua, de Pequim. Inspirado em A Lenda da Cobra Branca, esta produção redesenha criativamente os personagens deste popular clássico. Uma narrativa muito conhecida e que já foi interpretada por vários géneros assume agora uma dimensão diferente num remake criativo que combina drama, música, dança e arte multimédia.

O primeiro grupo privado de dança contemporânea da China – Grupo de Dança e Teatro Jin Xing de Xangai – apresentará duas obras, Flôr Silvestre e Trindade. A primeira transmite um forte espírito expressionista. A segunda, uma performance com trabalhos de três coreógrafos de renome, a saber, Jin Xing, Emanuel Gat e Arthur Kuggeleyn, explora temas da vida como a sobrevivência das mulheres e a coragem e força humanas e vai certamente impressionar o público com o seu apelo artístico e ideias vanguardistas.

A montra e plataforma de intercâmbio construídas pelo Festival de Artes de Macau foram testemunhas do desenvolvimento profissional de grupos de arte locais. O Festival sempre teve como objectivo que as produções locais constituíssem metade da programação. As produções locais deste ano incluem Dança do Dragão Embriagado, Vejo-te através de Memórias, O Jogo Coloane, Duo de Dança, Guia da Propriedade na Casa de Lou Kau Pequeno Escape. Ao mergulhar fundo na típica cultura local, cultivando a arte comunitária ou explorando criativamente o património cultural imaterial, estas obras ilustram plenamente a diversidade cultural de Macau, injectando continuamente uma ilimitada energia positiva no Festival de Artes de Macau. A Orquestra de Macau e a Orquestra Chinesa de Macau irão também iniciar um diálogo entre a música chinesa e ocidental, respectivamente através de uma apresentação dos clássicos de Mozart e de um banquete musical integrando cultura chinesa e estética moderna.

A cultura é para todos e é uma necessidade da vida, tal como o sol ilumina todos os cantos e toda a gente. A Associação de Arte e Cultura Comuna de Pedra apresenta A Tarefa Interminável da Luxúria pelo Fracasso, dando destaque aos grupos desfavorecidos e revelando coragem e carinho social, apresenta artistas com necessidades especiais e incentiva mais pessoas a ouvir as suas vozes, fracas mas determinadas. Comportamentos instintivos e actuações de improviso apresentam no palco a vida real. Ao viver o momento e desfrutando a arte, a vida de uma pessoa pode enriquecer-se através da cultura.

Adaptado da peça homónima do dramaturgo norte-americano Nagle Jackson, Tirando Licença, pelo Teatro Nacional da China, encerra esta edição do Festival de uma forma graciosa e que nos faz pensar. Wang Xiaoying, um director nacional de primeira classe, lidera uma equipa de actores veteranos para apresentar uma história sobre o tema da eternidade da vida vulnerável e do amor onipresente. A vida é feita de dor, alegria, separações e reauniões. Olhando para o caminho percorrido, o Festival de Artes de Macau nunca esquece a sua aspiração de se basear na tradição, transmitir a tradição e inovar.

O Teatro de Ópera Huangmei de Anhui, apresenta em O Sonho da Câmara Vermelha adaptações inovadoras de clássicos onde podemos sentir uma vitalidade artística cada vez maior dos jovens actores. Este caminho criativo é cheio de surpresas. Feito à medida para crianças, No Outro Lado de Macau – Uma aventura mágica, também corporiza a missão do Festival de transmitir a tradição. A Ópera Cantonense da Juventude Montanha Jiufeng da Escola de Teatro do Conservatório de Macau e a peça original Patrám pa unga Dia (Patrão por um Dia) do Grupo de Teatro Dóci Papiaçám di Macau transmitem a mensagem de que não estamos sozinhos e o melhor ainda está por vir.

O Festival deste ano apresenta um total de 20 programas, contemplando teatro, dança, música e artes visuais. Imagens e Espaço: Exposição de Cenografia de Ren Dongsheng apresenta as obras do cenógrafo nacional de primeira classe Ren Dongsheng, demonstrando que o design de palco pode transcender dimensões e espaços e, mais do que um simples cenário, constitui um imaginário único. Um Quarto com Vista: Exposição de Fotografia de Baptiste Rabichon apresenta trabalhos deste fotógrafo francês contemporâneo de vanguarda, que combina criativamente a fotografia convencional com a digital, estimulando a imaginação com a fotografia. A Mostra de Espectáculos ao Ar Livre, a ter lugar no Parque do Mercado de Iao Hon, e a juntar a mais de 100 eventos de divulgação, como workshops, visita aos bastidores e exibição de filmes, é uma tentativa de levar a arte até à comunidade.

O Festival vai para as estradas em Maio e você está convidado a partilhar connosco.

Mok Ian Ian
Presidente do Instituto Cultural do Governo da R.A.E. de Macau