Uma Homenagem a Nós Próprios e ao Futuro

– Festival Internacional de Música de Macau – Para um ano especial

Vou encarar o destino de frente; não me irá vencer. Oh, é tão bonito viver – viver mil vezes!

Ludwig van Beethoven

O ano de 2020 foi um ano difícil para o mundo e para todos os que nele vivem.

Desde o surto de COVID-19 que começou no início deste ano, a situação epidémica ainda é grave em muitas partes do mundo. E também desferiu um golpe no Festival Internacional de Música de Macau, uma vez que a maioria dos programas vem do estrangeiro, levando este evento cultural com três décadas de história a ter de recorrer, em 2020, a um modelo pouco convencional.

Ainda nos lembramos de como aguardámos, com expectativa, o Festival Internacional de Música de Macau de 2020, pois este ano marca o 250º aniversário do nascimento de Beethoven. Estávamos emocionados por organizar e participar num evento em homenagem ao compositor.

As estações vêm e vão e já estamos no segundo semestre de 2020.

Embora não possamos apresentar as obras de Beethoven e desfrutar, em conjunto, as obras-primas de Beethoven com os apaixonados pela música, a música do compositor e as histórias do destino que ele expressou ao longo da vida são de particular importância.

Este ano, teremos programas locais e actividades comunitárias para levar a música a todos os cantos da cidade. O Programa Piano de Rua que, no ano passado, foi bem recebido pelo público, vai continuar este ano entre 1 de Setembro e 30 de Dezembro. Dois pianos serão colocados em diversos locais, incluindo parques e áreas de lazer em Macau e Taipa e no Centro de Ciência de Macau, aproximando as pessoas da música e dando à música um vigor renovado para que se passeie por toda a cidade. Com a celebração do 250º aniversário de Beethoven, esta actividade vai espalhar-se, uma vez que foi Beethoven quem trouxe a música das igrejas e das salas da nobreza para o público, passando a música a fazer parte do dia a dia das pessoas.

Foi para o público que Beethoven compôs as suas obras.

Veja, por exemplo, a famosa obra que compôs na juventude, a Sinfonia nº 3 (“Heróica”). Foi originalmente dedicada a Napoleão, mas Beethoven ficou indignado ao saber da sua auto-coroação e mudou o título da obra para “composta para celebrar a memória de um grande homem”, sugerindo que foi composta em homenagem a um verdadeiro herói. No entanto, em vez de Napoleão ou de um grande homem desconhecido, o verdadeiro herói é o próprio Beethoven ou qualquer pessoa. As voltas e reviravoltas da grande e complexa estrutura musical da obra, que representam os altos e baixos da vida, são passagens aparentemente naturais que foram repetidamente polidas antes de levar ao prazer e à liberdade. Esse é o espírito da música de Beethoven e a história da sua vida.

Em 2020, sejamos os heróis das nossas próprias vidas e prestemos homenagem a nós mesmos e ao futuro, com música!

 

Mok Ian Ian
Presidente do Instituto Cultural do Governo da R.A.E. de Macau